Calum e eu saímos do reformatório em direção da colina pouco antes da lua ficar visível. Já estávamos na metade do caminho quando começo a sentir mais forte o cheiro dos cinco de quem eu estava atrás. Calum estava com a besta e suas outras armas, enquanto eu tinha apenas o chicote em minha cintura – não que eu precisasse dele para o que estava prestes a fazer.
Após alguns minutos, avisto de longe as minhas futuras vítimas. Os garotos estavam distraídos, e dessa vez eles não iriam escapar de mim.
-Olá, rapazes. – digo saindo de trás das árvores, assustando-os. – Estavam com a guarda baixa, é?
Surpresos, eles apontam suas armas para mim.
-Ora, isso é jeito de receber uma visita? Tsc, quanta grosseria.
-Como nos achou, Annabelle? – Alex pergunta.
-Hm... Digamos que eu tive que pedir ajuda para a amiguinha de vocês.
-Alice? – outro pergunta, dando um passo para frente.
-Exatamente. – sorrio. – Mas ela não colaborou muito no início, sabe? Tive que recorrer a meios mais... eficientes.
-O que fez com ela, sua monstra?
Olho para cima e vejo que a lua já está visível. Volto a encarar o grupo na minha frente e dou uma risada.
-Nada de mais. Mas devo dizer que deu para torturar o suficiente... Não foi uma morte rápida.
-E nem a sua vai ser! – Alex rosna, e pouco depois começa a se transformar.
Observo entediada enquanto ele e David começam a passar pela alteração dos ossos. Os outros três ainda se mantinham na forma humana e ameaçavam vir em minha direção.
-Você morre hoje, Annabelle. – um terceiro diz com um sorriso, mas antes que faça qualquer outra coisa, é atingido por uma flecha bem no meio da cabeça. Calum sempre tivera a mira perfeita.
-Bem, onde estávamos? – olho para os dois lobisomens na minha frente. – Quem vai ser o primeiro?
Olho para o corpo caído próximo de mim e reformulo minha frase.
-Ou melhor, quem vai ser o segundo?
Eu podia muito bem acabar com todos ali apenas com um estalo de dedos, mas eu gostava de diversão. Deixava-me de bom humor.
Alex avança em minha direção e eu recuo com um salto.
-Então que seja.
Decido entrar no jogo, e me transformo em um enorme lobo negro. Alex vem até mim e mira o meu pescoço, mas eu rosno e desvio. Ao mesmo tempo, David pulou em minha direção e me derrubou no chão. Nós dois começamos a morder um ao outro, até que ele arranha minha costela com uma de suas patas.
Aquilo me deixa furiosa, então, em um movimento rápido, o deixo por baixo de mim e mordo com força seu pescoço, arrancando-o da cabeça. De relance, vejo Calum saltar do galho da árvore e mirar nos dois garotos que estavam prestes a se transformar. Meu parceiro é mais rápido e lança na direção deles duas adagas de prata, atingindo-os bem no peito e fazendo-os cair no chão, já sem vida.
Vendo os amigos serem mortos, Alex avança na direção de Calum, mas eu sou mais rápida e o impeço. Rolamos pela grama suja e lutamos enfurecidos, até que eu me esquivo dele e me afasto apenas alguns centímetros para voltar a minha forma de humana. Limpo com um dedo o sangue que escorria do meu lábio e encaro o lobisomem, que já estava se abaixando para pegar impulso e pular em minha direção.
-Não tão rápido, querido. – ergo a mão e ele cai no chão, se contorcendo.
Em instantes e involuntariamente, Alex voltou à forma humana e colocou as mãos na cabeça.
-Pare! – implora com a voz sofrida.
Eu estava criando uma ilusão, fazendo com que ele ouvisse uma frequência mais alta que um ouvido poderia escutar, e não demorou muito para sangue começar a sair de suas orelhas.
-Isso é pela morte da Victoria, cão imundo. – digo com raiva, observando Alex se contorcer cada vez mais.
Interrompo a ilusão e o deixo respirar sossegado por alguns instantes, só para depois enfiar a mão em seu peito e arrancar seu coração. Calum se aproxima e abre uma sacola para eu poder colocar o órgão ali dentro. Me aproximo das coisas dos lobisomens e pego a faca que eles usaram para matar Victoria, colocando-a na minha cinta.
Voltamos para o reformatório sem muita demora, mas ao chegar esbarramos com dois seguranças.
-Como saíram? – o mais alto pergunta.
Eu apenas reviro os olhos, impaciente, e com um estalo de dedos faço ambos desmaiarem. Não era necessário matá-los. Em poucas horas adiante, eles iriam morrer de qualquer jeito. Eu e Calum continuamos nosso caminho para nossos respectivos dormitórios – afinal, até alguém como eu gostava de dormir e apreciava esse momento quando possível, mas um movimento à nossa direita chamou minha atenção.
Subitamente, peguei uma das lâminas que estavam na cintura de Calum e lancei naquela direção, assustando o curioso.
-Cristo! – ouvi a voz de Michael, cujo cheiro eu já havia sentido.
-Muito pelo contrário. – digo olhando-o séria. – O que está fazendo?
-Eu é que pergunto. E como você consegue sair sem ser pega?
Faço sinal para Calum continuar o caminho dele e volto a encarar o garoto na minha frente.
-Me responda uma coisa, Clifford: você prefere morrer com sua pele sendo arrancada do corpo ou através do seu pau sendo cortado fora?
Ele dá um passo para trás, mas se mantém firme.
-Não pense que só porque me deu uma surra no outro dia que eu não posso te dar o troco. – comenta com raiva.
-Ora, por favor. – rio debochada. – Só porque você matou... Quantas foram mesmo? Ah, sete pessoas a sangue frio não quer dizer que você seja uma pessoa assustadora.
Me aproximo dele e o encurralo na parede.
-Acredite, garoto, há coisas muito piores por aí. E você não vai querer descobrir quais são.
Dou um empurrão nele e me afasto, finalmente indo para o meu dormitório.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.