Duas crianças, um menino e uma menina, corriam atrás de borboletas coloridas por um vasto campo verde, com flores de todos os tipos plantadas ao seu redor. Seus rostos eram como borrões, mas suas gargalhadas, que transpassavam imensa calma e alegria, podiam ser ouvidas por mim. Longe do meu campo de visão nítido, eu via que duas figuras os observavam admirados e orgulhosos, enquanto abraçavam um ao outro deixando bastante explícito que havia muito amor envolvido ali. Eu podia sentir o calor do sol e até mesmo a brisa suave tocar minha pele. A felicidade que aquela família sentia era refletida em mim e enchia o meu coração de uma paz inigualável.
Mas não durava muito.
De repente, o sol se esconde atrás de densas nuvens e o céu se torna escuro e sombrio. Rapidamente meus olhos procuram pelas crianças, mas uma delas não está mais ali, apenas o garoto se juntou aos pais. Olho ao redor, até que vejo a menina de cabelos loiros indo de encontro a uma figura desconhecida, bastante peculiar e estranha. Eu tento gritar, mas minha voz não é ouvida; tento mover as pernas, mas as mesmas continuam da mesma maneira, como se nada em meu corpo obedecesse aos comandos do meu cérebro. Do nada, todo o cenário muda. Desta vez, estou sozinha dentro de um redemoinho e me sinto sufocada. Meus cabelos disparam a rodopiar em volta de minha cabeça e algo parece me puxar, enquanto eu tento me livrar do que quer que seja aquilo. O medo toma conta de mim e eu acabo acordando ofegante.
Passo as costas da minha mão em minha testa, secando as gotículas de suor que estavam ali por conta do pesadelo que eu acabara de ter.
Tenho certeza de que todas as pessoas carregam consigo problemas, aborrecimentos e decepções. Por exemplo: alguns tem um ex-namorado perseguidor e insistente, como a minha irmã, Regina; outros têm problemas familiares que lhe custam noites e noites de sono tranquilo; algumas pessoas sofrem com problemas e erros do passado e outras podem ter sonhos recorrentes, que por muitas vezes lhes perturbam o juízo, assim como eu.
Durante toda minha vida, desde que possa me lembrar, eu tive esse mesmo pesadelo. Às vezes, eu me sentia como se pudesse estar realmente naquele lugar, com aquelas pessoas, pois eu podia sentir tudo o que se passava no sonho, desde o cheiro das flores até a angústia do "fim".
Depois de me sentir um pouco mais calma, me preparo para sair da minha cama e ir até a cozinha beber um pouco d'água, mas no meio do meu trajeto, ao passar pelo quarto de Regina, algo me faz recuar: seu choro inconfundível. Empurrei um pouco a porta, que estava apenas encostada, e a vi encolhida na cama chorando sem parar enquanto abraçava com força um urso grande de pelúcia.
─ Regina, o que aconteceu? ─ perguntei preocupada, me sentando ao seu lado.
Como resposta, apenas obtive um abraço apertado e a manga do meu pijama sendo molhada pelas lágrimas de minha irmã. Alguma coisa estava muito errada. Regina não era do tipo de pessoa que chorava e se deixava abater por qualquer coisa. Por isso, meu coração já batia forte no peito enquanto eu apenas tentava descobrir o que havia acontecido.
Até que, depois de certo tempo, ela finalmente falou:
─ Henry... ─ senti meu estômago embrulhar à menção daquele nome. ─ Ele morreu nesta noite.
Meu mundo pareceu desmoronar naquele mesmo instante.
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