História De Paris, com amor - Amélie e Cavani - Interessado?

Amélie Bouvier

- Você deu seu número a ele? – Elena arqueia uma sobrancelha enquanto arruma um vaso de flores. Eu assinto e tiro uma pétala machucada da rosa branca.

- Ele disse que vai conseguir ingressos pra Cami como presente de aniversário. Eu não disse nada a Cami ontem porque não quero que ela fique toda animada e o cara não mande os ingressos, sabe. – eu digo cortando os caules das rosas pra que caibam nos vasos.

Elena ri alto e me encara.

- O quê?

- Não deu pra perceber que esse cara só usou essa desculpa pra conseguir seu número? – ela fala como se fosse a coisa mais óbvia do mundo e eu franzo o cenho.

- O quê? Não... Você é maluca. Ele se lembrou de mim da coletiva de imprensa e falou da Cami...

- Ele te olhou a noite inteira. – ela me interrompe e eu bufo.

- Não seja idiota, Elena. Você tem esse seu complexo de ‘todos os homens estão dando em cima de mim’, mas eu não. – eu digo e ela sacode a cabeça.

- Às vezes eu acho que você não nota o quanto é bonita e como os caras olham pra você. – ela diz e sorri. – Mas enfim, se ele mandar os ingressos trate de ir a esse jogo com seu anelzão reluzente pra ele saber que você é noiva. A menos que.... Cê também esteja afim do jogador.

- O quê? Meu Deus, Elena. Você é terrível! – eu digo enquanto ela gargalha. – Primeiro! Se ele mandar os benditos ingressos nós nem vamos falar com ele. Segundo! Eu não vou usar o anelzão reluzente. Já falei com August sobre isso. Só uso ele quando vou encontrar com a Sra. Dupont, porque ela faz questão de que eu ostente o anel da família. August disse que vai me dar um anel mais simples. – dou de ombros.

- Ele devia saber que não combina com...

- Terceiro! – interrompo porque sei que ela iria implicar com August. – Não estou afim de jogador nenhum. Quem precisa de jogador quando se tem aquela coisa linda de olhos azuis e sorriso...

- Nhem nhem nhem. – Elena faz uma careta e eu mostro a língua.

- Chata.

- Então... Se ele mandar os ingressos, vocês vão ver o jogo e depois vai rolar a festinha na sua casa. – assinto.

- Se ele não mandar os ingressos, só vai ter a festinha mesmo. – digo e pego o celular que treme no bolso da minha calça.

Tem mensagens novas no whatsapp de um número desconhecido, e eu nem preciso abrir a foto pra ver quem é.

Número Desconhecido : Oi, Amélie. É o Edinson Cavani.

Número Desconhecido : Preciso do seu nome e o da Cami completos pra colocar na lista da entrada.

Número Desconhecido : Quero muito ver a Cami depois do jogo pra desejar feliz aniversário.

- É ele. – eu digo e Elena arqueia uma sobrancelha pra mim e eu rio já pensando em como Cami vai ficar louca. – Cavani. Ele pediu meu nome pra colocar na lista do jogo de sábado. – eu digo e Elena abre um sorriso.                             

- Cumprindo a palavra... Gostei. Não tem como arranjar um lugarzinho pra mim não? – ela pergunta vindo para meu lado para olhar a mensagem também.

- Não vou abusar. – digo rindo. – Ele tá sendo legal, né?

- Legal até demais. – Elena ergue uma sobrancelha e eu reviro os olhos.

- Cala essa boquinha, vai. Vamos trabalhar, que as flores não vão se arrumar sozinhas.

Elena continua fazendo piadas sobre o jogador e eu só consigo rir e pensar no quanto aquilo podia ser insignificante pra ele, mas como seria importante pra minha pequena. E era só ela que importava.

Edinson Cavani

- O que ela respondeu? – Emily praticamente pula em cima do sofá quando meu celular apita, dez minutos depois de eu ter enviado uma mensagem pra Amélie, (mensagem essa que passei trinta minutos corrigindo por causa de Emily que não parava de dizer o quanto eu estava sendo ‘meloso demais’ e ‘agora tá seco demais’ ou ‘meu Deus, Ed, você não sabe escrever uma mensagem direito, me dá isso aqui’.

Abro a conversa e leio em voz alta.

 Amélie: Caramba, você apareceu mesmo!

Amélie: Que bom, porque agora serei a melhor mãe do mundo por levá-la a esse jogo.

Amélie: Juro que digo que você tem uns 10% de envolvimento nisso. Haha Não que ela precise disso pra te adorar mais.

Eu paro de ler pra sorrir. Emily bate palminhas silenciosas e me manda continuar.

 Amélie: Enfim, nossos nomes completos: Amélie Bouvier Roche e Camille Bouvier Roche.

 Amélie: Muitíssimo obrigada! 

Eu termino de ler, Emily ergue as sobrancelhas pra mim e pega o celular.

- A-do-rei ela. Eu sei que nem a conheço ainda, mas ela é tão amorzinho e divertida. Caramba! Estou shipando vocês. Me deixe pensar... Humm... Cavélie? Não... Amani? Amani é fofo, né? – ela desata a falar e eu reviro os olhos.

- Por Díos, Emy. – sacudo a cabeça. – Ela deve ser casada.

- O quê? Não é não.

- Olha o nome dela e da filha. Roche deve ser do marido.

- Ou talvez ela não seja casada e o pai não tenha registrado a menina, aí ela colocou só o nome dela.

- O que? Como você consegue pirar tanto? – eu franzo o cenho e ela bate em meu ombro.

- Você teria reparado uma aliança no dedo, não é? – ela me encara com uma sobrancelha arqueada e eu sacudo a cabeça.

- Não reparei nisso.

- Como não? É a primeira coisa que a gente olha quando tá afim de alguém!

- Pela quinquagésima vez, eu-não-estou-afim-dela!

- Vou perguntar pra ela. – Emily me ignora completamente e começa a digitar no meu celular.

- O que? Você não me houve? Me dá isso aqui, Emily! – eu tento pegar o celular, mas ela sorri.

- Já enviei!

- Que raios você perguntou? – eu desisto de pegar o celular e me jogo no sofá, encarando-a furioso. Emily passava dos limites quando teimava com alguma coisa.

- Por nada! Você quer levar mais alguém ao jogo? Seu marido? Diga o nome e coloco na lista também. – ela lê e eu reviro os olhos. Ok, ela sabia ser sutil.

- Você é maluca.

- Maluca, mas eficiente. – ela riu e deu uns pulinhos quando viu que outra mensagem tinha chegado. – Não sou casada, mas sem querer ser abusada, e já sendo, tem uma amiga que também tá louca pra ir. Elena Green. Super obrigada, Cavani. Cê tá conseguindo me poupar de presentes de natal caros esse ano. Haha – Emily quase gargalha enquanto lê. – ELA NÃO É CASADA! O CAMINHO TÁ LIVRE! – Emily berra e eu sorrio de lado e me levanto.

- Você é maluca.

- Fala sério, Ed. Maior oportunidade de ouro. A mulher é bonita, inteligente , é divertida, sabe tudo de arte, o que é bem sexy... O que mais você poderia querer?

- Sossego? – eu arqueio uma sobrancelha pra ela que revira os olhos. Pego uma garrafa de energético na geladeira e sacudo a cabeça enquanto abro. – Emy, sei que você fica aí querendo me arranjar uma namorada por que acha que eu estou me sentindo carente e sozinho, mas eu estou bem. De verdade. 

- Mas...

- Eu tenho você, tenho meus amigos, tenho meu trabalho, tenho meu filho lindo que chega amanhã... – eu sorrio e ela me encara.

- Tem a Soledad... É por causa dela que não quer sair com ninguém? Porque ela pode armar o maior barraco e você não quer isso pro Bauti?

Emily me conhecia. E conhecia Soledad. Ela sabia que essa era a verdade.

- Deixa a poeira abaixar. – eu digo e ela ri com escárnio.

- Isso não é poeira não, Ed. É chuva de areia. Não passa nunca. Não dá nem pra tentar varrer, porque a gente não sabe quando vai vir de novo. – ela bufa e eu rio.

- Relaxa, tá. Na hora certa, eu vou encontrar uma garota legal pra mim.

- Ouve aí Deus! E providencia por favor. – ela fala olhando pra cima e eu rio.

- Maluca! 

- Mas que cê devia pensar melhor na cachinhos, ah você devia. 

Então eu só reviro os olhos porque Emily não tem jeito.