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História De Repente É Amor - Um Elogio Vindo De Você.


Escrita por: VitoriaAlex

Capítulo 8 - Um Elogio Vindo De Você.


Ponto de vista:Florence Elliott.

Sinto os pingos de suor em minha testa a medida que meus passos se aceleram em minha corrida matinal pelo calçadão da praia.A adrenalina em meu corpo  faz com que eu corra o máximo que posso.As ondas sonoras da música que eu escuto em meus fones penetram em meu corpo a cada passo.Havia tido um pesadelo horrível e para liberar a maldita sensação ruim que tive,decidi que correr seria minha melhor opção.

              Era mais um daqueles em que a cena dos policiais chegando a minha casa para avisar da morte dos meus pais aparecia em minha mente.

      Paro ofegante,e me encosto em um dos carros do estacionamento próximo a mim,torcendo para que o alarme não toque.Passo a mão por meu rosto,tentando relaxar,mas quando fecho os olhos a cena se repete mais uma vez.

          Volto a correr,decidindo que precisava de mais distração,só que estou tão atordoada que acabo esbarrando alguém no caminho,e quase caio,só não faço isso porque essa pessoa me segura pelo braço.Encaro Castiel e seus olhos me avaliam com intensidade.

—Ei! Tudo bem? —ele questiona devido ao meu estado.Desligo a música que antes tocava e suspiro.

      Me desvencilho dele e procuro olhar para qualquer outra coisa que não seja seu rosto.

—Sim.Só correndo.Sou uma pessoa muito saudável. —tento um sorriso,mas acho que ele saiu extremamente falso.

—Tem certeza?Você não parece bem. —nota com aquele ar de “Eu sei de tudo”.

—Só...São...São pensamentos obscuros que de vez em quando eu tenho...Sabe...Eu sou a órfã Canadense,tenho que honrar o título. —falei,querendo a todo custo tirar aquelas cenas da minha cabeça.

—É...Você está fazendo aquela cara sofredora que faz quando está perto do Nathaniel...No começo achei que era porque o representante é chato,mas agora vejo que não. —ele diz sem a mínima sutileza.

—Agradeço pelo sinceridade. —falo irônica e ele revira os olhos.

               A minha vida está completamente estranha.Num dia eu nem ao menos falo com Dake no outro ele não sai do meu pé.Num dia Castiel nem ao menos olha para mim,e no outro estamos falando sobre meus pensamentos obscuros.Onde está a coerência disso tudo?.

—Já falou com Dake,hoje? —indaga e eu franzo as sobrancelhas.

—São seis e meia da manhã,Dakota deve estar com alguma garota nesse momento...E...Por que eu falaria? —pergunto sem entender.

—Quando você está com ele,ou simplesmente fala dele,a cara de sofredora some.Eu sei que Dake causa um efeito nas garotas,com aquele estilo surfista e todas essas coisas...Mas o efeito que ele causa em você é diferente...Você fala do Dake como se ele fosse um cara normal,com princípios,mesmo sabendo que ele é só um babaca que transa com a primeira que der trela para ele. —eu mentiria se dissesse que as palavras deles não magoaram alguma parte de mim.Pois a verdade foi completamente dolorosa naquele momento.Realmente parecia,que eu estava tentando enxergar em Dake algo que ele não era.

—E você...O que faz por aqui? Eu sei que não mora aqui perto. —pergunto,ignorando sua fala anterior,e ele nota que eu quero mudar de assunto.

—Vim trazer meu cachorro para passear...Ele dever estar por ai,daqui pouco vem até mim. —conta sem dar muita importância a isso.

—Não sabia que você tinha um cachorro. —comento por alto.

—Não sabemos muita coisa um sobre o outro. —fala com aquele expressão fechada de sempre.

—Então...Acho que eu devo ir...Corri demais,acho que está na hora de enfrentar os pensamentos obscuros...Ou tomar uma ducha. —Castiel assente,e eu sigo meu caminho.Não antes de me virar,e ver que o mesmo  ainda continua me encarando.

         Acelero o passo mais uma vez,prestando atenção no percurso dessa vez.Mas me desanimo ao notar que as cenas ainda estão lá.Eu devia superar,devia se tornar fácil com o passar do tempo.Mas o sentimento de dor,ainda continuava lá.Intacto.

                       Quando vejo que correr não está mais funcionando,tiro meus tênis e começo a caminhar pela areia aquecida pelo sol da manhã.Aproveito também para me livrar do  casaco moletom molhado,que já cola no meu corpo,junto com o shorts esportivo,e fico só de maiô.Largo minhas coisas ali mesmo,e continuo andando pela praia.

       Reviro os olhos,quando vejo alguns olhares maliciosos sendo direcionados a mim,pelos garotos presentes na praia.Vou até o quiosque que sempre frequento,e a garota simpática que atende lá,já sabe o que eu quero antes mesmo que eu faça o pedido.Ela sorri para mim,como se pedisse para eu esperar,e eu aceno como se disse que tudo bem.

           Passo a observar as poucas pessoas que estão na praia a essa hora da manhã e meus olhos se focam num pequeno grupo de garotas reunida próximas ao mar.Caminho mais um pouco para ver o que elas tanto olhavam e um breve sorriso se forma em meu rosto,quando noto que o objeto da atenção delas era Dake;O West fazia várias manobras em sua prancha,enquanto exibia seu corpo musculoso,e as tatuagens tribais espalhadas por ele.

                 Notei que mesmo sabendo que ele as tinha,eu nunca as havia visto por completo e elas eram...Sexys.Acho que meu rosto ficou vermelho,pela forma como eu o encarava.Qual é a droga do meu problema?

         A garçonete chama a minha atenção,e me entrega o sanduíche natural de sempre,a pago com o dinheiro que eu tirei do meu shorts,e ela agradece.Cometo o erro de olhar novamente na direção de Dake,e em consequência disso ele me vê e me lança um daqueles estúpidos sorrisos dele.

             Dake sai da água e é seguido com o olhar pelas garotas.Dou uma mordida generosa no meu sanduíche para disfarçar o fato de que eu estava secando ele e desvio meus olhos.

—Não adianta fingir Flore,eu sei que você estava observando essa bela vista. —fala quando está próximo o suficiente,se referindo a ele mesmo.

—Nos seus sonhos,West. —respondo rápida.

          Dake está prestes a me falar alguma coisa,então seus olhos se focam em meu corpo.O maiô revela partes da minha pele que ele nunca viu e isso o deixa desconcertado.Espera...O Dake desconcertado?.

—Achei que depois de ontem você iria agir diferente comigo. —comenta focando em meu rosto.

           Refaço todos os acontecimentos de sexta em busca de um motivo que me faria agir diferente com ele,mas não tenho sucesso em achar um.

—Por que eu faria isso? —pergunto por fim,sem entende-lo.

—Você disse que estava tentando não gostar de mim,mas eu estava dificultando isso. —me relembra e eu mordo os lábios.

          Era isso então.Droga!

—Talvez eu estivesse sendo sincera...E você não tem culpa de eu não controlar o que eu sinto...Ou na verdade tem...Mas dane-se. —fui atrevida ao admitir isso.

—Você ainda vai me deixar louco,Florence Elliott. —Dake afirmou sério.

—Isso se você não me deixar primeiro,Dakota West. —murmuro e pelo canto do olho vejo que as meninas me fuzilavam com o olhar por estar conversando com ele. —Suas amiguinhas não estão gostando nada da nossa proximidade...Na verdade elas parecem bem irritadas. —falo com deboche.

—Então vamos irritar elas ainda mais. —antes que eu perguntasse o que ele iria fazer,Dake puxou meu braço com delicadeza  e num ato rápido,deu uma mordida generosa no sanduíche que estava em minhas mãos.O encaro estática,porque  com somente aquele movimento,Dakota me fez ficar completamente corada.Ele estava ali,mordiscando aquele lanche,enquanto seus cabelos loiros brilhantes colavam em sua pele molhada.Eu era uma garota com hormônios caramba.Eu ficava quente com aquilo.

        Se antes as garotas me fuzilavam com o olhar,agora elas deveriam querer cravar facas em mim.Dake se afasta com um sorriso displicente nos lábios,e mastiga o sanduíche lentamente.

—Você é um idiota,Dake. —acuso,tentando a todo custo não sorrir também.

—Estou começando a achar que vindo de você isso é um elogio. —o West comenta.

         Encaro seus olhos claros e sinto um arrepio percorrer minha espinha.

—É um elogio. —admito e por fim deixo o sorriso transparecer.

—Então...Que horas eu vou te buscar para o jogo de hoje a noite? —pergunta ainda sorrindo.Penso em retrucar dizendo que não quero sua carona ou algo do tipo.Mas eu mentiria.Porque eu quero.

—Eu irei te encontrar. —falo sem dar detalhes,e ele simplesmente assente.

              Vejo que as garotas ainda nos observavam e penso que não teria mal algum se eu finalizasse a cena de um jeito dramático.Dou dois passos para frente,surpreendo Dake,e colo meus lábios em sua bochecha esquerda de forma longa.

—Só agradecendo antecipadamente pela carona. —conto em um sussurro,e após isso vou até onde deixei minhas coisas,e as pego,pronta para voltar para casa.

                   Quando fecho a porta me encosto na superfície de madeira,passo a mão por meus lábios,e suspiro.Assustada por notar que o que Castiel disse era verdade;Só precisei ficar alguns minutos na presença de Dake,para que os pesadelos sumissem,e eu virasse outra pessoa,que se dá o direito de relaxar e sorrir.

            Eu estava me deixando levar pelo efeito que Dake me causa,e só os céus sabiam o quão prejudicada eu poderia sair disso.

[...]

       Como não sou lá a pessoa mais vaidosa do mundo,quando a noite chega e eu por fim tenho que abandonar meus afazeres de nerd —adiantar todos os artigos da semana,fazer as tarefas escolares que faltavam e coisas do tipo —coloco a primeira roupa que cato no armário,e prendo meus cabelos num rabo de cavalo básico,afim de estar ao menos apresentável para o jogo de hoje.

           Pego minha câmera e a enfio dentro da minha bolsa,enquanto desajeitadamente tento passar um gloss nos lábios com a mão livre.Péssima escolha.Aquele tipo de produto realmente não combinava com a minha praticidade,por isso segundos depois de coloca-lo,o tirei com um lenço umedecido.

           Me despeço de Booh com um afago em seus pelos,e saio do meu quarto sem me dar ao trabalho de fecha-lo,afinal minha tia respeitava a minha privacidade.

           Falando nela,a encontro toda embonecada tirando uma travessa do forno.Faraize provavelmente viria para cá hoje e eles teriam um daqueles jantares românticos —levando em conta que meu adorável professor de história,nunca aparecia nos jogos —.Fiz uma nota mental de tentar ficar o máximo possível no jogo,para não arriscar chegar e pegar eles fazendo algo que seria constrangedor para mim e Faraize,mas não para a minha tia.

—Tia,estou indo para o jogo,o dever me chama. —comunico,assim que alcanço minhas chaves no balcão da cozinha.

—Faça tudo o que eu faria. —ela aconselha com um sorriso maroto.

—O que? Ficar bêbada e fazer um streep nas arquibancadas? —indago arqueando uma sobrancelha em divertimento.

—Oh querida,você me conhece tão bem. —brinca e em resposta lhe presenteio com um beijo no rosto. — Apenas se divirta. —ela pede em tom carinhoso.

—Darei o meu melhor para isso.— garanto e após mais um sorriso,finalmente alcanço a porta.

         Caminho distraidamente pela praia,indo em direção ao local que Dake me comunicou que estaria,por meio de uma mensagem e por um momento paro para observar o céu e noto o quão brilhante ele está.Fico tão fascinada com a beleza dele,que nem noto a presença de alguém ao meu lado.

—Dizem que quem olha desse jeito para o céu é porque está apaixonado. —nem mesmo a voz do West faz com que eu pare de prestar atenção na graciosidade daquela noite.

—Talvez eu esteja me apaixonando... —falo por alto,deixando um sorriso transparece em meu rosto.

—Por quem? —a voz de Dake soa completamente estranha quando me pergunta isso.

—Pela vida. —digo e por fim o encaro.   — Desde a morte dos meus pais eu só conseguia ver as coisas em um tom cinza...Tudo era vazio para mim...Mas agora,eu estou começando a ver as cores;Um azul tão cristalino que me acalma.Um dourado tão reluzente que me petrifica...Ainda há as partes negras,mas essas não são tão assustadoras quanto as antigas. —algo em meu discurso faz com que o West me fite com intensidade e perdure o olhar por muito tempo.

             A situação estava começando a ficar constrangedora,então desvio meu olhar do dele e encaro o mar a nossa frente que parecia extremamente interessante no momento.

—É...O que faz aqui? Achei que fosse me esperar no calçadão. —mudo de assunto,querendo que o anterior fosse totalmente ignorado.

—Você estava demorando...Achei que houvesse acontecido algo e vim te buscar. —conta com um meio sorriso.

—No entanto eu tenho certeza de que não estou atrasada. —falo convicta.

—Talvez eu estivesse apenas ansioso. —comenta com um ar cínico.

—Por um jogo que acontece quase todos os sábados? Improvável. —digo irônica.

—Estava ansioso pela sua companhia,não pelo evento em si. —sua resposta me faz rir com escárnio.

—Isso funciona com as outras garotas? Digo,elas realmente caem quando você diz essas meias palavras baratas? —pergunto curiosa.

—Na maioria das vezes eu não preciso falar nada...Um sorriso e elas já caem meus pés. —comunica sem a miníma humildade.

—Imagino. —lembrando-me de hoje mais cedo quando ele sorriu para mim,todo molhado e completamente atrativo.Engulo a seco com o rumo dos meus pensamentos,e luto para não corar.

—Imagina? Então anda suspirando pelos cantos por causa do meu sorriso? —ele não perde a oportunidade de debochar do meu momento de fraqueza e isso é o suficiente para que eu volte a mim.

—Você já me lançou milhares desses sorrisos,e eu ainda estou aqui.De pé.Sem ceder aos seus notáveis encantos. —debocho e então finalmente paro para observar a forma que Dake estava vestido naquela noite;a camisa branca básica marcava perfeitamente seus músculos torneados pelo surf,e deixava a mostra algumas partes de sua tatuagem,a calça jeans escura contrastava com o tons de seus cabelos,e os all star surrado dava um charme ao seu visual.Como raios alguém vestido tão basicamente poderia soar tão perfeitamente como um modelo da Calvin Klein?E sem contar o perfume,a fragrância deliciosa amadeirada se impregnava em meus sentidos,tanto quanto a areia da praia se impregnava em lugares incômodos durante um longo período...

  Que tipo de comparação era aquela?

—Você precisa mesmo colocar um perfume francês para ir a um jogo de basquete? —me vejo perguntando aquilo e notando que me entreguei quando fiz isso.Pois a questão dava a entender que eu havia notado seu perfume.

—Nunca se sabe com quem vai acabar a noite. —fala com aquele ar de babaca conquistador. —Você ao contrário de mim não colocou o minimo esforço para terminar a noite com alguém. —fala ao notar meu visual super casual,e meu bom senso de usar um perfume do dia a dia ao ir para um jogo qualquer.

—Sou Florence Elliott,nem mesmo se eu me banhasse em frascos de Victoria Secret's eu conseguiria terminar a noite com alguém. —falo o obvio,sabendo que em todo caso,eu não faria isso.

—Vai por mim Florence,você não precisa de frascos de perfume.Seu cheio natural já é atraente o suficiente. —e após essa frase impactante,Dake me deixa para trás e começa um percurso em direção ao seu carro.

              O que porcaria Dakota West está fazendo comigo?

           O sigo,mesmo meu orgulho e senso de sobrevivência dizendo para não fazer isso,e após alguns minutos,me encontro de frente para o carro de Dake.O dono deste por sua vez,é educado ao abrir a porta do carona para mim.Entro no carro me sentindo desconfortável,a medida que Dake dá a volta no veículo e se acomoda em seu lugar.

—Com quantas garotas você já transou no banco que eu estou sentada? —indago sem conseguir me conter,enquanto coloco o cinto.De repente sinto um nojo palpável do assento,quando penso em quantos corpos já estiveram suados fazendo coisas inapropriadas nele.

—Nenhuma. —responde indiferente,enquanto também coloca seu cinto,o olho com descrença e ele me encara,antes de lançar um sorriso sádico. —Eu transo com elas no banco de trás. —conta e eu arfo um pouco com sua sinceridade.Eu pensava que ele ao menos tentaria me fazer pensar que ele era menos cretino do que realmente é.

—Isso é reconfortante. —afirmo com ironia,enquanto viro meu rosto para a janela,e observo as pessoas do lado de fora passarem por minha vista rapidamente,a medida que Dake acelera o carro pela rodovia.

               O silêncio se faz presente,e para corta-lo Dake liga o som do carro,deixando tocar um música romântica antiga.Encaro o West e noto que o mesmo está estranho.Nada de piadinhas ou provocações pelo caminho?

—O que há com você? —questiono.

—Nada. —responde num tom neutro.

—Eu não vou perguntar outra vez. —aviso de um jeito sério e ele suspira.

—É só que eu sempre ia a esses jogos com Castiel...É claro que eu acabava na cama de uma garota qualquer...Mas era algo que fazíamos juntos...Ele é algo como meu melhor amigo,e eu ferrei com tudo e agora ele me odeia. —suas palavras causam uma estranha comoção em mim.

—Ele não te odeia. —falo no mesmo instante.

—Como tem tanta certeza disso? —pergunta quando paramos em um sinal vermelho.

—É impossível te odiar. —minha confissão faz com que ele me encare surpreso. —Se fosse possível eu te odiaria,e por motivos que nem eu mesmo compreendo.Só sei que as coisas seriam menos confusas para mim se só por um momento eu o visse como você realmente é;um cara que gosta de garotas fáceis e festas agitadas. —o que eu falo deixa,Dake,estático por um instante.

—Acredite...Também seria bem mais fácil para mim se você me odiasse. —diz quando volta a si e o sinal se torna verde.

—Não seria não...Porque você se importa comigo...Mais do que considera certo admitir. —digo com sinceridade.

—Eu queria dizer que você está errada...Mas você sabe que não está. —após isso o silêncio se torna mais uma vez algo apropriado.Mas eu obviamente não estou disposta a mante-lo.Então usando a tática de mudar de assunto mais uma vez,digo:

—Posso te perguntar uma coisa? —ele simplesmente assente,mesmo que temeroso. —Na manhã do dia em que eu te salvei do brutamontes no supermercado,eu te encontrei levando um sermão da diretora,enquanto estava procurando por Faraize...Você estava sendo repreendido por ter levado bebidas alcoólicas na escola. —relembro e ele parece aliviado por o assunto se tratar disso.

—Sim...Eu realmente fui repreendido por isso. —conta indiferente.

 —Você não bebe,Dake. —minha afirmação faz com que mais uma vez ele se surpreenda. —Você odeia álcool tanto quanto eu odeio aquele olhar de pena que as pessoas lançam para mim quando descobrem que meus pais morreram quando eu tinha somente doze anos...Então por que levaria bebidas a escola? —ele nem ao menos pergunta como descobri isso.Ele sabe que eu tenho um dom jornalistico.

—Eram do Castiel...Ele não estava em um bom dia por isso levou a bebida para a escola,algum babaca calouro o deletou. Castiel está com mais advertências do que se pode contar,assumi a culpa para livra-lo disso. —eu já suspeitava do motivo,mas a certeza deixava tudo mais claro.

—Tenho certeza que Castiel levará isso em conta quando repensar se ainda deve seguir te ignorando. —o tranquilizo pois me sinto no dever de faze-lo.

             O caminho se segue com assuntos mais amenos e de rotina.Sem mais momentos de declarações surpreendentes ou perguntas com respostas obvias.

           Quando chegamos a escola,quase me arrependo da decisão de vir;O lugar estava completamente e irritantemente cheio de pessoas:Alunos discutindo com os rivais da equipe adversária.Outros de frente para as barracas improvisadas,escolhendo seus possíveis lanches.Algumas meninas flertando com caras sarados.Enfim,tudo o que eu sempre quis evitar.

—Que tal você me levar de volta para casa? Passo uma semana sem retrucar suas provocações. —ofereço tentando fazer a carinha do gato de botas.

—Apesar da proposta ser altamente tentadora,não!...Lembre-se que está fazendo isso pelo seu artigo,Flore...Sua chance de ir para Harvard. —seu argumento não faz com que eu me sinta mais incentivada e ele nota —O que foi? —pergunta me avaliando.

—Você...Sabe por que ir para Harvard é tão importante para mim? —pergunto,tendo a vontade súbita de lhe contar isso.

—Porque seu sonho é ser uma jornalista renomada e Harvard é um dos melhores caminhos para isso? —indaga hesitante.

—Eu descobri que queria ir para Harvard quando era só uma criança,meus pais ainda eram vivos e ele ficaram felizes com meu sonho.Eles costumavam dizer que sonhos são como o ar que respiramos;Essenciais e vitais.Eu preciso realizar esse sonho,porque é um sonho que tive com eles,e realiza-lo significa honrar um pouco da garota que eu era antes da morte deles. —conto com a voz afetada.

—Você nunca fala dos seus pais. —Dake comenta sério.

—Eu não consigo. —afirmo.

—No entanto está falando comigo sobre eles. —nota me encarando.

—É...Talvez isso deva significa alguma coisa. —murmuro,encostando minha cabeça na janela do carro parado.

        Ouço o suspiro de Dake.

—Se você quiser realmente que eu te leve de volta para casa,eu farei isso.Mas se minha opinião valer alguma coisa para você;eu diria que você tem que enfrentar esse medo de ser feliz,e só agir como a adolescente prestes a cometer mil erros que você deveria ser.  —Dakota praticamente sussurra isso.

          Assinto e com um suspiro resignado tiro meu cinto e salto do carro.Dake me lança um sorriso,antes de fazer o mesmo,e se posicionar ao meu lado.

—Ela importa. —afirmo e ele me olha sem entender. —Sua opinião....Ela importa. —admito e Dake não diz nada quanto a isso.Mas uma parte de mim aposta que ele gostou do que ouviu.

         Pego a câmera de dentro da bolsa e posiciono o equipamento em minhas mãos num angulo bom,antes de começar a fotografar os bastidores do jogo.Pego detalhes mínimos que para as outras pessoas poderiam parecer desinteressantes,mas que para mim eram essenciais.Pelo canto do olho,observo Dake me olhando enquanto fotografo e isso estranhamente me faz sorrir.

          Com uma ideia em mente,giro a câmera em sua direção e capturo um momento de distração seu.Quando ele me pega no flagra revira os olhos para mim,antes de fazer uma pose presunçosa,que eu prontamente registro.

        Ignorando todas as pessoas ao nosso redor,Dake faz uma careta ridícula para a foto me fazendo gargalhar avidamente,e quando ele me ouve rir ele simplesmente sorri.E céus por que ele tinha que ser tão lindo e ter um sorriso tão harmonioso com sua beleza?

                 Passo o cordão da câmera por meu pescoço,quando Dake me chama com um aceno em direção ao carrinho de sorvete,onde ele pede um para cada um de nós.

—Por que você não joga no time? —indago curiosa.E ele simplesmente dá de ombros.

—Tenho inúmeros talentos...Mas basquete não é um deles. —fala presunçoso.

—Idiota. —falo amavelmente.

—Só com você. —diz de volta.

—Seria ótima para a humanidade se isso fosse verdade;Mas você é idiota com todo mundo. —acuso com deboche.

           Em resposta a isso,Dake pega seu sorvete recém entregado e suja a ponta do meu nariz com a calda de chocolate.Me fazendo encara-lo incrédula.

—Você é ridículo. —digo totalmente indignada,pegando um guardanapo no carrinho e limpando meu rosto.

—Você está linda. —Dake me diz,olhando fixamente para o meu rosto.

—O que? —indago confusa.

—Agora.Você está completamente linda com essa expressão de que quer me esganar ao meu tempo que quer rir da situação. —afirma e eu o olho e sem resistir lhe lanço um sorriso.

     Então para minha mais completa surpresa,sem parecer ter noção dos seus atos uma mão de Dake acaricia meu rosto delicadamente,sinto meu coração acelerar a medida que seus dedos quentes tocam minha pele,e uma parte insana do meu ser anseia que ele se aproxime mais,e com seus olhos ele demonstra que também quer isso.

             Só que nosso momento de loucura acaba,quando os autos falantes tocam atrás de nós anunciando o começo do jogo.Dake se afasta para meu alivio e...Desgosto,e assim desviamos o olhar um do outro,querendo ignorar a situação anterior.

—Eu devia começar a fazer meu trabalho. —falo voltando ao modo “Florence acuada”.

—E eu devia honrar minha palavra de te ajudar com o artigo,e te falar sobre como os jogos de basquete funcionam para os populares. —Após isso ele realmente começou a falar sobre o assunto.Dake falava detalhadamente e eu quis de verdade me focar em tudo que ele disse,mas era difícil levando em conta que minutos atrás eu estava a ponto de fazer uma coisa muito —leiam bem —muito errada com ele.De qualquer forma,depois eu poderia tirar as mesmas informações deles sem que o mesmo percebesse,afinal,modéstia a parte, eu era uma boa jornalista.

               Dake me ajudou a passar pela multidão quando entramos na quadra e eu agradeci com o olhar.Sentamos em uns lugares vagos na arquibancada alta e eu me foquei somente no jogo,sobre qual eu faria uma matéria.E Tentei ignorar o loiro ao meu lado com todas minhas forças.

            Dado certo momento me surpreendi quando meu olhar encontrou o de Nathaniel;ele não costumava vir a esses jogos.Nath olhava para Dake e eu com um olhar afetado e mesmo não estando fazer nada errado me senti extremamente culpada.

                     Os últimos minutos do jogo foram tensos,mas com seu talento Dajan fez a cesta que deu a vitória a escola Sweet Amoris.A torcida de desmanchou em gritos,aplausos e assobios.Dake ao meu lado encarava o time com orgulho,enquanto eu apenas sorria.Apesar dos pesares;não havia sido assim tão difícil tentar ficar leve com tudo aquilo.

           Guardei minha câmera quando notei que já tinha material suficiente. —havia tirado várias fotos ao longo do jogo,inclusive das irritantes líderes de torcidas. —e me vi pronta para ir embora.Dake,que caminhava ao meu lado,silencioso,parou no lugar,quando nos aproximamos do grupo em que Castiel instruía para ir comemorar a vitoria em sua casa.

             O olhares dos dois se encontraram e Dake engoliu a seco,enquanto Castiel passava a me encarar,parecendo estar numa guerra interna,por fim ele voltou a olhar para Dake.

—Ei cara...A galera vai se reunir na minha casa para comemorar a vitória,você deveria ir. —era aquilo.Eu sabia que não poderia esperar uma reconciliação com palavras bonitas e momentos emocionantes vindo daqueles dois.

—É...seria ótimo. —falou sem saber como reagir. —Mas...Eu acho que não posso;eu trouxe  a Flore... —antes que ele terminasse de falar,Castiel o interrompeu.

—A loirinha dos discursos está convidada também.Na verdade ela é meio que uma convidada de honra.  — sorri com suas palavras,e Dake franziu o cenho,mas deixou isso para lá,depois me questionaria  sobre isso provavelmente.

—Na verdade eu acho que a Flore não hesitará antes de aceitar o convite...Afinal você é o Castiel. —Dake disse divertido e eu arregalei os olhos ao notar que Dake ainda se lembrava daquela conversa.

—Simplifique,Dake. —o ruivo pediu entendiado.

—Florence tem uma queda por você. —simplificou direto e Castiel olhou para mim surpreso,enquanto eu me se segurava para não rir.

—Não é bem assim...Isso é só uma coisa que a cabecinha fantasiosa de Dakota West supôs...Você não é meu tipo. —esclareci,mesmo que no fundo não soubesse se eu tinha um tipo.

—Que pena...Você até que se encaixaria no meu tipo. —Castiel disse provocador,e Dake riu achando que ele estava brincando,então notou que o ruivo estava com aquele sorriso que usava para tentar seduzir alguém.

—Nós não vamos a festa. —decretou sério.

—Eu não vou a festa. — corrigi surpreendo os dois.  —Olha...Eu agradeço o convite e tudo mais...Só que...Eu já enfrentei todos os limites que podia hoje,ao decidir vir a esse jogo. —fui sincera ao admitir.

—Eu não preciso ir a essa festa. —Dake disse me olhando.

—Mas você quer...Dake,vai lá,se divirta com seus amigos e seja o Dakota West que todos os populares admiram. —o encorajei.

—Flore,eu não vou a essa festa.Você veio comigo,como vai voltar para casa? —indagou com um instinto protetor.

—Eu não sou nenhuma modelo da Victoria Secret's mas tenho total capacidade de arrumar uma carona com alguém usando minha simpatia. —brinquei e ao ver que Dake não que  se convenceu,revirei os olhos. —Eu vou com o Faraize,ele adora bancar uma pose de responsável comigo. —falei a primeira pessoa que veio em mente,mesmo que soubesse que ele não estava lá.Bom...Dake não sabia.

—Tudo bem mesmo se eu for? —perguntou para ter certeza.

—Sim. —respondi.

—Você responderia “sim” mesmo se não tivesse certeza. —Dake afirmou.

—É verdade. —me rendi.

—Sério ,você... —antes que ele terminasse, o interrompi.

—Apenas vá. —pedi.

             Observei Dake seguir seus amigos e me despedi dele e de Castiel com o olhar,suspirando profundamente quando eles adentraram aos carros caros deles.Ótimo Flore,com a sua atitude benevolente você acabou de perder seu único meio de voltar para casa.

            Pensei em ligar para minha tia e pedir para ela vir me buscar,mas me lembrei que ela estava jantando com Faraize e eu não queria atrapalhar o momento deles.Pensei em pedir carona a Melody,mas haviam grande possibilidades dela me matar no caminho e esconder meu corpo e por fim só uma pessoa restou:Nathaniel.

       Cacei o representante com meus olhos de águia e o encontrei num canto afastado de toda multidão,sentado debaixo de uma árvore do pátio,parecendo bastante reflexivo.

—Qual são probabilidades de você me odiar no momento e se negar de primeira a me dar uma carona? —indaguei hesitante,antes de me sentar ao seu lado.

           A situação entre nós ainda estava estranha;e por estranha quero dizer que estava caminhando em direção a um abismo certo.E eu temia isso mas do que podia descrever.

—Achei que tivesse vindo com Dake. —falou um pouco seco.

—Eu vim...Dake é meu vizinho e... —ele não deixou com que eu terminasse.

—Não precisa inventar desculpas do tipo:Meu carro quebrou,ou de que você estão preservando o meio ambiente vindo em um único carro. —ele é mais do que rude quando diz isso.

—Eu não ia inventar desculpar,eu ia dizer que Dake é meu vizinho e também é meu amigo. —admiti algo que parecia irreal demais afirmar antes.

—Dakota West não é o tipo de cara que tem amigas...Ele tem outra coisa. —retruca.

—Eu sei! Mas ele é meu amigo...Assim como você é. —digo.

—Eu te vejo com outros olhos,Florence e ele também.Então a palavra “amigos” perde totalmente o efeito diante disso. —Nathaniel afirma.

—Okay! Eu entendi:Nada de carona. —falo me levantando um pouco frustrada pelo rumo da conversa.

—Você sabe que eu te daria a carona mesmo se tivesse tão irado com você a ponto de querer te esganar. —quase ri de seu comentário amargo e cheio de escárnio.

                Ao entrar no carro de Nathaniel me sinto tão —ou mais —desconfortável do que estava quando entrei no de Dake.Mas eram por motivos diferentes;com Dake me senti assim por não querer imaginar as pornografias que ocorreram em seu carro,já nesse caso era mais por Nathaniel estar tão decepcionado comigo a ponto de não falar comigo por todo o caminho.

            O silêncio com ele era perturbador. Com Dake era irritante sim,mas isso se devia ao fato de eu sentir falta de suas provocações rotineiras e com Nath era algo do tipo:Ei eu gosto de você,e você encontrou diversas maneiras de ser indiferente a isso.

          Espera...Quando eu comecei a comparar Dake e Nath? Oh céus!.

      Quando Nath estacionou em frente a praia esperei que esse silêncio continuasse enquanto eu saia do carro mas isso não aconteceu,antes que eu abrisse a porta,Nath agarrou meu braço e com o olhar me pediu para ficar.

—Eu tentei de todas as formas não me machucar com o fato de que você não sente o mesmo por mim:Mas eu não consigo agir como se isso não me doesse...E agora...Você e o babaca do West,você parece ter algo com ele,Flore...E eu só me pergunto o que ele fez que eu não fiz? Qual é! Aquele cara é um tipo de incerteza que você foge como o diabo foge da cruz. —as palavras dele me fazem olha-lo.

—Eu não posso retribuir seus sentimentos Nath...E eu estou cansada de repetir isso:Se te dói tanto estar próximo a mim e não estar comigo dessa forma,eu entenderei se quiser se afastar,mesmo que isso me doa profundamente. —falo sentindo meus olhos marejarem.

—Só me deixe fazer com que você mude de opinião...Me deixe tentar algo. —pede e antes mesmo que eu conceda a permissão,as mãos dele seguram meu rosto e meu estomago dá um nó quanto noto o que ele quer fazer.

             Olho nos olhos dele e tento mostrar ali que ele não deve fazer isso;Não quero dizer com palavras.Mas minha súplica não adianta.

             Então mais uma vez a comparação é feita;Quando Dake me tocou daquele jeito eu senti uma desesperadora vontade de o tocar também.Mas ali com Nath eu só tinha medo;Medo porque eu não queria que ele estragasse aquele momento tão importante para mim.

        —Não faça isso...Não me faça pedir para você se afastar...Não me machuque com essa atitude. —imploro chorando,e vejo que os olhos deles também estão molhados.Então para meu conforto,Nath apenas me puxa para seus braços,me aconchegando lá,enquanto nós dois choramos por nossas tragédias.



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