Tremo.
—C-como?-Vejo Fath sorrir ao meu lado, mas seus olhos enquanto permaneciam surpresos.
Cameron da um pulo do sofá, e vejo algo no meu olhar também.Não sei que era esperança ou lágrimas de ódio.
—E-eu não pos...eu não...eu tomo pílula.
—A pílula não é um método 100% confiável, principalmente sem o uso da camisinha.-Engulo seco.Não costumava usar camisinha, sei lá, não gosto, e sempre esqueço.
Permaneço atônita, Cameron também.
—Bem, vou deixá-los a sós, antes de ir sua enfermeira vai lhe levar a minha sala é vital que faça mais alguns exames e tenha um acompanhamento médico durante esse período.-Apenas assinto ainda em choque.
"—Você tem muito que viver ainda, não faça isso por mim, mas por ele.-Desliza a mão até minha barriga.
—Do que está falando?
—Eu queria estar vivo para vê-lo crescer, mas nunca o deixe esquecer que seu pai o ama muito."
Levo a mão a barriga, engulo seco.Eu, gravida?Do Justin...isso não pode estar acontecendo.Não agora, não depois dele morrer...nós nunca falamos sobre filhos, acho que nenhum queria ter ou simplesmente não víamos isso como uma possibilidade.Não era porque ele era meu irmão que seu esperma não funcionava em mim, mas acho que de certa forma foi mais fácil de acreditar nisso.
Gravida!Gravida!Deus!O que vai ser de mim?E dessa criança?Eu não sei criar um filho, eu não levo jeito, eu não posso ser mãe.E se ele for mesmo do Justin, como Cameron reagiria.Ainda tem possibilidade de ser dele, é um fato.E ter um filho do Cameron me parece muito pior do que ter um filho do meu próprio irmão, mas...e se fosse de Justin?Se Cameron descobrisse isso?O que ele faria?
—Oh!Querida!-Fath abraça minha cabeça contra seus seios fartos em um ato maternal.—Que lindo!-Não vejo beleza alguma nisso, sinceramente.
—Fath eu não posso ter esse filho...eu não sei como...como cuidar, como ser...-A palavra trava na minha garganta.Para mim ser mãe era uma coisa tão longínqua que nem valia a pena perder o tempo pensando nisso.—Mãe.-Ela se afasta um pouco segurado meu rosto.
—Ser mãe é uma das coisas mãos maravilhosas que podem acontecer com uma mulher, meu amor.É um presente, um lindo presente.-Ela sorri, parecia ser tão bom quando falava assim, uma benção, mas não!Isso não é bom!Não é uma benção!Eu tenho 20 anos!Só 20 anos!—E não se preocupe, quanto eu tive meu primeiro filho...
—O Jonatan?-Ela sente.Lembro dele vagamente.
—Eu não fazia a mínima ideia de como criar uma criança.Eu tinha 19 anos, era órfã, o pai dele era um imbecil bêbado problemático, não quis nem assumir a criança.Passei poucas e boas para criá-lo da forma que eu achava que ele devia ser e olhe hoje, é um homem bom, trabalhador, está casado.Eu não podia pedir mais.-Ela sorri orgulhosa.Acabo sorrindo também.—Querida, não exige momento certo para se mãe, simplesmente acontece.E sabe de uma coisa, o meu filho foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.
—Ele teve ter muito orgulho de você.-Ela sorri.
—E pelo menos você tem o pai ao seu lado.-Ela se refere a Cameron, e eu fico incomodada com isso.Ele estava estava paralisado, como se tivesse desmaiado de olhos abertos.—Acho que ele ainda está em choque.
Ela não sabia do meu relacionamento como Justin, para Fath e como vai ser para todos, esse filho só podia ser do Cameron.
—Cameron?-Ele desperta com o chamado dela, como num súbito.Suspiro pesadamente quando seu olhar perdido e enérgico paira sob o meu estagnado porém igualmente perdido.—Parabéns papai!-Ela brinca, mas ele nem esboça um sorriso ao menos.
—Não tenho certeza se esse filho é meu.-É ríspido e grosseiro.Simplesmente se levanta e sai do quarto.
Fath fica perplexa com sua reação.Ela se vira para mim como se tivesse a intenção de me fazer sentir melhor, talvez achasse que suas palavras tinham me afetado, mas não tinham se quer doído.Na realidade, torço para que isso o faça tomar vergonha na cara, e não casar com uma mulher gravida de outro homem, uma mulher que o odeia, que só sente desprezo e nojo no íntimo do seu ser.
—Do que ele está falando?-Nego, fingindo tristeza.Eu não podia contar a ela sobre eu e Justin, não estava pronta para isso, e acho que agora, não vai fazer diferença.Já perdi a chance.
—Eu não sei.-Levo a mão a barriga, alisando-a.—Ele tem estado estranho ultimamente, não tenho certeza que quero realmente me casar mais...ele não é o que eu achava que era.-Fath suspira.
—Isso acontece nos melhores relacionamentos, você não conhece seu parceiro até morar com ele, é um fato.-Rio nasalmente da forma que fala.—Mas agora querida, pense no que te vez se apaixonar por ele, tenho certeza que isso se sobressai em relação aos defeitos dele.
Me apaixonar por Cameron?Nunca fui apaixonada por ele?E o que me fez sentir atração?Sua beleza, seu corpo, ele costumava a ser bom de cama antes de se tornar agressivo, antes que me ter como uma coisa, uma propriedade privada.E o que me fez gostar dele?Tudo o que ele fingiu ser, mas nunca foi.Compreensivo, fiel, companheiro, divertido, "romântico"...e ele não é nada disso.Eu gostei de um personagem, não de uma pessoa.
—É.-Dou os ombros.
—Mas se não sentir mais o mesmo por ele...aí querida, não adianta casar sem amor, sem atração, sem companheirismo, ou é uma linha reta para o divórcio.
Divórcio?Deus!Nem casar eu queria.
—Vou chamar ele.-Ela sai antes que eu possa impedir.
Bufo.
Tava tudo desmoronando ao meu redor.Eu não posso ser mãe, não posso criar um filho, não sei fazer isso e nunca foi conseguir.Já tenho problemas o suficiente e um filho vai foder mais do que já ta muito fodido.
Mas se ele foi de Justin...
Deslizo a mão por cima da minha barriga, não havia volume algum ali.Devia ser tão pequeno...uma parte do meu irmão em mim.Eu não o tinha mais, mas eu tinha uma parte dele, aquilo era um grãozinho dentro de mim, um presente do meu Justin.
"—Você tem muito que viver ainda, não faça isso por mim, mas por ele.-Desliza a mão até minha barriga."
Fecho os olhos, podia sentir seu toque ali.Uma lágrima desliza pela bochecha.Queria que fosse real.
De repete a porta de abre e eu sou obrigada a abrir os olhos.Cameron fita minhas mão sobre a barriga e percebo uma expressão azeda, de desgosto.
—Vou deixar vocês a sós.-Fath soa antes de fechar porta me abandonando naquele cômodo que apesar de grande parecia minúsculo agora.
—Já sei, não vai casar mais comigo.-Finjo estar recendida e magoada.Ele suspira.
—Já pensou na possibilidade desse filho ser meu, Katherine?
—Não, tenho quase certeza que é do Justin.-Vocifero.Ele faz careta.
—Está disposta a criar um filho doente?Porque provavelmente esse será.Uma abominação filho de irmãos.-Cospe e eu sinto ira, ódio, nojo.Mas estava fraca para me levantar, ir até ele e soca-lo tanto que pediria, imploraria para que eu parasse, mas eu não faria isso, vingaria a vida de Justin com minhas próprias mãos.
—Eu tenho pena de você, eu estive com o Justin o tempo todo, de traia todo dia, porque você não dava conta, e enquanto você dizia que me amava eu dizia que amava Justin.Enquanto você gemia o meu nome eu gemia o dele, enquanto você estava sobre mim eu imaginava nele.-A cada palavra a quantidade de lágrimas nos olhos dele ia aumentando.
Estão o pobre psicopata tem coração?
—Eu queria que fosse ele, sempre quis.Eu nunca te amei, nunca te quis de verdade, você me enjoava, me enchia com suas baboseiras sobre casamento, filhos.Eu nuca quis nada disso com você.Eu não pretendia me casar, eu menti tanto quanto você.-Finalizo.
Cameron sorri deixando uma lágrima cair, seus passos até mim são lentos, até pareciam tímidos, mas não, eram planejados, perfeitamente desenhados.Não me encolho, pelo contrário permaneço ali, com a expressão rígida e fria como uma pedra, apesar do coração vacilar a cada centímetro que ele se aproximava.
A mão dele se ergue, aperto os olhos a sentindo contra minha bochecha, aquilo queima, arde, lateja.Respiro fundo.Ele puxa meu rosto para si.
—Escute bem, sua vagabunda.-Rosna entre seus dentes brancos.—Você vai fazer um exame de DNA, se ele filho for meu vou criá-lo, e fazer dele meu herdeiro, mas-Essa pausa faz meu coração contrair.—se ele for do Bieber, você vai tirar-lo, nem que eu mesmo tenha que fazer isso.-Abaixo os olhos, encolho-me, te todas as ameaças de que ele podia ter me feito, essa foi a pior.Eu não conseguiria matar uma criança...
Ele me solta e se recompõe limpando as lágrimas com as costas das mãos.
—C-Cameron, quer mesmo matar uma criança, ela é inocente, não tem nada haver com o que aconteceu entre nós e...
—Eu matei o pai dela, matá-la vai ser moleza.-Soa com facilidade, como se dissesse "bom dia".
—Me deixe pelo menos te-la, eu mando parar adoção, eu a mando para um colégio interno, você não precisa ve-la, mas por favor, não me faça matar uma criança.-Ele suspira.
—Eu poderia até criá-la como minha, mas pela forma que está agindo essa será da punição, se matar seu irmão não foi o bastante, mato deu filho também-Um nó se forma na minha garganta.
Como ele podia ser tão frio?Sem coração.
—O que quer que eu faça?-Minha voz soa fraca e baixa, mas ele escuta, óbvio.
—Se case comigo com comunhão total de bens, e seja boazinha, não falo só em publico, quero que me trate bem, como seu maridinho que você tanto ama e que me obedeça sempre.-Um sorriso brota nos seus lábios.—Estamos de acordo?
—Sim.
…
Em menos de duas semanas todos os preparativos para o casamento estavam prontos.A mãe de Cameron organizou tudo junto com Kris e a avó dele.Eu não tinha cabeça para isso, elas me respeitaram e inclusive entranharam o fato de nós casarmos tão rápido e tão perto da morte do meu irmão.Ainda lembro de como ela chamou Cameron de louco por me fazer passar por isso em menos de um mês, mas ele me fez dizer que a ideia foi minha, porque estava gravida e não queria ficar com barriga no dia.A mãe dele quase teve um enfarto junto com seu pai.Kris só faltou arrancar minha cabeça do pescoço de tanto apertar meu pescoço com seus abraços e pulinhos de alegria, inclusive já se nomeou madrinha, eu não escolheria outra mesmo.
Me pergunto se agora que sua família sabe Cameron colocará um pé atrás em relação a adoção dessa criança, caso ela seja de Justin, e provavelmente é.O que diria para todos depois que essa criança nascesse?Ele a roubaram?Que morreu no parto?Que eu não a quis?Ele era um bom mentiroso, ia arrumar a desculpa perfeita para se livrar do herdeiro de Justin.Mas torço para que quanto olhe para aquele ser, da mesma forma que olhou para mim segurando seu primo (parecia que isso tinha acontecido a séculos), ele desista.
Pela primeira vez nesse dia de terror me deixaram sozinha no quarto em paz.Olho ao redor.Meu quarto estava cheio de caixas brancas, sapatos, vestidos, adereços, jóias e várias buquês entre as cores rosa e branco, todos de Cameron.Hunf!
Meu vestido estava pendurado em uma arara na frente das janelas, uma sinuêta desenhada contra o por do sol, as minúsculas pedras brilhavam ao ser atingidas pelos raios solares.Meu sapato estava sobre o um banquinho ao lado, as jóias em uma caixa na minha penteadeira e o véu sobre minha cama.
Nas últimas semanas eu tenho estado tão ocupada com tudo isso que quase não nos vimos e eu dou graças a Deus por isso, mas a partir de hoje isso vai mudar.Ele vem morar aqui, vamos nos ver todo dia, vamos dormir na mesma cama...minha liberdade vai acabar de vez.Vou ser obrigada a ser a mulher submissa e recatada, a esposa perfeita.
Me olho no espelho, meu cabelo perfeitamente dividido no meio e preso em um coque cheio, a maquiagem me deixava parecendo uma boneca de porcelana.Uma boneca coberta por apenas uma langerie branca.Só de imaginar Cameron a tirando sinto ânsia.Talvez eu fingisse que estou passando mal e ele me deixe em paz, mas duvido muito, dei essa desculpa durante essas semanas inteiras, agora ele vai me ter nem que seja a força, e eu não posso resistir, se não posso perder o bebê caso ele seja muito bruto.
Suspiro pesadamente, apoio a perna na cadeira na penteadeira e ajeito o elástico na minha perna, de repente ouço a porta bater me fazendo dar um de susto.Vejo Cameron morder o lábio e me olhar de baixo a cima.Engulo seco.
—Nossa!-Ele leva o copo de whisky aos lábios e da um grande gole.
—O que faz aqui?-Caminhei até a cama e peguei o robbie me cobrindo.
—Só vim checar se estava bem e assegurar que não vai fugir de mim mais tarde.-Da outro gole se aproximando de mim e puxando o laço do robbie.Sua mão puxa um dos lados, fazendo-o cair.
—Eu não vou, sabe disso.-Tento puxar o robbie para cima novamente, mas ele segura minha mão e da mão um passo se aproximando.Essa mão adentra pelo robbie e segura mina cintura nua.
Cameron aproxima o outro do meu, mesmo eu tentando me esquivar.Seu hábito quente fedia a álcool.Faço careta ao senti-lo.
—To louco de saudade, anjo.-A mão desliza pela minha bunda a apertando e os passos evasivos, me fazem recuar até bater contra penteadeira.Seu corpo se choca contra o meu.Ele da um último gole e coloca o copo sobre a mesa.Com a mão livre me puxa pela nuca e me beija.
Eu costumava sentir algo quanto o beijava, carinho talvez.Agora não sinto nada.
De repente ouvimos batidas na porta, nós separamos.Me cubro, amarando o robbie de volta.
Kris entra no quarto, e um sorriso malicioso cresce nos seus lábios.
—Ora, ora, ora.Parece que alguém está quebrando as regras.-Cameron ergue as mãos em rendição.
—Eu não resisti.
—Estragou a surpresa.
—Pois é, era um presente para você.-Falo baixo.
—Um presente em tanto, eu diria.-Ele comenta fitando meu corpo como se pudesse ver por trás dl robbie.
Desvio.
—Certo, agora que já estragou tudo, vá embora.-Ela puxa Cameron e o empurra para fora.Ele ria enquanto isso.—Você também, viu?Devia ter se controlado.-Finjo um sorriso malicioso.
—Não consegui resistir.-Ela revira os olhos.
—Vamos lá!Hora do vestido.-Kris bate palmas enquanto pulava, logo depois minha sogra juntamente com a estilista e costureira.
Fico de costas para o espelhos enquanto Nora, a estilista e sua assistente pegavam o vestido.Kris e a mãe ficam ao meu redor sentadas na chaise.
Elas vem até mim com o vestido em mãos.Tiro o robbie e entro na saia e elas a sobem.Enfio os braços as mangas e logo depois sou apertada até minha cintura ficar tão fina como um palito.O vestido fecha.Suspiro.
Vejo os sorrisos no rosto de todas, seus olhos até brilhavam, pareciam mais felizes que a própria noiva.Me viro na direção no espelho na tentativa que pelo menos ficar feliz em me ver num vestido como este, em ficar feliz por me sentir bonita.Mas não tenho coragem de me olhar.Brinco com os dedos pelos desenhos na saia, covardemente.
—Traga o véu.-Nora ordena a assistente.
Logo depois sinto o tecido fino sobre minha cabeça descendo pelas minhas costas, como uma casaca branca.
—Meu Deus!Você está linda.-Kris é a primeira a se proclamar.Seu comentário me faz erguer o rosto.
Vejo um reflexo no espelho, ela parecia comigo, mas eu tinha a sensação que não era eu.O vestido descia até o chão, como uma decrescente de flores delicadas.A parte de cima um tomara que caia com as mangas finas cobertas que pequenas flores como todo o bustiê, estas caídas nos ombros.
—Parece um anjo.-Pendo ter ouvido a voz de Justin, mas não era ele, foi apenas a costureira.
Desvio o olhar.
—Meu filho tem muita sorte, você é linda.-A mãe de Cameron diz sorridente, comoves visse a própria filha de noiva.
Sorrio fraco.
Vejo Sammy, Mary e Fath entrarem no quarto.Elas estavam tão lindas que quase me fizeram chorar.
Sai da frente dos espelhos segurando a saia do vestido.Levei as mãos a boca, cada uma linda da sua forma, nunca as vi tão arrumadas.Elas também olhavam para mim com lágrimas nos olhos.Caminhei até as três e, emocionada, segurei suas mãos.
—Vocês estão lindas.-Elogio.Elas sorriem.
—E você, está parecendo uma princesa.-Sammy fala.
—Está tão linda, Kath.-Mary alisa minha mão.
—Minha menininha, parece que realizou seu sonho de ser uma princesa.-Fath soa com carinho.
Sinto as lágrimas encherem meus olhos.
—Ah!Não!Não chore.Vai borrar minha obra de arte.-O maquiador diz.Sorrio abanando com olhos, como se aquilo fosse seca-las.
—Nada de chorar, mocinha.-Mary brinca.Rio.
—Obrigada por estar aqui, todas vocês.Vocês são minha família, sabem disso.-Murmuro ao abraças as três de uma vez.
—Amamos você.-Dizem em uníssono.
…
Desci do carro com ajuda do motorista.Kris me entregou o buquê já fora do carro e me deu um último abraço seguindo para dentro da igreja em seguida junto com sua mãe, que se "despediu" de mim com um abraço apertado e disse:
—Vai ser bom ter mais uma filha.
Eu apenas sorri por baixo do véu.
Então fiquei só na frente das portas da igreja.Respirei fundo enquanto a organizadora colocava as daminhas na minha frente.Uma fila de 7 delas.Filhas de gigantes da máfia, para fazer a política da boa vizinhança e a pequena Charlorte, subrinha de Cameron, a mais nova com apenas 4 anos, vestida com um vestido rosa bebê, assim como todas.Era a primeira da fila e carregava uma cestinha com pétalas de flores.Já a última, que ficava na minha frente, a filha mais nova do chefe da máfia da costa leste, tinha seus 15 anos, e carregava as alianças.
Soltei o buquê de uma mão e coloquei na outra, estavam suando tanto.Respiro fundo.Um, dois, três.Respiro fundo.Um, dois, três...
Só de imaginar aquele povo todo me olhando, me vendo cair.Acreditando em uma mentira.Aposto que todos os chefões da máfia estavam aqui, porque afinal eu me tornei a herdeira depois que...bom, agora eu sou importante, finalmente consegui fazer parte da máfia, mas não vai durar muito tempo.A partir do sim a máfia será dele, tão minha quanto dele, e vou ser obrigada a passar esse poder que eu sempre quis para outro.Um farsante, o inimigo.
De repente ouço o som do piano soar de dentro.
—Pronta, querida?-A mulher me pergunta com um enorme sorriso no rosto.Assinto.Ela se afasta e faz sinal para os homem de terno abrirem a porta.
Assim que ela se abre levanto rosto.Respiro fundo.A igreja toda se levanta.A primeira daminha começa a andar, logo em seguida a segunda, e assim por diante.Até que chega minha vez de dar o primeiro passo.De longe já vejo rostos conhecidos, alguns familiares de Cameron, empregados da Máfia, amigos de infância.
Quando piso na Igreja em si os violinos começam a tocar, por sorte estava com o véu por cima do rosto e ninguém veria minha cara, ninguém veria que eu não estava feliz.
Por um momento olho para frente e vejo Fath, Greg, Kris, e os pais de Cameron em cima do altar.Por fim visualizo meu noivo, ele tinha os cabelos perfeitamente penteados, o terno perfeitamente ajustado no seu corpo, até dirija que está lindo...mas meu ódio por ele só me faz sentir raiva da sua cara de sonso.Ele ainda sorri para mim como se estivéssemos casando por amor, não porque está me obrigando a isso.
Desvio.
Vejo algumas primos dele, Julie, Dakota, Noah (fazia tanto tempo que não via esse garoto).Reconheço alguns dos amigos de Cameron, Hunter, Daniel, Tom.Do outro lado a máfia estava bem peso, milhares de chapeis negros se estendiam do lado direito da igreja, uma homenagem, ainda estavam de luto pelo meu irmão.Respiro fundo.Ainda dói muito sua falta.
No canto da igreja, bem no fundo vejo alguns dos capangas de Justin, a alguns dias eles vieram a mim jurar fidelidade, agora eram meus.A cerimônia de passe de poder seria daqui a dois dias, logo após "minha lua de mel".Todos estavam aqui por isso, ou melhor, principalmente por isso.Eles querem saber quem vão ser os aliados e quais serão minhas primeiras ordens, além do fato de como vou agir em relação ao Mão Negra, simples, vou me casar com ele e passar toda minha herança para ele, tem forma melhor de derrotar o inimigo?Na noite da cerimônia em vez de aceitar meus direitos e deveres passarei eles a Cameron e o nomearei chefe da máfia, minha desculpa: estou gravida, não posso governar os negócios assim e Cameron como meu marido, é a pessoa que meais confio para ele cargo.Humf!Confio...
Brian, o braço direto de Justin, e quem tem cuidado das coisas ultimamente estava na segunda fila ao lado dos mais altos cargos da máfia do pais, e do mundo.
Eu passaria por um treinamento com Brian, já que nunca fui como meu irmão e aprendeu a ser um líder desde criança.Eu entendia da parte econômica, burocrática, mas de luta, brigas, guerras...eu era uma leiga.Sabendo da minha incapacidade, talvez os homens aceitem bem essa mudança, Cameron é homem, e mesmo ninguém sabendo já liderou uma máfia menor, lê saberá exatamente o que fazer.Ja posso até ver, ele fingir que derrotou o Mão Negra, fingindo que acabou com a guerra nas vésperas...todos vão ovaciona-lo.Argh!
Continuo minha caminhada, pelo enorme tapete, parecia tão rápida...queria poder correr daqui.Queria que Justin estivesse me esperando na porta com seu One:1.Eu correria até ele e me jogaria em seus braços fortes, rasgaria esse vestido e entraria no carro.Fugiríamos e juntos bolaríamos um plano para destruir Cameron, ele caíria então seriamos felizes juntos.Mas Justin está morto e de onde estiver deve preferir ver o diabo na sua frente que a mim.Eu compreendo, o magoei demais.Mas eu nunca quis fazer isso, eu o amei de verdade, eu o amo, e sempre vou amá-lo.
Sinto a lágrima deslizar pelo meu rosto, solitária, da mesma forma que me sinto.Novamente agradeço ao véu.
Passo o olhar pelo altar, Fath manda um beijo para mim e Greg faz legal com os dedos, me fazendo rir.Kris pisca, a mãe de dele sorri carinhosamente assim como seu pai.Ja Cameron parecia nervoso, porém não tirava os olhos de mim, como se estivesse hipnotizado.Desvio seguindo para esquerda, vejo alguns "capangas" de Cameron/mão negra na porta da sacristia e por milésimos de segundos penso em ter visto...não.Ele está morto.Justin está morto!Eu o vi naquele saco, eu vi.Ele está...mas eu vi, o vi ser empurrado para sacristia, vi suas roupas, as mesmas que usava no dia que morreu, os cabelos bagunçados no rosto, estavam grandes o suficiente para cobri os olhos, a barba por fazer...Deus!Era ele!Era ele!Eu sei que era ele.Quis correr até lá, mas a porta foi fechada e eu cheguei ao altar.
A música para, Cameron pega minha mão e me trás delicadamente para seu lado.Entrego o buquê a Kris.
—Noivos caríssimos,
viestes à casa da Igreja
para que o vosso propósito de contrair Matrimónio
seja firmado com o sagrado selo de Deus,
perante o ministro da Igreja e na presença da comunidade cristã...-Enquanto o padre falava minha mente voava, e meu olhos de instante e instante corriam para aquela porta.Tamanha era minha vontade de ir até lá, de provar que meu irmão estava vivo, mas eu sabia que esse era penas um artifício de desejo do meu coração.Que poderia ser qualquer um, que Justin está morto e que eu não devia me iludir, mas, mesmo assim eu continuava olhando para aula porta ainda descrente das minhas próprias afirmações.
—Diante da Igreja, vou, pois, interrogar-vos
sobre as vossas disposições.-Sou despertada pelas ultimas palavras do discurso no padre.
—Cameron Richard Adams e Katherine Marie Bieber, viestes aqui para celebrar o vosso Matrimónio.É de vossa livre vontade e de todo o coração que pretendeis fazê-lo?
NÃÃO!
—Sim.-Respondemos em uníssono.
—Vós que seguis o caminho do Matrimónio, estais decididos a amar-vos e a respeitar-vos, ao longo de toda a vossa vida?
—Sim, nós estamos.
—Estais dispostos a receber amorosamente os filhos como dom de Deus e a educá-los segundo a lei de Cristo e da sua Igreja?
—Sim.-Cameron fala primeiro.O padre me fita, esperando a resposta.
Filhos...ele pretendia matá-lo caso não fosse seu e agora diz perante Deus, que está disposto a receber amorosamente os filhos.
Ambos estamos mentindo, afinal.
—Sim.-Falo por fim.
—Uma vez que é vosso propósito contrair o santo Matrimónio, uni as mãos direitas e manifestai o vosso consentimento na presença de Deus e da sua Igreja.-Essa era a deixa para nós virarmos um para o outro.
A mão direita dele toma a minha e a levanta.A filha mais nova do chefe da máfia leste se aproxima, com as alianças.Cameron pega a minha e começa.
—Eu Cameron, recebo-te por minha esposa
a ti Katherine, e prometo ser-te fiel,
amar-te e respeitar-te,
na alegria e na tristeza,
na saúde e na doença,
todos os dias da nossa vida.-Diz enquanto deslizava o círculo de metal dourado no meu dedo anelar direito e ao findar leva minha mão os lábios despejando um beijo bem em cima do anel.
Assim que se ergue, pego sua mão direita e com a esquerda pego o anel.Mas antes de abrir a boca percebo que a porta da sacristia estava aberta, vejo os capangas e um homem entre eles...não.Não era Justin.
Cameron pigarrei e eu me toco que devia começar.Respiro fundo.
—Eu Katherine, recebo-te por meu esposo
a ti Cameron, e prometo ser-te fiel,
amar-te e respeitar-te,
na alegria e na tristeza,
na saúde e na doença,
todos os dias da nossa vida.-Coloco o anel igual ao meu só que um pouco maior e mais grosso no seu dedo e forço um sorriso.
Ele alisa minha mão.Até parecia apaixonado.Sabia fingir muito bem, realmente.
—Confirme o Senhor, benignamente,
o consentimento que manifestastes perante a sua Igreja,
e Se digne enriquecer-vos com a sua bênção.
Não separe o homem o que Deus uniu.-Finaliza.
—Pode beijar a noiva.-Murmura o padre em tom divertido.
Cameron sorri...estava corando mesmo?Ele pega a ponta do meu véu e o joga para trás, finalmente olhando nos meus olhos.Me olha com uma ternura que não via desde...desde que descobri a verdade.Se aproxima, respiro fundo olhando nos seus olhos escuros.Sinto sua mão deslizar pelo meu rosto, uma carícia até escorregar por trás do meu pescoço, o polegar permaneça na minha bochecha continuando as caricias.Por um momento vi aquele cara que eu comecei a gostar nos seus olhos, os vi brilhar da mesma forma que...os de Justin brilhavam.Fecho os olhos esperando seus lábios encostarem nos meus, e quanto o faz ponho mão do seu peito, seu coração batia acelerado e o meu...o meu também!Me afasto antes que pudesse prosseguir, ou aprofunda-lo, mas assim que faço isso aqueles olhos castanhos caramelados me fitam, um sorriso se abre nos seus lábios.Quase não me aguento de felicidade.Passo os braço ao redor no seu pescoço, e o abraço sentindo seu cheio me envolver, seus braços me envolvem.Sinto as lágrimas nos meus olhos.
—Eu te amo, Kath.-Sussurra no meu ouvido.Sorrio me separando o suficiente para beija-lo.
Seus lábios se encaixam nos meus da forma mais perfeita, tão macios, o par perfeito para os meus.
—Eu também te amo, Justin.-Murmuro entre o beijo, mas ao tentar juntar nossos lábios novamente ele se afasta.Abro os olhos e os levanto até os seus.
C-ameron...
Meu coração aperta.Por um momento vejo lágrimas nos seus olhos, mas ele trata de afasta-las.A cara dele se fecha, mas ninguém percebe o que estava acontecendo, todos continuam aplaudindo.Até vejo a mãe dele chorar, emocionada.Kris me entrega o buquê e ele segura minha mão abruptamente e me puxa para fora o altar.
O vejo formular um sorriso falso no rosto, acenando para todos e brincando com os amigos e familiares.Eu tento fazer o mesmo, mas não consigo ser tão boa na atuação.Dava sorrisos agradecidos aos convidados e as vezes brincava com as meninas.
Ao sair da igreja vamos direto para o carro que nos levaria a recepção.
Me sento de um lado e Cameron de outro.Ele fita a janela silenciosamente.Apesar de saber que ele merecia me sinto culpada...ele disse que me amava e eu disse que amava meu irmão em pleno altar.Eu pensei que fosse me bater, ou brigar comigo, mas não...ele está calado, e percebo com isso que realmente está doendo.Queria poder dizer que sinto muito.
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