De Ponta-Cabeça
Capítulo Onze - Como Classificar?
Ela ainda não estava acreditando que faria isso. Sakura não costumava agir dessa forma, escondida dos pais, ainda mais por causa de um garoto, mas tinha algo em Sasuke que lhe chamava atenção e lhe fazia ter vontade de quebrar algumas regras, ela percebeu isso nos últimos dias de convivência com ele.
Sasuke era diferente de qualquer outro garoto que havia conhecido.
Passou o batom rosa claro nos lábios, dando o toque final em sua aparência. Diferentemente dos dias em que saia com sua família, as únicas vezes que saía à noite, ela usava um vestido preto que ia até o meio das coxas. Ele era de alcinha e um pouco larguinho no corpo.
Nos pés, uma sandália preta com um pequeno salto se destacava. Os cabelos cor-de-rosa estavam soltos e jogados de lado de forma desarrumada, diferentemente do que usava no dia a dia, mas que ficou bem bonito nela. No rosto, uma maquiagem simples, apenas delineador nos olhos e um pouco de blush para colorir as bochechas, além dos lábios levemente rosados.
Ao ver seu reflexo e notar que estava realmente pronta, Sakura respirou fundo, conferindo o horário.
Dez horas da noite, em menos de dez minutos, Sasuke chegaria ao parque, local de encontro deles, portanto, já estava na hora de sair de casa.
Seus pais se deitavam cedo, então, se não fizesse barulho para acordá-los ou chamar atenção dos funcionários, seria fácil sair de casa.
Saiu lentamente do quarto com o celular e as chaves de casa nas mãos, conferindo se estava tudo certo. O corredor estava escuro, assim como o resto da casa, porém ela conhecia bem o local, então foi fácil sair da residência em meio aquela escuridão.
A porta da frente foi aberta e fechada o mais silenciosamente possível, e a garota saiu rápido pelo caminho de pedras até o grande portão, onde abriu e fechou da mesma forma: silenciosa.
Estava um pouco frio do lado de fora, percebeu quando suspirou aliviada pela fuga ter dado certo, e as ruas encontravam-se desertas, porém bem iluminadas pelos postes. Sakura caminhou pela calçada devagar e não demorou para avistar Sasuke sentado no capô de um carro.
Ela se aproximou, atraindo os olhos dele para si, que ficou surpreso por ela conseguir ficar ainda mais bonita que o normal.
Sakura sorriu ao vê-lo, sem graça. Sasuke estava mais bonito que de costume, tinha que admitir. Ele usava uma jaqueta de moletom preta por cima de uma blusa cinza com estampa de caveira e uma calça jeans desbotada e rasgada junto com tênis All Star.
— Vamos de carro? — ela perguntou, confusa.
Nesses dias, ainda não o havia visto dirigir um carro, só a sua moto.
— Achei que seria melhor, então peguei emprestado com um amigo. — disse, dando de ombros enquanto se levantava do capô do veículo.
E Sakura agradeceu por isso, já pensou subir e descer da moto com aquele vestido? Não seria algo legal de se tentar…
— Vamos? — ele perguntou, e ela assentiu, adentrando o carro.
Não demorou mais que vinte minutos para chegarem à tal casa do amigo de Sasuke, Kimimaro, que era relativamente grande considerada com as da vizinhança.
Antes de sair do carro, Sakura já via a movimentação em frente à casa e escutava a música eletrônica alta que tocava, o que lhe fez cair a ficha.
Ela estava indo para uma festa de adolescentes da sua idade. Sua primeira festa de verdade.
Sakura engoliu em seco, pensando no que deu em sua cabeça para aceitar o convite do amigo. Mas Sasuke lhe deixava desconcertada, lhe deixava confusa.
— Deixe as coisas no carro. — Sasuke disse, abrindo o porta-luvas do veículo para guardar o próprio celular, em seguida, Sakura fez o mesmo, deixando o aparelho e as chaves de sua casa.
Imediatamente, os dois saíram do veículo e caminharam para dentro da casa. Estava um pouco escuro lá dentro, o ar tinha cheiro de fumaça e álcool e a música estava bem alta. Havia muitas pessoas no interior da residência, o que fez Sakura sentir-se meio desconfortável naquele meio.
Era tudo muito estranho para ela.
— Vou pegar algo para beber, venha. — chamou a menina, seguindo para o fundo da casa.
Por onde passavam, Sasuke cumprimentava uma pessoa ou outra, já que era bem conhecido no bairro. Chegaram à cozinha, onde ele abriu um litro com energético, encheu um copo e, logo, estendeu o litro para a garota.
— Quer? — perguntou, ela não parecia uma pessoa que tomava bebidas alcoólicas.
Nesses últimos dias, ele soube muito sobre ela — Sakura era uma garota que gostava de falar demais —, inclusive, o quanto ela era comportada e não gostava de quebrar regras.
Se bem que ela já estava quebrando mais uma ao estar ali, afinal, havia saído escondida dos pais.
— Não vai beber outras coisas? — ela perguntou com as sobrancelhas arqueadas enquanto despejava um pouco de energético no copo. Ele tinha cara de quem bebia, apesar de ser totalmente errado naquela idade.
— Não estou afim, sem contar que estou dirigindo e prometi para o meu pai que não o faria.
Ela sorriu de canto com a resposta.
— Está realmente empenhado em mudar, hein?!
Sasuke sorriu de volta para ela.
— Estou.
— Isso é bom. — ela despejou o líquido na boca ao poucos.
Era bom.
— E você? Não vai beber? — ele retrucou, apontando as garrafas de diferentes bebidas sobre a mesa só para ver o que ela responderia.
— Eu… — Sakura desviou os olhos, tímida.
Estava envergonhada, não sabia o que dizer. Tinha vergonha de admitir que nunca havia bebido nada que continha álcool e que não queria provar para saber como era. Ele a acharia uma boba no fim das contas.
Sasuke, vendo o constrangimento e conflito interno da garota, soltou uma leve risada.
— Relaxa, você não precisa beber se não quiser. Faça apenas aquilo que você quer, não o que os outros querem que faça. — ele sorriu de canto, bebendo a metade que faltava de seu copo de energético em um gole só. — Vamos para a sala.
Ele largou o copo no canto e caminhou de volta para a aglomeração de pessoas com Sakura em seu encalço, depois que ela deixou o seu copo sobre o balcão da cozinha.
Estavam no meio das pessoas. Alguns já alcoolizados, outros apenas se divertindo enquanto dançavam ou ficando com alguém.
— Fala aí, Sasuke! — Kimimaro se aproximou do garoto, batendo no ombro dele. — Que bom te ver aqui… E acompanhado… — olhou para Sakura, que sorriu sem graça. — E quem é essa garota linda?
— Me chamo Sakura. — ela sorriu ainda mais sem graça, fitando o garoto aparentemente um pouco mais velho que eles, com os cabelos tingidos de branco e a pele clara.
— E vocês são…
— Amigos. — Sakura respondeu.
— Ah, sim, interessante… — ele sorriu de canto, malicioso, e Sasuke revirou os olhos.
Impressão dele ou Kimimaro estava dando em cima da Sakura? E ela pareceu interessada — Sasuke observou, franzindo o cenho.
— Então, bom, aproveitem a festa, e, depois a gente se fala, Sakura. — piscou para ela, sorrindo.
Sakura ficou sem graça, não estava acostumada a passar por situações assim sempre, até porque não costumava sair para muitos lugares com pessoas da sua idade. Olhou para Sasuke, sem graça e ele apenas desviou o olhar para as pessoas.
— Hm… Quer dançar ou, sei lá, fazer alguma coisa? — ele perguntou.
Era a primeira vez que se sentia meio perdido ao lado de uma garota, sem saber o que fazer.
— Dançar. — ela disse, sorrindo fraco, e ele a puxou para perto das pessoas.
Estavam todos muito bêbados ao redor dela, então, Sakura não sentiria vergonha de dançar, a não ser por Sasuke olhando-a em sua frente. Ela, então, começou a se mexer timidamente, acompanhando o ritmo da música.
Seus movimentos eram delicados e lentos, até aumentar o ritmo à medida que a batida da música ficava mais animada. Ela sabia dançar, Sasuke notava e não conseguiu deixar de dar um sorriso de canto enquanto tentava acompanhar o ritmo da música também.
Eles passaram duas horas lá dentro, alternando entre dançar, conversar sentados na escada do interior da sala ou rir dos jovens bêbados fazendo loucuras lá dentro, até Sakura começar a ficar cansada.
— Podemos ir? — ela perguntou, já deveria ser mais de uma hora da manhã.
— Claro, vamos lá — Sasuke disse, guiando-a para o lado de fora com uma das mãos em suas costas.
Assim que saíram da casa, o ar gélido da noite se fez presente, chocando-se contra o corpo dela, que abraçou-se de frio.
— Toma. — Sasuke lhe entregou sua jaqueta.
— Não precisa. — ela sorriu sem graça, negando com a cabeça.
— Pega logo, você está com frio. — colocou a jaqueta sobre os ombros dela e, dando-se por vencida, Sakura aceitou, vestindo a roupa, cujo cheiro de Sasuke estava impregnado. — Vamos.
Os dois adentraram o carro e seguiram estrada. Sakura estava feliz, foi legal estar em um lugar completamente novo para ela e na companhia de Sasuke. Já ele estava perdido em pensamentos.
Foi legal estar na companhia da Haruno. Riu internamente por seu jeito certinho, ela era legal de um jeito totalmente estranho.
— Por que paramos? — Sakura perguntou assim que ele parou o carro perto de uma ponte sobre um rio largo que passava.
— Venha comigo. — falou, e ela hesitou no lugar. — Não vou fazer nada, relaxa, só quero te mostrar uma coisa.
Ela assentiu, confiando nele e saiu do carro assim que ele abriu a porta do lado do motorista. Estava escuro, apenas um poste ao longe iluminava o local. Sakura o seguiu até o parapeito de madeira da pequena ponte e encostou os cotovelos lá como ele, observando o horizonte. A lua estava cheia naquele dia e parecia mais perto, bem entre os dois penhascos.
O reflexo da lua refletia nas águas escuras lá embaixo enquanto as estrelas brilhavam no céu. Era uma linda imagem, de fato.
— Gosto de vir aqui para pensar. Quase não tem movimento ou barulho, apenas o som das águas passando por baixo da ponte e dos animais noturnos.
Sakura sorriu, percebendo que aquele lugar lhe trazia paz. Em silêncio, eles permaneceram por alguns minutos.
— Por que não quis mais ficar na festa? — ele perguntou do nada. — Digo… Parece que o Kimimaro gostou de você, provavelmente, ia se aproximar assim que recebesse o resto do pessoal que chegou há pouco.
Ele não sabia o motivo por dizer aquilo e nem por ficar um tanto incomodado com essa ideia.
O Uchiha só precisava saber o que ela pensava a respeito, não sabia porquê, só precisava.
— Não é por nada não, mas eu não estava afim. Eu só queria me divertir… Não ficar com alguém. — sussurrou a última parte, sem graça, e Sasuke gostou de ouvir isso.
Era estranho para ela pensar em ficar com um cara que nem conhecia, sem contar que nunca havia beijado, não teria seu primeiro beijo dessa forma.
Ela ainda queria algo especial, com alguém legal. Alguém que fosse gentil com ela… Que sorrisse de suas piadas sem graça, de suas provocações sem sentido. Que não a tratasse como uma patricinha mimada ou uma menina rica, de família conhecida.
Alguém que a deixasse estranhamente confortável.
Como Sasuke...
— Você está ficando vermelha. — Sasuke disse, encarando-a enquanto ela olhava para a lua.
— Oi? — olhou para ele, tentando manter-se normal, mas era difícil, já que Sasuke estava do lado dela e, bem, sua mente estava pensando nele.
— Você está vermelha. — ele riu fraco, achando graça e fazendo ideia de que ela pensava na possibilidade de ficar com alguém, já que ouviu o sussurro anterior.
E, por ter ficado sem graça pelo assunto, só podia significar uma coisa, ou duas, mas ele decidiu pensar na primeira. Sasuke deu uma risada internamente ao entender.
— Você nunca beijou ninguém, não é? — perguntou de uma vez, fazendo-a arregalar os olhos.
— O quê? Eu já… Ér… É claro que eu já beijei. — se atrapalhou nas palavras, o que só serviu para fazer Sasuke dar um sorriso divertido.
— Você nunca beijou um garoto. — afirmou divertido, vendo-a ficar vermelha e desviar o olhar.
— Já sim, tá legal? — disse, fazendo um bico.
Sasuke desmanchou o sorriso, olhando para os olhos dela e se aproximou. Sakura se encolheu, nervosa com a aproximação repentina.
O que ele pretendia fazer?
Fechou os olhos, sentindo o hálito quente dele em seu rosto. Estava nervosa com o que poderia acontecer, mas também sentia uma estranha vontade de que aquilo acontecesse, até que abriu os olhos ao escutar o riso dele.
A postura e reação dela a entregavam.
— Nunca beijou. — ele afirmou. Ainda a olhava de perto, seus olhos negros estavam fixos nos seus verdes, como se pudessem ler tudo que ela escondia.
Dando-se por vencida, Sakura afirmou com a cabeça, ainda sentindo a pele formigar com o hálito quente dele ainda em sua face.
— Tá bom, tá bom, nunca beijei. — admitiu, sem graça.
— Eu sabia. — ele sorriu de canto, afastando-se, e só então Sakura relaxou o corpo e abaixou as mãos juntas em frente a ele. — E, relaxa, eu não ia te beijar.
Ele sorriu de canto, porém Sakura só conseguiu pensar naquelas palavras.
“Eu não ia te beijar”.
Isso a fez sentir-se estranhamente mal. Ele não ia beijá-la? Não sentia vontade de fazê-lo?
— Não sem você deixar, afinal, é o seu primeiro beijo, não é? Deve querer que seja especial. — completou, desviando os olhos.
Ele havia acabado de admitir que a beijaria? Oi? Sasuke Uchiha, o que houve com você?
— Digo… Eu… — se embolou com as palavras e, dessa vez, foi Sakura quem riu.
Então, ele queria beijá-la…
— Dá para parar de rir? — ele perguntou, desviando os olhos para o fundo das águas.
— Você com vergonha é engraçado. — ela riu mais um pouco, encostando o seu ombro no dele enquanto ainda apoiavam os braços no parapeito.
— Eu quem devia falar isso. — Sasuke disse, ainda sem olhar para ela, que riu novamente.
O silêncio se estabeleceu entre os dois em seguida, ambos apenas olhando para a lua no céu. Vez ou outra, os olhos esverdeados dela caíam sobre o garoto, que possuía os orbes ônix presos na paisagem.
Ela o observava de soslaio. Não era só a aparência dele que lhe chamava atenção, era o jeito. Ele era um mistério para ela ao mesmo tempo que um livro aberto. Era tudo que ela não era, tão diferente, mas diferente de um jeito que lhe chamava atenção.
Era o completo oposto do modelo de garoto perfeito por quem imaginou que se apaixonaria, porém talvez fosse isso que lhe fez gostar dele.
Sim, ela gostava de Sasuke. Não entendia ainda o quanto, mas sabia que era diferente de uma amizade. Era mais.
Uma atração? Paixão? Ou até mais?
Quem sabe… Mas ela gostava, sabia disso e também sabia que teria grandes problemas com isso se deixasse que esse sentimento tomasse conta de si. Como dizia seu pai, “nada de namorado tão cedo, só se for o Sasori”, entretanto, sinceramente, ela estava cansada de sempre obedecer e não fazer o que ela sentia vontade.
Respirando fundo e sentindo as bochechas queimarem de vergonha, ela desviou os olhos para a paisagem.
“Não sem você deixar, afinal, é o seu primeiro beijo, não é?”
Sim, o seu primeiro beijo, e ela queria que fosse com ele.
Desviou os olhos verdes para Sasuke, que, agora, lhe observava.
— Eu deixo. — Sakura disse após minutos de silêncio, deixando-o meio confuso.
— Deixa o quê? — ele não havia compreendido.
— Você me beijar.
Sakura estava meio envergonhada, admitia, mas não queria voltar atrás. Ela queria que seu primeiro beijo fosse com Sasuke e não se importava se fosse apenas esse, se não tivessem um futuro — por mais que a ideia de tê-lo lhe parecesse interessante.
Sakura só queria que o primeiro fosse pelo menos.
Sasuke ficou meio atônito nos primeiros segundos, sem acreditar no que ela falou.
— Está falando sério? — o Uchiha perguntou após processar a informação. — Quer que seu primeiro beijo seja comigo? O garoto problema?
— Sim. — ela assentiu, de frente para ele agora, que se mantinha com as mãos nos bolsos.
Era a primeira vez que ele se sentia nervoso nessa situação e, ao mesmo tempo, surpreso. Ele não esperava por isso, apesar de que queria — o que ele não entendia o porquê.
— Depois eu que sou maluco. — ele falou, tentando deixar a situação mais descontraída.
— Você é completamente maluco… — ela sorriu divertida, observando o semblante sério dele. — Mas… Meio que eu… Gosto disso em você. — revelou, distribuindo o peso do corpo de um pé para o outro enquanto desviava o olhar para o chão.
Sasuke a observou nesse momento, surpreso pelas palavras dela e, nesse instante, ele percebeu que, talvez, ela seria uma companhia melhor ainda do que pensou.
Alguém que ele pudesse realmente gostar — se é que já não gostava.
Ele piscou algumas vezes, sentindo o interior se aquecer de uma forma totalmente diferente com as palavras dela. Desviou os olhos para o chão também, sem graça.
Por que ele andava ficando tão sem graça na presença da Haruno? Só dela?
Isso já estava ficando muito confuso.
— Hm… — ele estava sem palavras.
Mas como assim Sasuke Uchiha sem palavras? Ele desviou os olhos para o chão novamente, sem graça.
— Eu… Meio que… Também gosto do seu jeito certinho. — comentou depois de alguns instantes sem saber o que falar e, logo em seguida, ergueu o olhar, encontrando os dela sobre ele.
Sakura sorriu, e ele, sentindo-se hipnotizado pelo olhar intenso e pelo sorriso lindo, curvou os lábios em um sorriso também.
E se perguntou o que era aquilo em seu peito naquele momento. Por qual razão seu coração batia rápido dentro de si?
Mas ele não precisava de resposta. Não por hora.
Retirando as mãos dos bolsos, ele respirou fundo, olhando nos olhos esmeraldinos da menina. Sakura sorriu novamente, e ele entendeu que ela estava falando realmente sério. Sasuke ergueu uma das mãos e tocou o rosto da menina, que, no mesmo instante, sentiu a pele se arrepiar com o contato.
Ele sorriu ao notar o efeito que seu toque causou e acariciou a bochecha de Sakura. Em seguida, colocou uma mecha rosada atrás da orelha dela e se aproximou.
Sasuke nunca foi tão carinhoso, no entanto, com ela, ele quis ser, quis que fosse, de alguma forma, especial.
— Quer mesmo que eu te beije? — perguntou uma última vez, perto demais para olhar no fundo daqueles olhos verdes.
— Você quer? — Sakura perguntou de volta.
Sasuke queria e como queria, então, sem mais hesitar, ele diminuiu a distância entre os dois, o que foi uma resposta para a pergunta dela.
Sakura sorriu antes de sentir a mão dele tocar sua nuca e puxá-la contra ele, colando os corpos e os lábios de forma calma.
O beijo começou lento e delicado. No primeiro instante, apenas movimentavam os lábios um contra o outro. Em seguida, ele pediu passagem com a língua e explorou a boca dela lentamente, enlaçando uma língua na outra. Sakura não sabia muito bem o que fazer, então apenas tentava acompanhá-lo naquele ato enquanto segurava os cabelos negros firmemente.
Sasuke segurava firme a cintura da garota agora, colando mais os corpos um no outro enquanto conduzia aquele beijo com calma. De uma forma que ele nunca havia feito anteriormente com ninguém.
O Uchiha nunca havia beijado outra pessoa de tal forma, nunca sentiu tamanha vontade de beijar alguém ou de tornar essa ação tão especial para a outra pessoa, porém, dessa vez, ele sentia a necessidade de fazer o seu melhor, com calma, delicadeza e carinho, e caramba! Ele sentia tantas sensações novas naquele momento que era inexplicável.
Seu coração estava palpitando descompassadamente e seu corpo formigava com o contato contra o de Sakura, tanto que parecia que era seu primeiro beijo também.
Sakura, por sua vez, sentia que o coração sairia pela boca a qualquer momento de tão rápido que batia, era tão boa aquela sensação. Inexplicável, indescritível, incrível… Ela não sabia nem como classificar, talvez fosse tudo isso junto e mais um pouco. Era tão bom ter seus lábios sobre os seus, sua língua tocando a sua e suas mãos segurando firme sua cintura que ela queria permanecer nos braços de Sasuke para sempre, porém necessitavam de respirar, então, separaram os lábios minimamente, sentindo o peito ainda palpitando e as respirações descompassadas contra o rosto um do outro.
Os olhos estavam focados nos olhos do parceiro, mergulhados na imensidão que as íris brilhantes possuíam. Um sorriso brotou nos lábios de Sakura, que ainda sentia as mãos do Uchiha em sua cintura, apertando-a levemente. Ele sorriu também, hipnotizado por aquela garota.
As mãos de Sakura desceram para o pescoço dele, e a menina aproximou-se, colando os lábios em um selinho demorado. Sasuke sorriu contra a boca dela, tendo certeza de que ela estava sentindo a mesma sensação que ele.
O mesmo sentimento.
Desgrudaram os lábios novamente e soltaram um ao outro, aumentando um pouco a distância entre eles. Sakura sentiu as bochechas esquentarem ao ver os lábios um pouco vermelhos e inchados do amigo, que, agora, ela tinha certeza de que não considerava só como amigo.
Estava envergonhada, desconcertada e não fazia ideia de como agir na presença dele. E Sasuke, por sua vez, sentia-se inseguro e envergonhado pela primeira vez após beijar uma garota.
De fato, Sakura mexia consigo de uma forma inexplicável.
Gostava dela, certeza.
Desviou os olhos para o chão, meio desconcertado e, em seguida, colocou as mãos nos bolsos. Também não sabia como agir.
— Hm… Eu… Er… Acho melhor te levar para casa, já está tarde. — falou, desviando o olhar para o lado.
— É. — Sakura concordou, também sem olhar para ele e sem saber como agir.
Os dois, portanto, seguiram para o carro, ocupando seus respectivos lugares, e o Uchiha deu partida no veículo seguindo para o bairro da Sakura.
Em questão de minutos, eles já estavam parados ao lado do parque das cerejeiras.
— Então… Nós… Nos vemos amanhã? — Sasuke perguntou.
Estava se sentindo um idiota, parecia que havia acabado de dar o seu primeiro beijo, porém era inevitável não sentir-se tão… Estranho.
Aquela garota despertava em si sensações desconhecidas.
— Sim. — ela sorriu timidamente. — Obrigada por hoje, eu… Gostei. — comentou.
Era óbvio que o “gostei” se referia ao beijo, Sasuke percebeu e sentiu-se imensamente feliz por isso.
— Eu também gostei. — ele disse, fazendo Sakura sorrir também.
Ela abriu a porta em seguida, pegou o celular e as chaves no porta-luvas e desceu do veículo. Imediatamente, a Haruno tratou de tirar a jaqueta dele, inclinou-se sobre o carro e colocou-a sobre o banco.
— Obrigada pela jaqueta, até amanhã. — acenou em despedida e fechou a porta assim que viu o garoto acenar.
Sasuke pegou a jaqueta quando a viu distanciar e levou-a ao rosto, aspirando o aroma doce do perfume dela que havia impregnado na roupa. Sorriu por isso, observando-a entrar no portão de casa e deu partida após ter certeza de que ela havia chegado segura.
Sakura escorou no portão do lado de dentro, sorrindo boba enquanto recordava-se da sensação dos lábios de Sasuke sobre os seus. De fato, o melhor primeiro beijo que ela poderia ter.
Segundos depois, ela voltou à realidade com a brisa fria da madrugada e seguiu até a porta de casa, não podia demorar do lado de fora, vai que alguém a visse ali? Caminhando com cuidado, ela subiu os degraus da entrada e abriu a porta.
Dentro de casa estava relativamente quente, o que ela agradecia. Pisando com cuidado, a rosada seguiu até a cozinha para beber água. Passou pela sala de estar e jantar até que chegasse no cômodo, onde havia um grande balcão no centro. Sakura não acendeu a luz, apenas abriu a geladeira para pegar a garrafa de água e despejou o líquido no copo.
Ela sentou-se na bancada alta depois de deixar a garrafa na pia atrás de si e bebeu lentamente a água, ainda pensando no beijo de Sasuke, entretanto, sua atenção foi tomada quando ouviu passos na entrada e a luz acendeu-se.
Imediatamente, a garota inclinou-se mais sobre a bancada, que, por sorte, ia até a altura de seus seios, ou seja, bloqueava a visão de seu vestido, deixando apenas as alças da peça aparecendo, o que poderia passar facilmente como pijama vendo dessa forma. Ao inclinar o corpo, seus cabelos caíram sobre o rosto, tampando assim a maquiagem. Ela fingiu uma postura sonolenta para o pai que lhe observava da entrada.
— Acordada a essa hora? — Perguntou o homem, chegando perto do lado contrário da bancada.
— Só vim beber água. — disse sem olhar para ele e fingiu um bocejo.
“Que ele não perceba, que ele não perceba, que ele não perceba.” — pedia desesperadamente em pensamentos.
— Ah, sim, eu também. — ele disse, meio sonolento também.
Sua visão estava embaçada pelo sono, e ele caminhava meio lento, evidente sinal de sonolência.
— Eu pego. — a garota inclinou-se para trás um pouco, pegou o copo de vidro e colocou sobre o balcão. Em seguida, fez o mesmo com a garrafa de água.
Imediatamente, o pai encheu-o com o líquido e bebeu de uma vez.
— Posso guardar a garrafa? — ele perguntou, e Sakura sentiu o sangue gelar, já que, para guardar na geladeira, ele precisaria ir até o outro lado da bancada e, consequentemente, a veria.
— Deixa que eu guardo, vou beber mais um pouco. — ela ergueu um pouco a cabeça. Os cabelos estavam bagunçados agora e ainda tampavam parte de seu rosto.
— Certo, vou dormir então, não demore. — Kizashi deu meia volta e seguiu por onde entrou, desaparecendo da vista da menina.
Sakura suspirou aliviada.
— Essa foi por pouco. — sussurrou e, em seguida, levantou-se para guardar a garrafa na geladeira e colocar os copos na pia.
Não podia passar tanto tempo lá embaixo, pois seu pai podia voltar, ou sua mãe, ou algum empregado aparecer, portanto, tratou logo de apagar as luzes da cozinha, tirar as sandálias para caminhar silenciosamente e, em seguida, seguiu para o andar de cima, onde, imediatamente, entrou no seu quarto e se trancou.
E então Sakura, finalmente, conseguiu soltar o ar que, desde o momento em que viu o pai na cozinha, estava preso em seus pulmões.
De fato, aquela havia sido por pouco.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.