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História De Repente aconteceu - A parte em que Rukia entende que tem uma vida crescendo dent


Escrita por: Mara-Kuchiki

Capítulo 6 - A parte em que Rukia entende que tem uma vida crescendo dent


No capítulo anterior:

— Eu trouxe algo para você comer. — Sentei na cama ao seu lado. Ela levantou a cabeça e me olhou assustada, estava na cara que não imaginava que era eu quem tinha batido na porta. — Eu mesmo que fiz, já que está enjoando das coisas que Yuzu faz. — Lhe dei a abandeja e percebi seu olhar sobre a refeição, acho que dessa ela não ia enjoar.

— Não precisava se incomodar.

— Você não pode ficar muito tempo sem comer. Por causa do... —Fiquei hesitante se falava ou não. —...do bebê. — Decidi falar logo assim entrava de vez no assunto.

 Ela me olhou quando eu disse essas palavras e naquele momento consegui ver o quanto Rukia estava confusa e angustiada. Meu coração ficou apertado no peito e eu tive vontade e abraçá-la e dizer que tudo ia ficar bem, mas infelizmente eu não consegui.

A parte em que Rukia entende que tem uma vida crescendo dentro dela

 

Vi o olhar de Rukia voltar para a bandeja em seu colo, ela pegou o talher e começou a comer. Consegui ouvir um murmuro vindo de seus lábios “Ta gostoso!”. Até cheguei prender meu fôlego para ver se conseguia escutar mais algum som, porém nada. Nenhum resmungo ou queixa, ela estava tão calada.

Por que você não conversa comigo, Rukia? Diz para mim como está se sentido. O que eu posso fazer para te ajudar? Grita, me bate, chora, faz qualquer coisa, mas, por favor... não fica calada. Seu silêncio me tortura e eu não sei como agir com essa Rukia que para mim é desconhecida.

Ela comeu tudo, deveria estar com fome. Colocou a bandeja no criado mudo e abaixou as pernas. Meus olhos foram em sua barriga. Lógico que ainda não tinha nenhum volume, ela deveria ter quase dois meses de gestação, mas ainda assim eu olhei. Tive uma vontade louca de colocar a mão para tentar sentir meu filho. Porém o medo da reação de Rukia não permitiu.

Fui subindo a cabeça e me deparei com aqueles grandes olhos azul violeta me fitando, acho que ela percebeu que eu olhava em sua barriga. Senti um pouco de vergonha, mas lógico que não a deixei perceber.

— Pode ir, Ichigo. Estou bem. — Mesmo eu tentando disfarçar, sabia que Rukia me conhecia muito bem. Talvez até melhor que eu, ela tinha certeza que eu queria conversar a respeito só que não conseguia transformar tudo o que estava em minha mente em palavras. Não sou muito bom com isso. Porém acho que ela não queria conversar.

— Se precisar de alguma coisa é só falar. — Peguei a bandeja e caminhei para fora dali. Quando cheguei até a porta parei e fiquei pensativo. O que eu estava fazendo? Quando entrei naquele quarto minha intenção era conversar com Rukia e perguntar como ela estava se sentido ao saber que vai ser mãe. Não posso ir embora sem antes ter minhas respostas. Dei meia volta.

— Rukia, sei que essa situação é complicada, mas por que adiarmos mais conversar sobre o bebê? Uma hora vamos ter que falar a respeito então que seja logo. — Disparei sem dar chances de ela me interromper. 

— Não quero falar sobre isso. — ela volta a abaixar a cabeça.

Deixo a bandeja novamente onde peguei e me sento ao seu lado.

— Foi um choque, eu sei disso, também me sinto assim. Tínhamos combinado ignorar aquela noite, até porque nem nos lembrávamos de nada. Mas descobrir que ela gerou um fruto que ta crescendo dentro de você e que... — Eu respiro fundo e solto o ar pela boa na tentativa de me acalmar.  Se consigo? Lógico que não, mas prossigo assim mesmo. —... eu sou o pai.

— Crescendo dentro de mim? — ela balbuciou e seus olhos ficaram marejados. Senti tanta pena dela e novamente veio aquele desejo de envolvê-la em meus braços e cuidar para que nada lhe deixasse triste, mas quem disse que consegui.

— Sim. E eu não vou te deixar sozinha. Vou ficar ao seu lado, confia em mim? — vi quando ela secou uma lágrima no canto dos olhos.

— Sim. — Rukia deu um sorriso forçado, notei que era apenas para me agradar.

— Agora descansa. — achei que já tinha sido muito para aquele dia, depois conversaríamos mais.

Saí do quarto das meninas feliz, pois no geral o saldo foi positivo.

•••

E quando eu achava que a situação não poderia ficar mais constrangedora que já estava meu pai resolve contar para as meninas sobre eu, Rukia e o bebê. Tsc, família complicada.

— Como assim Kuchiki-san está grávida? — indaga Yuzu em alta voz. Tadinha, ela ficou tão confusa.

— Vai me dizer que não sabe como uma pessoa fica grávida? Ah, por favor, né?

— Não foi isso que quis dizer, Karin-chan. Claro que eu sei, só que...

— Você sabe? Como assim filhinha? Pensei que fosse inocente. Tudo isso é culpa da influência pervertida do seu irmão! — lógico que meu pai tinha que fazer drama. A pobre da Yuzu ficou mais vermelha que um camarão.

— Não começa com suas besteiras, seu velho maluco. — não resisti e dei uma voadora nele que foi parar do outro lado da sala.

— Querida esposa, como esses filhos são injustos comigo! Logo eu que vivo para eles. — e novamente vejo meu pai choramingando abraçado naquele pôster ridículo, juro que um dia ainda o arranco da parede.

— Ela espera um filho meu. — deixei meu pai de lado e revolvi eu mesmo terminar de contar tudo para minhas irmãs.

— O que? — Yuzu ficou com os olhos arregalados de surpresa, acho que ela não esperava por isso. Não a culpo, nem eu esperava.

— Isso você nem precisava ter falado, de quem mais poderia ser? — Karin agiu de forma tão natural. Será que todos nessa casa, exceto Yuzu, achavam que eu tinha um caso com Rukia? Confesso que não sei de onde eles tiraram essa ideia, eu e ela sempre fomos apenas amigos e nada além disso. Aff.

— Então era por isso que Kuchiki-san enjoou da minha comida? Isso significa que eu não cozinho mal. — Yuzu dá um largo sorriso. Como minha irmã é meiga.

— É o que parece.

— Onii-chan, Se Kuchiki-san espera um filho seu isso significa que... EU VOU SER TIA! — Yuzu exclama animadíssima.

— E eu vou ser avô. Nunca pensei que fosse viver para ver esse dia, cheguei a achar que Ichigo era gay. — não sei o que é pior: meu pai choramingando agarrado ao pôster de minha mãe ou ele ao meu lado falando um monte de sandices. Difícil de escolher.

— O irmão da Kuchiki-san vai te matar quando descobrir, Ichi-nii. — escuto Karin falar.

— Ele já sabe.

— E você ainda está vivo? Não acredito nisso.

— Ele precisa de mim vivo para sua irmã não ser mãe solteira.

— Isso significa que... — finalmente uma notícia que deixou Karin de boca aberta.

— Ichigo e Rukia vão se casar! — exclama todo sorridente meu velho.

— Casar? — escuto um dueto de minhas irmãs.

— É sim. Bom, agora que todos já estão devidamente informados vou trabalhar, já estou atrasado. — decido que já expus minha vida demais, elas já sabem que Rukia vai ter um filho meu e que vamos nos casar. Fim de papo.

— Vai tranquilo, Onii-chan, eu vou preparar algo bem gostoso para a... — Sua feição que estava animada fica cabisbaixa. — Tinha me esquecido que Kuchiki-san enjoou da minha comida. O que vou fazer agora? — senti pena da minha irmã, ela quer ajudar mais não sabe como.

— Não se preocupe que papai cozinha. — peguei minhas coisas e deixei o velho na sala reclamando muito. Não queria um neto? Agora aguenta.

Depois do trabalho...

Assim que saí do trabalho liguei para Ishida e tive sorte, pois ele também acabara de terminar o plantão no hospital de seu pai, onde faz estagio. Fiquei feliz por ele aceitar se encontrar comigo em um barzinho próximo, estava precisando conversar com alguém e colocar para fora tudo que não poderia falar com Rukia ou outra pessoa da minha casa. E Ishida, apesar de nossas brigas, é um grande amigo.

— Eu acho que não existe forma fácil de falar isso, então vou ser bem direto: Rukia está esperando um filho meu. — disparei sem rodeios algum.

— Kuchiki-san ta gravida? Como isso aconteceu? — por mais que Ishida seja um cara mais na dele, naquele momento ele nem disfarçou sua surpresa e o susto que minhas palavras lhe causaram.

— Sério que não sabe? — fui irônico, apesar de não está com humor algum.

— Lógico que sei, seu idiota. Minhas palavras foram uma forma de demostrar meu pasmo com a novidade que me contou. — Menos de um minuto de conversa e eu já consegui irritá-lo. Acho que esse foi meu recorde.

— Podemos voltar ao que interessa?

Ele deu um longo suspiro e disse: Prossiga.

— Não foi algo que planejamos e nem tão pouco voluntário. Bem, não to falando que eu a forcei, o que quero dizer é que...

— Aconteceu no dia do meu aniversário, né? — ele notando minha confusão acabou me interrompendo e eu agradeci mentalmente.

— Sim. — abaixei a cabeça com vergonha e triste. Vergonha por ter que expor novamente minha vida, sempre fui tão reservado. E triste porque naquela noite fiz um filho em minha amiga e nem me lembro como foi e isso me frustra.

Às vezes me pergunto se o fato de eu ficar tão apreensivo quando penso naquela noite é mesmo por eu e Rukia termos feito amor ou por eu não me lembrar. Talvez lá no fundo do meu subconsciente eu queria me lembrar de cada detalhe. E fazer amor com ela não era uma coisa que nunca desejei, afinal de todas as mulheres que estavam naquela festa fora com Rukia que fui para a cama. Isso não é apenas pelo efeito do álcool.

Minha cabeça é uma confusão só desde aquele dia e eu tento evitar ao máximo pensar sobre meus reais sentimentos para não complicar ainda mais minha vida. Talvez eu só esteja sendo exagerado e foi apenas coisa de dois bêbados que nem sabiam direito onde estavam.

Confuso é obvio que eu estou né, acredito que isso chega ser palpável. Acho melhor me concentrar em minha conversa com Ishida e esquecer todo esse tumulto que está em minha mente.

— Da forma que estavam embriagados não me surpreende saber que não se protegeram e agora vão ter um filho. — disse ele mechando nos óculos. Odeio essa mania nerd que Ishida tem.

— Nem eu ou Rukia se lembra daquela noite. Bom, eu ainda tenho uns flashs, mas ela afirma que não se recorda de absolutamente nada.

— Isso também não me admira. A última vez que os vi estavam bem loucos.

— A última vez que nos viu? Você viu alguma coisa? Ainda me pergunto como eu e Rukia fomos para aquele quarto.

— Eu não vi muito, me lembro que você deu uma crise de ciúmes porque a  Kuchiki-san estava dançando com Keigo.

— Ciúmes eu? Até parece. — o interrompi. Que coisa mais ridícula que Ishida disse, até parece que eu ia sentir ciúmes da Rukia. Tsc.

— Ciúmes sim. Você saiu arrastando ela para longe do Keigo, ficaram discutindo alguma coisa que não consegui ouvir por causa do som alto e em sequencia a beijou.

— Beijo? Na... boca? — se fosse outra pessoa que tivesse me contando diria que era mentira.

— Sim. Eu confesso que fiquei esperando ela te bater por ser tão atrevido, mas não foi isso que aconteceu. Kuchiki-san parecia te corresponder. Essa foi a ultima vez que os vi naquela noite.

— Eu não me lembro de nada disso. — passo as mãos nos cabelos os bagunçando. Por que eu beijei a Rukia? Isso não fazia o menor sentido para mim. E eu achando que foi ela quem me agarrou.

— Já cogitou a possibilidade de o que existe entre você e Kuchiki-san seja um sentimento mais forte que amizade? — eu fiquei o fitando esperando ele rir e dizer a qualquer momento que estava brincado, porém isso não aconteceu. O olhar de Ishida sobre o meu era sério.

— Lógico que não, isso é impossível. Rukia é minha amiga. — falo um pouco alto e acabo chamando a atenção dos outros clientes para nossa mesa. Respiro e tento me acalmar. — Amizade é o único sentimento que tenho por Rukia. — falo firme, porém baixo. Não queria mais ninguém olhando para mim naquele bar.

— Se afirma isso com tanta convicção, ok. — ele parecia tão cético ao que disse, mas falei a verdade. Aquela noite só rolou algo comigo e Rukia porque estávamos embriagados. 

— Lógico que sim. — digo irritado, não quero que Ishida fique pensado besteiras.

— E como vai ser agora?

— Prometi ao Byakuya que me casaria com ela. Não foi bem uma promessa, ele me coagiu. Mas minha atitude não seria diferente, para a família Kuchiki seria um escândalo ela ser mãe solteira.

— Acho muito extremo se casar só porque engravidou uma garota. Isso já é passado, hoje em dias tem como os pais terem uma boa convivência e criar seu filho sem precisar destas formalidades. Até porque se casar sem amor nunca vai dar certo, mas em se tratando de vocês, arrisco dizer que vão ser muito felizes.

“se tratando de vocês?” como assim? O que Ishida quis dizer com isso? Acho melhor nem perguntar.

— Não vou deixá-la segurar essa barra sozinha.

— E como Kuchiki-san reagiu a essa novidade?

— Não reagiu.

— Como assim?

— Ela quase não disse nada. Depois que Byakuya foi embora ficou trancada no quarto. Eu até tentei conversar, mas ela não fala muita coisa. Isso me deixa tão confuso porque quero ajudá-la, apoiá-la, mas não sei o que fazer porque não entendo como está se sentindo. Essas situações toda só me mostram que não era tão íntimo de Rukia como imaginava. Eu fico travado ao lado dela e não consigo falar quase nada e nem abraçá-la para tentar consolá-la. É muito frustrante. — me senti idiota em falar para Ishida tudo que sentia, mas por outro lado fiquei aliviado. Foi bom desabafar.

— Tenta ver pelo ponto de vista dela. Kuchiki-san provavelmente teve sua primeira experiência sexual com você e não se lembra. Isso já é motivo para deixá-la surtada. Alguns meses depois descobre que ta gravida, fruto daquela noite. Isso desestabiliza qualquer pessoa. Sei que Kuchiki-san é forte e tal, mas até para ela deve ter sido devastador. Fica perto e mostra que você vai estar ao lado dela para o que precisar e depois que passar o choque ela vai reagir. Agora a única coisa que tem de fazer é dar tempo para ela.

Enquanto Ishida falava eu ficava de boca aberta. Nunca imaginei que ele fosse tão maduro. Seus conselhos foram minha válvula de escape naquele momento tão confuso de minha vida.

Arigatou por me escutar, Ishida. Estava precisando desabafar com alguém senão ficaria maluco.

Aquela foi uma das poucas vezes que me lembro de conversar com meu amigo e não brigarmos.

Continua...

 

 

 


Notas Finais


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