História De Repente aconteceu - A parte em que o fim é apenas o começo

No capitulo anterior:

- Acho que já está bem tarde para visitas né. – disse como quem não quer nada, já estava sem paciências de dividir minha mulher e filho com esses bobões.

- Não seja grosseiro, seu idiota.

Preciso dizer que ela me deu uma voadora que cheguei atravessar a sala? Quando Rukia vai para de me bater? Agora eu sou seu marido e o homem da casa, aff.  Quem tem que falar mais alto nessa casa sou eu e não essa baixinha irritante.

- Que droga! – murmurei revoltado ao me levantar do chão.

- Disse alguma coisa, Ichigo? – ela grita.

- N-Na... nada, não.

Quem sabe com o tempo a voz mais alta a se ouvir nessa família seja a minha né.

A parte em que o fim é apenas o começo

Há exato um ano e nove meses eu fui à festa de Ishida, aceitei participar de um joguinho idiota que me deixou embriagado e quase sem os sentidos. Mas posso dizer sem sombra de duvidas que aquele foi um dos dias mais importantes da minha vida, porque se não tivesse enchido a cara nunca teria coragem de chegar em Rukia, beijá-la e fazer amor com a única mulher que verdadeiramente desejava naquela noite.

Lembro-me quando ela chegou.  Eu estava tão desanimado, apesar de algumas meninas bem bonitas virem até mim pedindo para dançar ou querendo ficar comigo, não tinha o menor interesse por nenhuma delas. Hoje não tenho problemas em confessar para vocês que só fui naquela festa porque Ishida me falou que Rukia iria e eu estava há algum tempo sem vê-la.

Mas a comemoração já havia começado há um bom tempo e nada da baixinha, isso me deixou em um nível de frustação tão grade que fechei a cara e não queria saber de papo com ninguém.

Quando finalmente decidi ir embora, ela apareceu. Não tinha nada de especial em Rukia, ela não estava tão produzida como boa parte das meninas daquela festa e nem era a mais bonita. Usava um vestido branco com detalhes em roxo longo, até os joelhos, o rosto sem maquiagem e os cabelos soltos.

O que a diferenciava dos outras? Ela era a única que fazia meu coração acelerar, as mãos suarem e minhas pernas tremerem apenas por olhá-la de longe.

Meu humor não melhorou muito, eu sou naturalmente mal humorado, mas perto de Rukia me sentia bem. Tirei de minha cabeça a ideia de ir embora e fiquei mais sociável.

Olhava para Rukia sempre que ela estava distraída conversado com alguém. E não perdia a oportunidade de ficar ao seu lado o máximo possível, já que sabia que ela voltaria para Soul Society e provavelmente demoraria a nos vemos novamente.

Sim, eu neguei muitas vezes que sentia algo além de amizade por Rukia, e é verdade, realmente não tinha percebido esses sinais. Hoje eu tenho ciência que naquela festa já a amava. Não sei dizer quando foi que meus sentimentos por minha, até então amiga, mudaram, mas isso não tem importância alguma. Hoje Kuchiki Rukia é minha esposa e aquela noite nos deu Ichiro, nosso filho que está completando seu primeiro ano de vida. E advinha onde é a festa?

Acertou quem disse na casa de Ishida. Bem, na verdade é uma mansão que fica no litoral, muito usada para veraneios ou festas, ele não mora aqui.

Não pensem que escolhemos esse lugar por ser onde tudo começou, não tem nada a ver. Apesar de ser propício, é apenas coincidência. Ishida ofereceu a casa e Rukia e eu gostamos muito da ideia, afinal o lugar é lindo.

Toda decoração da festa foi feita no jardim da mansão, um lugar belíssimo com muitas árvores e flores, tento como cenário nada menos que o oceano. Não escolhemos um tema especifico, na mesa principal ficava o bolo, doces e alguns objetos decorativos. Tinha mais duas mesas com alguns salgados e a outra de sucos, água e bebidas em gerais. Tudo nas cores azul clarinho e branco.

Estavam presentes todos os nossos amigos, incluindo os da Soul Society. O que era para ser uma pequena reuniãozinha acabou virando um festão, mas isso não me incomodou. Eu estava feliz e queria compartilhar com as pessoas que sempre foram importantes, em minha vida e na de Rukia, o primeiro aniversário de nosso filho.

Meu garoto estava lindo com uma jardineira quadriculada de azul e branco. Como a tarde estava bem agradável ele não usava blusa por baixo, coisa essa que o deixava tão gostosinho.

Ichiro passava de mão em mão, todos queriam ficar um pouco com ele no colo, tirar fotos. Meu garoto era verdadeiramente o centro da festa.

Eu estava tão nostálgico lembrando-me de tudo que aconteceu neste ano em que Ichiro entrou em minha vida. A primeira vez que o vi , ah foi uma emoção que nem consigo descrever com palavras. Eu estive ao seu lado o vendo crescer, em seu primeiro sorriso, dentinho, quando engatinhou, deu seu primeiro passinho e lamento dizer que não foi “papai” sua primeira palavra. Ele disse “mamãe”. Tsc.

Como sou grato a Rukia por ter me dado o presente mais lindo e valioso de toda minha vida, Ichiro.

- Ichigo, o que está fazendo? - Escutei a voz exaltada de minha esposa atrás de mim, me virei e vi que ela não parecia muito satisfeita.

- Nada... Por quê? – o que eu fiz desta vez?  Que coisa, Rukia fica irritada comigo até quando estou quieto na minha.

- Estou te observando há algum tempo e você tá parado ai feito um poste, tão calado. Aconteceu alguma coisa?

- Sério mesmo? Você fez todo aquele drama só para me perguntar isso? – fiquei indignado. Rukia gosta de falar alto comigo, aff.

- Não sei do que tá falando, só achei estranho você ficar tão caladão em uma festa onde todos estão se divertindo. Tem algo te incomodando? – ela desconversou, acho que percebeu que exagerou.

- Só estava olhando a movimentação, foi uma boa ideia fazer essa festinha e convidar nossos amigos. Principalmente os da Soul Society, fazia tempo que não os via.

- Tem razão. Eu também fiquei feliz em reunir nossos amigos para comemorar o aniversaria de Ichiro. Percebeu como ele vai no colo de todos e nem estranha?  - diz animada.

- Ele é uma criança muito carismática. – os olhos de Rukia brilhavam quando falava de nosso filho e eu ficava todo derretido também. Ichiro é a melhor coisa que eu e Rukia fizemos na vida.

- Ele é sim. – eu ia beijá-la, mas o meu pai apareceu atrapalhando, para variar.

- Ichigo, acho que já tá mais que na hora de partir o bolo, logo vai anoitecer. – tenho certeza que meu pai só está falando isso por ciúmes de Ichiro que estava no colo um e de outro e não no dele, mas confesso que tive de concordar com ele. A festa estava ótima, mas logo anoiteceria e é melhor dar fim em tudo.

- Então vamos logo partir esse bolo. – disse, papai sorriu.

Rukia anunciou que íamos cantar parabéns. Byakuya apareceu com Ichiro no colo, meu pai tentou pegá-lo, mas ele não deixou. Ficamos algum tempo esperando os dois decidirem com quem ficaria meu garoto, até que me irritei e eu mesmo o peguei.

- Me dá ele aqui. – preciso dizer que se cara feia assassinasse alguém eu já estaria estatelado no chão? Meu cunhado ficou uma fera e meu pai choramingando. Quem liga?

- Deixa que eu fico com ele, Ichigo.

- Mas... – Rukia o tirou de mim. Aff, que coisa chata. Tsc.

Ishida, Inoue, Sado, Keigo, Tatsuki, Mizuiro, minhas irmãs, Renji, Byakuya, Matsumoto e o chatinho de seu capitão, Hanatarou, Ukitake e aquele seus subordinados atrapalhados que não me lembro do nome. Ikkaku, Yumichika e o Kenpachi vieram também.  Uharara e todos que moram com ele, e até mesmo Kuukaku e toda sua trupe, estavam presentes na festinha de Ichiro.

Ah, quase me esqueci do Kon. Aquele mala nunca vai me deixar, ele vive perturbando.

Os que não citei foi porque não puderam vir. Mas conseguem imaginar a alegria que sentia ao ver, diante da mesa onde estava o bolo, aquelas pessoas que são importantes para mim cantando e batendo palmas em comemoração ao primeiro ano de vida de meu filho com Rukia?

Se isso fosse final de novela, seria perfeito. É tão bom dividir momentos especiais como esse com pessoas que sempre foram importantes para mim e que passaram a fazer parte de minha vida devido a história que tenho com cada um deles.

Sabe, pensar que desde que Rukia atravessou sua Zanpakutou em mim tantas coisas aconteceram. Enfrentamos batalhas colossais, passamos por momentos difíceis, teve dias que achei que não sobreviveria.  Mas eu consegui vencer e devo isso a todas essas pessoas que me ajudaram em algum momento que mais precisei e elas sempre vão estar presente nos melhores momentos da minha vida, pois apesar de não ter laços de sangue com a maioria, nos tornamos uma grande família. Meio excêntrica, admito, mas que eu não abriria mão por nada.

Mais tarde...

A festa chegou ao fim e todos foram embora, com exceção dos donos da casa, minha família e Renji. Agora estamos na praia. Yuzu, Karin e Renji tentam fazer Ichiro andar, faz alguns dias que ele deu seus primeiros passinhos, mas ainda fica cambaleando. Inoue e Ishida se esforçavam para acompanhá-los, porém Inoue não conseguia fazer muito esforço com aquele barrigão e acabou ficando para trás.

Ah verdade, eu não te falei? Veja como a vida é irônica, Ishida me deu tanto sermão quando Rukia engravidou e agora quem o aconselha sou eu. Inoue está gravida de sete meses e são gêmeos, duas meninas. Ele falou tanto que eu e Rukia não nos cuidamos e acabou que ele mesmo não seguiu suas próprias orientações. Bobão!

Mas não pensem que Ishida e Inoue estão insatisfeitos, pelo contrario. Eles casaram e é só felicidade enquanto esperam ansiosos pela chegada de suas filhas.

Vocês devem estar se perguntando onde eu e Rukia estamos. Não muito longe, resolvemos parar na beira da praia para olhar o horizonte que ganhava uma linda coloração alaranjada, o sol estava se pondo.

- A festa foi tão linda né, Ichigo? – disse Rukia. A fitei e ela olhava para o mar, seu rosto estava tão lindo. Um sorriso brotou em meus lábios sem que eu mesmo pudesse controlar.

- Foi sim, mas já deu, né? Quero voltar logo para casa.

- Não seja chato, Ichigo. Vamos aproveitar esse lugar lindo.

- Lugar lindo para mim é onde você estiver, Rukia. – segurei na mão dela a virando de frente para mim.

- Nossa, que coisa mais melosa. – ela sorri divertida.

- Não me importo de ser meloso. – Olhei a minha volta e todos estavam já perto da casa, inclusive Inoue que era quase carregada por Ishida. Enlacei a cintura de Rukia e a puxei para junto de mim.

- Ichigo... – ela protestou. Nem liguei. Levei meus lábios até os dela e a beijei. Óbvio que Rukia não ficou indiferente, e o que era para ser apenas um selinho ganhou forma. Ela sugava minha língua com tanta avidez que sentia meu corpo inteiro arrepiar. As mãos dela passeavam pelos meus braços e as minhas em suas costas. Ah como é bom ter Rukia junto a mim, sentir o gosto de seus lábios, chego suspirar só de pensar.

Tivemos que interromper o beijo, pois essa baixinha me deixa sem ar. Acariciei seu rosto e fiquei olhando para aquelas lindas bolas violetas que me fitavam intensamente.

Como Rukia consegue? Apenas pelo fato de me olhar ela mexia com toda minha estrutura. Sinto-me um garoto bobo que é completamente dependente desta mulher que se tornou a razão da minha vida.

- Por que tá me olhando feito um idiota?

- Porque eu amo você. – disse meio que por impulso, não sou muito de ficar falando de meus sentimentos como Rukia também não é. Nós somos do tipo que mostramos o que sentimos através de caricias e quando fazemos amor. Mas para minha surpresa...

- Eu te amo também, seu bobão. Amo muito. – ela sorriu, seu melhor e mais lindo sorriso. Eu fiquei todo derretido e voltei a selar meus lábios aos dela em um beijo calmo, sem pressa. Para que pressa? Eu e Rukia temos a vida toda pela frente.

Sei que você deve estar pensado que com o tempo eu consegui comprar uma casa própria. Rukia teve mais um filho, uma menina para ficar um casal, e nós fomos feliz para sempre, né?

Pera ai cara! Primeiro: minha vida não é uma novela. Segundo: não se passou tanto tempo assim. Ichiro ainda tem um ano, eu e Rukia moramos na mesma casa, talvez em um ou dois anos consigamos comprar algo só nosso. E terceiro: Esqueceu-se de que estou casado com Rukia? Minha vida com ela pode ser tudo menos tranquila. E “Felizes para sempre” só existe na ficção mesmo, isso aqui é vida real.

Eu sou feliz com a vida que tenho ao lado de minha esposa e filho. Tenho um trabalho que gosto muito, mas sobre o futuro? Não sei o que ele tem reservado para mim, a única certeza que tenho hoje é que Rukia é a mulher da minha vida com quem quero estar sempre.

O inicio de nossa relação foi conturbado com a gravidez não planejada e ter que conviver com Rukia e todas as incertezas que tivemos. Mas hoje quando olho para trás, sinto um alivio em meu coração e aquela sensação de dever cumprido.

Nos últimos meses a vida não fluiu como imaginei. Se há pouco mais de um ano alguém me falasse que estaria casado com Rukia e com um filho eu teria dado gargalhadas. Mas hoje agradeço todos os dias por ter ido naquela festa de Ishida, por ter participado da brincadeira idiota de Keigo, por ter feito amor com Rukia e mesmo não me lembrando de todos os detalhes, aquele dia abriu portas que nos levaram a felicidade que vivemos atualmente.

Amo Rukia, amo meu filho e sou completamente realizado com a família que tenho.

Sabe o que é mais engraçado de tudo isso? Rukia e Ichiro nunca estiveram em meus planos de vida, mas hoje não conseguiria viver sem eles.

E foi assim que minha vida com Rukia de repente aconteceu e o que parecia o fim se mostrou apenas o começo de uma linda historiaria de amor.

Fim...