História Day After Day - Set

— Jeon! — Jungkook tinha essa mania de gravar as coisa como se o Jungkook que está gravando o áudio não fosse ele, o que era estranho toda vez que ele ouvia sua própria voz o chamar quando ouvia seus áudios. — Eu sei que você não deveria, mas, por favor — uma pausa foi feita — você precisa… Não! Você deve guardar muito bem esse nome. Park Jimin.

— Você sabe alguma coisa sobre esse, Park Jimin? — questionou o moreno. 

Ao acordar e ouvir — como sempre — todos os áudios explicativos da sua vida, Jeon se deparou com esse áudio. Ele ficou meio sem entender o que estava acontecendo e tentou pedir ajuda a Hoseok assim que o mesmo adentrou a sua casa, cheio de sacolas de compra.

Hoseok negou com a cabeça.

— Poxa, Hyung. Você é meu irmão ou o quê? — Jeon se jogou sobre o sofá, frustrado. Ele pensou que poderia ter dito algo sobre o tal Jimin para o ruivo, mas, pelo visto, ele não dissera nada.

— Claro que sou seu irmão, mas você não sai me contando exatamente tudo que acontece com você — Hoseok retirou duas latinhas de refrigerante e entregou uma delas a Jungkook, enquanto já bebericava um pouco de sua bebida. — Você está apaixonado pelo Jimin?

— Eu não sei, Hyung — Jeon passou a mão por entre seus cabelos, agoniado. — Eu nem mesmo me lembro dele, quanto mais se estou apaixonado por ele.

— Ah, Jeon! Você precisa ser mais detalhista em seus áudios — o ruivo o empurrou, fazendo o mais novo rir em resposta.

— Eu tento, hyung. Eu acho — sussurrou.

Quem era Park Jimin para que Jungkook pedisse, quase que desesperadamente, para que ele se lembrasse dele?

Droga, eu poderia ter sido mais específico. Pelo menos de onde eu poderia encontrá-lo novamente. — pensou.

— Eu ouvi todos os meus áudios e esse é o único que eu peço algo tão... — Hoseok o interrompeu.

— Desesperado — o mais velho sorriu abertamente. — Você deve estar realmente apaixonado. Finalmente!

— Ei! Se acalme, ok? — Jeon empurrou o mais velho quando ele começou a apertar sua bochechas. — Eu nem sei se estou realmente apaixonado. E você, Hyung, mais do que ninguém, sabe que não dá para eu conviver com alguém.

— Lá vem você com seu drama — Hoseok revirou os olhos. Era sempre assim desde o acidente. Quando o assunto era namoro, paixão, amor ou qualquer tipo de afeto, Jungkook procurava evitar. Ele achava que, quem quer que o conhecesse, ficaria magoado consigo após descobrir sobre sua doença. — Eu sei que é difícil, Jeon. Não vou dizer que sinto como se sente, pois eu estaria mentindo. Mas eu posso ver e imaginar. Você não pode ficar sozinho o resto de sua vida. Eu me sinto mal só de, sequer, imaginar isso. Eu não quero que você sofra mais do que você já vem sofrendo há três anos — Hoseok se comovia toda vez que tinha que falar com o irmão sobre esse tipo de assunto. Ele ficava triste e deprimido. Não por pena de Jeon, pois ele sabia — e o irmão sempre deixou claro — que ele poderia sentir tudo, menos pena de Jungkook, pois isso, para ele, era muito pior do que o ódio.

Quando se tem ódio de alguém, é melhor do que o sentimento da pena, pois você só olha para a pessoa com nojo e repulsa. O ódio, definitivamente é bem melhor do que a pena, esse era o conceito de Jungkook.

— Me desculpe — o mais velho virou sua cabeça para impedir que o moreno pudesse ver suas lágrimas, que ele tentou limpar rapidamente. — Podemos sair? Estou cansado de sempre ter ver trancado dentro desse apartamento.

— Não estou com nenhum ânimo para isso — o moreno fez uma pausa para que pudesse se levantar. — Mas vou trocar de roupa e já volto.

O moreno havia voltado com uma calça jeans preta com rasgos nos joelhos e uma camisa listrada em preto e branco, um pouco folgada em seu corpo. Em seus pés havia um timberlands em um tom marrom. O mesmo pegou suas chaves, colocando-as em seu bolso.

— Vamos, Hobi? — chamou pelo irmão, que digitava freneticamente em seu celular.

— Vamos! Só estava falando como Tae para pegar a SunHe na casa da Lisa — Hoseok falou enquanto desciam os pequenos degraus até o estacionamento.

— Como está minha sobrinha? Preciso vê-la. Eu nem mesmo lembro seu rosto — Jeon sorriu sem graça enquanto adentrava o carro.

Jungkook não falava esse tipo de coisa de propósito e o ruivo sabia disso. Mas ele parecia querer se castigar a todo momento com tais palavras, e Hoseok tinha medo. Medo que o irmão entrasse em depressão por causa disso. Há algum tempo atrás, o doutor Kim havia dito a Hoseok sobre a possibilidade de Jeon adquirir depressão com o tempo. Quando ele começasse a, realmente, perceber que estava mal e que, até então, essa doença não tinha cura. Hoseok tinha muito medo disso acontecer. O que seria dele se Jeon entrasse em depressão? Apesar de ter essa doença, Jeon fazia parecer que ele estava bem e que não tinha nada. Bom, exceto quando o assunto era se relacionar com outras pessoas, além das que eles já conhecia antes de de tudo isso acontecer consigo.

Hoseok estacionou assim que chegou a um parque de diversões. Antigamente, ele adorava levar seu dongsaeng a esses tipos de lugares quando ainda moravam em Busan, quando o ruivo não tinha outro alguém além dele. Mas, com o tempo, as coisas mudaram e esses passeios quase que diariamente se tornaram escassos.

— Faz tanto tempo que não vamos a um desse que, assim que soube que estava inaugurando esse parque, eu pensei em te trazer aqui — Hoseok passou seus braços em volta do pescoço do mais novo.

— Bons tempos — Jeon sorriu ao lembrar de quando eles se divertiam em cada brinquedo no parque Waka, em Busan.

— Vamos na montanha-russa primeiro? — o ruivo sorriu maravilhado com o tamanho do brinquedo. Fazia tanto tempo que não via um de perto. Não se recordava de que fosse assim, tão grande.

— Não, Hyung. Vamos naquele ali — Jungkook apontou para onde não tinha muita gente, apenas um casal segurando pistolas d'água.

— Sério, Jeon? — Hoseok estava atrás de aventuras, sentir a adrenalina em suas veias. Não atirar para que pudesse ganhar um ursinho fofo.

— Por favor, hyung? — o moreno juntou as mão, como se estivesse rezando, e fez sua melhor cara de pidão. Ele sabia que o irmão não sabia lhe dizer não, muito menos quando ele agia assim, sendo fofo.

— Ah, tudo bem. Mas assim que ganharmos alguma coisa, nós vamos para a montanha-russa, ok? — Hope lhe mostrou o seu mindinho. O fazendo prometer, assim como quando eram crianças.

— Ok — Jungkook juntou seu mindinho ao do mais velho e sorriu, correndo em direção ao brinquedo.

Meia hora depois, um Jungkook empurrado estava na fila, pronto para se sentar em uma das cadeiras da montanha -russa.

— Deixa de fazer essa cara feia, já prometi que, quando descermos, voltamos lá. — o ruivo empurrou o mais novo levemente e colocou sua trava de segurança.

— Tudo bem, mas foi tão humilhante — Jeon se ajeitou após um homem alto checar sua trava e, logo após, a de Hoseok. — A menina lá conseguiu acertar dez vezes. Ela só aparentava ter o quê? — parou uns segundos para pensar. — Onze ou doze anos?

— Ok — sorriu com as expressões de indignação do mais novo. — Quando descermos vamos lá de novo. Agora fica quieto.

— Sinto que vou vomitar — Jungkook segurou o braço do mais velho quando percebeu que ele estava um pouco mais pálido que o normal.

— Você sempre fica assim quando anda nisso e, mesmo assim, nunca deixa de ir — Jeon o ajudou a se sentar em um banco próximo ao brinquedo ao qual haviam acabado de sair. Eles devem deixar aí, caso haja pessoas como o Hope. — Vou comprar um suco de laranja.

— Não demore, sinto que poderei morrer a qualquer minuto — Jeon sabia que era apenas drama vindo da parte do mais velho e sorriu para o mesmo, quando o ruivo se deitou sobre o banco.

Hoseok nunca conseguiu andar em uma montanha-russa sem depois que, ao sair da mesma, ficar passando mal. Nem ele mesmo entendia o motivo de ficar mal depois que saía, pois quando voltavam ele corria para o mesmo brinquedo, assim que pisava os pés em algum parque.

— O que deseja? — um rapaz um pouco mais baixo que Jeon se aproximou do balcão.

— Dois sucos de laranja, por favor.

O rapaz saiu para trás de uma cortina e Jeon se permitiu olhar o local onde estava. Havia crianças, casais — jovens ou não — no local. Seus olhos pararam em um casal um pouco mais afastado das outras pessoas. O homem estava de frente para a mulher e os dois bebiam uma bebida em um mesmo copo com dois canudos, onde cada um sugava um pouco do suco dentro do copo. Algumas vezes, eles sorriam um para o outro e o homem piscava um de seus olhos para a mulher e a mesma ria, envergonhada. Nesse exato momento, Jeon lembrou das palavras de seu irmão quando estavam a caminho do park.

— Você tem que se permitir viver novamente, Jeon.

— Senhor? — o rapaz falou um pouco mais alto, fazendo com que Jungkook pudesse o observar. — Seu pedido.

— Obrigado.

Jeon sorriu e se direcionou ao caixa para pagar pelo pedido. Assim que o fez, caminhou de volta para onde seu irmão estava.

Sua mente ainda processava cada palavra dita por Hoseok. Será que ele deveria se dar uma chance e ter um relacionamento com alguém? Mas e se não desse certo? E se esse outro alguém percebesse que ele não era perfeito e que, no dia seguinte, Kook não se lembraria dele, não se lembraria de nada que fizeram nos dias anteriores? Nem iria lembrar do que estava por vir? Todas essa dúvidas rodeavam os pensamento de Jungkook a cada passo que ele dava em direção ao banco, onde Hoseok estava agora sentado e não mais deitado.

— Jeon? — Ouviu alguém o chamar e se virou. — Jungkook — o alaranjado sorriu para o moreno, que tinha uma expressão desentendida em seu rosto.

Mais um que não me lembro!

— Sim? Sou eu mesmo.

— Estou tão irreconhecível assim? — o garoto sorriu envergonhado e passou a mão por entre seus cabelos. — Eu só fiz pintar os cabelos.

Jungkook o fitou com a mesma expressão de antes: desentendimento. O alaranjado sorriu, fazendo com que seus olhos "sumissem".

— Park Jimin.