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História De Repente É Amor - Sobre Mudanças.


Escrita por: VitoriaAlex

Capítulo 20 - Sobre Mudanças.


Ponto de vista: Florence Elliott.

3 dias depois...

     Meus dedos digitam, as ideias que povoam minha mente rapidamente, e sem que eu perceba, horas se passam e a madrugada chega, com todo seu silêncio. Era aquilo que eu fazia, para me distrair sem Dake; Escrevia meu artigo.

      Isso era absurdo em níveis catastróficos; Meu namorado havia viajado para o Havaí, somente há algumas horas, e eu já estava sofrendo de abstinência, tentando de toda forma, não pensar no fato de que eu passaria duas longas semanas, sem estar perto dele. Tudo bem, que tivemos uma despedida memorável, mas, isso não compensava o fato, de que tudo poderia mudar em duas semanas...Eu confiava nele, é claro. Mas eram duas semanas, sem mim. E se o Dake caísse na tentação e pegasse alguma peituda?

     Não, Florence. Dake te ama, ele já disse, provou e te fez se sentir amada. Como raios, pode não confiar totalmente nele? Afinal, quando uma pessoa, ama alguém na intensidade que nós nos amamos, a confiança tem que estar incluída no pacote.

   É isso, não vou perder meu final de semana, pensando em coisas que não vão acontecer, que podem acontecer, mas, que não vão. Dake me ama, e esse sempre será o ponto.

                  Mas é o Havaí. Céus! As garotas devem andar nuas pelas praias de lá, e o Dake é homem. Um galinha...Que se consertou por sua causa, Florence. Faço questão de lembrar, para não surtar totalmente.

              Ele vai resistir. Claro que vai!...Céus, Dake não vai resistir, ele vai me trair, e nós vamos brigar, e então eu vou transar com ele, e esse ciclo recomeçará, e então eu vou notar que tomei a pior decisão de minha vida, ao ficar com ele e...Acalme-se, Flore. Dake não vai te trair.

      Para não perder meu controle de vez, pego meu celular, e ligo para ele, mas, o mesmo não atende. É isso, ele deve estar me traindo, nesse mesmo instante. Me convenço disso, mas logo após relaxo, quando noto, que o seu celular deve estar desligado, por ele estar no avião.

      Em todo caso, decido deixar uma mensagem, para que ele ouça depois.

Hey, tudo bem? Você mal foi para o Havaí, e já estou com saudades...Por favor, não me ache patética...Se bem, que, você é que o romântico da nossa relação mesmo, então o patético é você...Okay, isso foi ofensivo...Então, só queria dizer que estou com saudades, e que se você me tr...E que espero, que você esteja também. — disfarço, o que eu realmente queria dizer. Que se baseia na ameaça, de que, se ele me trair, ele vai se ferrar, em sentidos de imagem. Afinal, como sempre digo, sou uma boa jornalista.

           Já ia começar, com mais paranoias, quando um som conhecido, chamou minha atenção; O som da campainha tocando. Conferi a hora, no meu celular, e constatei que eram duas da manhã. Quem raios ia para casa de alguém, a essa hora?

      Me levantei, desconfiada. Não sabia bem o que fazer. Minha tia não estava em casa, ela foi passar a noite na casa de Faraize. Eu estava sozinha, ou seja, abrir a porta, poderia ser perigoso.

       Mesmo assim, movida por uma coragem desconhecida, visto um moletom, para cobrir metade do meu corpo— eu estava usando, um vestido leve, desde que fui levar Dake ao aeroporto, com nossos amigos. — e logo, saio do meu quarto, rumando para a sala.

          Foi com hesitação, que falei o clichê “Quem é?” e  quando obtive a resposta, arregalei os olhos, quando reconheci a voz feminina, por trás da porta de madeira.

    Abri a porta, incrédula e curiosa, e a pessoa do lado de fora, me olhou ofegante.

—Ambre, o que faz aqui? — perguntei previsivelmente. —São duas da manhã. —complemento. Como se aquilo fosse a parte mais estranha disso, o mais estranho era Ambre, estar aqui. Em qualquer horário, isso seria bizarro.

—É o Nath. — ela fala com a voz embargada, e meu senso de preocupação se alarma. — Ele... — a loira, não consegue terminar.

—O que aconteceu? — praticamente berro, e ela engole a seco.

—Ele precisa da sua ajuda. — ela resume, o motivo de estar aqui.

—Onde ele está? — pergunto quase desesperada.

—Naquele quiosque, aqui perto. Chamei um táxi, para virmos. — Ambre diz, tentando limpar suas lágrimas. Seu estado, só me faz pensar, que algo grave aconteceu.

—Ambre, eu realmente quero correr até o Nathaniel agora, mas, estou com medo, do que posso encontrar. Então, peço que me diga logo, porque você está nesse estado. — falo, tentando conter o meu nervosismo.

—Ele está machucado. Muito machucado. — fala, tentando não chorar de novo, então é nesse momento, que as lágrimas, se formam nos meus olhos.

—Okay, vou pegar as chaves do meu carro, e nós vamos levar ele ao hospital. — ela assente rapidamente,e  não demora para que eu tenha o que quero, nas minhas mãos, tranque a casa e vá com ela, até o quiosque, que a essa hora, deve estar fechado.

        O caminho até lá é tortuoso, e eu não impeço que as lágrimas desçam de verdade, quando avisto Nathaniel, ferido, cheio de hematomas e sangue. Seus cabelos, sempre tão arrumados, estavam bagunçados, sua pele perfeita manchada por ferimentos e seus olhos sempre tão brilhantes, estavam foscos.

     Estou assustada, por mim, por Ambre e principalmente por ele. Assustada, pelas suposições que passam por minha cabeça, que poderiam justificar seu estado.

    Me aproximo, e Nath ergue os olhos, em minha direção. Fica nítido, que ela não gosta da minha presença, e aquilo me machuca, mas, não faz com que eu me detenha. Toco em um hematoma no seu queixo, para ver se está muito ruim, e ele geme, pelo incomodo.

—Desculpe. — peço com a voz baixa.          

—Eu não queria que Ambre te chamasse. — ele afirma, com a voz entrecortada.

—Bom, isso não importa. Ela fez bem em me chamar. — digo, tentando não me afetar, com sua indiferença de ultimamente. — Precisamos ir  a um hospital. — decreto. Por hora, não faria perguntas, não pediria por explicações, ou tentaria criar teorias. Só queria que ele ficasse bem, e que aquele aperto em meu coração, por vê-lo tão machucado, passasse. — Ambre, me ajude, precisamos levanta-lo. — peço, e a loira, prontamente, me ajuda a ergue-lo, e sob os protestos de um orgulhoso Nathaniel, damos um jeito de o colocar no banco carona do meu quarto, e logo, Ambre, se acomoda no banco de trás.

        Enquanto dirijo, minhas mãos tremem. As lágrimas, já tinham ido embora, mas, a  vontade de chorar não.    

—Eu não preciso ir para um hospital, só preciso dormir um pouco. — o loiro diz com dificuldades, enquanto sua irmã, mexe-se desconfortável lá atrás.

—Droga Nathaniel. — digo sem me controlar. Eu estava com medo. Com medo, do que poderia ter acontecido, se quem fez aquilo com ele, não tivesse parado por ali. — Eu vou te levar ao hospital, e você vai ficar bem, okay? — tento me controlar.

            Ele não fala nada, e eu não sei se considero aquilo bom, ou péssimo. De qualquer forma, o silêncio não dura muito.

—Como iremos dar entrada no hospital, se nenhum de nós é maior de idade? Precisamos de um responsável, e meus pais estão fora de cogitação. — Ambre fala sem seu tom habitual, de superioridade.

     Como assim, seus pais estavam fora de cogitação?

       Fingi não notar, que uma onda de temor passou pelos olhos de Nath, quando eles foram citados.

         Tento raciocinar, e dar conta daquilo. Normalmente, a primeira pessoa que eu procuraria para resolver uma situação dessas, seria Nathaniel. Mas, agora, era ele que precisava dessa ajuda.

—Pegue meu celular. — peço a Ambre, pois ele está na minha bolsa, que se encontra ao seu lado, no banco de trás. Mesmo confusa, ela faz isso. — Deixe uma mensagem para minha tia, falando por alto, sobre a situação. Ela estará lá no hospital, quando chegarmos. Agatha não deixa ninguém na mão. — dou a instrução, e ainda que esteja hesitante, ela faz isso.

             O caminho até hospital, é angustiante por diversos motivos, primeiro pelo choro baixo da Ambre, no banco de trás, segundo por Nathaniel ao meu lado, soltar resmungos de dor, e terceiro por mim, que só quero abraça-lo e dizer que tudo ficará bem. Quando na verdade, eu não sei o que  ficará bem.

           Por sorte, o hospital é perto da casa de Faraize, porque quando estaciono o carro, minha tia já está  nos esperando. E com ainda mais sorte, está sozinha. Nãos seria legal, que nosso professor encontrasse Nath, naquela situação.

         Explico tudo para Agatha — que estava nervosa, achando que algo tinha acontecido comigo. — e ela logo, nos ajuda. Dando entrada com Nath no hospital.

              O médico pede que esperemos no corredor, enquanto ele o examina, e como é a única adulta por ali, Agatha o acompanha.

        Me sento com Ambre, nas cadeiras de visitas, e permanecemos em silêncio. Os únicos sons ouvidos eram o de passos, e o da TV ligada, em um canal chato.

—Eu sinto muito, por bater na sua porta essa hora, e por te encher com nossos problemas...Mas, você é a melhor amiga do Nathaniel...E eu, não sabia o que fazer. — Ambre, ainda está com a voz embargada quando diz isso.

—Tudo bem. Eu...Não estava assumindo esse papel, nos últimos tempos, mas, fico feliz que alguém ainda acredite nele. — murmuro, brincando com meus próprios dedos.

—Você sabe que ele te ama, certo? — ela me surpreende com aquela pergunta.

—Sei. — falo baixo.

—E você o machuca, não  retribuindo esse sentimento. — mesmo não parecendo ser a intenção dela, aquilo me magoa. —Parece que esse é o fardo do meu irmão; Ser machucado, por aqueles que mais ama. — diz, então baixa a cabeça.

         Penso em perguntar, o que ela quis dizer. Mas, não parece um bom momento.

—Dake ficará bravo, em saber que você está aqui. Cuidando do meu irmão. — ela afirma, de um jeito, que aparenta, que ela se sente culpada por isso. Descarto a possibilidade rapidamente. Afinal, é de Ambre que estamos falando.

—Não me importo. — sou sincera. — Nunca deixaria Nath assim. Nem por Dake. — completo. Notando, o quão estranha era aquela conversa. Eu estava falando com ela, sem lhe achar uma vadia, mentalmente.

—Sabe...Antes do Dake, já estava me acostumando com a ideia, da órfã canadense se tornar minha cunhada. — com essa, ela me surpreende realmente. — Qual é! Você não é tão terrível assim; Você não é feia, e é mais esperta do que qualquer um naquela escola. É isso que Nath gosta em você. O fato de você ser diferente, de todas as outras garotas. Ele passou sua vida, ao redor de mulheres fúteis, que só se importam se as unhas estão bem lixadas e ele conheceu você. Que no fim, é muito melhor que isso. — arregalo os olhos, por aquelas palavras, mas, ela não parece ligar, para seu surto de sinceridade.

              A conversa mais louca de todos os tempos, acaba,quando o médico de Nath se aproxima e nos dá o diagnóstico; Fora aqueles ferimentos, ele havia tido uma lesão em duas de suas costelas. O homem comunicou, que ele ficaria ali o resto da madrugada, por observação e minha tia ajeitou todos os papeis necessários para isso.

          Ambre foi falar com ele, enquanto Agatha e eu, fomos até a lanchonete do hospital.

—O que aconteceu com aquele garoto? Nem ao menos para o médico ele disse. — ela questiona, preocupada de um jeito que nunca vi antes.

—Eu não sei. — respondo sincera. —Tia, seja lá o que aconteceu, Ambre estava lá e viu tudo, ela está abalada. Dê um jeito, de convence-la a ir para casa, com você, a coloque no meu quarto. Ficarei com Nath. — falo, mordendo os lábios.

—Flore... — minha tia, tenta mudar minha decisão.

—Faça isso, por favor. — peço quase suplicante, e ela suspira.

—Tudo bem. — concorda.

       Compro um café para Ambre, e sou surpreendida mais uma vez, quando ela me agradece por ter feito isso. Ela não discute, quando digo o que decidi. A mesma pareca exausta, então logo foi embora com Agatha, aproveitei sua ida, para ir até o quarto de Nathaniel.

       Ele estava deitado na inexpressiva cama, e fitava o teto, como se fosse algo muito interessante.

—Obrigado. — agradece, mesmo sem me olhar.

            Chego perto, e o encaro preocupada.

       Como eu não ficaria? Aquilo estava acontecendo pela segunda vez. A primeira vez, que o vi machucado, foi quando ele não apareceu no evento dos alunos estrangeiros, e em seguida surgiu ferido.

—Quem?... — aquela pergunta é o suficiente, para que ele finalmente me olhe.

—Meu pai. — ofego, e não consigo segurar as lágrimas. Aquilo era terrível, de um modo inacreditável. Como um pai, poderia fazer aquilo com o filho?.

—Começou quando eu tinha uns 15 anos, sempre que algo ia mal, ele descontava em mim. Nunca entendi isso. Essa forma, de me punir por seus fracassos. Minha mãe nunca tomou uma posição sobre isso. Ela tinha medo dele, e Ambre...Estava ocupada demais, em seu mundinho cor de rosa para notar. — ele explica, e parece tão doloroso desabafar.

—Se não quiser... —tento dizer, mas ele me interrompe.

—Eu quero. — afirma, então continua. — No dia do evento, ele foi demitido, e eu fiz algo pequeno; Derrubei um copo, durante o almoço, sem querer; Aquilo o irritou, e juntando toda sua frustração, ele despejou seu ódio em cima de mim, me batendo. — conta, e eu continuo chorando. —Hoje foi a pior de todas. — esclarece, com um sorriso amargo.

—O que aconteceu? — tenho que perguntar.

—Eles saíram para jantar, e eu fui para uma livraria, perto de casa para me distrair. Ambre preferiu ficar em casa. Eles voltaram cedo, e encontraram algo inapropriado; Ambre transando com um cara lá em cima. Quando cheguei em casa, meu pai estava surtando. Tudo bem, que o que ela fez, foi grave, mas, a essa altura, ele gritava como um louco, e o cara já tinha dado o fora de lá. Ambre tremia e se encolhia, era uma visão horrível. Então, ele ergueu a mão para ela, e ela viu quem ele era de verdade. O impedi de fazer o que queria, e assim a  briga começou. As costelas machucadas, se devem ao fato de que ele me empurrou contra os degraus da escada... —fico horrorizada com cada palavra. —Eu não podia deixar, ele fazer aquilo...Apesar de tudo...Ambre é minha irmãzinha. Sempre será. — com instinto de proteção, alcanço sua mão e enlaço nossos dedos.

—Eu não fazia ideia...Que péssima melhor amiga, eu sou. — murmuro chorando, e ele suspira.

—Não tinha como você saber. — ele tenta me tranquilizar.

—Você era meu porto seguro, eu deveria ser o seu. — afirmo, e em resposta a isso, Nath aperta minha mão com força. Mesmo, que  aquele “era” pareça incomoda-lo.

—Está tudo bem. — ele sussurra.

—Não está. Você está machucado. — falo desesperada.

—Os machucados vão sarar. — ele garante.

—Não os daí de dentro. — falo colocando a mão livre, sob seu coração.

—Você tem que ir. — Nath fala com dificuldade.

—Não vou a lugar nenhum. — afirmo convicta. — Vamos resolver essa situação. Juntos. — decreto firme.

—Eu só quero ficar sozinho. — ele fala com um suspiro.

—Mas, você não irá. — garanto, e faço algo que o surpreende. Sem notar, o quão inconveniente e errado aquilo possa soar para o mundo, me deito ao lado dele, na minúscula cama e com cuidado, encosto minha cabeça em seu peitoral.

         Nath tenta resistir, mas, logo está acariciando meus cabelos. Me fazendo suspirar. O mundo poderia entrar em apocalipse,e  ainda sim, os braços dele seriam o lugar mais seguro do mundo.

—Não pode fazer isso. — ele diz, e noto que sua voz está embargada.

—Isso o que? — indago sem entender. Eu estava cansada de o machucar, era um fato. Mas, Céus! Eu era mais egoísta do que qualquer outra pessoa. Porque, apesar da dor que ele ele sentia, eu o queria ali. Eu não podia perde-lo, assim como não podia perder Dake e eu devo estar condenada a um destino muito ruim, dado esse comportamento.

—Não pode me fazer, te amar ainda mais. — Nath fala, quase desesperado.

       Logo me lembro das palavras de Ambre: Parece que esse é o fardo do meu irmão; Ser machucado, por aqueles que mais ama.

[...]

       Quando amanhece completamente, e Nath recebe alta, eu tenho a ajuda de um enfermeiro para o colocar no carro. Acabei pagando a conta do hospital, fato que irritou Nath. No fim, concordei que ele podia me pagar depois.

    Decidi passar em uma cafeteria — ele deveria estar faminto. — antes de leva-lo para onde quer que seja, que ele queira ir. Fazemos nossos pedidos e assim começamos a comer.

—Você vai voltar para casa? — indago hesitante.

            Não estava sabendo lidar, com toda aquela situação. Não conseguia imaginar o quão abalado ele estava, e no momento, parecia que eu não podia fazer nada, para aquele sentimento de dor ir embora.

            Eu estava um caco, literalmente. Passei as últimas horas, velando o sono de Nath, e apesar de não me arrepender disso, saber que o Nath estava machucado, fazia uma parte desconhecida de mim, latejar em um incomodo profundo.

            Como de primeira só obtive seu silêncio, só suspirei, e passei a mão por meu rosto, que com certeza deveria estar horrível, com muitas olheiras. Meus cabelos, estavam presos em um coque bagunçado, e eu sentia meus músculos doloridos, pela noite sem dormir, e por ter-la passado, em um pequeno sofá.

—Não voltarei aquela casa. — ele responde, por fim. —Estive pensando, em alugar um apartamento. Pedir que minha mãe me emancipe. Tem dado certo com Castiel. Dará comigo, também. — comenta, se encolhendo dentro do casaco moletom que ele usava.

            Nunca tinha o visto naqueles trajes.

—Por enquanto, ficarei em um hotel. Tenho um dinheiro guardado. Se Ambre quiser, pode ficar comigo. — completa a informação.

—Okay...Vamos começar a procurar um agora. Pequeno, e que faça seu estilo, podemos tamb... — Nathaniel não deixa que eu acabe.

—Não quero sua ajuda. — fala, sério, e eu engulo a seco. —Obrigado de verdade, pelo que fez por mim, no hospital...Mas, eu preciso de um tempo sozinho, de verdade...Longe de tudo, longe de... — é minha vez de interrompe-lo.

 

—Longe de mim. — afirmo afetada.

—Longe de...Você. — ele concorda, após um tempo.

              Ele não diz mais nada, antes de depositar alguns dólares na mesa, e rumar para a saída.

           Prefiro ficar por ali mesmo, afinal, Ambre ainda podia estar na minha casa, e o que eu menos queria no momento, era uma daquelas conversas estranhas com ela.

                    Meu celular começa a tocar, e eu o tiro da minha bolsa.

                 Era Dake.

     Suspiro, e faço a coisa mais coerente que posso no momento; Desligo o aparelho.

           Era absurdo, como em algumas horas atrás, eu estava criando teorias sobre ele me trair, e querendo falar com ele desesperadamente, e agora...Só queria, por cinco minutos, voltar a ser  a garota antes dele, que achava que o mundo vivia perfeitamente ao redor dela. Em que só ela, parecesse quebrada. Queria estar em um universo, que Nath ainda soasse bem, sem estar comigo. Um universo, em que machuca-lo, não me quebrasse mais do que qualquer coisa. Uma realidade, em que eu pareça uma vadia por sentir...Sentir algo por Nath, no pior momento para isso acontecer.

       Abaixo a cabeça, engolindo as lágrimas que estão por vir.

 —Você está bem? — ergo meus olhos, na direção da voz masculina rouca, e me deparo com um homem muito bonito. Na casa de seus trinta e poucos anos. Os olhos do mesmo, eram azuis de um tom, que eu nunca vi antes. Nem mesmo os de Dake eram assim. Ele tinha os cabelos pretos como a noite e me fitava com atenção.

—Anh...Sim...Sim. — falo mentindo, um pouco envergonhada, por estar o encarando.

—Desculpe por perguntar, é que você não parecia bem. — ele me comunica, e eu tenho vontade  de dizer “Estou péssima na verdade”. Lanço um breve sorriso, como se, para reafirmar minhas palavras, e ele assente. — Você parece familiar. — fala, franzindo as sobrancelhas.

            Ele não estava me cantando, certo?  Ele poderia ser meu pai.

—Devo ter um rosto comum. — digo, incomodada.

—Me desculpe de novo...Mas, da onde você é? — engulo a seco com a pergunta, e ele nota meu desconforto, tanto que complementa. — Digo, você é Australiana? — questiona e eu suspiro.

—Canadense. — digo rápida e ele sorri.

—Deve ser isso, então. Posso já ter te visto por lá. Sou Canadense também. Moro em Vancouver. — ele fala surpreso, com a coincidência e é minha vez de sorrir.

 — Acho que você não deve ter me visto. Vim para cá  com 12 anos, e desde então, não piso no Canadá. — comunico, brincando com meus dedos. Um hábito que eu havia começado.

—Okay...Vou te deixar em paz. — fala, só ficando sem graça agora, por sua abordagem estranha.

     Para me redimir, por meu comportamento hesitante, resolvo perguntar:

—O que está fazendo aqui, na Austrália? — a questão faz ele sorrir.

—Uma matéria. Sou jornalista, e vim conhecer um pouco os aquários daqui. — conta animado, e eu dou um sorriso sincero.

—Que coincidência, estou tentando uma bolsa  para jornalismo, em Harvard. — digo, e ele fica ainda mais surpreso. — A propósito...Sou Florence. — me apresento tarde demais, e ele aperta a mão que eu estendi.

—Logan. — diz de volta.

    Separamos nossas mãos, e ele continua de pé, e mesmo sem entender o motivo, peço que ele se sente.

—Desculpe a intromissão de novo...Mas, por que estava daquele jeito? — não parece curiosidade. Apenas uma preocupação genuína.

—Já machucou alguém que ama de um forma tão profunda, que parece ser errado, ser feliz, enquanto essa pessoa sofre?  — indago, sem me preocupar, com o que ele poderá pensar de mim.

—É a história da minha vida. — fala com um sorriso amargo.

—Ótimo! Isso pode durar uma vida toda.  — debocho e ele suspira.

—Quer um conselho? — questionou e eu assenti. — Não desista de tentar se redimir, por isso. Nunca. — diz sério. —  Perder alguém que ama, porque foi covarde, por não tentar suficiente, é o pior arrependimento que pode ter em sua vida. Porque no fim, a vida não é justa, e as oportunidades de sermos perdoados, acabam antes do que você esperava. — suas palavras não tem muita lógica naquele momento. Mas, algo dentro de mim, alerta que um dia, eu as entenderei.

           Conversamos mais um pouco, até eu decidir ir, e me despedir de Logan. O homem, que eu provavelmente nunca mais veria em minha vida.

         Aceitei conselhos de um desconhecido, o quão mais estranho poderia ficar meu dia?

   Horas. Somente horas, sem Dake, e as coisas já estavam começando a mudar. 



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