História Darling, how could you be so blind? - Chapter Three - Part I

2 dias depois

17 horas e 12 minutos

A morena, claramente, impaciente, tamborilava a ponta dos dedos contra a mesa de metal, daquele toque soava o único som da sala. Encarava o nada a espera de notícias. Talvez pela ansiedade, depois de muito tempo voltara a roer as unhas. Estas estavam deploráveis e, quanto mais tentava ajeita-las –  num nível aceitável –,  piores ficavam. De qualquer forma, logo a fonte daquela inquietação seria sanada.

Por mais que Cidade República fosse grande, havia mobilizado boa parte de seus capangas para aquela busca. Embora confiasse na eficiência deles, já acreditava ter subestimado a inteligência da suposta moradora de rua. Queria encontrar-se logo com Mako para dar-lhe novas diretrizes àquela “missão”. Entretanto, quando pensou em sequer sair da sala, a entrada o rapaz lhe surpreendeu. O olhar sempre neutro do homem era uma incógnita para Asami.

– Estamos com ela.

– E...? – A mulher estava surpresa, mas pôde sentir pelo tom de voz de Mako que não deveria ficar tão satisfeita.

– E, ela não está com o seu pingente. – Engoliu em seco, esperando uma explosão vinda da morena.

– O que?! – Ergueu-se da cadeira, num rompante. O olhar incrédulo era um misto de raiva e decepção.

– Parece que ela vendeu... Pra comprar comida pro cão urso polar dela. – A voz do rapaz sumiu.

– Cão urso polar?! Ela vendeu a única lembrança física que tenho de minha mãe para comprar comida a um cão urso polar?!? – Trincou o maxilar, incrivelmente irritada.

Os passos da morena a levaram até o salão principal do galpão, a garota que fora o motivo da insônia de Asami estava escoltada por dois rapazes. Na verdade, eles a mantinham em pé, uma vez que, os ferimentos nela a impediam de ficar em qualquer posição, se não, na fetal. O modo de ataque era bem visível naquela que se aproximava. O empurrão que deu sobre a moradora de rua, fez com que esta colidisse com uma das pilastras. Manteve o toque firme, pressionando-a contra a coluna de ferro.

– Pra quem você vendeu?! – Urrou.

– ... –

– Fala! –

– Não. – Por mais que a força lhe escapava naquele momento, disse de modo firme.

O baque surtiu efeito, uma vez que Asami afrouxou o aperto. A morena encarou, e, desta vez, não a via como uma presa. Sentiu o campo de força nivelado.  Mesmo que obtivesse vantagem física, admitia que vencer a sua oponente dependia bem menos de força do que o imaginado. O corpo quase desfalecido da fugitiva tocou o chão quando a morena a soltou.

- Mako, cadê o cão urso polar dessa menina? – Indagou, quando já se virava para o rapaz.

- Ele tentou nos seguir, e... Sei lá, acho que está preso.

Próximo ao rapaz, Asami sussurrou algo. Ela aguardou até que tudo fosse organizado. Além disso, foi informada de que a menina dominava água. Tão logo, o cão e a moradora de rua estavam presos, um de frente para o outro. Ambos desacordados. O que fazia a morena imaginar que tipo de reação assistiria quando acordassem. Aguardou mais que algumas horas para que o acontecimento ocorresse. Entretanto, não interrompeu a cena de ocorrer de modo natural. Havia optado por ficar longe do campo de visão, no escuro.

- N-Naga. – A palavra saiu entrecortada, era evidente que os ferimentos lhe causavam toda a fraqueza. Porém, mesmo assim, sorria. Soava esperançosa.