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História Dark Paradise (Newtmas) - I've got a war in my mind.


Escrita por: ByALady_

Notas do Autor


Oi nenens, cá estou. 😍

Bora saber como terminou a noite dos nossos meninos? P.O.V. duplo pra vocês, hoje. Bora!

Hope you enjoy! 💙
Boa leitura 🤓

Capítulo 8 - I've got a war in my mind.


Fanfic / Fanfiction Dark Paradise (Newtmas) - I've got a war in my mind.

P.O.V. Newt

Eu não entendo o que aconteceu com o Tommy. Num minuto estávamos muito felizes nos divertindo juntos e de repente ele desapareceu de vista, sumiu. E quando o vejo denovo, está sendo praticamente arrastado por aquela garota, a Malia e sua namorada Lydia. Cada uma de um lado de seu corpo, com seus braços nos ombros levando-o até o Jeep Renegade azul estacionado a um quarteirão da festa.

- Tommy! - eu estou em seu encalço, tentando de todas as maneiras olhar em seu rosto, conseguir uma resposta, um aceno, qualquer coisa! Mas ele mal consegue andar em linha reta e está de cabeça baixa o caminho todo - Hey, Tommy, o que aconteceu? Fale comigo!

- Ele está bêbado, Newt - Sonya está logo atrás de mim, caminhando quase nas pontas dos pés, com os sapatos nas mãos - Deixe ele!

- M-mas, mas como? - eu estou completamente confuso - Ele estava sóbrio dançando com a gente, dançando comigo! Daí ele some e quando o vejo está assim?

- Acostume-se, Newt - me surpreendo com o tom irritado da voz de Malia. Não era nada parecido com a garota animada e brincalhona que conheci há poucas horas - Thomas me dá trabalho há anos!

Era muito difícil de acreditar que o cara gentil e divertido que conheci passasse por isso frequentemente. Nada se encaixava! Ele estava rindo, estava bem, estava doce, meigo, ele estava... encantadoramente perfeito, essa noite. Seu comportamento era quase... não sei, romântico? Acho que sim, é, Tommy estava tão maravilhoso que todas as suas atitudes comigo chegaram a ser galanteadoras. Seu jeito de segurar em minha mão, de olhar pra mim e estar por perto o tempo todo, seu tom cavalheiro ao me pedir uma dança. Nossa, e que dança! Ele me enlaçou, me puxou, me rodopiou em seus braços, ele me apertou e me segurou de um jeito que fez meu pobre coraçãozinho bater num ritmo selvagem. Por breves momentos eu cheguei a acreditar que talvez Tommy pudesse ser como eu... que talvez eu tivesse uma chance, eu não sei.

Vê-lo assim, tão desamparado e nessa situação deplorável está me causando muito sofrimento. Eu quero estar com ele, quero olhar em seus olhos, quero me aninhar novamente em seu peito febril e seguro, quero simplesmente lhe perguntar o porquê fez isso consigo mesmo!

A noite estava tão linda... e agora tudo acabou.

Chegamos no Jeep e Sonya abre a porta de trás, ajudando Lydia e Malia a acomodarem Tommy no banco, mas ele simplesmente se joga de bruços e assim permanece. Não se mexe e não emite um único ruído.

Não perco tempo e me adianto para ir atrás com ele e poder ampará-lo em meu colo, mas Sonya é mais rápida e entra primeiro. Ela não fez isso por mal, imagino eu. Mas é claro que estou completamente possuído de ódio e... me atrevo a dizer: ciúmes! Sim, estou com ciúmes, eu deveria estar ali com ele, ele é meu amigo, ele é importante pra mim. Sonya pode estar interessada em outras coisas, mas o meu desejo é muito puro e sincero nesse momento: eu só quero dar a ele conforto.

- Eu vou dirigir - Malia anuncia, ainda num tom irritado e acho que autoritário.

- Eu estou sóbrio, pode ir pra casa com a Lydia - protesto.

- Nós viemos de táxi - ela insiste, já abrindo a porta do passageiro para que eu entrasse - E eu preciso cuidar dele. Ele não tem ninguém. Entre.

Como assim, Tommy não tem ninguém? Eu estou aqui, eu quero estar com ele, eu quero cuidar dele, quero lhe dar meu apoio e quero entender o que aconteceu para que ele esteja assim!

O olhar de Malia é firme e sinto que fui vencido. Não adianta, insistir. Entro no carro e não faço questão de esconder meu desapontamento com absolutamente tudo! Eu não posso estar no banco detrás com ele e também não posso levá-lo pra casa em segurança. E pelo jeito, Malia não vai me deixar ficar no apartamento de Tommy para ajudá-lo. Estou me sentindo inútil e frustrado.

Tudo o que eu queria era ser para ele tão bom quanto ele foi para mim.

Malia despede-se de Lydia do lado de fora. Lydia não parece desapontada, parece que está triste pelo Tommy e que já está acostumada a ver a namorada precisando ir embora com ele. Isso só me deixa ainda mais assustado e confuso. Eu não acredito, eu simplesmente não posso acreditar que Tommy enfrente esse tipo de situação tantas vezes...

Malia entra no carro e dá uma olhada no retrovisor observando Tommy completamente desanimado e quase inconsciente nos braços da minha irmã. Ela expira alto e vira a chave do Jeep.

Todo o percurso foi um total silêncio desconfortante. Nada parecido com o que vivenciamos na vinda, quando Tommy e eu cantávamos e nos divertíamos juntos. Essa cena parecia ter acontecido há anos. Nunca imaginaria eu, que a nossa noite tão especial acabaria assim.

Malia dirige concentrada e vezes ou outra olha Tommy pelo retrovisor. Me sinto um verdadeiro idiota por ter pensado que eu seria tão importante assim, a ponto de substituí-la na missão de cuidar dele e dirigir seu carro com tanta initimidade. Quem eu penso que sou, afinal? O melhor amigo de Tommy? Por que eu seria? O que eu fiz de tão especial para ele? Absolutamente nada! Ele fez me sentir verdadeiramente especial e seu amigo, mas eu não fiz o mesmo por ele. Malia devia estar ao seu lado há anos. Claro que era sua melhor amiga! Eu não estou conseguindo ser para Tommy nem mesmo um colega descente. Talvez se eu não tivesse me envolvido com um cara, pudesse estar com Tommy o tempo todo, vigiando-o e impedindo-o de ter feito o que fez.

Foi só um beijo e nada mais. Nos separamos logo e nem trocamos uma única palavra. Coisas que aconteciam apenas em festas, mesmo. Nada de mais. Mas perdi Tommy e Sonya de vista depois disso, então fiquei curtindo a música e...

- Hey! - me assusto com o som de minha própria voz cortando o silêncio. Malia levou um pequeno susto, Sonya olhava diretamente pra mim com olhos arregalados e Tommy... bem, Tommy nem se mexeu. Mas uma luz havia se acendido em minha mente depois de ligar alguns pontos e eu já estava esperando o pior - Onde vocês estavam? Por que me deixaram sozinho na pista?

Malia olhou curiosa para Sonya pelo retrovisor. Minha irmã estava com um pequeno sorriso no rosto, muito discreto, mas estava ali! Ela olha pela janela com um olhar disperso e tem a ousadia de alisar os cabelos escuros de Tommy, que estava com a cabeça deitada em seu colo. Eu não suportei ver essa cena!

- Eu fiquei com um cara. Mas conversamos em casa...

Ela ficou com um cara, ok. Mas e o que aconteceu com Tommy?

...

Eu queria poder acreditar que era mentira. Eu queria poder acreditar que minha irmã estava falando de qualquer outra pessoa! Mas era dele. Ele que me fez sentir completamente especial essa noite. Ele que por muitos momentos parecia estar se entregando de corpo e alma para mim. Ele que me pediu aquela dança, que me segurou em seus braços e me deu uma das noites mais incríveis que eu já tive na vida.

Ele que não me desejava.

Me senti completamente traído. Tommy me fez ter esperanças de que talvez as coisas entre nós pudessem realmente serem diferentes, serem especiais, serem verdadeiras! Quando dançou comigo, tive a impressão de que não havia mais ninguém no salão que não fossemos nós dois. A entrega, a paixão no que fazíamos, tudo era lindo demais pra ser verdade. Mas eu não podia ter sido mais iludido comigo mesmo! Toda a fantasia que criei, fiz o favor de desmanchar quando terminamos nossa dança. Quando Sonya me puxou pra longe dele, eu havia acordado afinal para a realidade: e a realidade era que Tommy nunca poderia ser meu. Ele não tinha interesses em mim que não fosse minha pura amizade e companhia. E tudo agora se confirma enquanto estou sentado na cama da minha irmã, observando-a sorrir radiante enquanto me conta o que aconteceu.

- Você... não se importa, não é? - ela me pergunta, mas na verdade está fazendo uma afirmação. Eu dou de ombros e estou ouvindo tudo como se estivesse bem longe daqui, numa outra dimensão, os sons mais altos são dos meus pensamentos embaraçados tentando se organizar com tudo aquilo.

- Não - minto.

- Ai que bom! - ela expira aliviada e vira-se de costas pra que eu a ajude a abrir o zíper do seu vestido. Fiquei pensando se talvez Tommy tivesse feito o mesmo hoje e isso encheu meu peito de angústia e desespero. Sinto meus dedos tremerem de tristeza, raiva, indignação, tudo ao mesmo tempo - Eu levei em consideração o que você falou, sabe, você disse para que deixássemos que Thomas escolhesse, então... eu acho que não fiz nada de errado, eu digo, o combinado foi ninguém ficar chateado no final das contas...

- Claro. Não fez nada de errado. Foi o combinado. Acordo é acordo.

Respondi isso, mas é claro que não estava de fato aceitando tudo numa boa. Quando fiz esse acordo, eu não imaginava que Tommy se tornaria um pessoa importante pra mim. Eu achava que ele só era um cara filho da mãe de lindo, que me fez sentir coisas estranhas, mas que no fundo ia apenas ser gentil, arrumar nossas coisas e sumir de nossas vidas. Mas não foi isso. Ele veio e transformou tudo dentro de mim. Ele me deu a atenção que nunca havia ganhando de ninguém, ele me ouviu, me entendeu, ele me fez companhia, ele me amparou, me deu carinho, me deu sua amizade, ele me chamou pra sair, me fez rir, me deu apoio, ele me deu a dança mais maravilhosa que eu já tive na vida! Eu simplesmente não estava pronto pra isso, eu não estava preparado pra aceitar que Tommy fosse apenas meu amigo e que pra Sonya fosse um amante!

Agora percebo que eu também o queria assim. Eu também queria ser tocado por ele, ser beijado por ele, ser tomado por ele, ser completamente dominado por ele! Eu queria sua paixão em mim, eu queria seu desejo, queria tudo o que ele tem pra me oferecer além de sua total devoção em me manter ao seu lado como um amigo.

Eu queria Tommy por inteiro. Não pela metade.

Abri o zíper de seu vestido, mas antes que ela pudesse retirá-lo, eu senti o cheiro do perfume do Tommy em seu pescoço. Aquilo me destruiu por dentro. Não pensei em como Sonya reagiria, mas eu abracei sua cintura e deitei minha cabeça em seus ombros, de olhos fechados e fiquei inalando o perfume que eu tanto amava, imaginando estar em seus braços mais uma vez.

- Newt? - Sonya pergunta em tom preocupado - O que foi?

Eu respiro fundo, tentando absorver o máximo possível do cheiro dele, torcendo pra que impregnasse em minha pele e eu pudesse ter a sensação de que estivesse com ele em minha cama.

- Nada... só me deixe ficar assim.

...

P.O.V. Thomas

A água batia em minhas costas com violência. Eu estava sentado no chão apenas de cueca, o rosto escondido nos meus braços que estavam cruzados sob meus joelhos. Eu ouvia Malia andar pela minha casa de um lado para o outro e um cheiro forte de café vinha da cozinha. A dor de cabeça era insuportável. Meus olhos estavam doloridos de tanto que eu os esfregava enxugando as lágrimas, tentando fazer com que isso de alguma forma me fizesse parar de chorar. Eu tentava reprimir a imagem de Newt se entregando naquele beijo roubado, mas era impossível. O problema é que ao invés de sentir raiva, agora eu sentia tristeza. E isso dói muito mais.

O arrependimento começou a bater na porta do meu coração. Eu não devia ter feito aquilo com a Sonya. Além de ter estragado todos os meus planos, que envolviam ter uma transa realmente duradoura e satisfatória (na qual eu poderia imaginar estar com Newt em seu lugar), agora eu sinto como se ela tivesse se aproveitado da minha situação ridícula. Pode não ser nada disso, mas é assim que eu me sinto. Quando ela deu seu último grito e desfaleceu-se de prazer nos meus braços, ela simplesmente disse que não aguentava mais, que estava exausta. Pediu pra descer do meu colo, ajeitou suas roupas com um sorriso de satisfação no rosto e me disse obrigada.

Obrigada? Por um acaso eu sou um qualquer que você encontra bêbado em uma festa, fode com ele até alcançar seu delicioso orgasmo e depois vai embora, deixando-o completamente insatisfeito, sem que ele tivesse a oportunidade de gozar como você? Ela só faltou ter deixado dinheiro encima da cama! Começo a pensar que Sonya é a versão feminina de mim mesmo e isso me dá nojo.

Não dela. De mim.

Eu senti o que boa parte das garotas que transam comigo, sentem. Como se tivessem sido usadas. Nunca ousei transar com uma garota bêbada, como Sonya fez comigo, mas o resto é praticamente o mesmo padrão. Eu desfruto até alcançar meu ápice e depois desisto de tudo. Se você gozou antes, ótimo. Se gozou comigo, perfeito. Se não gozou, só lamento. E assim eu tenho feito durante todos esses anos. E Sonya me fez perceber o quanto isso é frustrante, o quanto isso nos faz sentir sujos! Se já não bastasse tudo o que eu havia passado essa noite, agora o sentimento de arrependimento e promiscuidade se misturam à receita para a insanidade.

Malia entra no banheiro e abre o box, onde estou parado na mesma posição que me deixou. Ela desliga o chuveiro e abaixa-se na minha altura. Sinto suas mãos afagarem meus braços.

- Venha, Tom - sua voz é baixa e acolhedora - Preciso que se levante.

Não mexo um único músculo. Meus olhos estão começando a encher de lágrimas novamente. Sinto as primeiras deslizarem no meu rosto, se misturando com a água do chuveiro.

- Tom, levante-se - repetiu Malia, agora tentando puxar meus braços pra cima, sem sucesso - Thomas! - ela altera a voz.

- Eu vou para o inferno de qualquer jeito... - resmungo sem me mexer, enquanto sinto minha voz se embargar por conta do choro contido em minha garganta.

- O que foi que disse? - Malia tem um tom de preocupação na voz.

- Namorar um homem vai me levar para o inferno, mas viver uma vida de mentiras e de luxúria com várias mulheres vai me levar do mesmo jeito... Eu já estou condenado...

Começo a soluçar, já não consigo segurar a angústia no meu peito. Malia abraça meu corpo encolhido, sem se importar em molhar suas roupas e seus cabelos. Ela fica assim por alguns minutos. Depois sinto-a se afastar e afastar meus braços do meu rosto.

- Olhe para mim, Tom - sua voz agora é firme, mas não deixa de ser acolhedora. Meus olhos estão vermelhos, inchados e derramando rios de lágrimas, mas eu obedeço seu pedido e lhe encaro com meu olhar de dor - Se você está condenado ao inferno, eu também estou. E você quer saber, talvez não exista uma única pessoa no mundo que não esteja condenada também. Seus pais te fizeram acreditar que você era uma abominação, um pecador, mas quer saber, eles pecaram tanto quanto você quando te espancaram, te humilharam e te fizeram se sentir um desalmado. Eu estou cansada, Thomas, estou cansada de ver você sofrendo desse jeito! Você está perdendo sua sanidade, você tem um exército dentro da sua cabeça que não pára de guerrear nem por um único instante. Como isso pode ser certo, Thomas? Como o seu sofrimento pode ser a melhor opção? Pelo menos uma vez na vida dê uma chance para a sua felicidade. Pare de tentar ser quem você não é. Você não é hétero, Thomas! Não tente ser um. E se isso for te levar para o inferno, ótimo. Eu estarei lá com você.

Ela tem lágrimas escorrendo em seu rosto, mas sua expressão é dura, segura e firme. Ela nunca havia sido tão direta comigo desse jeito. Todas as vezes que precisava cuidar de mim depois de uma noitada, ela não abria a boca pra nada. Simplesmente fazia o que tinha de fazer e deixava que eu a procurasse para conversar uma outra hora. Agora vejo que ela estava respeitando meu tempo e espaço. Vejo que ela sempre soube o que precisava me dizer, mas se conteve todos esses anos porque sabia que eu não daria conta de digerir a verdade. Agora que estou olhando-a ser tão sincera e rígida comigo, percebo que, mesmo que talvez eu não esteja pronto para assumir minha sexualidade como gostaria, isso já não aparenta ser uma questão impossível. Uma pequena luz no fim do túnel surge. Eu ainda estou mentindo para mim mesmo, eu ainda estou disposto a evitar isso. Mas já não tenho intenção de manter esse muro erguido para sempre.

...

Estou deitado de bruços em minha cama, sem camisa e encarando meus olhos no espelho. Estou banhado e agora Malia está tomando o seu merecido banho. A dor ainda permanece em meu peito. Não se cura o coração de uma facada daquelas de uma hora para outra. Toda vez que a imagem de Newt surge em minha cabeça, sinto as malditas lágrimas insistirem loucas para escorregarem em meu rosto. Tudo parecia muito divertido para o demônio falante em minha mente. Ele perfurava meu cérebro e sua voz me fazia sofrer, causando confusão e tortura. Toda vez que eu achava que estava começando a superar meus traumas e planejava partir livre para a verdade, ele surge para contradizer, me puxar devolta para a escuridão e sofrimento. Para a mentira.

Você está quieto agora, não é? Está se divertindo com a minha derrota. Se eu tivesse beijado ele, se eu tivesse conseguido tirar o ar de seus pulmões com o beijo que eu queria tanto ter lhe dado quando encerrei nossa dança, você estaria inquieto e delirante aí dentro, me fazendo sentir um culpado de merda.

Mas eu não o beijei. Eu não tomei seus lindos lábios pra mim. Mas outro filho da puta o fez! E pra piorar, eu ainda fodi aquela garota como eu não planejava ter feito. E então você se cala. Apenas desfrutando da minha fraqueza. Da minha humilhação. Você acha que está me dando uma lição. Mas está na hora de eu começar a ter o controle de mim mesmo. Vai ser doloroso, você não vai me deixar em paz tão fácil assim. Mas eu vou lutar contra você até o fim.

Malia sai do banheiro vestindo um pijama seu que sempre deixava em minha casa quando precisasse passar a noite aqui. Ela me encara através do espelho enquanto seca seus cabelos com a toalha. Eu ainda estou encarando a mim mesmo.

- No que está pensando? - ela pergunta ainda olhando-me no espelho.

- Em nada - respondo quase como um resmungo sem me mexer.

Malia deixa a toalha encima da cadeira da minha mesa de estudos e sobe na cama. Deita-se de bruços em minhas costas despidas e enlaça seus braços entorno do meu peito. Seu corpo está quente devido ao banho que acabara de tomar. Seu rosto está virado na mesma direção que o meu, me olhando no espelho enquanto eu faço o mesmo. Sinto seu coração bater em minhas costas e ela começa a brincar de esfregar os dedos dos pés nos meus.

- Você quer conversar agora? - ela susurra em meu ouvido.

Não respondo, nem me mexo.

- Você quer falar alguma coisa sobre esse Newt? - droga.

Mesmo sem mudar minha expressão e nem mexer um único músculo, as lágrimas começam a pingar no travesseiro. Malia observa isso pelo espelho e sinto-a engolir em seco.

- Tudo bem, Tom... - ela continua sussurrando - Eu já entendi. O amor não acontece de uma hora pra outra, isso leva muito tempo. Mas a paixão surge do nada e é violenta. São dois sentimentos diferentes. Nem toda paixão se torna amor. Mas todo amor um dia foi uma paixão. Não fique com medo, Tom. Se você está apaixonado por ele e isso te faz bem... por favor, tente. Vá tentar ser feliz, Tom... - ela levanta a cabeça e usa uma das mãos para secar minhas lágrimas - Não chore... você parte meu coração... - ela desce das minhas costas e me puxa para deitar em seu peito.

O colo de seus seios é quente e terno. Eu fecho meus olhos ouvindo seu coração sentindo sua respiração subir e descer. Malia acaricia meus cabelos enquanto eu encharco seu peito com as minhas lágrimas, abafando meus soluços. Fico assim por um longo tempo, até que começo a abrandar o choro e me pego olhando no espelho novamente, enquanto ainda estou aninhado em seu colo.

Começo a pensar nas coisas que ela me falou no banheiro. Minha terapeuta já havia me dito que seu trabalho comigo era fazer com que eu superasse meus traumas e pudesse assim viver minha sexualidade do jeito que tem que ser. Ela me dizia que eu nunca deixaria de gostar de homens. Ela me dizia que não adiantava eu tentar mudar isso em mim. Era impossível. E ela ainda dizia, que a voz na minha cabeça representava a ira dos meus pais e que eu jamais conseguiria vencê-la se não passasse a tomar as rédeas da minha vida.

Reflito sobre as palavras de Malia, da minha terapeuta e agora me recordo do que aconteceu no parque ontem. Me recordo do surto repentino que tive e de como Newt conseguiu abrandar minha crise de forma tão simples. Ele nem sabia o que estava acontecendo comigo, ele nem ao menos tem a noção das coisas que se passam comigo. Mas ele percebeu minha fúria, não teve medo e não me abandonou. Ele apenas permaneceu ao meu lado e tranquilizou meu coração com sua delicadeza e inocência adorável. Não foi preciso muito. Ele só precisou estar comigo.

- Você está errada - sussurro.

- Como assim? - ela responde no mesmo tom afagando meu pescoço.

- Você disse que eu tenho um exército na cabeça que não pára de guerrear nunca. Você está errada. Quando estou com Newt, quando estou me divertindo com ele... eles erguem a bandeira da paz.

Malia sorri e me dá um beijo casto na testa. Aperto sua cintura como se fosse um travesseiro e finalmente caio no sono depois de um longo suspiro.


 Foi uma noite vazia. Eu nem cheguei a sonhar.


Notas Finais


Curaram o coraçãozinho ou se quebraram mais ainda ?

Beijinhos 😙


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