História De Paris, com amor - Amélie e Cavani - Disney!!!

Amélie Bouvier

 

- Não me leve a mal, amiga, mas tô dispensando ver ratos e cachorros.

- Quê? – franzo o cenho pra Elena que dá de ombros.

- Mickey, Pluto...

- Ai meu Deus. – eu rio terminando de prender meus cabelos em um coque. – Não seja chata. Nós vamos sim.

- Nããão... – ela geme se encolhendo em minha cama, e eu reviro os olhos.

- Vamos logo. – puxo sua perna e ela bufa levantando. - Cami! – eu chamo saindo do quarto e ela aparece correndo.

- Vamos mamãe! Vaaaamos! – ela dá pulinhos enquanto eu tento ajeitar sua jaqueta jeans.

- Calma! Estamos indo! – eu rio de sua euforia e ela sai pulando pra porta da frente. – Ser criança é o máximo. Ela nem consegue perceber o quanto tudo isso é maluco.

- O que é maluco? – Elena pega a bolsa no sofá.

- Há um mês Edinson Cavani ficava estampado nas revistas que minha filha me fazia comprar e eu sabia tudo sobre sua vida por causa do Wikipedia. E agora... Nós já o encontramos várias vezes, ele já veio na minha casa, conversou com meu pai e até combinou um churrasco, e agora estamos indo levar nossos filhos à Disney.

- O quê que tem demais nisso? – Elena dá de ombros e eu a encaro saindo de casa.

- Não sei... Só é engraçado. – eu digo e ela ri.

Nós saímos de casa depois de colocar Cami presa à cadeirinha no banco traseiro. Cami começou a cantarolar uma versão diferente de Ops aint did again com Elena, e eu fui obrigada a escutar isso até chegarmos.

Cami adorava ir a Disney. Já tínhamos ido algumas vezes, mas ultimamente estava sendo difícil levá-la pra se divertir. Com as coisas do casamento e o trabalho ficava quase impossível. Mas parecia que desde que Cavani tinha aparecido, as nossas vidas estavam mais movimentadas.

- August não se importa de você estar saindo com Cavani? – Elena pergunta e eu rio depois de descer do carro.

- Porque se importaria?

- Olha só pra ele. – ela aponta enquanto eu tiro Cami da cadeirinha. Sigo seu dedo e vejo Cavani com Bauti no colo rindo de Emily e David que fingem lutar. – É uma gracinha.

Ok. Edi é bonito. Tem um charme nas feições fortes que contrastam muito com a personalidade doce e gentil. Os cabelos negros, os olhos pequenos, o porte... É. Ele é bonito.

- O August não se importa. Ele conheceu Cavani e Bauti. Ele sabe o quanto Cami está empolgada com o amiguinho novo.

- E você?

- Eu o que?

- Também está empolgada com o amiguinho novo? – Elena faz uma cara maliciosa e eu reviro os olhos rindo.

- Não seja idiota.

- OLHA O BAUTI, MAMÃE! – Cami aponta e quase pula do meu colo, antes de sair correndo na direção dos quatro não muito longe da gente.

- Cami! – eu chamo, mas ela nem me olha.

Os quatro viram em nossa direção e Bauti também pula do colo de Cavani e corre pra encontrar com Cami. Tranco o carro e sigo com Elena.

- E quanto ao David? Ele é bonito. – eu digo e Elena bufa.

- Por favor, Mel. Ele definitivamente não faz o meu tipo. – eu reviro os olhos de novo.

- Ok.

- Ei, vocês! – Emily fala e vem me abraçar.

- Oi, garota. – eu sorrio abraçando-a.

- Oi, Emy. – Elena a abraça, e depois se volta para Cami e Bauti.

- Edi! – eu sorrio e me inclino pra abraçá-lo também. Ele sorri e retribui.

- Tudo bem? – pergunta gentil e eu sorrio assentindo.

- Oi David! – eu vejo o cabeludo e sorrio.

- Oi cachin... Amélie! – ele faz uma careta quando Cavani tosse no meio da frase dele e eu franzo o cenho. Rio quando ele me abraça forte.

–Você já conhece a Elena, né? – eu pergunto e ele assente de um jeito estranho. Encara El, e então eu percebo. Eu praticamente sinto o cheiro da paquera no ar, e sorrio quando eles se cumprimentam.

- E aí, ruiva? – David estende a mão e Elena arqueia uma sobrancelha.

Por favor, não seja idiota, El. Eu penso enquanto os observo.

- E aí, zagueiro. – ela o cumprimenta e ele sorri de lado.

- Pronta pra montanha russa? – ele olha pro parque e Elena dá de ombros.

- Eu sempre tô pronta pra tudo. – diz normalmente e eu rio de lado, percebendo que Cavani também escuta a conversa.

- Ótimo. Não quero ouvir choro e gritos do meu lado lá em cima. – ele faz graça e Elena o encara. – O quê? – ele pergunta a encarando também.

- Nada. – ela diz sacudindo a cabeça e saindo de perto dele.

- Vamos, mamãe! Vamoooos! – Cami tira minha atenção e começa a pular do nosso lado nos fazendo rir da euforia dela e Bauti.

- Calma, nós já vamos. – eu seguro sua mão e ela continua pulando.

A tarde se seguiu eufórica. Bauti e Cami querendo ir em todos os brinquedos com o apoio de Emily que parecia ter virado uma criança. David e Elena se provocando e apostando em todos os jogos. E eu e Edi rindo e segurando os brindes e sacolas de comida.

- Somos os velhos.

- Os adultos. – Edi me corrige rindo e eu rio também. – Obrigado por vir e trazer a Cami. – ele diz depois que nos sentamos em um banco perto de um brinquedo em que Cami e Bauti estavam com Emily.

- A Cami está tão feliz com a amizade nova. – eu sorrio abrindo um dos sacos de comida. – Eu que agradeço.

– O Bauti não tem muitos amigos aqui, encontrar a Cami foi a melhor coisa pra ele nos últimos tempos. – ele fala um tanto desconfortável e eu entendo.

- Ele voltou do Uruguai tem pouco tempo, né? – pergunto e coloco uma batata frita na boca, estendendo o pacote pra ele. Ele assente pegando algumas.

- Tá tendo que se adaptar de novo. Tem tanto pra resolver. Escola nova que eu ainda não encontrei, horários comigo ou com a mãe... Se é cansativo pra mim, imagina pra ele que tá no meio de tudo. – ele praticamente desabafa e eu assinto.

- Entendo. – observo Cami e Bauti rirem enquanto comparam os brindes com Emily e sorrio. – Hm... Se você quiser começar a procurar escolas, posso te indicar a que a Cami estuda. – eu digo e ele me olha.

- Isso seria incrível. Pelo menos ele já conheceria alguém.

- Sim. A escola é ótima. Os professores, o lugar. Perfeito pra idade deles. – eu digo e ele assente.

- Ótimo! Depois me manda o número e o endereço?

- Claro. – eu sorrio e ele assente como se uma coisa já estivesse certa.

Eu podia ver no rosto dele o desgaste de quem passou pelo divórcio e ainda tentava acertar as coisas.

– As coisas vão se acertando aos poucos, Edi. Eu imagino como deve estar sendo difícil pra vocês três, mas as coisas se acertam no tempo que devem se acertar. – eu digo e ele suspira assentindo, antes de rir.

- Olha aqueles dois. – ele aponta pro outro lado e eu sigo seu dedo vendo Elena e David discutindo do outro lado do pátio. Ele ri e ela faz uma careta. - Elena é durona. Não tá nem aí pros gracejos de David. – ele diz e eu rio.

- Ela se faz de durona. Tem uma casca dura, mas por dentro é um doce.

- David tá gamado. – ele diz e eu o olho.

- Jura?

- É. Ele ficou falando dela depois que vocês foram lá no jogo. – ele diz divertido e eu rio.

- O David é um amor. Seria ótimo se ele e Elena tivessem algo. Mas duvido que ela deixe.

- Por quê?

- Elena sabota qualquer indício de relacionamento legal. Cabeça dura. – eu sacudo a cabeça e ele ri.

- E se a gente tentasse juntar os dois? – ele fala de repente e eu o encaro.

- Tipo cupido? – eu pergunto e ele assente.

- O David tá precisando de uma garota legal, depois do último relacionamento conturbado.

Eu volto a olhar pra Elena e David que agora andam em nossa direção.

- E aí, topa? – ele pergunta e eu mordo o lábio. Elena também precisava pelo menos se dar a chance de conhecer alguém legal.

- Topo. – assinto e ele sorri.

                                                                            ********************

 

Depois de convencer Cami e Bauti de que já era hora de ir embora, fomos andando com um monte de ursos e brinquedos em direção aos carros. Cami, que tinha apagado enquanto comíamos no restaurante, sendo carregada por David, e Bauti sonolento no colo do pai. 

- Obrigada. – eu agradeço a David depois que ele ajeita Cami na cadeirinha e aperta o cinto. – Obrigada por hoje gente. A Cami vai falar disso o resto da semana.

- Dá um beijo nessa coisa linda. – Emily diz e depois me abraça também. – Eu já estou mortinha. – ela fala depois de abraçar Elena que ri.

- Também, parecia uma criança hoje.

- Caladinho aí, Edinson. – ela faz uma careta e vai pro carro deles.

- Valeu Cavani! Até mais. – Elena diz abraçando-o e depois estende a mão pra David.

- Um aperto de mão? – David franze o cenho encarando a mão estendida de Elena.

- E o que mais você quer? – ela pergunta com a sobrancelha arqueada.

- Bom... – David faz graça e Elena revira os olhos interrompendo qualquer piadinha que ele iria fazer.

- Vamos deixar uma coisa clara aqui, cabeludo. Eu e você, sem chance, ok? Então, pode parar com os gracejos e piadinhas, porque não vai rolar. – ela fala e se vira pra entrar no carro. David a encara meio bobo.

- Ah é? E porque? – ele se recupera rápido e pergunta fazendo-a virar pra olhá-lo.

- Não tenho vocação pra bom moço. – ela diz e entra no meu carro. David sacode a cabeça sem entender direito, mas se despede de mim antes de entrar no carro deles. Eu olho pra Cavani que tá com a boca meio aberta.

- Acho que nossa missão é mais difícil do que eu pensei. – ele diz e eu rio.

- Já quer desistir, matador? – pergunto e ele ri divertido.

- Nem pensar. A missão tá de pé.

- Ótimo! – eu rio. – Obrigada por hoje.

- Eu que agradeço. – ele meneia a cabeça e eu sorrio. – Não esquece de mandar o número da escola.

- Claro! Mando quando chegar em casa. – eu digo e ele assente. Me inclino pra beijar sua bochecha e o abraço. – Até mais, Edi.

- Até, Mel. – ele sorri e nós nos viramos pra nossos carros.

Entro no carro e sacudo a cabeça pra Elena que bufa.

- Nem me olhe assim. – ela diz e eu rio.

- Nem disse nada.

- Ótimo! – ela diz e eu sacudo a cabeça pensando que Edi e eu teríamos que ser os melhores cupidos do mundo.

 

 

Edinson Cavani

 

- Bauti! – chamo enquanto termino de colocar suas roupas na mochila.

- A bruaca já tá vindo? – Emily pergunta se jogando do meu lado no quarto do Bauti.

- É. – respondo, porque repreendê-la por falar assim de Soledad não adiantava mais. – Parecia brava no telefone depois de falar com Bauti. Resolveu vir busca-lo mais cedo.

- Então vem chumbo por aí... – Emily cantarola e eu assinto.

- Provavelmente.

A campainha toca e eu peço pra Emily ir ver Bauti na sala de jogos, enquanto vou abrir a porta.

- Soledad. – cumprimento, mas ela praticamente bufa em minha direção passando por mim feito um foguete.

- Cadê meu filho? – pergunta com a cara fechada e eu passo a mão no cabelo.

- Está vindo. Posso saber qual o problema hoje? Porque veio busca-lo? Eu não disse que o levaria? – pergunto e a vejo me fulminar com os olhos.

- Eu deixo o Bautista vir aqui pra ficar com você, e não pra você fazer dele uma forma de conquistar as piranhas com que você anda saindo. – ela cospe e eu franzo o cenho.

- O quê? – pergunto. – Do que você tá falando?

- Bauti me falou de ter saído com você e uma tal de Amélie! Que porcaria é essa? Você já tá enfiando outra mulher na vida do MEU filho? – ela berra e eu aperto os olhos tentando me controlar.

- Soledad... Em primeiro lugar, o Bauti é meu filho também e eu o levo pra onde eu quiser. Você não ‘deixa’ ele ficar comigo, é um direito meu. E em segundo lugar, para de agir como louca! Amélie é a mãe da amiguinha do Bauti.

- Que amiguinha?!

- Camille. É uma garotinha doce e gentil, que gosta tanto do Bauti quanto ele gosta dela.

- Ah e você agora dorme com as mães dos amigos do seu filho!

- Você é maluca! Só pode! Ela é uma amiga! Só uma amiga! – eu berro irritado, mas isso não parece convencê-la. – Ela está noiva, caramba! É só uma amiga. - Soledad parece se acalmar e engole em seco respirando muito forte. Eu aperto os olhos odiando ter que usar aquilo pra fazê-la se convencer.

- Eu só...

- Iiiiiih! Senti o clima pesado lá de dentro, agora já sei por quê. – Emily interrompe Soledad que revira os olhos ao vê-la.

- Papai, vocês tão brigando? – Bauti pergunta e eu sacudo a cabeça e o pego em meu colo.

Ver meu filho no meio desse clima insuportável acabava comigo.

- Não, meu amor. Só estamos conversando. 

- Temos que ir. – Soledad diz puxando Bauti do meu colo.

- Você tem mesmo. – Emily murmura e eu a repreendo com o olhar.

- Dessa aí você não me convence. – Soledad diz apontando pra Emily, fazendo referência à desconfiança que sempre teve sobre Emily e eu. Reviro os olhos.

- Não devia mesmo. Eu e Cavani fazemos loucuras. Agora mesmo, temos umas brincadeirinhas ótimas pra fazer. Eu te convidaria pra um ménage, mas né. O Bauti tá aí e você deve não ser muito boa da coisa. – Emily provoca e Soledad praticamente rosna.

- Emily, chega. – eu digo vendo-a rir. – Bauti, o papai te liga mais tarde tá? – eu digo beijando meu filho que assente sem entender a nuvem de provocações que ronda a sala.

Soledad me dá um último olhar irritado e sai da minha casa pisando duro. Fecho a porta me sentindo de novo cansado. Como em todas as vezes que tenho que encontrá-la.

- Você podia tentar não ser tão irritante? – eu falo ainda irritado e Emily dá de ombros.

- Porque você não tenta ser menos passivo? Você não deve porcaria nenhuma de satisfação pra essa mulher, mas ainda assim você dá! Meu Deus! Vocês estão separados!

- Eu só não quero que meu filho viva num inferno!

- Ele tá vivendo! A noiva de Satã mora lá com ele! – ela diz e eu reviro os olhos.

- Emily, me dá um tempo.

– Eu só quero que você se lembre que é um pai incrível! E o Bauti vai ser feliz se você for feliz! – Emy fala e eu suspiro forte. – Bom, de qualquer jeito eu só passei mesmo pra dar um oi, porque vou viajar pra fazer as fotos pra campanha que te falei.

- Boa sorte.

- Obrigada. – ela diz pegando a bolsa no sofá e se inclinando pra beijar minha testa. – Se cuida, Ed.

Assinto vendo-a sair. Minha cabeça parece pesar toneladas agora que estou sozinho, e de repente me sinto muito cansado.

Toda a situação com Soledad é sempre tão cansativa, mas ela sempre dá um jeito de inovar. Ter ciúme da Amélie! Ela nem a conhecia.

Vejo meu celular piscando no balcão, e levanto pra pegá-lo. Algumas notificações de mensagens não lidas aparecem no visor, mas eu abro só uma.

Amélie : Ei Edi, foi mal a demora. Acabei me esquecendo de mandar o número da escola ontem.

Amélie : Mas aqui está. Peça pra falar com a coordenadora Claire. Ela é um doce.

Amélie :  Bjs :) 

Sorrio e penso no quanto ela é atenciosa. Meu dedo parece pesar e eu clico na tela antes de colocar automaticamente o celular no ouvido.

Só percebo de fato o que estou fazendo quando escuto um alô de alguém sorridente do outro lado da linha. Eu não sei por que liguei, mas de repente senti uma vontade ridiculamente imensa de ouvir sua voz e me sentir mais tranquilo, mais calmo. Ela tinha aquele poder. Mesmo que eu não pudesse explicar como ela conseguia.

- Edi? Cê tá aí? – Amélie cantarola e eu sorrio, antes de conseguir falar.

- Oi! – eu digo.

- Recebeu minha mensagem?

- Sim, acabei de ver.

- Ah, ótimo. – ela diz e eu quase consigo visualizá-la sorrindo na minha frente. – Você tá bem? – ela pergunta e eu demoro a responder. – Aconteceu alguma coisa? Com o Bauti?

- Não. Tá tudo... Bem.

- Tem certeza? – ela pergunta e eu sinto uma vontade enorme de desabafar com ela. – Olha, você me parece meio... Cansado? – ela fala meio serelepe, mas preocupada ao mesmo tempo. E eu sorrio.

- Só alguns problemas de sempre... Mas vai ficar tudo bem. – solto o ar e tento parecer melhor. – E a nossa missão? Já pensou em alguma coisa? O David ficou todo irritadinho ontem dizendo o quanto a Elena era maluca, mas no final só falava “aquela marrenta, irritante e linda.”. – eu digo e ela gargalha me fazendo rir também.

- A El tá igualzinha. Ela não chamou o David de lindo, mas eu tenho certeza que acha. – ela ri de novo. – Eu tenho uma ideia! – ela praticamente grita e eu rio mais.

- Qual?

- Bom, tem um clube que a gente sempre vai,o Hangar... a El vai cantar lá hoje. Cê podia levar o David.

- Claro! Isso vai ser ótimo. Onde fica?

- Te mando o endereço por mensagem agora.

- Ok. Vou ligar pro David e te falo.

- Tá! Então, até as oito?

- Sim. Até as oito. – eu disse e ouvi ela se despedir antes de desligar.

Tinha um sorriso idiota no meu rosto. E eu precisava tirá-lo antes de sair de casa, ou as coisas ficariam muito complicadas nessa noite.