-Eu não sei de nada, eu juro! Por favor!
Eu adorava quando eles imploravam. Era tão emocionante ver aquele desespero no olhar, o medo. Sentia-me viva diante daquelas situações.
Olho para Calum, que segura um alicate. Ele posiciona o objeto entre os dedos da jovem loira que estava sentada amarrada a uma cadeira na minha frente.
-Eu sei que você sabe, Alice. Me diga onde eles irão se encontrar e então eu te liberto.
-Eu não... – ela começou a dizer, mas se interrompeu com um grito de agonia. Calum havia pressionado o alicate e, onde antes havia seu dedo indicador, saía apenas sangue.
-Vai ser pior se não falar. Seja uma boa garota. – digo sorrindo.
Ela se contorce na cadeira, gemendo de dor.
-E-Eles... Vão estar na colina... A-Amanhã antes do crepúsculo. – diz entre os dentes.
-Não foi tão difícil, viu?
-Agora m-me deixe ir, você disse que me l-libertaria.
Começo a girar minha adaga de prata entre os dedos, sem tirar os olhos de Alice.
-E é o que eu irei fazer, lindinha.
Abro um sorriso e enfio a adaga em seu peito. Alice me olha incrédula. Sangue começa a sair de sua boca e sua pele começa a perder a cor.
-Agora você está livre.
Me afasto e a observo morrer aos poucos. Quando sua respiração cessa, faço sinal para Calum desamarrar o corpo da cadeira. Ele o leva para o lado de fora e o joga dentro de uma cova que havíamos feito anteriormente.
-Demoramos tempo demais com ela. – murmuro. – Vamos embora.
Subo em minha Mv Augusta e Calum na Vyrus. Após colocar o capacete, dou a partida.
---
Quando retornamos, os portões estavam trancados – como sempre. Eu e Calum nos entreolhamos; ele assente com a cabeça e eu pulo o muro. Quatro metros não iriam me impedir. Equilibro-me no topo e lanço o chicote que estava amarrado na minha cintura na direção de Calum. Assim que ele o segura, puxo-o para cima.
Aterrissamos no chão silenciosamente e depois seguimos para os nossos respectivos quartos. Porém, eu esbarro em um dos seguranças pelo caminho.
-O que faz fora do quarto a essa hora, Srta. Lacy?
-Você não me viu, Thomas. – digo olhando fundo em seus olhos.
Instantes depois, ele olha para frente e continua sua ronda sem dizer mais nada. Era a mesma coisa quando eu sai à noite nos outros dias.
Entrei no meu quarto sem mais nenhuma interrupção. Pude ver pela janela que os primeiros raios de sol estavam surgindo no horizonte. Não demorou muito para baterem na porta do meu quarto; aquele era o chamado para o café da manhã. Se a pessoa demorasse mais do que cinco minutos para sair, os seguranças arrombavam a porta. Não que isso fosse problema para mim.
Quando chego no refeitório, recebo os olhares costumeiros. Passo os olhos por todas as mesas e imediatamente eles param de encarar. Calum se junta a mim logo em seguida e me alcança uma sacola contendo algumas maçãs bem vermelhas.
-Por que ela pode comer aquilo e nós temos que ficar com esse mingau nojento? – ouço alguém sussurrar a quatro mesas de distância e olho naquela direção. Deparo-me com um garoto de cabelos claros e que usava uma bandana preta junto de um loiro de olhos azuis. Ambos olhavam para mim e eu ergui as sobrancelhas.
Eram novatos ali.
-Ela tem privilégios porque ela dorme com os seguranças. – a voz de Michael ecoa por meus ouvidos e me viro novamente para a mesa onde os garotos curiosos estavam. Michael tinha cabelo colorido e era um pouco mais alto do que eu. Sua pele quase pálida fazia visível suas veias, e eu tinha uma enorme vontade de rasgá-las. Ele era um garoto presunçoso e que gostava de me provocar, mas um dia isso não iria mais acontecer.
-Sério? – o de bandana perguntou de novo.
Não, não era verdade, mas eu não me importava com os boatos que espalhavam sobre mim naquele reformatório. Lanço um olhar para Michael, que sorri cinicamente. Mordo uma das maçãs e logo levanto novamente indo em direção de Barney, um garoto de nove anos, e lhe jogo o resto da fruta. Ele a agarra e a come em instantes.
Antes de deixar o refeitório, olho mais uma vez para onde Michael estava. Os novatos ainda me olhavam, mas o de bandana continha uma expressão de fascínio.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.