A poeira sobe enquanto a grande caminhonete percorre o estradão acelerada, misturando o barulho do motor potente e a música alta.
~~♡~~
- Você sumiu a manhã toda. - Antônia fala docemente, com um sorriso de canto. - ..é bom ter você aqui de novo... você some por tanto tempo Rafa. - Ela fala, abrindo seu lindo sorriso branco.
- Amiga...eu sempre quis você e a vó Roxa comigo... - Falo, me jogando no sofá, ajeitando a cabeça sob seu colo.
- Não adianta amiga...nosso lugar é aqui!..Nossas raízes nos prendem aqui.
- Ai não..de novo esse papo?!. - Reviro os olhos, expressando minha insatisfação. - ..Vocês não são Escravas não ,viu!. Foi se o tempo disso...
- Menina.. - A senhora morena de lenço na cabeça fala, enquanto adentra a grande sala.
- Oi vó...Bom dia!. - Digo animada. - Acabaram de ligar aqui. - Huuum.... era o Heitor?. - Pergunto sorrindo.
- Não... - Ela diz se aproximando. - .. eram pessoas interessadas em uma sociedade...parece que eles já falaram com você. Pediram para avisar que estavam a caminho.
- Ah...que ótimo... - Falo ainda mais animada. Aquela fazenda havia passado muito tempo esquecida...após tantos anos ausente, passando apenas para algumas breves visitas e durante as férias da faculdade, ainda não acreditava que estava de volta...
Depois de tanto tempo havia decidido dar vida e alegria novamente aquele lugar..na verdade dar a vida e a alegria que aquele lugar nunca havia tido!!! Meu projeto de transformar a fazenda em uma estância finalmente se concretizava ...o espaço era grande o suficiente e o projeto já estava todo no papel...feito por mim mesma!.
Na verdade essa forá uma segunda idéia...pois a primeira, a que Heitor sempre apoiará. ..era deixar aquele lugar de vez e vende-lá.
Apenas me faltava um sócio para que eu pudesse dividir as obrigações...não queria que tudo caísse sob minhas costas...
~~ ♡ ~~
- Doçura... - Digo alisando a égua dourada, amarrando a corda num galho da grande árvore de folhas esverdeadas. Retiro as botas de cano baixo, sentindo o alívio de sentir meus dedos livres. - Liberdade. - Digo, enquanto suspiro.
Fecho os olhos sentindo as pequenas gotículas da água da cachoeira tocar minha pele, causando-me um arrepio enquanto sinto a onda de prazer e alegria percorrer meu corpo todo.
Retiro a camiseta branca, me certificando de que não havia ninguém ao redor...Os funcionários da fazenda estavam em seu horário de almoço. O horário era o único que me permitia ousar um pouco mais e nadar sob a cachoeira como nos velhos tempos.
- Você vai entrar nessa água gelada? ... - Uma voz masculina pergunta, num tom divertido, fazendo-me encolher de susto.
Lentamente sigo com os olhos rumo ao sujeito que me encarava sorridente.
- O que você esta fazendo aqui?. - Pergunto ríspida, olhando-o de cima a baixo, tentando identifica-lo por debaixo dos grandes óculos escuros.
- Que eu saiba a cachoera aqui não tem dono e todo mundo pode usar!. - Ele diz, abrindo mais ainda seu sorriso.
Coloco a camiseta apressada, sentindo o olhar curioso do rapaz.
- Acredito nunca ter te visto por aqui!. - Insisto, sem expressar simpatia. - E acho que da onde você veio não lhe ensinaram que é muita falta de educação espiar as pessoas enquanto elas estão distraídas.
- Calma doçura... - Ele diz enquanto se aproxima, com um riso de canto. - ..eu vim aqui pelo mesmo motivo que você... - ele se aproxima mais. -... me refrescar desse calor insuportável. - Observo seus traços delicados, tentando identificar o rosto....aquele sujeito não me era estranho... mas ficaria difícil reconhece-lo com o metade do rosto escondido pelos óculos e a outra pela barba escura.
- Que liberdade te dei para você me chamar de doçura. - Franzo a testa, ficando cara a cara com o rapaz abusado.
- ...Mas do que eu poderia chamar a boneca, então. Talvez se me dissesse seu nome...- ele sorri. -...doçura. - Sinto sua mão macia a alisar meu rosto, causando-me um estranho arrepio.
Aquilo era abuso demais para uma só pessoa ...
O encaro, abrindo um sorriso largo, olhando-o de cima a baixo. Me aproximo um pouco mais, me virando, fazendo-o ficar de costas para o rio.
Chego um pouco mais perto, sentindo seu perfume amadeirado.
Me ajeito, desviando o olhar para a cachoeira, fazendo-o também olhar curioso.
Rapidamente o empurro com força, fazendo-o cair de costas sob a aguá que se esparrava, molhando meu jeans claro.
- Doçura é a sua mãe..sua avó..sua irmã...- Digo, abrindo um largo sorriso de satisfação.
- Você ficou louca?. - Ele grita. -...me molhou todo, sua maluca..olhe a minha roupa!!!. - Ele diz, irado.
- Ué..você não disse que veio aqui para se refrescar... - Digo irônica. -..te fiz um favor!!!. - Digo rindo.
Sigo até a árvore, desamarrando Apolo, que comia uma maça distraído.
- Você é louca garota?. - Ouço-o perguntar, enquanto se mexia nas águas, provavelmente tentando sair.
- Vamos Apolo...- Digo docemente, me preparando para subir sob o cavalo de pelagem dourada.
Puxo as rédeas do cavalo, deparando-me com o rapaz encharcado, em minha frente, com uma expressão furiosa.
- Que bom..pelo menos você sabe nadar!. - sorrio.
- Você tem problemas mentais...só pode!...- Ele fala, idignado.
- Só te ajudei...- O encaro, enquanto ele retira a camiseta preta de detalhes brancos.
- Me ajudou?..me ajudou em que?
- A apagar o seu fogo e a te ensinar como tratar uma mulher direito!!!. - Digo empinando o nariz, dando sinal ao cavalo para que andasse.
- Aonde você vai?...espere ai...como eu vou voltar para a casa todo molhado desse jeito?.
- Da mesma forma que chegou até aqui!. - Falo, antes de sair desparada com o cavalo, deixando aquele sujeitinho horroroso a falar sozinho. -... andando ..Doçura!.
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