No capítulo anterior:
Agachei-me perto dela e coloquei a mão do lado onde estava mais agitado e não demorou para o bebê dar um chute. Meu coração acelerou, eu sorria feito bobo. Sentir meu filho se mexer era tão bom que não saberia explicar com palavras. Dentro da barriga de Rukia, minha esposa, crescia meu garotinho. Uma pessoinha que nem vi o rosto ainda, mas já amo mais que qualquer coisa na vida.
Levei meu rosto até a barriga dela e a beijei. Na hora eu não pensei nas pessoas que estava ao meu lado, eu simplesmente o fiz. E valeu a pena, fiquei com meu rosto colado na barriga de Rukia e ela com a mão em minha cabeça afagando meus cabelos.
O que aconteceu com as pessoas que estavam a nossa volta? Não faço a mínima ideia, só sei que quando olhei só estávamos nós ali e eu aproveitei cada segundo que pude com Rukia e meu filho.
Naquele momento veio em minha cabeça as palavras de Ishida. É duro admitir, mas ele tem razão, talvez Rukia só quer viver bem ao meu lado e eu que complico demais as coisas.
A parte em que voltamos para o quarto onde tudo começou
— Esse mal tempo estragou nossa festinha na piscina, Ishida-kun. — Inoue olhava pela janela a chuva torrencial que caia lá fora.
— Eu prefiro ficar em volta da lareira tomando um chá quentinho. — ele coloca a mão no ombro dela na tentativa de animá-la.
— Tem razão, é uma excelente ideia. — não precisa de muito para animar Inoue. Ela e Ishida formam um casal muito bonito.
— Ichigo... — voltei minha atenção para Rukia, que estava sentada no sofá toda encolhida.
— Oi!
— Pega algo para eu tampar minhas pernas? Estou com frio. — essa baixinha folgada adora me fazer de empregado, mas não disse nada. Como já conhecia a casa, fui até o armário e peguei uma manta. Depois que a chuva caiu, a temperatura abaixou muito. Como a mansão ficava a beira mar isso é bem comum.
Quando volto vejo o idiota do Keigo sentado ao lado de Rukia na maior intimidade. Os únicos solteiros eram ele e Tatsuki. E como Keigo nunca teria a menor chance com Tatsuki, ele foi se engraçar logo com minha mulher grávida. Um absurdo isso.
Entreguei a manta para Rukia e adivinha? O cara de pau se cobriu junto com ela e continuou conversando como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.
Gente, paciência tem limite. O peguei pela gola da camisa e o arremessando bem longe.
— Tá ficando maluco, Ichigo? O que eu fiz desta vez? — ele fala muito bravo. Que cara cínico, fica dando em cima da minha mulher e agora vem com essa.
— Ainda pergunta, Keigo? Não tá vendo que Ichigo ficou com ciúmes de você com a Kuchiki? Deveria respeitar a mulher dele, seu safado. — escuto Tatsuki falar. Confesso que estranhei sua reação, mas isso só me dá mais razão. Esse desavergonhado estava dando em cima de Rukia.
— Lógico que não, nada a ver isso. — eu falo, mas Tatsuki tinha toda razão. Porém não era bem ciúmes, é apenas meu orgulho de macho. Já falei isso, não posso deixar outro frango ciscando no meu terreiro. O que as pessoas vão dizer?
— Não precisa ter ciúmes de mim, Ichigo. Eu e a Kuchiki-san somos amigos. Eu já tenho uma pessoa em minha vida que amo muito. — aquele idiota fala todo se achando. Quem em sã consciência vai se apaixonar por esse mala?
Lhe dou uma gravata e uns cascudos em sua cabeça. — Já disse que não é ciúmes. — cara bobão.
— Ichigo com ciúmes? Ai que fofos. Esse marido é tão lindo! — como Rukia me deixa louco quando fala com essa voz melosa e debochada.
— Eu já disse que não estou com ciúmes! — tive que gritar, parece que ninguém me ouve.
— Não precisa ficar com vergonha, Kurosaki-kun. Acho tão bonitinho o homem ter ciúmes. Ishida-kun nunca teve de mim. — até você Inoue?
— Não sou passional feito o Kurosaki.
— Qual problema de vocês? Estão surdos? Já disse que não é ciúmes. — minha vontade era matar um. Tsc.
Todos sorriram. Eu acabei virando o palhaço do dia.
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Passado toda confusão...
Eu estava sentado ao lado de Rukia, fiquei bem esparramado no sofá para ninguém mais sentar perto dela. Os restantes estavam espalhados no luxuoso tapete da mansão. Conversávamos sobre várias coisas e confesso que estava sendo agradável passar aquele final de semana com meus amigos. Fazia um tempo que não nos reuníamos como agora e a chuva só ajudou.
Quando Ishida e Inoue nos convidaram para passar o final de semana aqui, eu pensei na hora que seria uma furada. Mas confesso que está sendo bem mais agradável que imaginei.
Rukia era a que menos falava. Timidez? Lógico que não. Desde quando Rukia é tímida? Sem falar que sua boca não parava vazia, essa gulosa devorava um pacote de biscoitos.
— Quando terminar a faculdade eu e Ishida-kun vamos trabalhar juntos. Fazer enfermagem é uma forma que encontrei de usar meus talentos para ajudar as pessoas. — fala Inoue animada. Ela estava no ultimo ano de enfermagem e Ishida de medicina.
— Eu acho muito lindo essa iniciativa de vocês. Parabéns! — diz Tatsuki.
— Ser um médico nunca foi o sonho de minha vida, mas quando Inoue-san me falou de seus planos, me convenceu e acabei me apaixonando pela profissão.
— Com a quantidade de grana que seu pai tem nem precisaria trabalhar, Ishida. Dá para você e suas gerações viverem como reis. — Lógico que quem falou isso foi o exagerado do Keigo.
— Nesse caso seria você se tivesse um pai rico, Keigo. Ishida não é esse tipo de homem— ainda bem que Mizuiro está aqui para repreender esse maluco.
Mizuiro veio acompanhado de uma de suas muitas namoradas. Quase todo mês esse cara diz que tá com outra pessoa, não consegue passar muito tempo com uma só mulher. Sado infelizmente não pode vir por motivos pessoais.
— Magoou, Mizuiro...! — Keigo choraminga.
Eu, apesar de estar me divertindo com meus amigos, não falava muito. Por quê? Tinha coisas mais interessantes para fazer como, por exemplo, segurar a mão de Rukia por debaixo da coberta.
Engana-se se tá pensando que foi eu quem tive a iniciativa. Ela pegou em minha mão e pôs sobre sua barriga para eu sentir meu filho mexendo e continuou segurando em minha mão mesmo depois de ele ficar quietinho. Ninguém percebeu, mas eu fiquei feliz com o gesto dela.
Fazia carinho na mão de Rukia com a ponta do meu dedo polegar, era discreto e sutil, mas confesso que apenas esse simples ato mexia comigo. Tinha vontade de abraçá-la e beijá-la ali mesmo, sem me importar com meus amigos.
O que foi? Já tá pensado besteira? Não é sentimentalismo, já disse que eu e Rukia somos amigos. É apenas a testosterona falando mais alto.
Desde que chegamos aqui, Rukia está carinhosa comigo. Deve ser a gravidez. Andei lendo uns livros sobre o assunto para melhor entendê-la e alguns deles diziam que a mulher gestante pode sofrer variações em seu humor por causa dos hormônios. Elas tendem a odiar o pai de seu filho como a se sentirem carentes e querem estar o tempo todo ao seu lado.
Bom, a fase de Rukia me odiar já teve. Espero que estejamos na que ela esteja carente, porque eu tenho muito carinho para dar.
— O papo está muito bom, mas o sono já bateu. — Tatsuki vira-se para Keigo e diz: Vamos? — como assim vamos? Não vai me dizer que...?
— Vão dormir no mesmo quarto? — acabei me descontrolando e gritando.
— O que foi? Algum problema? Ah, sim, é verdade. Tinha esquecido de falar. — Tatsuki pega a mão de Keigo e ele abre um sorriso todo bobo na mesma hora. — Estamos namorando. — eles sobem as escadas deixando todos de boca aberta.
Keigo e Tatsuki, quem diria.
Após o susto...
— Vamos também, Ishida-kun? Nossa festinha ainda vai continuar em nosso quarto. — disse aquela descarada da Inoue. Ou ela é muito pervertida ou sem noção mesmo. Acredito que a segunda opção.
— Não precisamos saber da vida amorosa de vocês. — Me zango com ela.
— Desculpe, Kurosaki-kun. Eu falo cada besteira! — ainda bem que ela sabe.
Todos seguiram seus caminhos e eu e Rukia também.
Quando Ishida me mostrou o quarto onde passaríamos a noite, eu quase dei um troço. Aquilo só podia ser uma piada.
— Sério isso? — lógico que tinha de mostrar minha indignação.
— Espero que aproveitem a noite. — ele deu um meio sorriso e foi embora.
— O que ele quis dizer com isso? — indaga Rukia. Ela estava sonolenta e acho que por isso ainda não tinha se ligado em onde estávamos.
— Ainda não percebeu? — Rukia olhou em volta e, ao julgar por sua cara, ela se lembrou.
— Esse quarto é o mesmo que...
— Exatamente. Vamos dormir? — resolvi mudar de assunto ao ver seu rosto ganhar uma coloração avermelhada. Ela pareceu satisfeita, acredito que não é nada agradável esse assunto para si também.
Rukia se jogou na cama tão rápido que até esqueceu-se de colocar o travesseiro entre nós.
Apaguei a luz e me deitei ao lado dela. Rukia estava de costas para mim. Pensei em abraçá-la, mas acho que seria demais, Já tínhamos tido um dia bem produtivo e não queria estragar ultrapassando os limites.
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Havia passado um tempo que dividia aquela cama com Rukia, a mesma em que fizemos amor pela primeira e última vez. Não estava sendo nada fácil pegar no sono. As lembranças daquela noite vinham em minha mente e isso mexia demais comigo, e o cheiro gostoso de Rukia não ajudava em nada.
Olhei para ela, tenho certeza que ainda não dormiu. Será que está com o mesmo problema que eu? Acho que não. É muita petulância de minha parte pensar uma coisa desta. Rukia não sente a metade do que sinto por ela. Estou me referindo a desejos, eu sou um homem e seria um problema se não ficasse animado com uma bela mulher ao meu lado. Não fica pensado em amor, nada disso. Aff.
Acho que acabei pegando no sono, não sei explicar por quanto tempo, porém acordei sentindo algo tão macio e quente tocar meu rosto. Abri meus olhos lentamente ainda sonolento e me surpreendi muito ao ver quem me tocava.
Rukia estava ao meu lado com o corpo levemente erguido me olhando e sua mão acariciando meu rosto. Ela deu um meio sorriso quando viu que tinha aberto os olhos.
— Rukia? O que foi? — minha voz saiu baixa. Acho que naquele momento pensei que estava em um dos muitos sonhos que tenho com ela.
— Nada, só estava tirando uns fios de cabelos de seu rosto. — claro que não acreditei, ela acariciava minha bochecha. Impossível meu cabelo chegar até lá. Mas fiquei todo bobo, nem acreditei que Rukia estava me acariciando.
Pus minha mão sobre a dela que ainda estava em meu rosto e a beijei olhando em seus olhos. Consegui sentir seu corpo estremecer. Rukia sentia sim algo por mim, só não sabia dizer se era desejo ou amor.
Eu esperava que a qualquer momento ela puxasse a mão que eu ainda beijava e me desse uma voadora, mas não foi isso que aconteceu. Rukia não se movia nem falava nada, apenas me olhava.
— Você se lembra do que aconteceu aqui naquela noite, né? — ela disse baixo, meio tímida.
— Não completamente, mas... o suficiente. Você se lembra?
— Não me lembrava de nada até hoje. Quando notei que quarto era esse consegui me lembrar de algumas coisas. As imagens são confusas em minha cabeça, mas agora sei o que aconteceu aqui. — saber que Rukia tinhas as mesma lembranças que as minhas ou talvez um pouco menos era algo bom ou ruim? Não conseguia me decidir.
— Não vou dizer que me arrependo nem pedir desculpas porque estaria sento hipócrita se o fizesse. — o que eu tenho na cabeça? Por que falei essas coisas para Rukia?
Porém não tive tempo de pensar a respeito, pois Rukia selou seus lábios aos meus em um beijo, meio desajeitado, admito, mas delicioso. Só de sentir seus lábios juntos ao meu era incrível.
Assim que ela interrompeu o beijo ficou me olhando com a face corada, acredito que Rukia agiu por impulso quando me beijou. Nesse caso eu vou fazer o mesmo. Girei meu corpo ficando parcialmente sobre ela.
— O que ta fazendo, Ichigo? Vai machucar meu bebê?
— Meu bebê? É a primeira vez que a escuto falar assim.
— O que achou? Que não gostava do meu filho? — ela pareceu surpresa com meus comentários e confesso que eu também fiquei com o que ela disse.
— Achei que não estava feliz com a gravidez.
— Não fiquei feliz com a forma que as coisas aconteceram, mas... — Ela passou a mão na barriga. — Aqui dentro tem em bebezinho, meu filho... seu filho. Não existe possibilidade alguma de eu não amá-lo.
Ah Rukia, você não imagina como desejei ouvir isso. Me sentia culpado ao achar que sofria por não desejar esse filho e a culpa era minha. Hoje você tirou um peso muito grande de minhas costas. Arigatou, Rukia.
Sei que deveria ter falado isso para ela, mas não sou tão bom com palavras. O que fiz? Eu a beijei. Precisava que Rukia sentisse como estou feliz em ouvir suas palavras. Não sei se beijá-la foi o caminho mais fácil, porém eu estava adorando e ao julgar pela entrega dela ao ato, arrisco em dizer que também se deliciava.
Nossos lábios tinham uma sincronia quase que ensaiada, parecia que já tínhamos feito isso muitas vezes. Minha língua invadia a boca dela e as mãos passeavam por seu corpo. Como eu desejo essa linda mulher.
Minha boca já não se saciava apenas com os lábios de Rukia, beijava seu pescoço, colo. Ah, sua pele era macia e cheirosa. Eu já não tinha domínio sobre meus atos, agia apenas por instinto e minha vontade era acariciar Rukia e beijar cada pedacinho de seu corpo, mas...
— Ichigo... vai machucar meu filho. — a escutei murmurar.
— Vai não. — eu queria continuar, todo meu ser já a desejava de forma tão intensa.
— Ichigo... — Rukia espalmou as mãos em meu peito me afastando de seus lábios. Olhei para ela, tenho certeza que em minha cara estava estampada a decepção que senti por ela interromper minhas carícias. — Vamos dormir?
— Sim. — como ia dizer “Não Rukia, quero fazer amor com você”? Jamais a forçaria a nada e sabia que ela só queria parar porque estava com medo de machucar nosso filhinho. Então eu consenti. Não posso culpá-la por ser uma mãe preocupada. Preciso dizer que estou orgulhoso de Rukia? Finalmente consigo entender que ela ama nosso filho.
Deitei em meu lugar da cama e para minha surpresa Rukia se aninhou em meu corpo colocando a cabeça em meu ombro e o braço em meu peito.
— Boa noite, Ichigo. — balbuciou.
— Boa noite, Rukia. — dei um beijo em sua cabeça e enlacei sua cintura, assim ficaríamos mais juntinhos.
Enquanto lá fora uma chuva torrencial caia, no quarto eu dormia tranquilamente tendo o corpo de Rukia aquecendo o meu. Aquela noite foi uma das melhores de minha vida.
Continua...
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