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História Daughter of Nature - Onde os fracos não tem vez... :(


Escrita por: LizeMarieIII

Notas do Autor


Olá seres humaninhos! Beleza? Como podem ver e comemorar , estou postando o capítulo 8 da nossa bela história de Daughter of Nature , não vou ficar enrolando ak nas notas domautor , aproveitem e comentem o que acharam... <3

Capítulo 8 - Onde os fracos não tem vez... :(


Fanfic / Fanfiction Daughter of Nature - Onde os fracos não tem vez... :(

Já haviam se passado mais ou menos um mês desde a fuga , ou até mais tempo... faltava pouco para Mihana nascer , logo logo irei buscá-la junto a meu irmão para a liberdade com minha mãe. Como eu já disse , sempre crio expectativas com relação a viver livre e no final sempre acabo em rotina , fazendo sempre as mesmas coisas: acordar , me arrumar , pegar lenha , caçar , voltar para casa e deixar tudo para buscar frutas e água , preparar as refeições e dormir ouvindo o respirar fundo de Seflina quase em ronco. Apesar de isso ser o apropriado até minha irmã chegar , ás vezes sinto quer meu espírito ´´rebelde`` ainda procura aventuras , e eu não o culpo , afinal , sou jovem e apenas aprendi com um homem  louco que devemos seguir nossos instintos com relação ao que devemos fazer , mas de vez em quando devemos ouvir nossa razão para não cometer erros piores. De certa forma , eu queria viver aventuras , desde que era uma menininha pedia para meu pai ler os livros de novelas de cavalaria , todas se iniciavam com os maravilhosos feitos de grandes guerreiros , que lutavam bravamente para salvar sua vida e de inocentes , sempre me imaginava lutando contra monstros e criaturas místicas e recebendo ajuda de fadas poderosas , salvando o dia  e cavalgando no por do Sol e deixando meus companheiros de guerra me seguirem. Mas com o passar do tempo , me lembrei de que uma garota e muito menos uma princesa deve interagir com cavaleiros e até mesmo com súditos , por serem simplesmente de uma classe social mais baixa a qual me encontro. Isso é uma injustiça , afinal , somos todos seres humanos , se cortarem minhas veias  verão que meu sangue é vermelho igual a de qualquer outra pessoa , dizem que os nobres tem sangue azul só por serem poderosos , mas isso é uma mentira , apenas receberam títulos de grande influência e já começam a se imaginar governando um reino , isso me causa um verdadeiro remorso , por mim , eu teria nascido de uma pobre camponesa e teria amado viver a vida do povo , ele que sempre está disposto a pagar altos impostos que o rei e a igreja pedem , sempre estão ali para poder clamar pela ajuda do exército do rei , alguns em seu meio foram mortos por apenas serem o que são , por seguirem sua intuição e seu coração , ele que sempre sofre a pressão social por ser povo... total falta de ética.

Então , voltando a minha chata e repetitiva rotina , eu estava deitada em minha cama de palha olhando para o grande tronco da árvore que segurava minha casa , pensando na vida e imaginando a vida logo após trazer Mihana para cá , será que ela vai ser um bebê do tipo chorão? Será que vão me encontrar aqui? Como será minha vida depois de toda essa responsabilidade passar para mim? Eu basicamente teria que me tornar uma ´´mãe`` , terei que pegar leite , ensinarei ela a andar e a falar , ensinarei a andar a cavalo... nossa , vai ser complicado...tem horas que eu adoraria ter ajuda da ama , mas é claro que ela virá comigo , não a deixarei com aquela rainha louca e ditadora a pressionando para dizer onde estou. Sinto medo ás vezes , fico a imaginar o que ela deve estar passando lá no reino , será que deve estar sendo perseguida? Será que ela deve estar sendo torturada? E se ela estiver á beira da morte e eu não conseguir fazer nada para impedir?! Tenho que ajudar de alguma forma! Levanto desesperada , deixo os cobertores jogados ali mesmo no chão e a cama desarrumada , era um caso de urgência ,abro o armário e visto a primeira roupa que vejo na frente , meu vestido amarelo , eu o ganhei do meu pai quando fiz 14 anos , tem saia longa e pequenos hibiscos rosas bordados em seu comprimento , a bainha como sempre suja de lama de forma inimaginável , o busto e o tronco tem pequenos ramos de hibiscos também bordados delicadamente junto a pequenas folhas verdes que aparecem na primavera com as flores ,suas mangas eram médias e paravam um pouco depois do cotovelo e tinham pequenas alongações em seda , pareciam pequenas manginhas soltas , por sorte tinha poucos botões e como sempre , minhas botas marrons , apesar de esse vestido ter de ser usado com sapatilhas , prefiro usar botas , são mais seguras e confortáveis para andar na floresta.

No meio da correria , deixo de ajeitar meus cabelos soltos e levemente ondulados nas pontas , esse era o modo mais comum de eles ficarem , agitada e desesperada como sou , talvez ligasse depois que já estivesse fora de casa e bem longe de qualquer coisa para possa prendê-los. Tudo que eu precisava estava no segundo andar ,meu cinto , meu arco e meu maravilhoso punhal , jogo tudo em minha sacola de lã e desço rapidamente , imaginando que Seflina ainda deva estar dormindo e não vai acordar tão cedo. Correndo contra o vento , acabo virando o pé em um dos degraus da escada , por sorte não doeu muito , mas recebi uma bela de uma queda em cheio sobre o corpo de Seflina ,que dormia fora do estábulo e bem em frente á escada.

-Por que não olha por onde cai menina!-disse furiosa e assustada , dando um grito que até afugentou os corvos que voaram para longe dali.

-Por que você não dorme em outro lugar? Você deveria dormir no estábulo Seflina , é lá que vai ter tudo para você poder descansar sem problemas como eu cair em cima de você-respondo também gritando e apontando para o pequeno lugar onde ela deveria dormir  -bom, preciso de sua ajuda , estou sentido algo estranho...

-Do tipo...-diz ela virando os olhos em sinal de desdém.

-Não sei , eu estava deitada olhando para a árvore e imaginando como a ama deve estar e como tudo está acontecendo lá no reino. Eu tenho que voltar para lá!

-Como? Você só deve estar brincando com o meu focinho né?-assustou-se e ficou olhando diretamente em mim-Você bebeu água com lama ou o que? Lize , sabe que não pode voltar até sua irmã nascer , podem te pegar , ou pior , te matar por ter fugido do seu reino bem no dia do seu casamento em aliança com o reino vizinho menina! Sua mãe e Afonso já devem estar mandando os caçadores de recompensas particulares deles te procurar por ai , então eu sugiro que continue aqui , se quiser evitar mais problemas do que já deve estar causando para Emily.

Infelizmente Seflina tinha razão , só pelo simples fato de eu ter fugido , já causa uma certa pressão sobre a ama , ela era muito minha amiga e toda a vez que minha mãe a chamava , ela estava comigo , ou no palácio ou nos meus aposentos conversando. Isso me fez sentar no último degrau da escada e sentir o coração apertado , como se eu me tornasse a causa de todos os problemas do mundo ,sinto meu rosto esquentar e uma pequena lágrima descer do olho esquerdo, ela escorre minha bochecha e para em meu queixo por alguns segundos até cair sobre uma folha laranja amarronzada que estava abaixo dos meus joelhos. Apoio a cabeça sobre minhas mãos e cubro os olhos para que Seflina não me veja chorando, as únicas vezes em que ela me viu assim foi na hora da fuga em que eu chorei na despedida com a ama , a segunda foi quando abri aquele rombo no meu braço enquanto perseguia os ratos campestres na floresta em que acabei encontrando o caminho que me levou a Fogo, nada mais além disso. Meu pai nunca me viu chorando até o dia em que ele foi embora para a guerra , depois disso eu me tornei uma verdadeira criança esperançosa pela volta do pai da batalha , o único problema é que ele nunca mais voltou. Tentando me conter de suspirar muito alto com o choro , tento abafá-lo com os dedos sobre a boca , limpo meu rosto , mas , quanto mais eu tentava , mais ele ficava molhado de tristeza , me encolhi segurando os joelhos perto do rosto e fiquei ali , pensando em o que eu deveria fazer para tentar descobrir o que estava acontecendo no reino e com a minha família(incluindo a ama). Naquele mesmo conjunto de emoções , Seflina se aproxima , passa o focinho em meu rosto e o apoia sobre meu ombro.

-Me desculpe ter falado desta maneira com você , eu estou apenas tentando te ajudar, se quiser ficar em casa hoje , não tem problema , sei que para você o mundo dá poucas voltas em um dia- depois de me dizer isso ao pé do ouvido , afastou-se e saiu andando pela trilha, pelo que estava vendo , iria para o pasto comer algo -vou deixá-la sozinha para relaxar e se acalmar... sabe onde me encontrar caso precise?

Ainda chorando , olhando para o chão repleto de sombras dos galhos cheios de folhas das árvores , balanço a cabeça dizendo sim , e sai dali de perto andando normalmente e de cabeça baixa por estar sentida em me fazer ficar daquela maneira. Quando percebo que não ouço mais seus cascos pisoteando as folhas secas pela floresta , levanto rapidamente , deixo o arco ,a sacola de lã e o cinto  , apenas para precaução , levo o punhal. E sinto o vento passar por mim , percebo que minha mãe está me chamando , descido correr o máximo que posso , olhando sempre para a copa das árvores , observando qualquer sinal de som estranho ou voz do vento , continuo a correr , apenas olhando para baixo para ver se tropeçarei em algo. Vendo pequenos troncos caídos no chão , vou pulando de frente e apoiando minhas mãos nos mesmo para poder pular de lado e continuar no ritmo da corrida  , o vento começa a ficar mais forte e me faz querer correr mais do que posso e quando tento pegar uma única folha que estava sempre a minha frente , estico o braço e quando percebo , já estava correndo em uma descida , mas como seu ângulo de inclinação era muito forte e tinha sua extensão muito íngreme , acabo deslizando com os pés me fazendo cair , girando e rolando morro abaixo , meu vestido estava ficando totalmente sujo de terra e meus cabelos estavam ficando cada vez mais embaraçados por conta de toda aquela situação. Descendo feito uma bola de neve que cai de uma montanha , chegando perto do chão , meu corpo rola e para de barriga para baixo , meus braços para frente e meu rosto de lado , estava atordoada , mas ainda consciente, movo meus braços devagar para não doerem tanto , levanto minha cabeça e depois viro de lado sentada , de modo que possa respirar melhor e tentar entender o que havia acabado de acontecer com mais calma. Observo meu corpo , nada de cortes ou arranhões ,ótimo , não aguento mais cicatrizes, o único problema era que eu estava muito tonta por conta dos giros , a dor de cabeça estava passando lentamente e as latejadas eram fortes , mas depois de uns cinco minutos ali sentada me acalmando e tentando entender o que havia acontecido , descido me levantar devagar e observar onde estava. Minhas pernas tremiam e minha cabeça parecia girar , depois de dar uma leve balançada nela , consigo me estabilizar e ver o belo lugar onde havia parado. Era uma área bem úmida , tinha duas grandes paredes de terra que privavam este lugar de ser visto e aproveitado. Tinha grandes árvores que ficavam bem próximas umas das outras, o que provocava muita falta de luz, mas mesmo assim , os poucos raios que conseguiam lutar contra a copa das árvores , eram muito fortes e conseguiam ao menos um pouco de visibilidade para o belo lago que era o centro de atenções, tinha pedras negras a sua volta repletas musgos , o local era uma verdadeira armadilha para cair a qualquer passo que desse , tudo era íngreme e muito escorregadio. Mas era muito bonito , assim como aquela floresta cheia de neblina tem sua beleza misteriosa , este lugar tem seu verde e exuberante ambiente aquático. Era como ver o fundo do mar na terra , era lindo , e tinhas belos insetos voando , eram coloridos e tinham asas longas e rápidas , não se podia ver quantas cada um tinha , se moviam como o vento, era inevitável não admirar , para embelezar mais ainda o ambiente , pequenos animais vinham se banhar nas rasas águas do rio, molhar a garganta ou fazer outras coisas.

Me aproximo , a pequena grama que tentava crescer ali era muito guerreira , não é qualquer planta que tenta se desenvolver em um ambiente muito úmido como aquele , meu respirar ficou mais limpo e o cheiro era como de chuva , deliciosamente perfeito, eu poderia ficar aqui horas a fio , apenas sentindo meus pulmões serem limpados por um ar úmido e relaxante. Havia um pequeno lugar onde tinha um pouco de areia , como se fosse uma pequena parada , as rochas com a enchente do rio devem ter sofrido erosão , vendo que aquela água deveria ser um milagre que encontrei , tiro minhas botas e descalça, levantando um pouco a frente da saia do vestido, toco a água gelada e meu corpo estremece , era maravilhosamente divino sentir aquele frescor natural. Fazia tempos que não sentia tal sensação , isso me lembrou quando aprendi a nadar , foi na mesma clareira onde Eleno cortou a cabeça do faisão , eu tinha medo da água , pois eu via muitas pessoas morrerem afogadas todas as vezes em que íamos para os portos ,por onde saíam navios em busca de novas terras e novas rotas de comércio e colônias para explorar.

Ainda aproveitando o momento , descido descer o rio , minhas botas ajudariam a me apoiar nas rochas , e enquanto estava descalça , as pequenas pedras machucavam a sola dos meus pés , quase os cortando , mas sou forte e determinada , irei descer este rio nem que tenha que seguir a correnteza para isso , quero descobrir onde se desagua e aproveitar ao máximo esta experiência , quem sabe não descubro um novo lugar para explorar e aproveitar além de todos os outros que conheço...apenas quero me aventurar buscando ao extremo conhecer novas coisas . Andando mais um pouco a frente , a água já chegava quase na minha cintura , com o pouco tempo que estava nela , já me acostumei e sentia apenas um pouco de frio na cabeça , que era uma das partes do corpo que estava fora da água , vendo já o fundo mais abaixo do lago logo a frente , descido mergulhar e incorporar por completo o sentimento bom de tranquilidade emocional e espiritual.

Encho a boca de ar , desço e abro os olhos debaixo da água , era límpido e claro , os raios que conseguiam trazer luz faziam sobras na água e reflexos extraordinários , de modo que o movimento do lago fazia as luzes se tornassem um tapete de oscilações em tudo que estava há volta do lago. Meus olhos por incrível que pareça , não doíam pela temperatura baixa da água , o líquido envolvia meu corpo e meus cabelos dançavam com meu nadar, iam acompanhando os movimentos da minha cabeça , pareciam algas junto com as ondas do mar, meu vestido que antes estava manchado de terra preta agora estava sendo limpo pela água fria do lago , seu tecido balançava como palmeiras ao vento de fim de tarde , seu amarelo parecia ainda mais vivo depois dessa lavagem geral , minha saia parecia uma calda de sereia , ela cobria minhas pernas e o movimento parecia subir e descer , semelhante a um movimento do nadar de sereia , desde que aprendi a nadar eu me acostumei a nadar assim , pernas juntas e os braços colados ao corpo , de forma que pareça uma bala de canhão e meu corpo se torne mais esbelto do que era para ser.

Quando termino o mergulho e volto para respirar um pouco, o ar estava quente , a água estava gelada e minha pele começou a ficar muito pálida , minhas mãos já estavam duras e frias como de mortos , e minha boca estava bem roxa por conta da baixa temperatura... eu não ligo , apenas tremo um pouco e depois volto a nadar , colocando apenas um pouco de meu pescoço e cabeça para fora da água , meus braços ficavam cada vez mais leves e meus pés pareciam flutuar como se estivesse voando , eu conseguia me sentir livre como uma pena e conseguia pensar que estava voando debaixo da água. Tudo aquilo era fenomenal , sentir-se livre e liberto de todas as responsabilidades que tem nos ombros , parecem que vão embora junto com a água e depois de um tempo voltam , mas não tão fortes como antes... quando percebo que o lago terminará em uma cachoeira pelo caminho amplo e extenso , descido ir até a margem e tomar um pouco de Sol , ficar muito tempo em água fria vai me causar uma bela de uma gripe... e eu e meu nariz não nos damos muito bem com ela.

Em busca de um local calmo e bom para um banho de Sol , procuro entre os arredores do lago , seguirei o caminho de volta para a parede e chegarei rápido em casa , sem que Seflina tenha um ataque de não me encontrar lá. Procuro por uma árvore , sempre que subo em alguma delas eu me sinto como parte dela e deitar sobre seus galhos retorcidos é um prazer inexplicável , sempre durmo bem quando estou perto de mamãe , ela me tranquiliza e me acolhe...encontrei , uma pereira com pequenas flores que no futuro virarão belas e suculentas peras , o cheiro delas é fraco e suas cores são claras em tons pasteis. Seu tronco era baixo e seus galhos não iam para o alto em busca de Sol , eles praticamente eram deitados e pouco altos , eram largos e longos , uma pantera poderia facilmente se deitar ali ao meu lado e aproveitar o Sol em minha companhia , mas prefiro animais maiores e predadores longe da minha pessoa ,me lembro bem a minha quase morte com a tigresa, aquilo não foi nada simpático ou agradável.

Como eu já disse , seu tronco era baixo e por isso foi tão fácil de subir , minhas botas conseguiram ficar penduradas em um de seus pequenos galhos que estava acima do meu , me levanto e ando me segurando em tudo que posso , por sorte ela também possuía cipós , eram verdes e resistentes , eu poderia ficar me balançando neles sem nenhum problema , a natureza é perfeita não?

Depois de observar o belo cenário que estava há minha frente , fico sem palavras ao ver o belo Sol banhando aquele lindo lugar com seu calor carinhoso , podia-se ver o rio seguindo até não sei aonde , as margens repletas de florestas pequenas e os animais a sua volta aproveitando seu frescor e as montanhas escondendo aquele lugar incansavelmente belo. Me recosto em seu belo tronco manchado de liquéns, o rei do dia me relaxa e me faz querer fechar os olhos , a soneca estava chegando , era inevitável não tirar uma soneca sobre uma árvore , são práticas , confortáveis e muito hospitaleiras. Não sei se dormi alguns segundos ou minutos , mas acordei assustada ao ouvir um barulho de algo caindo , não sabia o que era , mas curiosa como sou , descido dar uma olhada , coloco as botas e preparo o punhal, como não sabia o que poderia encontrar , melhor prevenir do que remediar. Ando pela floresta fechada e quase negra por conta da grande quantidade de árvores por pouco espaço , sempre com minha arma atrás das minhas costas e com a lâmina para cima , meu braço virado para trás e segurando o punhal , me aprofundo cada vez mais na escuridão , quando acabo encontrando no meio do nada , uma criatura presa em uma armadilha , lá perto devem passar caçadores , mesmo sendo perigoso caçar por aqui , devemos sempre lembrar de que umas pessoa um tanto quanto audaciosas fazem esse tipo de coisa , vejo que o animal não pode me atacar dentro da armadilha ,que era uma rede presa á uma árvore que ao se puxar a corda solta e a rede cai sobre o pobre infeliz , o deixando bem preso o suficiente para a volta dos donos desta crueldade.

Descido me aproximar e ajudar a pobre criatura ,mesmo não a conhecendo , devo ajudar a quem precise sem questionar , quando chego ao lado da armadilha , coloco minha mão na rede e a puxo um pouco para ver o que estava preso exatamente , e para o meu espanto , era um filhote de urso pardo , seu olho estava sangrando e nem sequer chorava o bichinho , tiro com cuidado o pedaço de rede que furou seu olho e minha roupa ,braços e mãos são banhados de sangue e com o punhal , corto a crueldade que o prendia. Ouço passos , se quero salvar esta vida inocente , devo agir rápido , logo chegam as vozes e são de homens , seu modo grosseiro de falar já me fazia presumir de que eram os caçadores responsáveis pela armadilha que deixou este pobre filhote cego de um olho. Pego o urso e o deito em minhas costas , de modo que suas patas dianteiras fiquem sobre meus ombros , a cabeça fique deitada sobre meu pescoço e eu possa segurar suas grossas e pesadas pernas. Ele estava desmaiado , o sangue jorrava de seu rosto e banhava meu cabelo e ombro , aquilo me embrulhava o estômago , e quem disse que você tem tempo para sentir enjoo Lize? Corra o mais rápido que puder e chegue ao lago o quanto antes possível.

Ouço minha razão ,não tenho tempo mesmo para essas coisas , corro , não paro por nada , tudo parecia correr junto comigo , o urso pesava muito em minhas costas , mas eu não o abandonaria , os caçadores viram o rastro de sangue e estavam nos seguindo a toda velocidade , tudo era rápido e devagar ao mesmo tempo , parecia que o rio estava se afastando de nós e que os homens estavam cada vez mais perto. Quando avisto o rio , falo com o animal , para ver se desperta ou se ao menos continua vivo.

-Estamos chegando , fique bem e vivo , aguente firme , acordou?!-digo ofegante e desesperadamente preocupada com a quantidade de sangue que ele estava perdendo.

-Sim... onde estamos mamãe... eu tô com dor , está doendo...-respondeu muito cansado e em meio aos gemidos de dor , sua voz era tranquila e doce , como de um filhote quieto e bom de se cuidar.

-Oi , você está ainda acordado , tem que ficar falando comigo ouviu ,continue falando comigo está bem?-desesperada eu começo a pedir para que ele continue comigo , que fique acordado e que não pare de falar , ele podia só falar de quanta dor estava sentindo , mas já era algo para distraí-lo e mantê-lo consciente- ei , ursinho ,qual o seu nome?-pergunto apenas para saber como chamá-lo sem ter que só falar você , ou urso ,ou coisinha fofa ou bichinho peludo.

-Storming, pode me chamar de Storming...-diz quase desmaiando.

Pensei comigo , ´´ Storming`` que dizer tempestuoso...POR DEUS! , ele deve ser muito agitado e atrapalhado. Os caçadores estavam mais próximos do que a tigresa estava de mim quando tentou me atacar , entro na água , coloco Storming bem devagar para se acostumar o mais rápido possível com a água , enquanto ele estava acordado ,pego suas patas e as ponho agarradas ao meu pescoço , para que eu possa nadar e levar ele junto a mim.

Eles chegaram , estavam com os facões nas mãos , se aproximando cada vez mais de nós dois , começo a jogar água e tentar nadar conta a correnteza que leva á cachoeira , tudo estava acontecendo como em uma novela de cavalaria , o herói tentando salvar uma vida inocente enquanto seus inimigos tentam matá-lo ou simplesmente pegá-lo. Eles vem para a água , começam a nadar em nossa direção ,por sorte o rio começa ficar mais forte e os leva , mas eles continuam tentando nos pegar , o rio não só estava levando os caçadores , mas também a nós , entrei em desespero que só piorou com a força que estava vindo com o rio , minhas botas já não conseguiam mais tocar o fundo , meus braços estavam doendo e Storming estava desmaiado outra vez , agora ele não acordaria mesmo, tento ver algo na qual eu possa me agarrar e ficar ali mesmo esperando a correnteza levar os homens.

-Lize , minha filha , amarre o urso naquele cipó e o segure com todas as suas forças , ele irá segurar vocês dois , rápido!-disse o vento passando por mim e jogando folhas nos rostos dos caçadores.

No mesmo momento , cai um cipó largo e forte , era verde e pertencia a aquela pereira onde estava descansando mais cedo , faço como ele me pede , amarro Storming no cipó e seguro sua cabeça para que não fique de cara na água e morra afogado , seguro no mesmo e espero que os homens caiam  na cachoeira e o rio volte ao normal. Eu devo ter uma bola de cristal na mente , conforme eles tentavam chegar em nós , o rio ficava cada vez mais violento e forte , fazendo ele chegarem ao ponto mais fundo do lago e não conseguirem mais nadar direito , conforme iam descendo a extensão do rio , acabaram caindo na cachoeira e de lá não sei mais nada , apenas me lembro de eles caírem com a água gritando por ajuda. Depois de toda essa cena passar , um tronco pequeno e grosso veio ao meu encontro , subo nele e desamarro Storming do cipó , coloco ele deitado sobre o ´´barco`` improvisado e subo o rio. Tudo de repente ficou calmo , o rio ficou mais devagar e até mesmo parecia me ajudar com as remadas  das mãos , chegando perto do mesmo local onde tudo se iniciou , desço e coloco novamente ele em minhas costas , mas agora irei subir por uma ´´escada`` de pedras que estava um pouco mais a frente da parede de terra negra , eram um pouco escorregadias, mas sou determinada e consegui subir e encontrar o caminho de volta...

-LIZEEEE! ONDE VOCÊ ESTÁ MENINA ? POR FAVOR , APAREÇA , ESSA BRINCADEIRA NÃO TEM GRAÇA SABIA!!-era quem eu sabia que era , estava correndo desesperada me procurando e quase me atropelou enquanto estava tendo um ataque cardíaco momentâneo-MEU DEUS DOS ANJOS RAIZES DE MACIERA E CAPIM DAS CABRAS! Onde você estava Lize , quase que morro de susto , se quer me matar continue assim viu!-disse estressada , quase me dando um coice por sumir do nada sem lhe avisar- e , quem é esse ai nas suas costas desmaiado?-de repente ficou quieta e gentil , perguntando com calma e baixinho , quase em sussurro.

-Desculpe Seflina , eu queria dar um passeio sozinha por ai e acabei indo para uma ladeira que tem aqui perto e segui um rio muito bonito , enquanto estava cochilando na árvore , escutei um barulho e decide ver o que era , e nesse barulho eu encontrei esse filhote de urso , se chama Storming , ele ficou preso em uma armadilha de caçador , eles nos perseguiram , mas caíram na cachoeira e não sei se estão vivos. Desculpa não ter te avisado que queria sair um pouco sozinha... mas depois eu te conto tudo , ele está ferido e seu olho está sangrando muito , nem sei mais se podemos ajudá-lo...-digo calma e colocando o urso em suas costas como estava nas minhas , e voltamos para a casa na árvore que era de onde eu nunca deveria ter saído , mas se eu não tivesse saído , essa vida inocente teria sido em vão e não teria essa história para contar a Seflina ,Eleno e Mihana quando ela nascer.

Voltando para a volta de casa , corri desesperadamente para o estábulo e arrumei um monte de palha para deixar o urso deitado , subi para o segundo andar e peguei meu quite de socorro, Seflina fica de lado perto do estábulo e deixa que eu o deslize por suas costas e caia em meus braços , deitado de barriga para cima, ele continua desmaiado e inconsciente , pego um pouco de algodão e panos que ficam perto de uma bacia de água fria , vou limpar seu focinho e em volta de seu olho. Logo depois disso, pego uma fita velha e amarro o algodão em seu olho como nos piratas (tipo um tapa olho) , de modo que o sangue possa parar de sair e o tecido ocular possa cicatrizar completo , ele ficará cego de um olho , mas o que importa é que fique vivo. Deixo um pedaço de carne bem mole e um pouco defumada para que ele coma quando acordar , pedi para minha guardiã Seflina ficar perto dele e me avise caso algo aconteça enquanto me arrumo ou durante a noite , o que não demorou muito...

-Lize , venha , ele está acordando...-disse ela cansada e bem calma.

-Já vou descer, espere que vou levar um pouco de água para ele-respondo também um tanto devagar por conta do sono.

Chegando no estábulo , lá estava ele , com seu tapa olho improvisado e faminto , sua barriga fazia um barulho que se podia ouvir do terceiro andar.

-Olá Storming , está se sentindo melhor? Tome , eu trouxe água e ali tem uma carne de coelho defumada para você se fortalecer , eu sei que esses primeiros dias vai estar desconfortável , mas vai melhorar , isso eu garanto a você...-digo me aproximando com uma tigela de água para ele tomar enquanto estava parado abrindo seu olho bom.

-Muito obrigado moça , você salvou minha vida ,sabe , desde que minha mamãe sumiu eu venho fugindo daqueles caçadores... agora estou perdido mesmo dela...-e começou a chorar , cobrindo o olho machucado -eu sou muito bobo , como posso ter me perdido de minha mãe e dos meus irmãos...sou uma pulga no pelo da minha mãe.

-Como você está dizendo isso , você é muito corajoso e forte ,você está fugindo daqueles homens e nunca foi pego , mesmo com um dos seus olhos ferido por uma rede , você não soltou ne  sequer um gemido de dor , se manteve acordado quando pedi e não ficou nem um pouco preocupado , isso é ser forte pequeno , nunca meça sua força por seus atos ou feitos , meça pelo seu carácter.

E o pequeno urso Storming foi-se dormir de barriga cheia e sede morta por água fresca , de coração vazio , enquanto dormia , podia-se ver as lágrimas saindo de seu olho bom... lágrimas de dor... de saudade.


Notas Finais


Longo , mas como sempre , belo. Espero que tenham gostado e aproveitem para ler a minha outra Fanfic , muito obrigada por lerem e pelo apoio que estão me dando na história e espero que eu consiga escrever logo o próximo capítulo , um beijão para todos e muito obrigada mais uma vez por serem tão legais... <3


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