História De fato héteros... ou nem tanto (Niam Horayne) - Isso nos torna gays?

– E então? – Harry perguntou presunçoso, me lançando um olhar estranho.

– E então o que? – Ele revirou os olhos.

– Como foi ontem com Liam?

– Normal. – Eu dei de ombros. – Ele parece ser legal.

– Parece? Você passou o dia todo com ele e ele parece ser legal.

– Eu o conheço a um dia , então ele parece ser legal para mim, eu não posso fazer um juízo de valor ainda. Mas ele gosta de Star wars, o que é beeeeem legal. – Eu dei ênfase na palavra e Harry riu concordando. – E eu disse que o ajudaria a estudar, já que ele precisa de notas para entrar na faculdade.

– Uau! Niall Horan está ajudando alguém a entrar na faculdade. – Ele parecia realmente impressionado, o que me fez sentir pior. – O que houve com o “eles não se importam, Harry, para eles é só curtir e desrespeitar os professores, a escola e a eles mesmo.” – Ele fez as aspas com os dedos

– Eu já estou mal o suficiente por julgá-lo mal, então não piore isso, ok?

– Então isso é um lance só com Liam?

– Eu não tenho um lance com Liam. – Eu fiz uma careta e ele gargalhou.

– Não foi esse tipo de lance que eu me referi, mas até que seria bem legal. – Ele ergueu a sobrancelha sugestivamente e eu revirei os olhos.

O sinal indicando o intervalo soou e eu acompanhei Harry até o pátio do colégio. Nos sentamos sob uma árvore ao canto e eu estava concentrado em minha comida quando ouvi a pequena discussão a nossa volta.

– Agora que virou uma bichinha, você não pode mais sentar conosco. – Encontrei alguns garotos do time parados à frente de Louis, que tinha uma expressão entediada no rosto.

– Você acha mesmo que eu quero me sentar com vocês, Johnny? Você é que sempre fez questão de ficar próximo a mim. – Louis continuava com a expressão debochada e entediada e eu sorri para o garoto, embora meu sorriso tenha morrido ao ver a expressão quebrada no rosto de Harry.

– Você não deveria nem estar no time, viadinho.

– Seria uma pena se o time precisasse do viadinho aqui para ganhar, não é? Ou você se esqueceu que sua função no mundo é limpar a minha chuteira. – Louis abriu um sorriso debochado e eu me permiti sorrir junto para a esperteza do garoto.

– Vá chupar o viado do seu namorado... – Ele nem pode terminar de falar para que Louis socasse a sua cara e Liam aparecesse para segurá-lo.

– Lave a sua boca para falar do Harry! – Louis esbravejou, sendo contido por Liam, que sussurrou algo em seu ouvido que o fez acalmar um pouco e vir em nossa direção.

– Você não jogará os próximos três jogos da temporada, Johnny. – Liam disse altivo, fazendo todos os atletas o olharem. – Eu mesmo falarei com o técnico sobre seu comportamento. Espero que esse tempo longe dos gramados o faça pensar no quão imbecil e preconceituoso você é e que isso sirva de exemplo para qualquer outro que tente alguma coisa contra Louis ou qualquer outro nessa escola, ok?

Johnny saiu pelo corredor batendo a porta e Liam revirou os olhos para o garoto antes de vir se sentar ao meu lado. Louis já estava sentado ao lado de Harry, abraçando sua cintura e o garoto tinha a cabeça sobre seu ombro com uma expressão visivelmente chateada.

– Eu sinto muito. – Harry disse em um murmuro.

– Eu é que sinto por você ter que ouvir essas coisas, baby. – Louis deixou um beijo nos cachos do namorado e lhe abriu um sorriso.

Eu e Liam trocamos um sorriso cúmplice e engatamos uma conversa para deixar os dois em seu próprio momento, o que significava Louis beijando todo o rosto de Harry, que ria baixinho a cada toque do namorado.

– Você está sempre estudando? – Liam se referiu aos livros e anotações que fazia.

– Na verdade, eu estou montando o seu cronograma de estudos. – Ele pareceu interessado e eu dei espaço para que ele pudesse ver o que eu escrevia.

– Você está mesmo levando isso a sério, não é?

– Por quê? Eu não deveria?

– Não é isso, é que eu achei que você tinha falado ontem porque estava com dó, não achei que era realmente sério.

– Sou uma pessoa de palavra. – Eu disse convencido e ele riu.

– E eu serei um aluno dedicado. – Eu assenti e nós ficamos em silêncio, observando nossos amigos presos em sua bolha de amor.

– Vocês poderiam fazer alguma coisa melhor do que ficarem olhando eu e Harry nos beijando, não acham? – Louis virou em nossa direção.

– Tipo se beijarem? – Harry se intrometeu e o namorado riu concordando.

– Se querem privacidade vão a um quarto. – Liam rebateu.

– Acredite, Payno, fazemos muito mais do que trocar uns beijos quando estamos em um quarto.

Harry deu um tapa no braço de Louis e escondeu o rosto, eu sorri envergonhado e Liam gargalhou. Voltamos para a aula pouco tempo depois e o episódio do início do intervalo parecia superado já que o sorriso no rosto de Harry não se abalou nem mesmo quando passamos entre um grupo que garotos que assoviou em sua direção, em uma clara provocação.

Voltamos a nos encontrar ao final da aula e caminhamos juntos por um tempo, até que Louis e Harry tiveram de tomar outro caminho, deixando-me sozinho com Liam novamente. Aos poucos a conversa entre nós dois fluía e conversar com ele se tornava algo natural.

Ele foi para a casa e disse que voltaria mais tarde para enfim começarmos suas aulas particulares e devo dizer que fiquei o tempo todo com a sensação incômoda de que ele provavelmente me deixaria esperando feito idiota, enquanto encontrava algo melhor para fazer, mas para minha surpresa, ele veio.

Repassei com ele toda a matéria, decidindo que contar-lhe a história de minha maneira seria mais fácil para que ele gravasse do que lendo em um livro cheio de palavras complicadas.

Liam não abriu a boca para reclamar e parecia extremamente concentrado em tudo o que eu dizia, rindo de minhas piadas e fazendo perguntas sempre que possível. Usei imagens, desenhos, mapas e tudo o que imaginei que fosse mais didático para alguém com dificuldades de aprendizagem.

– Você deveria ser o professor, sabia? Você explica muito melhor que ele. – Abri um sorriso.

– Mas se não fosse pelo professor, eu não saberia e não poderia te ensinar.

– Mas você fez parecer bem mais fácil...

– É o método. A maioria dos professores segue o mesmo método há anos e eles dão aulas a vários alunos ao mesmo tempo, é difícil personalizar o ensino para cada necessidade. Já eu só tenho você.

Ele abriu um sorriso e nós ficamos em silêncio, deixando as últimas palavras ditas por mim no ar até que eu me tocasse e lhe entregasse a folha de exercícios que havia preparado. E, enquanto ele resolvia tudo, eu me concentrei no novo quebra-cabeça que havia começado a montar.

– É isso que você faz para se divertir? – Ele ergueu a sobrancelha enquanto perguntava.

– Sim, é isso que eu faço para passar o tempo.

– Cara! Você é o maior nerd que eu conheço. – Eu revirei os olhos. – Não, isso é legal. – Olhei para ele incrédulo. – É sério! É até um pouco sexy a forma como você arruma os óculos antes de explicar algo ou se concentrar, as garotas devem amar.

– Sim, as garotas me amam. – Eu me gabei e nós gargalhamos. – Agora pare de enrolar e resolva isso.

Ele ficou em silêncio por um tempo, mas não o suficiente, já que novamente interrompeu, dessa vez com um papo totalmente diferente.

– Como você acha que é beijar um cara? – Ele disse tudo muito rápido e eu automaticamente parei o que estava fazendo para olhar para ele, provavelmente com a expressão confusa e chocada, fazendo-o se encolher envergonhado. – É que eu estava pensando, deve ser muito bom beijar um cara, porque Louis era o garoto mais legal do colégio todo, todos o amavam e agora ele enfrenta todo mundo por causa do Harry. Tipo, ele jogou tudo isso fora por causa do Harry e não parece nem um pouco arrependido.

– Eu entendo o que quer dizer, eu também fiquei bem impressionado com o que aconteceu hoje. Quando Harry me disse que estava namorando um garoto, eu fiquei muito feliz por ele, mas quando ele me disse que era Louis, eu realmente fiquei preocupado pela fama que ele tinha e achei que ele faria meu amigo sofrer, mas parece que não. Eles estão mesmo dispostos a enfrentar o mundo por isso.

– Por isso eu digo, deve ser bom, não é?

– Acho que um beijo é só um beijo. – Dei de ombros. – Não acho que exista muita diferença entre beijar um cara e beijar uma garota.

– Mas beijar um cara te faria gay, não é? Ou bissexual? Eu não sei.

– Acho que não. Acho que o que te tornaria gay é desejar o cara, mas um beijo não faria isso.

– Concordo com você. – Um silêncio ensurdecedor tomou conta do ambiente até que ele voltasse a dizer algo. – Nós poderíamos, sei lá, quem sabe, tentar?

Era óbvio que ele estava sem jeito e até envergonhado e eu podia sentir minhas bochechas queimarem, mas ele não desviou o olhar. Ele me encarava e eu podia sentir toda a sua expectativa sobre minha resposta.

– Pode ser. – Foi tudo o que eu consegui dizer.

Eu me sentei de frente a ele no sofá, sentia meu coração bater acelerado e sua respiração próxima a minha. Liam fechou os olhos enquanto se aproximava, mas eu mantive os meus abertos. Seus lábios tocaram os meus e ficaram ali durante um tempo, sem movimento algum.

Eu finalmente fechei meus olhos e me movi, dando início a um beijo lento. Ele trouxe uma de suas mãos a meu queixo e sua língua invadiu minha boca, aprofundando o beijo. Liam conduziu o beijo e após muito mais tempo do que eu imaginava ele se afastou tão ofegante quanto eu.

– E então? – Ele perguntou em expectativa.

– Você beija bem. Quer dizer, foi bom. Nada especial, sabe? – Ele começou a rir. – Espera isso foi rude. – Eu me corrigi. – Não foi o que eu quis dizer.

– Eu entendi, Niall. – Ele disse ainda rindo. – Só lembre de tirar os óculos na próxima. – Ele piscou para mim.

Espera, ia ter uma próxima?