*POV VITÓRIA*
Conversei com Jared e ele entendeu que tinha que “enrolar” com Tom na sala, já que Isa e eu tínhamos que ir até um padre que conhecia sobre anjos e espíritos Guardiões para tirar esta dúvida. Ele estava em frente à Igreja de Boyana, rezando, como sempre. Nos aproximamos sem querer atrapalhar e ele nos notou assim que terminou a sus oração.
-Minhas filhas. – Disse, em Búlgaro. – Em que posso ajuda-las? – Como eu falava búlgaro fluentemente, foi fácil entender o que ele dizia.
-Padre, soubemos de que você estuda certas coisas sobre espíritos Guardiões. Nós temos algumas dúvidas.
-Minha filha, seu corpo tem algo muito ruim. – Percebi a indireta, Chefe. – Há alguma coisa que a aflige? – Percebi a tentativa para mudar de assunto, e tentei contorna-la.
-Alguns pesadelos, Padre. Mas eu realmente preciso da sua ajuda.
-Posso saber o motivo? – Olhei para Isa, olhei para mim. Tá, parecíamos estudantes.
-Pesquisa acadêmica. Somos estudantes de intercâmbio. Viemos da Rússia. – Primeira coisa que apareceu na minha cabeça. Pelo menos pareceu convencê-lo.
Fomos para uma igreja próxima, onde o padre se sentou nos bancos conosco. Isa parecia uma múmia, já que não entendia nada da conversa. Ele suspirou. Parecia uma assunto delicado.
-Quais são as dúvidas?
-Bom, nós lemos muito sobre estes espíritos. Sabemos que algumas pessoas tem a marca de Guardião, e que elas são encarregadas pelo Céu a proteger anjos caídos indecisos. Nós queríamos saber sobre as visões que estas pessoas possuem. Você sabe sobre alguma coisa sobre as visões?
-As visões são baseadas principalmente nas cores. O Guardião está sempre preparado para o perigo, e este se manifesta em vermelho. Normalmente, os Guardiões veem os anjos que escolheram o Inferno com olhos vermelhos, mesmo não representando ameaça alguma. – Por isso os meus olhos ficaram vermelhos para Isa. – Quando um anjo brilha, é porque ele não escolheu o seu lado. Normalmente ele brilha em branco. Os olhos dos anjos do Céu e tudo que não é ameaça fica azul ou azulado. Normalmente o espírito não liga muito para as partes azuis, já que quase toda a sua visão é azulada.
-Então, tudo o que é vermelho é uma ameaça.
-Aos olhos deles, sim.
-Padre, posso lhe fazer uma pergunta meio, pessoal? – Ele assentiu. – Você acredita que existam Guardiões? Você já viu algum? – Ele deu uma risada baixa.
-Todos temos que acreditar em algo, filha. – Ele colocou a mão sobre a minha. – Eu acredito que é por conta disso que existam tantas religiões diferentes. Eu acredito que os Guardiões estão sim, protegendo anjos indecisos, enquanto que os decididos nos protegem. – Sorri. Ele estava diante de um anjo que era considerado um demônio e uma Guardiã, mas não fazia ideia. Ainda bem.
Saímos da igreja. Isa não sabia de nada do que o padre havia me contado. No caminho, expliquei tudo a ela, que ficou completamente perplexa com a possibilidade de Tom ser uma ameaça a ela e a todos nós.
-Impossível! Ele tem sido tão bondoso com todos nós. Principalmente comigo.
-Talvez ele não seja uma ameaça física, sei lá.
-O que quer dizer?
-Já viu o jeito que ele te olha? Theo viu.
-Imagina! Mas é claro que nada vai acontecer!
-Eu sei disso. Eu te conheço. Mas será que ELES sabem? – Ela fez uma pausa.
-Mas como ele seria uma ameaça se ele está a fim de mim?
-Uma ameaça ao seu namoro. – Ela fez cara de dúvida. – Também é um tipo de ameaça ao Theo.
-Faz sentido.
-Mesmo assim, vou manter meus olhos colados nele.
-Senti falta disso. – Ela soltou, de repente.
-Disso?
-Conversas entre a gente. Você parece distante. – “Eu sonhei com a sua morte, acha que eu ficaria sossegada? E se EU for a causa da sua morte?”
-Estou apenas, preocupada com tudo isso. Estamos montando acampamento aqui. E se, do nada, nós tivéssemos que pegar tudo e ir para outro lugar do mundo?
-Nós iríamos. Nós teríamos que ir.
-Eu tenho medo de não conseguir fugir. De ser pega. De… perder você, ou a Pri, ou…
-O Jared. – Baixei o olhar. Não conseguia mais imaginar uma vida sem ele. Seria uma tortura eterna.
Em casa, os treinamentos estavam para começar. Isa foi fazer alguma coisa com Kris e eu puxei Jared para dentro de casa, abraçando-o assim que a porta se fechou. Ele envolveu os braços musculosos na minha cintura e disse:
-O que foi? – Soltei-o e olhei nos seu olhos.
-Nada. Só queria dizer que eu te amo, tá? – Ele abriu aquele sorriso que me ganha.
-Eu também te amo.
O dia foi quase como o anterior. Treinos com setas, treinos aéreos (só que agora, Isa ia junto com Theo), treinos com o espírito… Tom continuava a dar em cima da Isa, e Theo não gostava nada daquilo. O almoço, feito por Kristen, estava delicioso, mesmo que eu ainda recebesse os olhares acusadores dela.
À noite, Tom sugeriu um jantar ao ar livre, olhando as estrelas. Kristen se ofereceu para cozinhar, e Pri resolveu ajuda-la. Pensei no que poderia sair daquela cozinha.
*POV PRISCILA*
O prato da noite era alguma coisa com carne e um doce com nozes. Eram pratos típicos da Bulgária. Eu fiquei feliz só de ter a oportunidade de ficar a sós com a olhos verdes. Ela me encarregou da sobremesa, e eu tentei seguir a receita direitinho. Enquanto isso, fui tentando conseguir algumas informações.
-Então, como você descobriu que era Guardiã?
-A marca apareceu nas minhas costas assim que eu conheci o Tom. Aí ele me disse que era um anjo. – Ela respondeu.
-Simples assim? – Ela riu.
-Mais ou menos. Nós nos conhecemos e de repente eu apareci com uma marca nas costas. Achei que tinha algo a ver com ele, e, no final, tinha. E a Isa?
-Na verdade eu não sei. Eu a conheci quando eles foram para a Rússia se esconder.
-Se esconder?
-Ah, ela não deve ter contado pra que vocês não se envolvessem.
-A demônio?
-Sim. Ela me disse que não ia contar pra mais ninguém porque eu quase morri.
-Mas, afinal, do que estão fugindo?
Cheguei bem perto dela e disse, baixinho:
-Párias. – Ela arregalou os olhos.
-Eu nunca vi nenhum.
-Acredite: é melhor assim.
Percebi que ela devia ter milhões de perguntas sobre eles, mas resolvi poupá-la de explicações sobre eles. Resolvi mudar de assunto.
-Então, você tem… alguém?
-Tipo, um namorado?
-É! – Eu estava torcendo muito por um “não”.
-Não, não tenho. –Ufa! – Tenho compromisso em proteger o Tom. – Droga. – E você?
-Não, também não tenho.
O assunto parou por ali mesmo, não sei por quê. Cozinhamos tudo e levamos para o piquenique lá fora.
*POV VITÓRIA*
O céu estava cheio de estrelas, totalmente encantador. Às vezes, quando ainda estávamos na Sword and Cross, eu me sentava na janela e ficava olhando as estrelas. Era uma dádiva estar em um lugar tão natural como aquele lugar. Eu sentia falta de lá.
Como sempre, a comida estava maravilhosa. E parece que todo mundo tinha gostado. Depois, nós nos separamos um pouco. Isa e Theo ficaram de um lado, deitados juntos. Pri, Kristen e Tom ficaram andando e conversando. Eu e Jared ficamos sentados perto da porta, em um sofá com detalhes em madeira. Eu apoiei a cabeça no ombro dele e entrelacei meus dedos nos dele. Por algum motivo, ele parecia nervoso. Seus olhos azuis iam de um lado para o outro, vendo se estávamos sozinhos. Achei engraçado.
-Tudo bem? – Sussurrei em seu ouvido.
-Maravilhoso. – Ele sorriu, me olhando nos olhos. – Tem uma coisa que eu quero te dizer. – Meu coração parou.
-O quê?
Ele se levantou e ficou bem na minha frente. Eu não fazia ideia do que ia acontecer, então, as pontas dos meus dedos gelaram. Ele mexeu no bolso de trás e tirou uma caixinha preta. Começou a falar…
-A gente já se conhece há seis mil anos né? E… eu admito que eu sinto algo muito forte por você desde o momento em que eu te vi. E, há pouco tempo, eu descobri que, esse tempo todo, era amor. E eu também descobri que ele não seria passageiro, como já não foi. Eu amo você e eu quero passar o resto da eternidade fugindo com você. Pode parecer louco, mas é exatamente isso que eu quero. Vitória, – ele abriu a caixinha – quer casar comigo?
Meus olhos encheram de lágrimas. Ele havia se declarado e pedido pra CASAR comigo. Seus olhos eram sinceros e estavam cheios, prestes a transbordar. Os meus já transbordavam, e as lágrimas caíam pela minha bochecha. Por um momento, achei que não conseguiria responder nada. Mas eu recolhi toda a força e a voz que me restavam e soltei, meio rouco e bem baixinho:
-Sim.
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