*POV VITÓRIA*
Acordei lentamente e não me movi um centímetro. Havia apenas um lençol por cima do meu corpo e o de Jared. Ele, que me abraçava, e eu podia ver sua mão esquerda a aliança que eu tinha colocado. A minha mão esquerda estava por cima da dele, e a minha aliança refletia a luz do sol que entrava pela janela. Na outra mão, havia o meu diamante de noivado. Eu estava em paz. Meu corpo estava encaixado perfeitamente no corpo do meu marido. Marido. Pensei um pouco na palavra, e como ela soava para mim. Era maravilhoso. Fechei meus olhos de novo, na esperança de que ele não percebesse que eu havia acordado. Mas aí, a porta abriu. Pulei, junto com ele, e puxei o cobertor para a altura do meu pescoço.
-Cadê o anjo? – Phil. Ele nos achou.
-Que anjo? – Jared respondeu. Ele estava sentado, do meu lado, com as mãos para cima. Me apertei um pouco na cama.
-Eu só achei a Guardiã. Onde está ele?
-Se você não sabe, você espera que EU saiba?
-Coloquem as suas roupas e desçam. Cinco minutos.
Quando eles saíram, Jared quebrou um vaso que estava em cima da penteadeira. Me perguntei como eu não tinha quebrado aquilo ontem à noite.
-Como eles nos acharam? COMO?
-Eu fui tão cuidadosa…
-Será que foi o Stiles?
-Ele nunca faria isso.
-Ele é filho do Phil.
-Isso não faz dele um traidor.
Ele suspirou. Eu realmente tinha sido cuidadosa. Talvez tinha sido o casamento? Talvez foi Stiles? Talvez algum outro atendente do aeroporto? Algum carteiro? Não havia nenhuma brecha. Coloquei uma camiseta qualquer e um jeans e desci descalça mesmo. Jared fez o mesmo. Quando chegamos à sala, Phil estava sentado no sofá. Nos aproximamos e eu encarei com olhos fulminantes aqueles olhos vazios e leitosos. Tom estava do lado dele, enquanto que Pri e Kristen estavam sentadas com as mãos atadas. Olhei para Tom. Ele estava com as mãos soltas e tinha um Pária ao seu lado. Foi ele. Traidor.
-Bom, eu gostaria de saber por que a Guardiã estava sozinha. Tom?
-Nós tivemos uma pequena briga ontem à noite. – A frieza dele era notável. Fazia meu estômago se revirar.
-Vocês sabem onde ele está? – Phil se virou para nós.
-Ficou claro que nós não sabemos. – Comecei. – Por que não pergunta para o seu fiel escudeiro?
-Sempre tem uma resposta na ponta da língua. Por isso eu gosto de você Vitória. – Que nojo dele. Foi aí que percebi que Stiles estava sentado do lado da porta, de cabeça baixa. Pensei na surra que ele levaria. – Vamos embora. Com certeza o anjo vai atrás dela. Tom, prenda-os e mate-os assim que eu sair. – Ele olhou para as nossas mãos. – Espero que seu casamento tenha sido feliz enquanto durou.
Eles saíram. Deixaram-nos com Tom, sozinhos. Foi aí que eu tirei a seta estela que eu havia escondido na calça e apontei para Tom. O arco se formou na minha mão. Ele levantou as mãos.
-Traidor. Eu disse que talvez não te mataria, mas parece que eu me enganei. – Kristen se contorcia no sofá. – Alguém segura essa louca!
-Se ele morrer, eu morro também. – Gritou Kristen, com os olhos do Guadião.
-Não me importo. Nunca gostei de você mesmo. – Eu estava bem alterada.
-NÃO! Vitória, não faça isso. – Pri disse. – Eu sou sua amiga. Não o mate. Faça isso por mim. – Ela gostava daquela louca. Eu não podia fazer isso com a minha amiga. Seria doloroso demais para ela. Mas eu preferi não falar a minha decisão na hora.
-Me diga para onde eles vão. – Eu disse, com voz firme.
-Eu não sei.
-Mentira. Para onde eles vão?
-Eu não tenho medo de você. Você não faria isso.
-Eu faria. – Dei um tiro na perna dele. Ele caiu, agonizando, enquanto Kristen e Priscila gritavam.
-POR QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO ISSO?
-SILÊNCIO! – Eu ainda ouvia os soluços baixos de Kristen. Fui até Tom e puxei a seta da perna dele, sem cuidado nem nada. Apontei esta para o peito dele. – Ainda duvida de mim, traidor? – Ele gemeu de dor. Tomei isso como um “não”. – Vou repetir a pergunta pela última vez: ONDE ELES ESTÃO?
-Varsóvia. – Ele disse, pausadamente, por conta da dor. Levantei-me e virei-me para as duas choronas no sofá.
-Eu não ia mata-lo, suas desesperadas. Era só um sustinho. – Elas continuaram me olhando estranho. – Quem quiser vir comigo, faça as malas. Jared, coloca alguma coisa na perna dele pra não necrosar. Eu ainda tenho alguma compaixão nesse meu coração de pedra.
Fui para o quarto. De fato, agora meu coração era de pedra. O único que poderia quebra-lo era Jared. A única pessoa com quem eu não sou insuportável. Enquanto arrumava as malas, Pri entrou no quarto, furiosa.
-O que foi aquilo?
-Eu já disse, um susto.
-Você perdeu a noção do juízo. Foi isso que aconteceu.
-Eu tinha que saber onde a Isabela está. Eu faria o mesmo se fosse você.
-No processo, você quase levou a Kristen junto.
-Eu não ia matar o Tom, Priscila. Eu adoro você. Nunca faria nada pra magoar você. Você é uma das minhas melhores amigas.
-Não parecia que você sequer se importava comigo lá em baixo.
-Eu não ia falar que eu ia poupá-lo na frente dele. A ameaça não iria adiantar.
-Por que eu não acredito nisso?
-Acredite no que quiser, minha amiga. Eu estou falando a verdade. Eu não ia matar o Tom, mesmo ele sendo o traidor que é. Eu precisava dele. E, no caso, você precisa dele vivo. Se quiser vir comigo e trazer a Kristen, você é bem-vinda.
Quando ela saiu do quarto, eu comecei a chorar desesperadamente. Tudo que estava tão bonito há apenas poucas horas estava ruindo.
*POV THEO*
A casa estava muito quieta. Alguma coisa tinha acontecido. Entrei e vi Jared cuidando da perna de Tom, que sangrava muito. Kristen andava pela casa, completamente atônita. Fui perguntar a ela o que tinha acontecido.
-Tom nos entregou, Isa foi raptada e Vitória quase o matou.
-Como assim, nos entregou?
-Não faça mais nada, por favor. O espírito acabou de sair de mim.
Vi Priscila sair de algum quarto batendo o pé.
-Vamos fazer as nossas malas.
-Nós vamos entrar no mesmo avião que ela? – Kristen perguntou.
-Sim, vamos achar a Isa. O traidor fica.
Elas saíram. Fui até o sofá, onde Jared e Tom estavam. Jared estava quieto. Parece que ele não acreditava que um amigo dele o tinha traído. Ele colocava a bandagem na perna ensanguentada. Resolvi me meter no diálogo que não acontecia.
-Se você falar alguma coisa para o seu chefe, eu mesmo te mato.
-Vai enfrentar a fúria da Priscila?
-Enfrento até o Trono.
Ele não disse mais nada. Ele sabia que eu enfrentaria tudo pela minha Guardiã, que, agora, precisava de mim, mais do que nunca.
*POV PRISCILA*
Eu arrumava as minhas malas, quando Kristen entrou no meu quarto.
-Obrigada. Você com certeza fez a Louca desistir de me matar.
-Não ia deixar ela te matar.
-Por quê? – Eu tinha uma suspeita de que ela sabia que eu gostava dela. Suspirei e respondi:
-Porque eu me importo com você. Muito.
-Eu… não posso fazer isso Pri. Não posso.
-Por quê? – Ela abaixou a cabeça, mas não me respondeu. Apenas saiu do quarto.
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