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História Dead Roses - A Serenade for the Dead Roses - Part 2


Escrita por: minklyestaoff

Notas do Autor


Olá, povo lindo, tudo bem?! Primeiramente quero agradecer novamente a applepi pela fanart MARAVILHOSA do Yuuri "Dead Roses", cuja única forma de agradecimento que consegui achar foi transformá-la em capa. Eu nem tenho palavras para expressar tamanho agradecimento e apoio de todos vocês, novamente, vocês são demais (e eu vou responder os comentários que vcs deixaram com calma no celula e estou invertendo as ordens, pois tenho que desligar o PC, porque ele fica no quarto da minha avó. Por causa disso, também vou adicionar as músicas da depois).
E infelizmente, tenho um recado nada legal para dar: este é o penúltimo capítulo dessa ;_________;

Recadinhos dados e boa leitura ^^

Capítulo 13 - A Serenade for the Dead Roses - Part 2


Lalisa Manoban estava de volta a “Hipócrita Mother Rússia”, como a cantora costumava chamar o país. Tinha péssimas lembranças dele, não pelas vezes que foi visitar que foi para prestigiar algum show do Royz, na época em que namorava o baixista da banda, Kuina, ou as competições de Yuzuru Hanyu na época em que namoravam, ou até mesmo shows no país quando lançou seu primeiro projeto solo. Mas sim pelo Governo Russo ter negado o visto de trabalho para uma das integrantes, Jisoo, por ela ser lésbica e em protesto, a agência cancelou todas as apresentações do grupo no país. Ela ainda teve que mentir, utilizando uma falsa virose da integrante barrada como desculpa, para evitar que ocorrido virasse uma enorme briga diplomática entre os dois países.

Além disso, o Governo e a Máfia Russa não tinham nem um pouco de simpatia por Lisa, pois ela era feminista liberal e pró-direitos LGBT assumida, porém Lalisa desfrutava de algo chamado privilégio da heteronormativa por ser heterossexual. Todas as vezes que entrou no país, seja para trabalho, para visitar ex-namorado ou como turista, era só ela não “fazer propaganda feminista e gayzista” que estava tudo certo e o conjunto de todos esses fatores somados aos depoimentos de Viktor e Yuri, na época em que viviam em suas terras natais, reforçavam ainda mais seu “amor” a este aspecto específico da “Mother Russia”. Ainda eram vivas na mente da cantora também as lembranças do choro e sentimento de culpa de Jisoo pelo ocorrido, mesmo ela não tendo culpa, de fato.

Ao chegar em São Petersburgo, conforme o pedido de Minami, Lalisa foi recebida pela amiga de Viktor, Mila Babicheva e uma amiga de profissão do rapaz, a renomada tatuadora sul-africana Akilah Kuhne. Elas sabiam perfeitamente como Lisa estava disfarçada, tanto que nem precisaram de muitas formalidades, a dor não permitia isso: acolheram o choro desesperado da mulher através de um forte abraço nela e nas próprias lágrimas. Na verdade, Lisa queria era poder ter condições de consolar Mila, afinal a fotógrafa jornalística era a melhor amiga de Viktor, porém estava dolorida demais pelo próprio recém-luto.

Depois os outros dois amigos tatuadores de Minami, o famoso tatuador japonês Uta Shinomiya e o renomado tatuador maori Irirangi Raawinia, mais outro amigo de Viktor, o fotógrafo de uma importante revista LGBT suíça, Christophé “Chris” Giacometti foram dar as condolências para Lisa.

Após uma conversa breve, eles saíram do aeroporto e levaram a cantora para jantar, conhecer vários pontos turísticos de São Petersburgo à noite, tentando de alguma forma amortecer a dor da perda de Viktor, principalmente Mila, Chris e a própria Lisa, porém era difícil. Tanto que logo após o “minitour”, todos foram dormir.

No dia seguinte, todos preferiram ficar mais dentro do hotel, concentrados em criar um ambiente bom para tentar superar a dor: jogavam cartas, compartilhavam lembranças, algumas risadas e revelações. Através de Mila e Chris, a cantora e os tatuadores souberam de histórias felizes e também tristes de Viktor Nikiforov que ele não contava para ninguém. Além de relembrar conversas onde o falecido fotógrafo falou das lutas enfrentadas até chegar onde chegou:

— Eu sabia que o Viktor passou por poucas e boas até finalmente ser reconhecido profissionalmente, mas essa do cabelo, eu realmente não sabia… — disse uma Akilah em lágrimas, chocada pelo fato de Nikiforov ter cortado o cabelo, nos tempos de estágio de competições de mergulho, por falta de dinheiro. Naquela época de grana curtíssima, ou ele gastava o dinheiro para manter os longos fios saudáveis, devido a intensa exposição à água do mar e ao cloro das piscinas, ou era gastar dinheiro para fazer compras no supermercado. Entretanto, a mulher compreendia as dificuldades do falecido, pois ela própria também já passou por muitas dificuldades financeiras no passado até conseguir se estabilizar como tatuadora.

— Eu me lembro que no dia em que eu soube disso, eu quis matar o Vik. A gente tinha o mesmo tipo de cabelo, graças a deus vim de uma família com condições para manter meus estudos em Tóquio. Eu compraria quantos protetores solares para cabelos loiros, xampus anti resíduos, xampus especiais para nadadores, condicionadores específicos contra ação do cloro e água salgada do mar, hidratantes especiais necessários para ele se manter até o final do estágio. Mas quando eu percebi que ele estava “bem” consigo mesmo assim, me conformei. — comentou Chris.

— E pensar que foi justamente após o Vitya cortar o cabelo que as coisas começaram a melhorar para ele. O estágio ter sido a ponte para ele ser indicado para o processo seletivo de trainees da ELLE, ele ter passado. Depois dos ensaios épicos feitos lá, ele ter passado para a KERA e a Gothic Lolita Bible, revistas especializadas na moda de Harajuku, e o resto… a gente já sabe! Vitya simplesmente era incrível! Ele tinha uma habilidade única para revelar os lados mais naturais de quem ele fotografava. A sua foto para a NYLON, Lisa, da sua carreira solo é uma das provas disso. — comentou Mila, segurando as lágrimas.

— As fotos das suas tatuagens que o Minami fez, né?! — perguntou Uta.

— Sim — respondeu a cantora em um tom de voz divertido. Como boa parte das tatuagens de Lisa eram escondidas, todo mundo imaginava que a cantora tinha apenas a tatuagem de Vegvisir (símbolo místico islandês, cujo significado é “guiar pessoas pelo tempo árduo”) no braço direito em homenagem a cantora islandesa Björk — uma das ídolas de Lalisa —, a frase “Desde o começo, minha experiência se expande atravessando o mundo”, trecho da música Everything is Everything da cantora norte-americana Lauryn Hill, outra ídola da cantora, no mesmo antebraço e a frase “Eu sou o que sou”, dita pelo personagem do seu dorama favorito estrelado por Yuuri Katsuki, no cóccix. Mas, na verdade, a cantora tinha outras duas tatuagens feitas na Tailândia, antes da fama, por uma colega tatuadora: o símbolo matemático de igual embaixo do seio esquerdo e o símbolo da deusa pagã Lilith na vulva, mais ligado a semiótica feminista dele do que qualquer outra coisa. Continuou. — Engraçado que antes de tudo que aconteceu, minha ligação com o Kenjirou era só “o cara fodástico que me tatuou, de quebra era um fofo também e amigo dos meus dois ex que acontecia de encontrar nos rolês”. Depois que passei a conhecer o Kenjirou de verdade, eu vi o homem incrível que ele é. Sensível, espirituoso, brincalhão de um jeito só dele, inteligente e um amigão e tanto. A gente tem muita sorte de ter um cara incrível como ele como colega, amigo e, no caso do Yuri, como namorado.

— Ganhei! — gritou Irirangi ao vencer a partida de UNO da vez e os perdedores tiveram que cumprir a parte do combinado, no caso, tomar em shots a quantidade de rodadas que a partida teve e lá se foram dez shots de vodca com pimenta.

Depois da rodada, Lisa pediu para reunir todo mundo para tirar uma selfie. Ato feito, a cantora enviou a foto para o LINE de Minami com a seguinte mensagem de legenda: “Muito obrigada por compartilhar sua “família”, Kenjirou, e espalhar seu amorzinho, mesmo não estando aqui comigo. Beijo! P.S: Tenta vir com o Yuri e os amigos dele amanhã, sinto saudades de vocês e quero conhecê-los, pois em fotos eles parecem ser muito legais.”

Partiram para a próxima rodada de UNO com tudo e continuaram a jogar até o sono vencê-los.

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Deitado na espaçosa cama de casal de Yuri, com o namorado abraçando seu corpo de conchinha, Kenjirou Minami achava que estava em uma outra realidade: os amigos de Yuri serem totalmente carinhosos com ele, a família do cantor dar um apoio quase surreal ao relacionamento deles, por exemplo, nunca imaginaria o sogro perguntando abertamente sobre planos de casamento. Além das palavras e gestos de conforto dirigidos ao tatuador, por causa do momento difícil que passava — chorar nos braços da mãe de Yuri fazia lembrar a sua falecida mãe, por exemplo.

Ali, Kenjirou refletia também sobre tudo que ocorreu nestas últimas horas, misturadas com lembranças de Viktor, Yuuri… até ter seus pensamentos quebrados pela vibração do seu celular. Era uma mensagem de Lisa no LINE. Com muito jeito e carinho, virou-se de frente para o namorado, ainda acordado, somente de olhos fechados, e mostrou para ele a mensagem da cantora. Logo em seguida, Yuri comentou:

— A Lisa não existe, cara… Como alguém pode ser tão generoso assim?

— Acho que por ela não ter tido diretamente uma família que ensinou valores familiares como generosidade, ela tenta dar o que provavelmente nunca teve. Uma forma bem peculiar de aprendizado desse tipo de sentimento. — comentou Minami com um tom de voz bem baixo, quase sussurrado.

— E pensando aqui… ela e o Viktor têm tanto em comum. — respondeu o cantor, imitando o tom de voz do namorado.

— Sim, os dois tiveram a perda dos pais de forma trágica e apesar de o Viktor ter vivido com a tia até os dezoito para dezenove anos, ele, assim como ela, nunca soube o que é ter carinho de pai e mãe, de fato. Eu… Chega a ser até falsa simetria me comparar a eles, pois vivi com meus pais até os meus vinte anos de idade, eles nunca conheceram os pais. A dor de ter nascido órfão é bem diferente de ter ficado órfão com o tempo. — disse o tatuador em lágrimas imediatamente enxugada pelos dedos de Yuri. Percebendo a dor do namorado ao falar sobre um assunto tão delicado, o cantor abraçou o tatuador e falou:

— Chora, amor, chora tudo o que você tem que chorar.

Yuri seguiu o próprio conselho e também permitiu-se derramar suas lágrimas no ombro do seu amor, enquanto os amigos, também deitados no quarto, estavam em seus sonos mais profundos.

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No domingo à tarde, Mila e Chris aproveitaram a ocasião para mostrar as cidades próximas de São Petersburgo, mas passaram por cidades que davam, no máximo, duas horas de carro, pois como o voo que fazia o translado do corpo de Viktor e trazia Georgi, Sara e Michéle era um voo direto de urgência, ou seja, ele corria o risco de chegar antes da previsão de dezoito horas.

Lisa, Uta, Irirangi e Akilah ficavam admirados a cada paisagem nova que a neve russa revelava: cidades bucólicas, diversidade de recepções, árvores cheias de neve, animais como renas, cervos e até um lago para patinar no gelo.

Dentro do lago, eles reparavam em como Mila e Chris patinavam bem no gelo, com direito a conseguirem fazer um ou outro salto típico dos patinadores artísticos.

Lisa ia além. Suas lembranças de gelo e patinação eram diretas ao tempo em que Yuzuru Hanyu era uma constante na sua vida. Lembrava exatamente da ocasião em que se conheceram, ela se apaixonou à primeira vista pelo patinador e ele se encantou por ela: Hanyu treinando sozinho no rinque de patinação no hotel onde ela estava hospedada, na época, e Lisa na plateia do rinque, praticando suas habilidades no violão e canto para acalmar um coração recém-partido pelo término com Kuina. Tempos bons… Voltou a admirar a miniperformance deles, enquanto cantarolava uma música peculiar, cujo celular de Akilah fazia a trilha sonora daquele momento, Free As a Bird, clássico da banda de Rock dos anos 60 The Beatles.

(…) Livre como um pássaro

É a melhor forma de estar

Livre como um pássaro

 

Em casa, em casa e salvo

Como um beija-flor eu vou voar

Como um pássaro sobre as asas

 

O que aconteceu com

A vida que um dia conhecemos? (…)”

Após a música terminar, os quatro aplaudiram Chris e Mila. Em seguida, Irirangi brincou:

— Será que o que acabamos de ver é confirmação de que russos e suíços nascem com as lâminas de patins nos pés?

A dupla deu uma pequena risada, para depois Mila responder:

— Pode até ser, mas conforme as pessoas vivem, algumas escolhem fazer as lâminas de patins uma extensão dos seus corpos, outras escolhem máquinas para fazer tatuagens como uma extensão dos seus corpos, tem aquelas que mesmo se expressando perfeitamente através das suas vozes e corpo, escolhem violões, piano, papel e caneta como uma extensão múltipla dos seus corpos e ainda há pessoas como eu, o Chirs, o Georgi e o Viktor que escolheram as câmeras de fotografia profissionais como uma extensão dos nossos corpos.

Eles continuaram a diversão até a noite cair, quando voltaram para São Petersburgo, comeram bastante em um restaurante local e durante a refeição, Lisa recebeu uma mensagem de Minami e Yuri, avisando que eles só poderiam ir para São Petersburgo na terça-feira, dia do velório e enterro, em consideração a família mais os amigos do cantor. A cantora compreendeu perfeitamente o motivo, porém avisou que após o enterro ficaria um dia em Moscou com eles. Yuri respondeu dizendo que fará a estadia da mulher muito divertida. Após risadas e conversas aleatórias, Manoban despediu-se do casal no LINE. Depois da refeição, eles voltaram para o hotel para dormir.

Dentro de um dos quartos, Mila e Chris choravam juntos a dor da perda do melhor amigo, as lembranças de Viktor dos tempos de faculdade e outras conversas:

— Estou aqui pensando… o Georgiy junto com a Sara, o Michéle e o advogado do Vitya… como eles estão, hein?! — questionou Mila, ainda arrasada com a perda.

— Destruídos, principalmente o Georgi, né?! Será que ele está lembrando… daquilo? — perguntou Chris.

— Não sei… talvez? Quando temos baques desse calibre relacionados a alguém, costumamos ter as lembranças mais inesperadas… Ah, para ela também está difícil, né?! — comentou a fotógrafa jornalística, observando as lágrimas de Lisa durante o sono mais o lamento dela, chamando pelo nome de Viktor. Mila socou forte a mesa e deixou suas próprias lágrimas caírem no abraço de Giacometti, que também chorava muito.

Enquanto isso, Uta, Irirangi e Akilah gastavam suas energias restantes e tentavam afogar suas dores em um rock bar da região, que tocava uma peculiar música, onde conversas não eram necessárias. Eram mais “colegas de rolê” de Viktor, porém tinham uma ótima relação e principalmente ótimas lembranças, e nem por causa disso as dores deles eram menores do que as dos outros. A música em si expressava toda a tristeza, lamento, dor e luto:

(...) Feridas doloridas testam seu orgulho

Cinco soldados, ainda vivos pelo brilho furioso

Ficando loucos pela dor que eles, com certeza, conhecem

 

Por quem os sinos soam

O tempo marcha

Por quem os sinos soam (…)”

(From Whom The Bell Tolls — Metallica)

A música favorita de todas da banda de Viktor e coincidentemente a de Yuuri também… ou não.

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Segunda-feira era mais um dia de trabalho para os amigos de Yuri e Kenjirou, porém todos eles conseguiram uma folga para acompanhar o casal até o velório mais o enterro de Viktor Nikiforov, pois o Governo decidiu que aquela fatídica terça-feira seria dia de luto oficial, isto é, feriado nacional:

— Bando de hipócritas! Enquanto o Viktor era um fodido anônimo e, no máximo, “famosinho de internet” eles não davam uma foda para ele. Pelo contrário, agradeciam por ele estar no Japão, para não fazer “propaganda gayzista” no país. Nojentos! — criticava Yuri, enquanto assistia uma reportagem de um jornal conservador, abraçado ao namorado no sofá da sala, soltando altos elogios para a carreira de Nikiforov.

— Van Gogh, Pollock… infelizmente na História da Arte são vários os casos onde o artista precisou morrer para ser reconhecido no seu país de origem. No caso do Viktor, ele era reconhecido aqui, o problema é que, pelo que eu vi e todo mundo falou, boa parte das pessoas daqui ligavam mais se ele dava ou não o rabo do que apreciarem sua arte e aprenderem com a mensagem de liberdade e diversidade dele. — lamentou o tatuador, cujas lágrimas foram enxugadas pelo namorado.

Decidiram pegar o controle remoto da televisão e passar pelos canais até achar um que prendesse a atenção deles. Estranhamente foram parar em um canal onde as mulheres tiravam a roupa, enquanto falavam a previsão do tempo. Preferiram tirar do canal, deram mais uma busca e pararam em um canal que passava um filme local que o casal apreciava muito, Cidade Zero, dirigido pelo queridinho da crítica especializada Karen Shakhnazarov. Quando menos perceberam, eles fizeram maratona do diretor, posteriormente com a família e amigos, até dar a hora de dormir cedo, pois teriam uma intensa madrugada pela frente.

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Já Lisa, Mila, Christophé, Akilah, Uta e Irirangi decidiram curtir os confortos do hotel como a sauna e a piscina fechada com ar-condicionado e água morna. Apesar de ser Primavera na Rússia, as temperaturas raramente ultrapassavam os vinte graus Celsius.

Depois, eles continuaram a mesma rotina no final de sábado: refeições, conversas, assistirem filmes e jogos, principalmente o famoso jogo de tabuleiro War. Uta e Irirangi sabiam que a tatuadora era uma exímia jogadora, Chris sabia que Mila também era uma jogadora excelente — além da lembrança implícita do amigo falecido, pois quando eles pegavam para jogar War, Mila e Viktor travavam embates épicos —, porém todos ficaram surpreendidos por Lisa ser uma jogadora excelente:

— A única vez que eu perdi em War foi contra o Hanyu e ainda porque ele usou “golpe baixo”, se é que vocês me entendem. — provocou a cantora, arrancando risadas dos presentes.

Uma partida divertida e emocionante, que durou até dar a hora deles irem para o aeroporto dar o último adeus para Viktor.

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Dentro do avião que levava o corpo do fotógrafo, enquanto Michéle e Sara dormiam para esquecer as dores, o fotógrafo esportivo Georgi Popovich, deitado no assento e cama, tinha uma lembrança inusitada: uma vez em que ele, Viktor, Mila e Chris foram para a praia, nos tempos de faculdade, beberam para caramba, depois ele resolveu dividir o quarto com Nikiforov e acabaram transando. Entretanto, aquilo nunca passou de uma vez, pois Viktor sabia que Georgi, na época, tinha um caso com uma veterana e ele era apaixonado por ela — tanto que namorou e até ficou noivo dela, porém o noivado acabou quando Georgi descobriu que ela desviava dinheiro do estúdio que mantinham juntos. Ambos sabiam que se investissem em algo mais sério, sairiam machucados, por isso, preferiram manter a amizade.

Popovich também lembrava que até chegou a se arrepender da decisão tomada algumas vezes, mais na fase de raiva quando terminou o seu noivado, entretanto quando se lembrava de tudo que ocorreu com Viktor após aquela transa e principalmente os momentos finais deles, antes do fatídico dia da morte de Yuuri Katsuki, tinha a certeza de que tomou a decisão certa:

— Ah, Vitya… como você estava genuinamente feliz quando me contou sobre a noite que você teve com o Katsuki. Acho que seria a mesma sensação, se eu tivesse a oportunidade de transar com o Morrissey ou com a Amy Lee. Algo surreal! Mas o caso de vocês era um pouquinho, não, muito mais profundo. O que vocês sentiam um pelo outro não era só amor de ídolo para fã, era muito além. Quando você contou que o Minami falou que o Kastusi ficou arrasado por não ter conseguido ir no teu aniversário, meu… as fotos de vocês no celular que você me mandou, as mensagens de quando vocês eram adolescentes e anônimos… era amor! Uma pena que o destino não deu tempo de vocês descobrirem isso juntos e quando você descobriu… Sinto muito, Vitya, por não ter feito nada, por não estar contigo no momento em que você mais precisou. Trabalho, obrigações… droga! Me desculpa, meu melhor amigo, me desculpa! — falava sozinho Georgi, olhando para uma foto dos dois, justamente no dia fatídico em que eles criaram suas lembranças mais íntimas e coincidentemente, ou não, escutando nos fones de ouvido do MP3 uma das músicas que as consolidou.

(…) Sentimentos são intensos

Palavras são insignificantes

Os prazeres ficam

A dor também (…)”

(Enjoy the Silence — Depeche Mode)

Mal fechou os olhos, ouviu o anúncio de que o avião chegou a seu destino e pousou. Com muita dor no coração, Georgi levantou-se, foi até os irmãos Crispino, deu uma mexida neles para acordá-los e quando eles abriram os olhos, após cumprimentarem Popovich, ele anunciou:

— Já chegamos. Conforme vocês pediram, eu já enviei mensagem solicitando para todo mundo ir direto para o local do velório e o carro já está à espera. Vou acordar o Tsukiyama, o advogado do Vitya.

Após todos os procedimentos, eles entraram dentro do veículo que seguia o carro funerário até o local do velório: a parte destinada para isto dentro do próprio cemitério. Como Viktor se suicidou, ele não “teria direito” a um funeral tradicional da Igreja Ortodoxa, como a maioria dos russos possuem, mas isso não era algo que afetasse, pois o próprio Nikiforov já declarou em vida que não tinha o mínimo interesse em “um funeral tradicional”, caso morresse. O motivo era a ligação direta com as dolorosas lembranças da falecida tia, cujo velório e enterro foram nas tradições russas.

Meia hora após deixarem o aeroporto, seguidos por carros da imprensa, com a homenagem do governo e pessoas nas ruas dando o último adeus para Viktor Nikiforov, eles chegaram até o cemitério e antes de entrarem, ficaram assustados com a quantidade de pessoas presentes para a última despedida do fotógrafo: desde pessoas esperadas como o fã clube de Viktor até anônimos que, no máximo, conheciam o fotógrafo da televisão. Acenaram para elas e pelas ruas dos fundos o veículo entrou no cemitério.

Não demorou muito para chegarem até o local do velório e fazerem todos os procedimentos com o corpo. Tudo pronto, caixão meio aberto, flores em números pares como manda a tradição russa, abriram a porta do local e oficialmente começou o velório de Viktor Nikiforov.

Os primeiros a chegarem foram, obviamente, Lisa, Mila, Christophé, Akilah, Uta e Irirangi. Assim que viram Georgi, a dupla de fotógrafos foi direto abraçar o amigo, que chorava desesperadamente diante do corpo do melhor amigo:

— Por que, gente, por quê a gente não conseguiu falar com o Vitya a tempo? — lamentava Georgi.

— Chora, Georgiy, chora tudo que você teve que segurar lá no Brasil. Vitya… — disse Mila entre lágrimas, totalmente arrasada diante do corpo do melhor amigo, segurando as mãos frias de Viktor.

— Ela foi a última pessoa que viu o Vitya e depois do que ela disse… Ela não tem culpa de nada, pelo contrário… Se ela soubesse o quanto ele se sentia bem e compreendido por ter se aproximado dela, pois ela sente a dor da orfandade que ele sentia. — observou Chris, pesaroso com as lágrimas de Lisa diante do corpo do fotógrafo e os lamentos dela de não ter “ligado” para as últimas palavras dele em Tóquio, durante a despedida dele antes da viagem.

— Eu não passei exatamente o que você está passando, em relação a morte do Viktor, mas eu compreendo, pois eu também sinto culpa. Me pergunto onde eu e meu irmão erramos para ele não procurar a gente em um momento tão difícil, praticamente desistir de tudo que trabalhamos com ele… mas aí lembramos de que, infelizmente, existe algo chamado “consumo total” de uma doença e… fora todo o fardo que ele aguentou com a família e a adolescência dele aqui, a morte do Yuuri talvez tenha sido um fardo duro demais para ele aguentar. O amor que ele tinha por Yuuri Katsuki era muito além de ídolo – fã.

— Sim… o Viktor falava que o que rolou com ele e o Yuuri foi apenas “questão de oportunidade”. Não foi, se fosse… ele não ficaria tão arrasado com ele ficou. Mesmo se essa oportunidade fosse dada para mim, com certeza o destino daria um jeito deles ficarem juntos. Pelo que o Viktor desabafou comigo, a relação dele era muito além do amor de fã que eu sinto pelo Yuuri. Por quê? — lamentou Lisa, quando, de repente, sentiu um abraço por trás. Era Mari Katsuki, a irmã de Yuuri, que veio diretamente de Hasetsu. A cantora abraçou forte a mulher, enquanto desabafava sua dor em lágrimas.

— Você tem razão, Lisa e…

— Sara Crispino… ex-psiquiatra do Viktor. Meus sentimentos pela perda do Yuuri e agora do Viktor.

— Michéle Crispino… ex-psicólogo do Viktor e meus pêsames pela morte do seu irmão.

— Muito obrigada e ouvi um pouco do que vocês falavam sobre o Viktor e o meu irmão e… realmente o amor do meu irmão por ele ia muito além do de ídolo. No aniversário do Viktor, no Natal do ano passado, ele simplesmente pegou uma passagem para Tóquio só para entregar o presente dele, mas deu uns problemas no voo dele e ele não conseguiu. Aí ele voltou para casa e a primeira coisa que ele fez foi chorar nos meus braços. Me digam, quem faz isso por outro alguém, se não for uma pessoa que você ama muito? Às vezes me pergunto: será que o destino deles seriam diferentes, se eles tivessem a oportunidade de terem se amado antes? — questionava-se Mari, ainda em choque com a morte do fotógrafo.

— Eles enfrentariam muitas dificuldades juntas, pois seu irmão tinha o problema do vício com a cocaína, a anorexia, provavelmente um quadro depressivo também, o Viktor tinha a depressão, mas quem sabe justamente elas poderiam fazer um ao outro fortes suficientes para continuar? Ou elas poderiam fazer os destinos deles ainda mais trágicos? Infelizmente, nós não somos o tempo para sabermos disso, mas o que podemos fazer é desejar que eles estejam bem e juntos para nosso próprio consolo. Tentem encarar a morte deles como o fim do sofrimento das almas deles, mesmo que da pior forma. É horrível, eu sei, porém quando estamos na fase da negação do luto e querendo a transição para a aceitação, é tudo tão confuso. Me desculpe se minhas palavras soaram frias ou cruéis. — comentou Michéle, emocionado. A irmã abraçou-o para se acalmar e se afastaram do caixão, ato repetido por Mari e Lisa, pois a cantora aproveitou a ocasião para apresentá-la aos demais para ela desejar pêsames aos colegas e amigos de Viktor.

Akilah estava ao lado do corpo de Viktor, a tatuadora chorava muito a morte dele:

— Descansa em paz e… me desculpa por não ter sido tão próxima de você. Infelizmente ficamos tão preocupados com trabalho, família, fãs que… ai, onde quer que você esteja, que você esteja em paz. — deu um beijo na testa do falecido e afastou-se do caixão, indo em direção para a porta, ficar um pouco sozinha.

Irirangi fez uma longa prece em sua língua mãe, o maoritanga, para a alma de Viktor seguir o caminho certo e se afastou dele. Uta preferiu uma prece rápida e depois se afastou.

Após isto, Mila, Chris, George mais todos os presentes concordaram que aquele era o momento ideal para abrir o velório para o público e assim o fizeram.

Pessoas e mais pessoas vieram dar o último adeus para o “Príncipe da Fotografia” entre curiosos, pessoas do fã clube oficial de Viktor, colegas e amigos, entre famosos e anônimos. Muitas orações, buquês de flores em pares, tradição funerária russa, coroas de flores, entre outros hábitos de prestar homenagens aos mortos de outras regiões. Até o fã clube de Lisa e do Black Pink veio dar apoio a cantora em um momento tão difícil.

As horas continuaram, a manhã ia para tarde, quando Manoban ouve vozes muito conhecidas por ela chamarem seu nome e ao ver quem era, ela imediatamente correu para os braços acolhedores dessas pessoas, em um forte abraço coletivo:

— Nayeon, Ziyu, Sorn, Bambam! Obrigada por virem, meus amores! Eu amo vocês, amo muito vocês! — a “família” de Lalisa Manoban compareceu em peso para confortá-la em um momento tão difícil. Seus amigos que também escolheram o caminho de ser idol, cujos caminhos se cruzaram desde a época do orfanato, o caso do idol Bambam do famoso grupo sul-coreano masculino GOT7, ou desde a época da Escola de Artes no colegial, o caso de Tsuyu, Nayeon (ambas integrantes do grupo feminino sul-coreano fenômeno de popularidade Twice) e Sorn (integrante do grupo feminino sul-coreano com moderada popularidade CLC). Também apareceram para confortar a cantora outros idols famosos do KPOP, famosos por terem amizade ou serem bons colegas de Lisa, os colegas de agência de Lisa dos grupos idols masculinos, integrantes de outros grupos sul-coreanos, porém com alta popularidade no Japão. Até idols do J-Pop, do JRock, do J-Metal, do T-Pop, do C-Pop e de outras áreas com quem Lisa mantém boas relações e até mesmo o último ex-namorado de Lisa, Yuzuru Hanyu, vieram para confortá-la:

— É lindo ver que, mesmo com as dificuldades, essa mulher é muito querida. — comentou Sara com o irmão.

— E o melhor, ela sabe que é querida. Isso é nítido no brilho no olhar de gratidão dela para cada um deles. — completou Michéle.

Entretanto, para vários deles, o motivo para estarem ali não era apenas a cantora, muitos deles trabalharam ou eram próximos de Viktor Nikiforov no passado. Portanto, era mais do que justificável a vinda deles para fazerem a última despedida do fotógrafo. Além disso tudo, eles também desejaram os sentimentos para Mila, Chris, Georgi, Mari, a irmã de Yuuri Katsuki, Sara, Michéle, e os amigos de Minami, Akilah, Irirangi e Uta, por terem ficado ao lado de Lisa em um momento tão difícil:

— Muito obrigado por cuidarem da nossa Lisa. Não tenho nem palavras para agradecer o Minami e o Yurio pelo que eles fizeram, se eles chegarem aqui a tempo. — agradeceu Bambam aos que ficaram com Lisa nestes dois dias. Após os agradecimentos, vieram conversas amistosas, conversas de lembranças sobre Viktor e conversas sobre o paradeiro de Kenjirou e Yuri.

— Eles estão presos no trânsito, porque as estradas para São Petersburgo estão um inferno de congestionadas de gente querendo vir para cá, mas eles estão chegando. — avisou Akilah, mostrando a mensagem que recebeu de Minami no LINE.

— Desculpa perguntar, mas eles poderiam vir de helicóptero ou jatinho, não poderiam? — perguntou Rino Sashihara, integrante do megapopular grupo pop japonês AKB48.

— De Moscou para São Petersburgo de carro e trem não é tão castigante assim. — respondeu Mila.

— Fora que com o ocorrido de hoje, os aeroportos e serviços particulares de helicópteros mais jatinhos devem estar lotadíssimos. Se para mim, Gackt, conseguir um helicóptero para cá foi um sacrifício, imagina para o Yuri e o Minami, presos em vai saber qual estrada por aí.

— Exatamente no meio da E105/ M–10. Resumindo, eles estão na divisa de São Petersburgo e Moscou e por causa do trânsito, está difícil de sair. — comentou Mila.

O celular de Uta vibrou, era uma mensagem de Minami:

Está impossível avançar a E105/ M–10. Cortamos caminho por um monte de estradas estranhas aí, voltamos para Moscou e demos um jeito de pegar um jatinho, mas pegamos congestionamento aéreo... Enfim, finalmente estamos chegando! Daqui uns 10 minutos estamos aí, falou!” — mostrou a mensagem para todos, de certa forma espantados em como o cantor conseguiu resolver seu problema de transporte.

Mais e mais pessoas entravam no local para o dar o último adeus para o fotógrafo, entre anônimos, ídolos ocidentais das mais diversas áreas que eram amigos, colegas, admiradores ou tinha boas relações com Viktor. Até políticos e o Governo (interligados com a Máfia Russa) foram para prestar suas “últimas homenagens” a Viktor Nikiforov. Com direito ao Prefeito de São Petersburgo e a Associação dos Fotógrafos do País darem honrarias para o falecido pela sua “contribuição cultural ao país”. A maioria dos presentes, incluindo Mila, Georgi e Chris que receberam as honrarias, tiveram vontade de vomitar diante de tamanha hipocrisia:

“Faz homenagem agora, mas quando o Viktor era vivo, vivia declarando em público que, se pudesse, retirava a cidadania russa dele para “os transviados aprenderem” Nojo apenas.” — pensou o fotógrafo esportivo, após receber as honrarias.

Apenas não houve vaias pela atitude em respeito ao momento e por saberem que os poderosos da Máfia Russa estavam ali; caso contrário, eles já teriam feito borsch dos seus “amados governantes”.

Após os políticos saírem do velório, o velório seguiu seu curso, com pessoas entrando e saindo do local, quando, de repente, dois helicópteros pousaram ao lado do local do velório, causando um grande alvoroço. Quando o primeiro helicóptero abriu suas portas, era Yuri com sua família, amigos e Minami. Lisa, Irirangi, Uta e Akilah foram imediatamente ao encontro deles. Condolências, fortes abraços e muita comoção, principalmente no abraço em grupo da cantora, do cantor e do tatuador:

— Yuri, Kenjirou, por que de novo? — questionava-se Lisa, enquanto levava-os até o caixão.

— Viktor… me desculpa por não ter percebido suas dores, pela gente não ter se aproximado mais… — lamentou Minami, segurando as mãos do fotógrafo e amparado pelo namorado.

— Cara, não! Por que eu não percebi? Não dá para acreditar, não dá! Primeiro o Yuuri, depois você, sempre tão… — Amparado pela família e o namorado, Yuri Plisetsky chorou muito e de forma desesperada diante do corpo.

Enquanto isso, do lado de fora do velório, a porta do segundo helicóptero se abriu e lá de dentro saíram todas as companheiras de Black Pink de Lisa, incluindo Jisoo. A cantora compreendeu tudo, os presentes do meio artístico no velório que sabiam da orientação sexual de Jisoo também compreenderam o ocorrido e ficaram comovidos pelo ato:

— Chora, Lisa, chora! Se lembra da nossa promessa, né?! — falou Jisoo em lágrimas.

Black Pink sem uma de nós, não é Black Pink. Foi por isso que o Kenjirou e o Yuri demoraram, né?! — comentou Lisa.

— Sim, eles e o melhor amigo deles, o Nikolai, deram um jeito da Jisoo e muitos dos que estão aqui presentes, estarem nesse último momento com o Viktor e com você. — revelou a integrante do grupo chamada Rosé. Por outro lado, ninguém precisava saber que Nikolai apelou para seus “contatos quentes” para conseguir visto de emergência para Jisoo e vários artistas LGBT , que já tiveram encrencas anteriores relacionada a visto no país por isso.

— Eles não existem, gente! Eles simplesmente não existem!

— Vou dizer algo que o Yuri disse para nós, enquanto estávamos dentro do helicóptero, a caminho do hotel: “O que estamos fazendo pela Lisa não é 1% do que ela fez por nós, quando o Yuuri e, agora, o Viktor faleceram.” — comentou Jennie para Lisa, emocionada.

Depois da conversa, elas entraram no local do velório, cumprimentaram e deixaram os sentimentos para todos. Enquanto as três despediam-se de Viktor, Lisa abraçava fortemente Kenjirou, Yuri, Nikolai, Otabek, Yulia, Mikail, Dimitri, Mie e a família Plisetsky, agradecendo-os pelos feitos:

— Nossa Pokpak arranjou mais pessoas para aumentar nossa família, né?! — observava Sorn, enquanto via a amiga interagir com os Plisetsky, Yuri, Kenjirou, Akilah, Uta, Irirangi, Mila, Georgi, Chris, Sara e Michéle.

— Infelizmente, nossa vida não permite ficar perto da Lis como a gente deveria estar, mas saber que, diante desta tragédia, ela tem pessoas maravilhosas que querem o bem dela e provaram que adoram ela como a gente ama ela… É lindo demais, gente! — comentou Bambam.

— E sobre a decisão dela… ela está mais do que certa. Esse tempinho na casa do Yurio, antes dela voltar para Bangkok, vai fazer muito bem para a LaLi. — falou Tsuyu.

— Sim, vai ser ótimo para Lisa ter novamente um pouco dessa experiência, sabe?! Como depois dessa, temos que voltar para o trabalho, infelizmente, é bom neste momento ela estar com pessoas que ela se sinta bem para compartilhar a dor. — completou Nayeon, enxugando as lágrimas com os dedos.

A noite caiu, hora do enterro.

— Ué, onde está o Tsukiyama, o advogado do Viktor? — perguntou Minami.

— Ele infelizmente não pode ficar para o enterro, pois ele está terminando de desenrolar os procedimentos burocráticos sobre a fortuna do Viktor. — respondeu Sara.

— Na verdade, o Tsukiyama está seguindo tudo conforme o testamento do Vitya. Ele doou toda sua fortuna, o apartamento, tudo para Instituições de caridades, ONGS, museus e galerias de artes espalhadas pelo mundo. — completou Mila.

— E ainda temos que ler gentinha falando na internet que ele era egoísta. — comentou Chris, chateado pelo fato de Viktor ainda ter alguns haters desrespeitando a memória dele em comentários de sites de notícias etc.

— O mais engraçado é que a maioria dessas pessoas se preocupava mais em saber se ele dava o rabo ou não, em vez de procurar conhecer o homem de coração gigante e criador de uma ótica única do mundo através das lentes de suas câmeras que o Vitya foi. São um bando de hipócritas mesmo. — finalizou Georgi.

Fizeram uma rápida oração por Viktor, depois o caixão foi fechado e desceram-no até alcançar o fundo da cova. Em seguida, os funcionários do cemitério fecharam a cova e colocaram o túmulo por cima, estampado com a primeira fotografia que Viktor tirou na vida — a parede do próprio quarto, cheio de pôsteres, poemas, um mural só com uma foto dele com a falecida tia e cujo um dos pôsteres era uma foto impressa de Yuuri Katsuki, bem no início de sua carreira como vlogger — e ao lado da família, como sempre desejou. Apesar do hábito de túmulo estampado com fotografias ser um rito funerário extremamente interligado à Máfia Russa, o caso de Viktor era mais do que aceitável, pois a fotografia era sua forma de expressão da própria existência para o mundo.

Túmulo posto, Mila e Sara colocaram para tocar, através do celular da psiquiatra, as músicas que Viktor, nos momentos de crise, dizia que queria tocar no momento da sua morte: Aria: Stay Close to Me, uma antiga música clássica popular de Verdi, adaptada pela orquestra japonesa Ensemble FOVE.

Eu ouvi uma voz chorando de longe

Você foi abandonado também?

(…)

Eu consigo te ver

Na esperança

A eternidade nascerá

Fique perto de mim

Não vá

Eu tenho medo de perder você

(…)

As batidas do coração

Estão fundidas, juntas

Vamos deixar juntos

Agora estou pronto”

Em seguida, Axl Rose, vocalista da banda citada anteriormente e colega íntimo de Viktor, sentou em um piano trazido pela equipe do cemitério e apenas na voz mais o instrumento, realizou o último desejo dele:

(…) Então não se preocupe com a escuridão

Ainda podemos encontrar um jeito

Porque nada dura para sempre

Nem mesmo a fria chuva de novembro

 

Você não acha que precisa de alguém?

Você não acha que precisa de alguém?

Todos precisam de alguém

Você não é o único

Você não é o único

 

Você não acha que precisa de alguém?

Você não acha que precisa de alguém?

Todos precisam de alguém (…)”

As palavras não eram mais necessárias. Em silêncio, deu-se o adeus final a Viktor Nikiforov e, aos poucos, todos se despediram uns dos outros e seguiram seus rumos até sobrarem poucas pessoas.

Lisa, já de malas prontas, agradeceu a todos por tudo, despediu-se deles e caminhou junto com Yuri e Minami até o helicóptero:

— Aconteceu alguma coisa, Néssego? — perguntou Tzuyu.

— Não sei o porquê, mas… ao ver eles assim… estou sentindo um aperto no coração. Como se fosse a última vez que eu fosse ver eles… principalmente a nossa Pokpak, o Yurio e o Minami.

— Bate na madeira e faz suas orações. Já tivemos uma semana difícil demais com dois enterros praticamente seguidos na semana. — comentou Sorn.

— É apenas impressão sua. Você está emocionada demais com tudo o que aconteceu, vem. — disse Bambam, enquanto eles saíam junto com os últimos remanescentes no cemitério: Mila, Georgi e Chris.

No desespero, Viktor Nikiforov despertou seu expressar pela lente da câmera; na persistência, ele aflorou seu talento para o expressar e no auge da arte do expressar, e ao lado de gênios como Dostoiévski, Komissarzhevskaya, Tchaikovsky, Stravinsky, Petipa e mais a família, Vitya Nikiforovo descansará em paz e para sempre será lembrado como “O Gênio do Expressar”.


Notas Finais


Espero que tenham gostado e até a próxima!


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