História Dark Side - Close your eyes and i'll be brief

Olhei pra ele, sentado no meu sofá todo despreocupado, agindo normalmente. Como se não tivesse matado meus irmãos, destruído minha família e a minha vida. O ódio estava borbulhando em meu peito, e a vontade de ataca-lo também, mas ele não iria até a Austrália sem um propósito.

- Ok, pra começar, como você entrou no meu prédio? – Perguntei já estressada.

- Eu aluguei um apartamento. Venho te observando faz alguns dias. – Ele riu. Olhei pra ele sem acreditar, e ficamos assim por alguns minutos, em silencio, enquanto ele me encarava.

-Estou esperando, Josh. Pode falar o que você quer. – Pedi, andando de um lado para o outro pelo carpete.

- Eu sempre quis você, Carolyn. Nós éramos felizes juntos, não entendo porque quis acabar. – Ele me olhou como se realmente não entendesse. – Eu fui um namorado tão ruim assim?

- Ruim? Você só me arrastava para confusões, você tem problemas com drogas e só faz coisas ilegais. Me traia com a primeira vadia universitária nas festas que eu não ia! E você é doente Josh, matou meus irmãos porque eu não quis ficar com você. – Comecei a chorar de raiva e angustia. Não queria demonstrar isso para ele, mas foi mais forte do que eu pude aguentar.

- Oh, isso são coisas normais que os casais passam, poderíamos ter resolvido isso Carie. – Ele sorriu, se levantando e andando até parar em minha frente, me afastei e ele continuou se aproximando e colocou uma mão enganchada no meio do meu cabelo. Minha vontade era chuta-lo, bater tanto até que ele caísse no chão implorando perdão. Mas eu sabia que não poderia fazer isso naquele momento.

- Quanto aos seus irmãos eu te avisei, disse que se não fosse minha você pagaria por isso. Te dei um preço que você não estava disposta a pagar. – Ele disse, olhando para os meus olhos, ainda segurando no meu cabelo. Deu um puxão mais forte e eu o empurrei, ele cambaleou pra trás e se recompôs.

- VOCÊ NUNCA ME DEU UM PREÇO! NUNCA ME DISSE QUE MEUS IRMÃOS IAM SOFRER POR ISSO. – Gritei com ele, porque eu não sabia. Se eu soubesse, não teria deixado isso acontecer.

- Você paga as consequências pelos erros Carolyn, quando me largou eu te disse que você ia pagar. – Ele enfiou as mãos no bolso e tirou um cigarro e um isqueiro, ascendendo e começando a fumar. Tremi quando ele soltou a fumaça, lembrei-me de Calum fazendo isso mais cedo. Eles não tinham nada em comum. Calum nunca seria como Josh.

- Por que não eu? Por que matar Clarck e Doroty? Eu que te deixei, eles não tinham nada a ver com isso! – Minhas mãos tremiam e minha voz saia chorosa, eu estava tão abalada, cansada. Josh parecia um buraco negro, sugando todas as emoções boas que consegui ter nos meses que passei na Austrália.

- Porque eu ainda queria você. Você é minha Carolyn, não pode mudar isso, é a minha garota, você dizia isso, não pode simplesmente me largar e achar que eu aceitaria isso. E você quis me largar, e eu quis te fazer sofrer, matar seus irmãos era um belo castigo. Até achei que pudesse voltar pra mim depois. Mas olha aonde você veio parar. Austrália.

Ele começou a andar pelo apartamento, olhando ao redor. Olhou para as fotos minhas e de Miranda na parede, para os DVDs que tinham ficado espalhados da ultima vez que os meninos vieram fazer uma visita e por ultimo foi olhar pelo vidro da pequena sacada.

- Você acha que é feliz aqui? Eu poderia ter te feito feliz. – Ele disse.

- Você nunca me faria feliz. Você só pensa em si mesmo, e só faz besteira. Você é um inconsequente, assassino e problemático. Você deveria procurar um psiquiatra. – Falei e ele virou para olhar pra mim.

- Quem te faz feliz? Aquele garoto? O moreno riquinho? Ou o garoto de cabelos cacheados? Você é patética Carolyn, nenhum deles seria melhor do que eu. E não vão ter a chance. Eu te disse. Se não ficar comigo, não fica com ninguém. – Ele colocou a mão por baixo da camiseta e tirou algo do cós do jeans. Não sei como não havia notado, mas ali estava um revolver em sua mão. E ele estava o apontando pra mim.

- Você não vai me matar, eles vão saber que foi você. Miranda, Jasper e Jenny. Vão acabar com você se me matar. – Falei, sentindo um pouco de desespero.

-Isso não me assusta, sei que era seu propósito. – Ele sorriu pra mim.

- Você veio de tão longe só pra isso? – Perguntei sem fazer movimentos bruscos.

- Pra falar a verdade, sim. Eu não estava suportando a ideia de você se reconstruir e esquecer o que eu fiz. – Ele disse, alisando a ponta do revolver escuro.

- Você é doente, fica dizendo que me queria, mas tudo que você quer é ver a minha dor. – Olhei pra ele e balancei minha cabeça, comecei a chorar involuntariamente. – VOCÊ FEZ DA MINHA VIDA UM PESADELO.

- Porque você me deixou. Você era diferente pra mim Carie, eu nunca namorei sério com nenhuma garota, só com você, e você quis me deixar. – Ele me olhou com um olhar de repreensão.

- Você só me fazia mal! Por que eu deveria continuar com alguém como você? Namorar alguém é mais do que sair com a mesma garota várias vezes em uma semana. Existe confiança, fidelidade e amor. Você nunca teve nada disso. – Falei olhando em seus olhos. – Você é um assassino sem caráter, eu nunca ficaria com alguém assim.

- Você era uma adolescente mimada, vaidosa e egoísta. Você pode achar que mudou muito Carolyn, mas ai dentro você ainda é a mesma. – Ele disse. Josh é um maníaco cego. Ele mal percebe o quão errado são as coisas que ele faz, e ainda tem a cara de pau de me julgar.

- Você é um idiota. – Cuspi as palavras que tanto queria e ele deu um sorriso psicótico.

- Eu te amava. – Ele falou, balançando a cabeça.

- Você não sabe o que é amor, Josh.

- Eu vou te dar apenas mais uma chance Carolyn, nós podemos voltar para os Estados Unidos, ou fugir para o Havaí. Ou você fica comigo, ou não fica com ninguém. – Josh apontou a mira do revolver para o meu peito.

- Espero que você tenha uma boa mira. – Abri os braços e ele pareceu decepcionado.

- Feche os olhos e eu serei breve. – Ele disse e eu fiz o que ele disse. Não queria que ele fosse a ultima visão que eu teria antes de morrer e ir pra seja lá onde for que vamos quando morremos. Sempre tive essa curiosidade e agora iria descobrir. Não que eu estivesse realmente ansiosa.

Os segundos que antecedem a morte passam bem lentamente. Não vi minha vida passar através dos meus olhos, mas tive tempo de escolher uma boa lembrança pra ser a minha ultima. Não sei o que eu esperava, ou quem eu esperava que fosse a última coisa que eu me lembraria, mas definitivamente a lembrança veio aleatoriamente.

... Calum emergiu me olhando com os olhos semicerrados, ele estava na minha frente e de repente sorriu e se aproximou mais, ele agarrou meus pulsos e me afundou com ele na água. Percebi que nós já estávamos indo um pouco mais fundo. Ele me encarou, soltando bolhas pela boca e eu dei um limitado sorriso. Ele me puxou pra mais perto como se fosse me afundar mais e eu agarrei seu cabelo escuro flutuando na água, foquei em seu rosto e em marcar cada detalhe dele, enquanto ele segurava a respiração e tentava não sorrir...

Ouvi-o puxar o gatilho, e já estava pronta para a morte.

E então foi que eu ouvi um barulho diferente do que imaginava ser um tiro. Porque era o barulho da porta sendo aberta com violência.

-NÃO! – Eu ouvi um berro e reconheci a voz de Miranda, quando abri os olhos entrei em choque. Vi movimentos muito rápidos. Alguém correu e se jogou contra Josh. Ouvi o barulho do que era realmente um tiro. Eu estava tão em choque que não tinha certeza se o grito de horror tinha saído de mim, eu só enxergava borrões e não conseguia entender o que diziam, ou assimilar os barulhos. Por um instante eu não senti nada, só choque. Ouvi ruídos, passos, vozes, e borrões que pareciam que iriam me engolir.

Quando finalmente o estado de choque pareceu passar, eu comecei a me situar. Eu estava deitada no chão. Minha cabeça estava doendo, e a minha perna também. Minha perna não só doía muito, como ardia. Era uma dor diferente de tudo que eu já senti e eu acabei tendo um pouco de dificuldade pra respirar, eu já estava nervosa. Olhei pra cima e vi rostos me encarando, mas ainda não conseguia assimilar quem era ou o que diziam.  Dor era tudo que eu podia assimilar.

Calum P.O.V

Eu nunca me senti tão desesperado na vida. Quando Ashton correu até mim e me disse que Analu estava sozinha no apartamento com um ex-namorado psicopata, eu fiquei realmente nervoso.

- VOCÊ NÃO PODIA TER A DEIXADO IR. – Gritei com ele, não pude evitar.

- Ninguém podia a impedir, ela me implorou! Eu disse que iria com ela, mas ela foi embora antes que eu voltasse. – Ele pareceu tão abalado que eu tentei me acalmar para não gritar com ele novamente, Ashton nunca deixaria nada acontecer com Ana Luiza de propósito.

- Eu não entendo, por que ela foi encontrar com ele? Por que não chamou a policia? – Eu estava realmente confuso, as peças não se encaixavam. Se ela tinha um ex-namorado que a ameaçava, por que nunca me contou? Ou procurou a policia.

- Você não entende Cal, tem mais do que só isso. É complicado. – Ashton disse, agarrando os cabelos com o nervosismo.

- ENTÃO ME EXPLICA! – Gritei novamente.

- EU NÃO POSSO! – Ashton berrou de volta, as pessoas ao redor olhavam para nós como se fossemos loucos. – Ela não queria te contar ok? Ela tinha medo! Mas cara, ela pediu pra eu não dizer que ela ia pra ninguém, mas eu estou com medo que ela se machuque.

- Nós vamos atrás dela! – Decidi. – Vamos chamar a policia.

- Não! – Ashton exclamou, e eu olhei como se fosse louco. – Não, Cal, você não entende. Ai céus, o que eu faço?

- Ashton, eu não estou te entendendo! – Olhei pra ele.

- Só vamos achar a Miranda, temos que ir! – Ele começou a me puxar. Encontramos Miranda e Luke.

- Miranda, temos um problema, temos que ir. – Ashton disse pra ela.

- O que? Por que? – Miranda pareceu confusa.

- Analu. Sua casa. Ex-namorado. – Ash disse.

 - O QUE? – Ela gritou, e pelo visto já sabia do que se tratava.

- Vamos. Eu explico no caminho. – Ash disse e ela começou a vir.

- Ei! Pra onde vocês vão? – Luke veio correndo atrás de nós.

- Luke! Nós precisamos ir sozinhos, e você precisa me fazer um favor. – Miranda parou e segurou as mãos dele.

- O que você precisa? – Ele perguntou confuso.

- Eu preciso que você ligue para Jasper ou Jenny e vá encontra-los, nós vamos precisar deles também, quando você busca-los, me ligue. – Ela pediu e Luke ainda estava confuso.

- O que está acontecendo? Por que vocês estão escondendo de mim? – Ele perguntou. Miranda colocou a mão no rosto dele, parecendo agitada.

- Luke querido, eu te adoro... MAS VOCÊ PODE POR FAVOR, SÓ CONFIAR E FAZER O QUE EU TE PEDI? OBRIGADO! – Ela gritou, deu um beijo nele e saiu correndo, deixando o coitado todo confuso.

- Vamos cara. – Ashton me puxou e nós seguimos para o estacionamento. – Vamos no meu ou você me segue?

- Te sigo. – Falei correndo para o meu próprio carro, enquanto Miranda entrou com Ash no dele.

O caminho todo foi totalmente tenso, eu estava com medo do que pudesse estar acontecendo no apartamento das garotas, e cada vez mais dúvidas rondavam minha cabeça sobre no que Analu estaria metida.

- Precisamos ir com cuidado. – Miranda avisou, quando entramos no prédio. O porteiro á saudou e ela seguiu correndo para o elevador comigo e Ashton no encalço. A subida foi torturante enquanto todos estavam tensos.

Quando a porta do elevador se abriu, demos um pulo pra fora e corremos até a porta. Paramos enquanto Miranda procurava suas chaves, tentando ouvir alguma coisa lá dentro, e não saia nenhum som, isso me deixou mais preocupado do que se estivesse ouvindo gritos. E o que aconteceu a seguir foi muito rápido.

Miranda virou a chave e Ashton já chutou a porta para abrir. A primeira coisa que vi foi um cara segurando uma arma, e a segunda foi essa arma apontada para o coração da Analu. Dizem que na hora da adrenalina as pessoas não pensam muito, e acho que isso é verdade. Me atirei contra ele antes que disparasse, mas ele disparou mesmo assim, ouvi um grito e só rezei para que não tivesse atingido Ana Luiza. Cai por cima dele e imobilizei seu braço, tomei a arma de sua mão e joguei pra longe. Ele me chutou e eu caí para o lado, começamos a trocar socos e ele me acertou bem no rosto. Fiquei tonto e vacilei pra trás, enquanto ele levantou. O cara correu pra fora pela porta, gritei para Ashton, que saiu do apartamento correndo atrás dele.

Levantei com dor no rosto e fui para onde Miranda chorava abaixada ao lado de uma Ana Luiza em choque. Sua perna sangrava e o ferimento causado pela bala era horrível de ser ver.

- O que eu faço? – Miranda gritou pra mim, tremendo.

- Chame uma ambulância. – Lhe entreguei meu celular. – Não podemos movê-la, não sabemos a gravidade do ferimento. Vocês tem kit de primeiros socorros? Precisamos estancar o sangue.

- Calum, você sabe o que está fazendo? – Miranda perguntou, já discando o número da emergência.

- Sei Miranda, minha mãe é médica, eu sei prestar primeiros socorros. – Respondi chegando mais perto de Ana Luiza enquanto Miranda falava no telefone e pegava o kit de primeiros socorros. Analu estava tremendo, ela tinha lágrimas nos olhos e respirava com força.

- Ana? Você está me ouvindo? Vai ficar tudo bem, o socorro já está a caminho. – Tentei falar com ela, ela mexeu um pouco a cabeça para me olhar, mas parecia confusa. Uma vez minha mãe tinha me dito que vitimas de acidentes com armas de fogo podem entrar em choque depois de ser baleadas, e acho que esse era o caso da Ana Luiza.

- Ana, eu estou aqui, não me deixe ok? Fica comigo, você consegue me ouvir? – Tentei de novo.

- Calum. – Ela levantou a mão e soltou um gemido de dor. – Minha perna.

- Eu sei, fica calma ok? Nós vamos sair daqui. Vai ficar tudo bem. – Falei novamente.

- Me desculpa Cal. – Ela disse olhando pra mim.

- Desculpa pelo o que Analu? Não precisa pedir desculpas. – Falei confuso.

- Eu menti pra você. – Ela disse e eu a encarei.

- O que?

- Me desculpa. – Ela pediu de novo. Olhei pra ela ali, e fiquei imaginando o que ela queria dizer.

- Tudo bem, depois nós conversamos. – Falei, balançando a cabeça.

- Não é como nos filmes. – Ela disse e eu fiquei confuso.

- O que?

- Tomar um tiro. Dói mais do que eu imaginava. – Ela respirou fundo, e o sangue ainda saia de sua perna. Miranda chegou com a caixa de primeiro socorros e eu tentei estancar o sangue.

- Você é uma idiota sabia? Podia ter morrido. – Miranda chorava, segurando a mão da prima.

- Minha bolsa, meu celular. – Ana Luiza tentou levantar e eu a segurei para ficar parada no chão.

- Você não pode levantar! – Falei.

- Mas o meu celular, eu só queria acabar com isso logo, agora podemos. – Ela começou a falar rápido olhando pra Miranda.

- Carolyn, não! Chega, primeiro você fica bem, eu estou tão cansada disso. – Miranda falou, parando a prima e eu fiquei confuso. Novamente aquele nome.

- Carolyn? – Perguntei.

- Nós temos muito que explicar, mas não agora Calum. – Miranda disse pra mim. E ficamos em silencio enquanto eu tentava estancar o sangue de sua perna com uma gaze.

Ashton subiu junto com os paramédicos, eles prestaram o socorro á Ana Luiza e a colocaram na maca pra descer. E em pouco tempo já estava tudo certo para ir para o pronto-socorro. Miranda entrou na ambulância para acompanhar a prima e eu entrei no carro de Ashton, sentando no banco do passageiro.

- Ele fugiu. – Ashton bateu no volante, com raiva.

- Eu ainda não entendo. – Falei

- Nós vamos te explicar, só dá um tempo ok? – Ashton pediu, começando a ligar o carro para seguir a ambulância. Ele estava tão nervoso quanto eu nunca o tinha visto antes.

Fiquei quieto no caminho, dando um tempo para Ashton, acho que ele realmente queria ter parado o cara de fugir. E naquele momento, olhando as luzes da ambulância a nossa frente, comecei a realmente me dar conta de tudo que tinha acontecido em menos de uma hora.