História Dark Wings - O casamento

*POV VITÓRIA*

                Nós escolhemos por não tocar a marcha nupcial no nosso casamento. Havia uma música que era mais significativa para nós, e eu segui sua letra. O primeiro passo.

Yes, I do, I believe, that one day I will be, where I was…

                Eu entro na igreja, aquela igreja cheia de vitrais coloridos. Eu seguro forte o buquê, com a mão totalmente suada.

Right there, right next to you, and it’s hard, the days just seem so dark…

                Mais alguns pequenos passos. Meus olhos ameaçam marejar, mas espanto estas lágrimas, elas terão o seu momento. Percebo que a minha mão aperta um pouco o braço de Tom.

The moon, the stars, are nothing without you, your touch, your skin, where do I begin?

                Olho para os bancos vazios. Segundo o padre, era incomum um casamento com ninguém nos bancos para levantar quando a noiva entrar.

No words can explain the way I'm missing you…

                Minhas mãos gelam. Metade do caminho já estava para trás. Olho para os bancos de novo. Lá na frente, do lado direito, Stiles me encara, com um sorriso. Ele veio.

The night, this emptiness, this hole that I’m inside…

                Já abalada, olho para o altar e vejo Isa. Ela usa um vestido azul, sua cor favorita. Theo está ao seu lado, olhando para mim com um sorriso calmo. Sorrio de volta.

These tears, they tell their own story…

                Do outro lado do altar, Pri e Kristen estão me esperando. Pri enxuga uma lágrima que caiu de seu olho direito. Ela usa um vestido vermelho, enquanto que Kristen usava um vestido meio lilás.

You told me not to cry when you were gone…

                Olho para o centro do altar. Aquele padre que tinha me dado algumas informações sobre os Guardiões, agora estava esperando para realizar o meu casamento. Ele tinha uma expressão acolhedora, o que me deixou muito confortável.

But the feeling’s overwhelming; it’s much too strong…

                Quase chegando lá, vejo o meu futuro marido. De terno preto e camisa branca. Uma gravata borboleta e aqueles olhos azuis fixados em mim.  Quando percebo, a música chega ao seu refrão, e eu chego ao meu destino.

Can I lay by your side, next to you, you…

                Subo os degraus e entrego o buquê à Isa. Ela abre um sorriso enorme e seus olhos se enchem de lágrimas. Dou a mão para o meu futuro marido, que a beija.

And make sure you’re alright; I’ll take care of you, you…

                -Você está maravilhosa. – Ele sussurra. Um arrepio desce pela minha espinha.

                -Obrigada. – Sussurro de volta.

And I don’t want to be here if I can’t be with you tonight.

                A música para. Eu e Jared nos viramos para o padre, que começa a cerimônia. Eu simplesmente não conseguia me concentrar. Era bom demais para ser verdade. Em um certo momento, meus devaneios do carro voltam, mas eu os afasto. Não quero ser pessimista agora. Não agora. Percebi que tínhamos que olhar uma para outro para dizer os votos. Ele me olha diretamente nos olhos.

                - Eu não tenho muito o que dizer. Eu já te disse tantas vezes que te amo, e eu acho que você já sabe. Só que eu não consigo levantar de manhã sem dizer o quanto você está bonita e o quando eu amo acabar com o seu mal humor matinal. – Ri disso. – E eu pretendo continuar fazendo assim pelo resto de nossas vidas. Eu te amo. – Ele colocou a aliança dourada no meu dedo e deu a deixa para que eu começasse a falar.

                - Eu sempre fui muito chata e meio rude. – Ouvi as risadas de Isa e Pri atrás. – Mas eu nunca conseguiria ser assim com você, porque mesmo que você quebre o meu coração em milhões de pedaços, eu vou continuar te amando cada dia mais. Eu sou completamente sua. Eu te admiro, eu me espelho em você. Você é a razão de eu levantar todos os dias da cama. Eu te amo. Muito. – Agora aquelas lágrimas apareceram e eu não as segurei. Elas escorreram pela minha bochecha enquanto eu colocava a aliança no dedo dele, e ele usou a mesma mão para secá-las.

                Depois disso, não percebi muita coisa. Estava nervosa, e, pela temperatura dos dedos de Jared, ele também estava. Só prestei atenção em uma coisa:

                - E eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.

                Jared me olhou e me deu um beijo tímido, o que não era de seu feitio. Sim, ele estava muito nervoso. Voltamos para a casa de Tom, onde ele preparou uma festa singela para nós. Stiles e eu conversamos sobre várias coisas. O que mais me chamou atenção é que ele estava saindo com um cara, um tal de Derek. E ele falava tão bem desse cara que eu achei que ele fosse um deus grego.

                Tomamos champanhe e comemos alguns salgados (tive um cuidado pra comê-los, vai que a louca da Kristen me envenena). Conversamos, ouvimos música e abrimos mão de várias coisas de casamentos comuns dadas às circunstâncias. Uma coisa eu não abri mão: a primeira dança do casal. E foi linda. Jared me envolveu em seus braços e me guiou, enquanto eu olhava fixamente em seus lindos olhos e me deparava com o sorriso mais lindo que eu já vi.

                Quando percebemos, já era madrugada. Precisávamos dormir. Todos foram para os seus quartos, eu e Jared, agora meu marido, por último. Ele entrou no quarto primeiro e foi direto para o banheiro. Eu, que queria um pouquinho de privacidade, fechei a porta. De repente, o silêncio. Virei-me devagar e me deparei com os olhos felinos dele me encarando. Respirei fundo. Minhas mãos congelaram. Sua camisa estava metade aberta e seu peito estava à mostra. Minha respiração acelerou. É claro que nós já tínhamos feito isso, mas agora era diferente, e eu não sei dizer o porquê.

                Andei devagar, tirando os arranjos do cabelo e colocando na penteadeira. Ele tira o paletó e fica só com a camisa meio aberta. Chego perto dele, e ele se aproxima mais. Meu coração acelera. Seus lábios estavam muito perto, e ele insistia em coloca-los cada vez mais perto até que eles se tocaram. Jared me beijou intensamente, e pegou em minha cintura, me puxando pra mais perto. Passei os dedos pelos seus cabelos bagunçados e depois terminei de abrir e tirar a sua camisa.

                Ele se afasta e olha em meus olhos. A penumbra do quarto me permite ver somente o brilho dos seus olhos, que eu repito, eram olhos felinos. Passa a mão pelas minhas costas e desabotoa o vestido. Então, vai até o meu ouvido e sussurra:

                - Tire. – Foi o suficiente para que eu o arrancasse quase que freneticamente, ficando só de lingerie.

                Ele me pega e me coloca em cima da penteadeira, sentada. Beija e morde o meu pescoço, me deixando arrepiada. Ele me pega novamente e me joga na cama. Ele faz desta noite a melhor da minha vida.

*POV ISABELA*

                Quando já estou deitada com Theo, lembro-me que esqueci meu celular na sala. Bufo. Terei que levantar da cama e ir buscar. Infelizmente, além do meu célula, ele também é meu despertador, então decido ir busca-lo. Levanto-me lentamente, para não acordar o meu anjo, que dorme profundamente. Saio do quarto quase que me arrastando. Vou até a sala, e ele está ali, em cima da mesinha de centro. Pego-o e, na volta, vejo a luz da cozinha acesa. Deve ter alguém lá. Penso em pegar um copo d’água e vou para lá.

                - Ainda acordado? – Pergunto a Tom, que pega alguma coisa para comer.

                - Digo o mesmo. Estou com fome. – Percebo que ele come um salgadinho. Rio internamente. – E você?

                - Esqueci o celular na sala. Aproveitei a luz acesa e vim pegar água.

                - Entendi. – Ele faz uma pausa, e parece procurar o que dizer. – Posso fazer uma pergunta pessoal?

                - Pode. – Estranhei um pouco o pedido.

                -Você é feliz? – OI?

                - Como assim?

                - Com Theo. Você é feliz com ele?

                - Sim, sou. Por quê?

                - Não parece.

                - Não entendi o que você quis dizer.

                - Ele parece ser muito autoritário. Você não merece isso. Eu não seria assim com você. – O que está acontecendo? – Eu reconheço a mulher forte que há em você. – Ele se aproxima.

                - Tom, eu amo o Theo. – Digo, colocando a minha mão em seu peito. Ele a pega.

                - Mas eu percebi o jeito que você me olha. – Cada vez mais perto. Tão perto que ele encosta os lábios nos meus. Não sei como sair. Ele tem o dobro do meu tamanho.

                - Tire as mãos dela! – Theo interrompe o que quer que tenha acontecido. Enrubesço.

                - Desculpa cara, não quero brigar, só acho que ela seria mais feliz comigo.

                - Parem. Chega. Não vão querer estragar o dia, né? – Fico entre os dois.

                - Tem razão. – Tom diz. – Não vou estragar o dia do meu melhor amigo. – Ele sai, e Theo fica me encarando.

                - O que foi isso? – Ele pergunta, em tom acusador.

                - Ele me beijou! Você não viu que ele me prendeu aqui? – Eu estava insana.

                - Parece que você gostou. – Comecei a pensar no assunto. E seu eu tivesse gostado? – Eu sou fraco demais pra você?

                -Não, lógico que não.

                - Então o que é? – Eu não tinha resposta. Eu não sabia o que pensar. Apenas fiquei em silêncio. – Me procure quando souber. – Ele sai voando pela janela. Corro atrás, mas ele não volta.

                AAAAAAAAAAAAH! Eu me odeio! Por que eu fui deixar o Tom me beijar? Por que eu não dei um tapa na cara dele e voltei para o meu aconchego com o meu namorado? Pelo amor de Deus Isabela! Você AMA o Theo. Você VIU os olhos vermelhos no Tom. Por que então você se sente segura nos braços dele? Por que você aceitou o beijo. O que há de errado? O QUE HÁ DE ERRADO EM VOCÊ?

                Começo a chorar desesperadamente. Corro pro quarto. Tantas perguntas que eu precisava de respostas. Eu não amava o Tom. Ou amava? Ele era perigoso. Ou não era? Olhei a janela em busca de respostas. Nada. Absolutamente nada. Sentei-me e fiquei chorando, já que era o que me restava. Será que ele voltaria? Será que me mataria, como as outras? Não tinha como dizer. De repente, sinto minha visão ficar azul. O espírito. Depois, sinto algo em meu nariz e minha boca. Um pano. Luto, em vão. Minha visão azul fica turva, e eu desmaio.