História Dark Paradise - Dark Reality

POV Claire

Depois de mais de 9 horas dentro de um avião com a Nathalie sendo insuportável e a Debbie se lamentando pelo Arthur, eu ainda estava completamente ansiosa, a viagem tinha sido muito tranquila, tirando apenas o fato das meninas discutirem sobre a vida amorosa de Debbie, mas isso já é costume.
Chegando no aeroporto, descemos e um cara bem trajado já estava nos esperando com um cartaz com nossos nomes, nos olhamos por um breve segundo e eu respirei fundo, tomara que tudo dê certo.
Ao entrarmos no carro, tinha um homem no banco do motorista que de cara já me deu medo, mas ignorei, estava muito feliz pra isso. 
Conforme as luzes e a cidade iam passando, mas ansiosa nós ficamos. Debbie tentava direto ligar pra Arthur, já Nathalie olhava pela janela como se estivesse em um filme de drama, o que me fez rir por meros segundos. 
Enfim chegamos. 

Era uma casa enorme com um letreiro gigante, obviamente estranhei, nos entreolhamos e logo saímos de lá com Caroline logo atrás. 
Parecia uma casa de festas e de cara achamos que era nossa primeira festa, mas não faria sentido logo de manhã além do que nós não estávamos arrumadas para isso.
Quando entramos, me deparei com uma cena que me deixou totalmente enjoada. Eram mulheres se esfregando em barras de ferros em pequenos palcos, era uma boate luxuosa, tinha mulheres seminuas para todo lado, mas o que...
- O que estamos fazendo aqui mesmo? - falou Nathalie em um tom de nojo.
-Bom, acho que eu esqueci de explicar pra vocês no contrato, essa é a famosa escada para o sucesso, bom ir se acostumando, aqui está, a nova casa de vocês. -Disse Caroline com um batendo palmas com um sorriso sarcástico no rosto.
Meu coração estava a mil, isso só poderia ser um teste qualquer.
- Você só pode estar brincado, vamos meninas, chega de palhaçada. - Disse Nathalie ,revoltada com a situação. Se virando e dando de cara com dois brutamontes e dando dois passos pra trás. - Vadia. - resmungou
-Vadia? Vadia é o que você será a partir de hoje se quiser sobreviver. - a olhei incrédula - Ah qual é a de vocês? Isso é o preço de ser bonita meu bem. - Disse ela irônica.
Bom, eu continuo achando que isso é uma piada. 
- Vamos, cadê as câmeras? Isso é uma baita sacanagem, já chega não é? - Debbie se manifestou pela primeira vez, pálida.
A essa altura, todas as "mulheres" já haviam parado e estavam observando a gente. 
Isso não tá certo.
As mulheres tinham um olhar perdido, alguma nos olhavam com pena, provavelmente todas já tinham passado por coisa parecida.
Eu estou aqui para ser MODELO e não para ficar trancada pagando de vadia. Isso não pode estar acontecendo comigo, isso não pode estar acontecendo com a gente.
 

POV Nathalie

Minha cabeça está estourando, o ódio está me consumindo. Como isso pôde acontecer, como ela pôde me tirar da minha casa, da minha família e da minha vida para simplesmente vir parar em uma boate de... Prostituição .
Mas olha, isso nem é o melhor, eu estou simplesmente em outro país e sem nenhum tipo de contato com ninguém, já que agora eles já tinham pego todo tipo de aparelho eletrônico que pudesse fazer contato fora desse inferno.
Bom, o que temos pra hoje? Será que nosso trabalho mais digno começará do nosso primeiro dia?
Sim, a minha ironia me conforta.  
Após toda aquela cena la fora, fomos jogadas em um quarto que eu não desejaria nem para um animal. Tinham vários colchões espalhados pelo chão, alguns arrumados, alguns totalmente bagunçados e em cada um tinha uma mulher, ou uma puta, melhor chamando. 
O ambiente era quase um lixo, completamente diferente do lado de fora da boate que era luxuoso.
Conhecemos três meninas que logo nos contaram tudo sobre a boate, para nossa surpresa, a maioria também foi traficada em busca de variados sonhos, todas foram enganadas e jogadas em um lugar assim pagando pela pena de sonhar alto de mais. Algumas estavam lá por dívidas com traficantes ou por não ter onde ficar. Acabei conhecendo superficialmente a história de cada uma ali.
 No meio disso tudo elas explicaram como funcionava, contaram sobre um tal “quarto escuro” que era meio que uma solitária que ficaríamos caso não nos comportássemos, melhor dizendo, caso a gente não dê ou se esfregue corretamente em um homem.
Mas o que mais me quebra é o fato da minha família achar que eu realmente estou feliz, a preocupação da minha mãe e do meu pai, eu sei o quanto foi difícil eles me deixarem seguir meus sonhos. 
Isso aí Nathalie, olha o que você achou.

POV Debbie

Cheguei lá tão empolgada quanto todas, mas simplesmente não acreditei no que vi. Uma boate de strippers e prostitutas? Isso definitivamente não é nem um pouco o que eu imaginava fazer em Atlanta.
Caroline, até então um anjo, se tornou no pior demônio que eu já havia visto ou tomado conhecimento. Isso que dá dona Debbie, entregar seus sonhos não mão de quem mal conhece.

Parecia tudo tão real agora.

Olhei em volta, estava cercada por olhares desiludidos, olhares de pena e arrisco até dizer, alguns de sarcasmo. Perdi o chão no mesmo momento, apertei meu medalhão, que eles não haviam pego pois escondi no sutiã, e lembrei da minha família. Isso não podia está acontecendo comigo. Meus pais e Arthur foram enganados assim como eu. Eles sentem minha falta mas acham que isso tudo é pro meu bem. Mas eu sei que eu vou voltar lá, isso mal começou mas terá logo um fim.

Ela nos arrastou para um lugar sujo e nojento que aparentemente tinham garotas já acostumadas com aquela vida, porém que ainda as atormentava, dava pra ver nos seus olhares. Logo fizemos "amizade" com três garotas que até onde eu vi também estavam aqui há pouco tempo.
 
Pov. Nathalie

Pouco tempo depois apareceu no “quarto” um homem forte, um pouco velho e bem arrumado com algumas armas em sua cintura e alguns seguranças atrás dele, reconheci do carro, ele era quem estava dirigindo. Provavelmente, o dono da boate.
-Chegou a hora da aula de etiqueta, vadias. - ele falou dando um sorriso sarcástico e olhando para nós três. - Bom, aprendam direitinho, posso adiantar depois de amanhã vocês irão ter convidados ilustres, nossos chefes da cidade, mas claro, são pra poucas. Então eu aconselho, treinem muito bem se quiserem pegá-los. - Quase que automaticamente algumas meninas soltaram suspiros, e nos olhamos confusas. 
- O prefeito frequenta esses lugares? – perguntou Claire curiosa, quase lendo meus pensamentos 
- Não bonitinha, é bem maior do que isso, são criminosos, da pior espécie. Aconselho tomarem cuidado, eles não brincam. - o cara falou logo se retirando.
Como se não bastasse, esse lugar ainda é mal frequentado, Deus, quando eu digo que não pode piorar, não leve como desafio. Por favor. 
Respirei fundo quando ouvi uma voz fina e desesperada. 
- Garotas, a noite será nossa, Bieber e Ian – uma menina retardada gritou e outras pularam animadas. 

- Oh meu deus Chris, Chaz, eles são inesquecíveis - outra suspirou, que calamidade.

-Quem porra é Bieber, Chris, Ian, Chaz, José, Fabrício, Joaquim?-Perguntei a Claire sussurrando e imitando as meninas ao falar nomes que nunca tinha ouvido.

-Devem ser alguns velhos rabugentos que só conseguem comer se for pagando.  – ela me respondeu baixinho mas não o suficiente pra outra garota se manifestar.

- Velhos? Garota, Bieber é nada mais, nada menos que um dos mais gostosos de Atlanta, isso porque são três, Bieber, Ian e Christian. Bom, como eu sei que você não tem capacidade de pegá-los, vou te poupar de mais papo. - me encarou.

Ué, eles não dão aulas de boa educação não?

-A garota se intromete ainda desafia - Claire falou revirando os olhos e a menina a ignorou e continuou falando

- Só mais uma coisa rápida, se você tiver amor a vida, aconselho não desrespeitar nenhum dos três. Eles matam brincando. - A menina falou e eu revirei os olhos. 
Estamos no inferno, vamos nos queimar não é mesmo?
-Ian e Justin são os maiores rivais, eles ocupam o mesmo lugar de perigo aqui em Atlanta. 2 criminosos sujos e sem coração, normalmente, seus amigos fazem parte da gang. No caso, se eu não me engano, Chris e Chaz do Justin. Logan e Paul do Ian. - Falou uma loira que estava deitada em um colchão na parede, lixando as unhas como se essa situação fosse a coisa mais normal do mundo.

E a conclusão que eu chego depois de apenas algumas horas é que essas meninas são loucas.

Depois de todas essas informações demoramos um pouco pra digerir, só que não o suficiente já que todas se levantaram de livre e espontânea vontade e saíram em fila, hesitamos um pouco mas resolvemos acompanhar.

Um corredor extenso e escuro dava no salão que entramos antes com vários poli dance e luzes que estavam me cegando, maldita enxaqueca.

Que comecem as torturas.
-A gente vai sair dessa, afinal, nós sempre damos um jeito .- sussurrei para as meninas e elas assentiram cabisbaixas.

Mas como eu poderia falar algo que nem mesmo eu acreditava?