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História Daryl e Jesus - E foi assim que tudo começou - O momento de pagar uma divida.


Escrita por: Thomys

Notas do Autor


Perdão pela demora, espero que gostem.

Capítulo 4 - O momento de pagar uma divida.


Fanfic / Fanfiction Daryl e Jesus - E foi assim que tudo começou - O momento de pagar uma divida.

Glenn passou-lhe a travessa com almondegas, aquele era o melhor momento dos jantares de domingo que ele era obrigado a participar, poderia comer com as mãos, não fosse os olhares de reprovação que Carol lhe lançava e o pedido de Aaron que desse bom exemplo as crianças.

− Como vamos criar nossos filhos se você tem modos à mesa piores que o da Judith – Disse-lhe Jesus rindo, ao limpar os cantos de sua boca com um guardanapo de papel.

O susto foi duplo, não se lembrava de ter visto Jesus ao seu lado, muito menos de como chegará até ali e no fundo da sua mente não entendia muito bem o que estava acontecendo, mesmo assim respondeu, quase que mecanicamente.

− Filhos? Que filhos?

− Ué, os filhos que teremos, é obvio. – O sorriso era tão largo que fazia com que seus olhos quase sumissem.

− Não entendi. – Ele realmente não estava entendendo nada e olhava para os lados a procura de respostas, mas ninguém parecia nota-los.

− Temos muitas crianças sem os pais aqui e todo dia chegam mais, acho justo que cuidemos de algumas.

Ele sinceramente não sabia o que dizer, mas Jesus parecia divertir-se e estar acostumado com aquela reação.

− Estou falando em termos a nossa família.

Foi como se sua garganta encolhesse e um grande pedaço de almondega ficasse preso nela, agora se esforçava para engoli-la ao mesmo tempo em que Jesus o encarava com seus enormes olhos azuis.

− Daryl, você tá bem cara?

Mesmo tendo vencido a batalha contra a almondega, algo não estava certo, ele não estava bem e não sabia o porquê, seu coração acelerou tão rápido que os ouvidos começaram a zunir, olhou ao redor e o que outrora eram seus amigos e uma mesa farta, havia se tornado uma cena de terror. Glenn, Maggie, Carol e Eugene jaziam no chão sendo devorados por zumbis, Rick chorava desesperadamente agarrado ao corpo ensanguentado de Carl, Abraham atirava sem parar, mas era inútil, eram milhares de zumbis e logo não viu mais o amigo, pessoas corriam para todos os lados, avistou Aaron e Eric encurralados, Rosita gritando desesperadamente enquanto um zumbi mordia sua perna. Então escutou o choro de uma criança, levantou rapidamente e uma dor profunda irradiou de sua perna fazendo com que caísse por cima da cadeira, o pânico segava sua visão, agora via tudo borrado, o zunido em seus ouvidos se amplificava, gritou para que Jesus ajudasse seus amigos mas ele parecia alheio a cena de horror que se desenrolava, continuava a fita-lo perguntando se estava bem, tentou responder, mas a voz lhe faltou...

Agora Jesus segurava-lhe pelos ombros, insistia em saber se estava bem, é claro que não estava, seus amigos estavam mortos ou morrendo e logo eles também estariam, mas era preferível morrer, pois não queria viver em um mundo onde sua família não estivesse, então apenas se deixou balançar por Jesus que continuava chamando por ser nome cada vez mais insistentemente até que um choque atingiu seu rosto, inundando  todo seu corpo, abriu os olhos e a primeira coisa que viu foram grandes olhos azuis a centímetros dos seus.

− Ei, você tá legal?

 

Percebeu várias coisas ao mesmo tempo, estava em uma cama, seu corpo suava frio, tremia compulsivamente e um dor em fisgadas irradiava de sua perna cada vez que tentava desvencilhar-se de Jesus que debruçava-se sobre ele segurando-lhe com força pelos ombros.

− Cara você tem que ficar parado ou vai ferrar a sua perna!

− Me larga!

− Se eu te soltar, você vai tentar levantar e sua perna não vai suportar, só faz dois dias que empurrei o osso para o lugar, ele pode até quebrar e rasgar a sua coxa, se você acha que já sentiu dor espere só pra ter um osso rasgando sua pele de dentro pra fora, eu não arrisquei a minha vida só pra você ter um pesadelo e ferrar com tudo! – Agora todo seu corpo era pressionado contra Daryl que não possuía forças para se desvencilhar.

*silencio*

− Certo, voltamos a estaca zero, que ótimo. Escute, irei te soltar, apenas me dê sua palavra que não tentará se levantar, eu lhe ajudo a sentar-se ou o que você quiser,  seja lá o que você tenha visto já passou, foi apenas um sonho, você está a salvo e eu só estava tentando ajudar pra que você não ferrasse sua perna. Posso contar que você não vai fazer nenhuma besteira?

Aquela aproximação já o levará as raias do desespero, sentia-se claustrofóbico, então acenou com a cabeça afirmativamente o mais enfaticamente possível.

− Ok, estou saindo. – Apoiando as mãos em torno da cabeça de Daryl, ergueu-se rapidamente e saiu. – Então, deve ter sido realmente horrível né, esse seu sonho, você estava tranquilo quando de repente começou a balbuciar e se mexer, quando tentei acordá-lo foi ainda pior, parecia possuído, tive que exorcizá-lo em nome do meu pai com um tapa na cara, o resultado foi instantâneo. – Terminou a frase com um sorriso sínico que ia de orelha a orelha.

Ele não sabia reagir a Jesus, na verdade não sabia reagir a ninguém, mas desde seu primeiro encontro tudo correu muito estranho, ele era diferente de alguma forma que Daryl não entendia, no entanto ele tinha de admitir que nenhum de seus primeiros encontros com os amigos ocorrera normalmente, Rick havia posto uma arma em sua cabeça, Carol precisava de ajuda para encontrar Sophie e Glenn... aquele garoto o impressionou desde o primeiro momento, nunca entendeu como alguém conseguia ser tão altruísta enquanto todo o mundo desmoronava ao seu redor. E agora tudo doía, lembrar de Glenn consumiu todas as suas reservas de energia, fechou o olhos e desejou de todo coração estar morto em seu lugar.

− Então, você deve estar morrendo de fome, mas a uma coisa tão urgente quanto isso, você precisa tomar um banho.

*silêncio*

− Não sei se você perdeu a noção do tempo, mas passou três meses como refém dos Salvadores e aquele quarto de hotel onde lhe tirei não tinha banheiro, nós já estamos aqui há três dias, você tá todo ferrado, seus pés estão pretos, eu não sei se por sujeira ou quem sabe gangrena e caso você não saiba, gangrena é quando a sua pele morre por falta de sangue circulando e fica tudo preto e podre, você tá fedendo tanto que eu não sei identificar se é sujeira ou apodrecimento, quem sabe os dois, mas se for mesmo gangrena, você vai ter que tomar uns antibióticos eu e vou ter que remover a pele morta, se eu não fizer isso a gangrena se espalha e envenena seus órgãos, você vai morrer e meu esforço com o Carl terá disso em vão. Além disso, eu não me formei em medicina com esses manuais de sobrevivência que encontrei aqui atoa.

− Ninguém deveria se arriscar por mim.

− Eugene me contou que Rick implorou pra que Negan deixasse você ficar na primeira vez que os Salvadores foram a Alexandria, que você só precisava ter pedido e ele deixaria e eu sei que ele teria deixado pois aquele maldito é doente mas sempre cumpriu a palavra, seja pro bem ou mau, mas você não disse nada e qualquer idiota consegue perceber que você está se punindo.

*silêncio*

− Olha só, aquelas pessoas amam você, eles te querem de volta, eu entendo o que o tá passando pela sua cabeça, sei o que aconteceu com Glenn e sei também que não foi sua culpa, você não pode se culpar, qualquer um teria tentando salvar seus amigos de um psicopata, ele é doente e o que fez é exclusivamente responsabilidade dele, ficar aqui e definhar até a morte não vai resolver nada. Deixe-me ajuda-lo a se recuperar, Rick não desistiu, ele está procurando a colônia dos Salvadores e os outros estão preparando um novo arsenal, Rosita e alguns outros saem todos os dias matando zumbis em busca de armas, Eugene está fabricando balas, outras comunidades que os Salvadores aterrorizam também estão se preparando, será uma grande batalha, mas eles precisam de você, Rick precisa do braço direito dele, a Maggie agora está em Hilltop, nos ajude a livrar o mundo dos Salvadores pra que o filho do Glenn possa ter alguma esperança de crescer, se você sente que deve algo a eles, esse é o momento de pagar essa divida.

Foi com esforço sobre-humano que as lágrimas não escaparam de seus olhos, até aquele momento duvidará de que houvesse qualquer esperança pra ele e seus amigos, mas a menção do filho de Glenn era o necessário pra lhe fazer tomar a decisão.

− Você pode me levar ao banheiro.

Um enorme sorriso inundou o rosto de Jesus, não só seus lábios como também seus olhos sorriram e um nó se formou na boca do estomago de Daryl que desviou o olhar rapidamente.

− Claro! Vou colocar nossa única cadeira no banheiro e ver se lá tem tudo o que você precisa, espere só um minuto! – E saiu correndo levando a cadeira consigo.

Ouviu seus passos se afastando, o som da cadeira tocando o chão e objetos sendo movidos, ele rapidamente estava de volta.

− Pronto, primeiro vou te sentar, depois você me ajuda a te levantar, por favor tenta manter tua perna o mais imóvel possível.

Inclinou-se sobre ele e enfiou os braços por baixo de suas áxilas, erguendo-o quase que em câmera lenta. − Daryl pensou que aquela situação estava ficando muito repetitiva. – Não sentiu dor, apenas um desconforto que nada tinha a ver com seus machucados. Ficou de pé, mantendo-se em um ângulo que a perna não tocasse o solo, mas instantaneamente o mundo girou e não fosse pelo rápido reflexo de Jesus em abraçá-lo, teria desmoronado no chão.

− Estou tonto.

− Você não come há dois dias, é normal.

Num movimento mais rápido do que pudesse protestar, Jesus segurou em sua cintura e o levantou, andando lentamente até o outro pequeno aposento do bunker, sua testa tocava no queixo de Daryl.

− Eu poderia andar se você me ajudasse.

− Assim é mais rápido.

Sentou-o na cadeira e abaixou-se para retirar a manga do sobretudo.

− Eu posso continuar daqui sozinho.

− É mesmo? Então me explica como você pretende tirar meu sobretudo de baixo da sua bunda, enquanto está sentado, sem forças pra levantar e mesmo que estivesse, sem poder colocar uma pena no chão e tendo tontura?

*silêncio*

− Já imaginava.

Sem protestos deixou que Jesus lhe ajudasse a retiras as mangas, soltou o laço que o prendia a cintura e novamente foi erguido enquanto puxava a roupa por baixo de si, já sentado deitou as mãos no meio das pernas e sentiu novamente o desespero que começava na boca do estomago tomando conta de todo seu corpo.

− Cara relaxa, você ficou dois dias inconsciente e pelado, se eu quisesse fazer algo, tive a oportunidade perfeita, não se preocupa, só vai rolar quando você quiser. – Dessa vez o sorriso veio acompanhado de uma enorme gargalhada. – Vou te deixar em paz e ir esquentando alguma coisa pra gente comer, se precisar de algo é só chamar. – E saiu.

Ligou o chuveiro e tentou pensar o menos possível em qualquer coisa, inesperadamente visualizou o rosto de Jesus e sentiu o estomago embrulhar, responsabilizou a fome por aquela sensação crescente em seu corpo, enquanto isso ouvia-se o som de objetos sendo movimentados na pequena cozinha. Desligou o chuveiro e pegou a toalha.

− Você só pode estar brincando comigo! – O susto foi tão grande que se movimentou na cadeira e sentiu uma pontada de dor vindo na perna. – Você parece aquelas crianças que odeiam tomar banho e quando são forçadas apenas molham o corpo pra disfarçar, se eu soubesse onde tem um espelho aqui, mostraria a situação deplorável que você se encontra, você tá coberto de lama. – Disse tudo isso invadindo o banheiro e pegou o sabonete.

− Do jeito que está é o suficiente.

− De jeito nenhum, eu não vou dividir um espaço miserável desses com alguém que me lembra um zumbi em decomposição, se te incomoda tanto o fato deu seu homem, feche os olhos e imagine alguma mulher, apenas não se empolgue.

Pensou por um instante e chegou a conclusão que o fato de ser homem era um incomodo, mas não era só isso, se fosse Rick ou Carol ele estaria incomodado, mas não tanto quanto nesse momento, Rick e Carol eram como irmãos, ele teria suportado, suportou ficar nu por dia naquela cela, mas Jesus o incomodava mais do que podia entender.

Jesus lhe ensaboou as costas, braços, pernas e demorou particularmente em seus pés e cabelo – Ele precisava admitir, eram os dois lugares que ele não se lembrava de alguma vez ter visto tão limpos. − Sob protestos fez com esfregasse o pescoço, coxa e virilha. Puxou-o pra baixo do chuveiro e deixou que a água terminasse o serviço.

Foi um alivio quando terminou e enfim pôde cobrir-se com a toalha, mas precisava admitir que sentia-se muito melhor. Enquanto se enxugava Jesus saiu e voltou com uma calça de moletom e uma camisa branca de algodão, mais uma vez precisou passar pela sensação de deixa-lo ajudar, o que se mostrou mais complexo que antes, pois ajuda-lo a vestir a calça rendeu uma aproximação maior que as anteriores. – Jesus realizava cada movimento com um sorriso no rosto e isso só dificultava ainda mais o processo.

Novamente foi erguido e levado até a beliche inferior, percebeu que os tecidos haviam sido trocados por outros limpos. Jesus foi a cozinha e quando voltou trazia duas travessas fumegantes. – É sopa de feijão e coloquei cogumelos pra dar uma encorpada, também abri uma lata de doce de pêssego pra sobremesa, espero que goste. Entregou-lhe a travessa e dirigiu-se até a parede mais próxima, deslizando por ela até o chão.

− E agora, qual o plano?


Notas Finais


Obrigado por ter lido, seu feedback é muito bem vindo.


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