História Deadly Desire - Um caso de aparências

“_Espero que tenha novidades, delegado._ a voz ríspida e irritada de Elder soou como um trovão do outro lado da linha.
_Mike está comigo, ferido, mas bem._ bufei limpando o suor em minha testa._ O restante da família estão seguros e bem longe daqui.
_Então me diga onde eles estão e vou buscá-los.
Meneei com a cabeça mesmo que ele não pudesse ver.
_Negativo._ o ouvi bufar de volta.
_Mas que porra...
_Preciso da sua ajuda aqui._ o interrompi._ A detetive Devonne desapareceu.”

Desliguei o telefone celular e o coloquei no bolso da farda.
_Acha que deu certo?_ Demi perguntou enquanto carregava sua arma.
Assenti.
_Ele pegou o endereço e está indo para onde Mike supostamente está.
_Wilmer, se nós nos atrasarmos colocaremos a vida dele em perigo._ advertiu se levantando.
_Eu sei._ suspirei._ Mas é o risco que temos que correr.
Ela expirou preocupada e começamos a descer as escadas do prédio abandonado. Armamos um falso sequestro para provar que o verdadeiro traidor estava bem de baixo dos nossos olhos o tempo todo. Devo admitir a esperteza que eu já conhecia em Demetria. O barulho de carros interrompeu meus pensamentos e nos fez empunhar as armas, trocamos um olhar surpreso.
_Rápido de mais._ ela sussurrou.
_Vá para o seu lugar, sabe o que fazer.
Ela assentiu e apertou o passo na minha frente. Respirei fundo e desci as escadas com a arma apontada, parei no topo da escada do quarto andar, espiando quem apareceria. Não me surpreendi quando avistei Elder e seus capangas subindo, aliviei o corpo, porém mantive a arma em minhas mãos, assim que me avistou continuou subindo, pulando os diversos corpos ensanguentados espalhados pelo chão do local.
_O que houve aqui?_ O superior esbravejou.
_Não pense que foi fácil chegar até aqui._ fiz um gesto com a cabeça para que ele me acompanhasse, entramos em um dos cômodos vazios onde Mike estava nos esperando com um sangramento na perna gemendo de dor voltado para a parede. Elder pediu para que os dois homens esperassem na porta._ Já chamei a emergência, estão vindo para cá.
_E a detetive?_ perguntou fingindo preocupação.
_Eu não sei._ balancei a cabeça._ Quando chegamos aqui fomos recebidos por tiros, nos separamos e mantivemos contato pela escuta, quando o tiroteio parou procurei contatar com ela, mas já a havia perdido.
_E o restante dos seus homens?_ perguntou olhando o local.
Desviei o olhar e bufei.
_Pelo chão lá fora._ apontei com o queixo_ Os que sobreviveram foram buscar ajuda.
_Já parou para pensar que a detetive esteja entre eles?_ indagou com as mãos na cintura.
Assenti devagar.
_Vasculhei o prédio quando vi que era seguro e ela não está aqui._ baixei os ombros.
Em um gesto rápido ele pegou a arma em sua cintura e a sacou, não tive tempo de apontar a minha.
_Nenhum movimento ou eu atiro._ ordenou, sua expressão estava indecifrável._ Não faço ideia de quem fez tudo isso, mas pretendo agradecer mais tarde.
_Como?_ indaguei com o cenho franzido.
_Sabe delegado?_ ele iniciou._ Eu até pensei que me surpreenderia com vocês, mas pelo visto me enganei, também, o que eu poderia esperar de um delegado filho de Balvino e uma detetive novata?
_Não compreendo._ neguei com a cabeça._ Você nos contratou para encontrar um traidor.
Ele riu sem humor e deu de ombros. Olhei para trás dele rapidamente e vi Demi entrando no cômodo silenciosamente com a arma apontada para a cabeça do homem que se revelava, seus movimentos eram tão silenciosos que duvidei se seus pés encostavam no chão.
_Eu precisava de uma distração e vocês dois pareceram perfeitos. Estou há meses planejando esse assassinato, Mike é um cara muito inteligente, mas não soube usar tamanha inteligência ao me contratar, ou a serviria se eu fosse um cara legal. No momento certo eu o sequestraria, tiraria o máximo de dinheiro de sua família e o obrigaria a passar o nome da empresa para o meu nome e então, em um trágico acidente, ele morre._ abriu um sorriso sínico._ Mas você Valderrama já adiantou uma boa parte do processo, posso obrigar Mike agora e fazer parecer que foi tudo fruto desse sequestro que você nem foi capaz de descobrir o culpado, ainda perdeu sua companheira de trabalho, uma pena, pois ela era gostosa.
_Podemos resolver isso de outra maneira._ sugeri com as mãos levantadas.
_Sinto muito, mas não sigo plano de outros.
_Sabe que eu também odeio?_ a voz tão familiar soou confiante, ela engatilhou a arma com um sorriso de lado nos lábios._ Solte a arma.
_GUARDAS._ Esbravejou, mas não obteve resposta.
_Digamos que eles estejam em um sono profundo agora, mas não se preocupe, eles acordarão antes de chegar a delegacia._ ela tombou um pouco a cabeça para me olhar._ Agora, por gentileza, solte a porra da arma.
Ele obedeceu, assim que o som da arma chocando com o som aconteceu, Mike, ou melhor, Paul Wesley se levantou sem dificuldade alguma do chão com a arma apontada para ele, fiz o mesmo.
_Já disse que adoro esse sangue falso?_ o mais rapaz que estava disfarçado brincou._ Até mesmo o cheiro é parecido.
Elder ergueu as mãos em sinal de rendição. Demi bateu a arma nas costas do mais velho que caiu com um grito exagerado de dor. Ela se dirigiu para frente dele ainda com a arma apontada. Os policiais que antes fingiam de mortos pelos corredores, agora entravam no ambiente com suas armas em punhaladas, as luzes do prédio que na verdade não era abandonado e sim em construção se acenderam.
_Como?_ o homem indagou intrigado enquanto era revistado e suas mãos algemadas atrás do corpo.
_Acontece que eu odeio ser deixada de lado._ Demi abaixou a arma, ela estava totalmente orgulhosa de si._ Depois de algumas horas prazerosas de sono._ ela trocou um olhar comigo e dormir não foi bem o que ela fez, ou melhor, nós._ Resolvi descer até o local onde a empregada havia sido encontrada, estava tudo perfeitamente limpo. Fiquei um bom tempo tentando entender o que havia acontecido ali e então me lembrei de como você apareceu do nada, um herói pronto para a ação, comecei a ligar pontos e com a confissão gentilmente dada por um dos seus capangas depois de ser convencido quase sem muita dor, nós armamos a cena perfeita. Também pude contar com a ajuda de um competente detetive de Washington, Craig Parker._ ela apontou com o queixo para o homem agora fardado que acenou com a cabeça._ Aqui estamos nós. É um imenso prazer colocar você atrás das grades até que ninguém mais se lembre da sua existência._ seu sorriso se intensificou._ Nada mal para uma novata gostosa. Podem levá-lo._ Antes que ele fosse retirado ela o chamou._ Ei Elder, não vai nos agradecer?_ provocou sorrindo, o homem a xingou e virou o rosto.
Os policiais o ergueram e retiraram o homem que gritava juras de morte que não poderia cumprir. Olhei para a mulher ao meu lado com admiração e orgulho, ela era certamente a peça perfeita para nossa equipe.
Demi P.O.V
Sorri satisfeita comigo mesma e guardei a arma.
_Devo parabenizá-los._ Craig disse se aproximando de mim, Wilmer e Paul._ Foi impecável.
_Foi Demi quem desvendou tudo, eu só ajudei no processo para armar essa cena._ Wilmer disse trocando um olhar comigo que me deixou desconcertada.
_E eu só vim participar da cena._ Paul completou arrumando o cabelo.
Eu ri discretamente.
_Então, detetive Devonne, meus mais sinceros comprimentos, isso será notificado ao presidente._ Craig disse olhando diretamente para mim.
_Obrigada detetive, mas eu não teria conseguido sem esses dois rapazes e a polícia de Washington._ agradeci gentilmente.
A verdade era que sim, eu passei a noite toda acordada, interroguei o capanga de Elder e decifrei o caso, mas Wilmer planejou toda a cena que faríamos para pegar Elder, descobriu que Craig era na verdade um detetive assim como eu no mesmo caso, contatou a polícia da capital e conseguiu o prédio em construção emprestado de um amigo. Paul pegou o primeiro voo para cá, não pensei em ninguém melhor que ele para isso.
_Bom, sendo assim deveríamos comemorar._ o homem de sotaque inglês sugeriu.
_Para ser sincera eu estou bem cansada e gostaria de voltar para casa logo._ respondi trocando um olhar com os dois homens ao meu lado._ A não ser que vocês queiram ficar.
Wilmer negou.
_Também quero ir para casa e dormir um pouco antes de voltar para a delegacia._ balançou a cabeça fazendo uma careta._ Devem ter pilhas de casos para eu resolver, Los Angeles não para.
_Se não se importam eu vu ficar._ Paul comentou rindo._ Sempre quis conhecer esse lugar.
Valderrama concordou com a cabeça dando uma folga ao mais novo. Depois disso voltamos para o hotel, onde tomei um banho demorado, meu corpo começava a demonstrar os sinais do que quase duas noites sem dormir eram capazes de causar, ainda mais com um dia daqueles, sem contar a transa maravilhosa que tive que me deixou acabada e fora dos eixos, porém deu uma boa inspiração para continuar o caso, me peguei relembrando detalhes da noite passada, dos beijos, do corpo de Wilmer e de como ele fodia bem quanto eu imaginava, balancei a cabeça espantando aquelas lembranças e desliguei o chuveiro, sequei meu corpo e me vesti, sai do banheiro e encontrei o homem sem camisa terminando de arrumar suas malas, mordi meu próprio lábio tentando afastar qualquer pensamento sobre ele, maldito latino, aquilo não estava nos planos. Caminhei até a cama com a toalha em mãos secando meus cabelos. Assim que me viu ele esboçou um sorriso tranquilo.
_Você foi incrível._ elogiou.
_Já disse que não teria conseguido sem vocês._ dei de ombros._ Somos uma equipe.
_Não me importo, ainda sim você foi incrível._ insistiu._ E sobre a noite passada...
_Não irá se repetir._ respondi prontamente. Ele me encarou com o cenho franzido._ Wilmer, aquilo foi incrível, você ótimo no que faz, devo admitir, mas foi um deslize, um ótimo deslizes, mas não pode acontecer de novo. Não quero que me veja como se tivesse aproveitado a situação ou como uma das mulheres que você leva para a cama e a descarta depois, conheço sua fama. Sinto muito, porém isso tem que ficar aqui.
Ele estava surpreso, uma sobrancelha erguida.
_Eu já esperava por isso._ murmurou pegando sua roupa na mala e dando as costas para mim indo em direção ao banheiro.
_Wilmer._ o chamei baixo fazendo com que me olhasse._ Isso pode ser um segredo nosso? Por favor, eu não quero ser mais falada na delegacia, só Deus sabe o que já pensam de mim depois do... enfim, posso te pedir isso?_ ele assentiu depois de um tempo imóvel._ Promete?
_Prometo._ esboçou um sorriso forçado e voltou a seu percurso.
Joguei-me na cama após o baque da porta do banheiro, respirei fundo fechando os olhos pensando na loucura das últimas semanas, em especial dos últimos dias, no entanto meus pensamentos não foram longe, pois fui embalada pelo sono mais rápido do que pensava. Acordei um tempo depois com Wilmer me chamando baixinho dizendo que nosso voo estava quase na hora, resmunguei um pouco, mas levantei-me juntando o pouco de forças que me restavam, olhei no relógio, eram três da manhã eu só havia cochilado por cerca de uma hora, praticamente me arrastei hotel afora, Wilmer se ofereceu para carregar as malas visto que eu mal podia me carregar, não trocamos muitas palavras, até porque eu cochilei no carro, cochilei no avião e cochilei no táxi até meu apartamento, neste último me lembro de na verdade ser literalmente carregada pelo homem que também esbanjava cansaço, mesmo assim ele me ajudou a subir até meu quarto evitando que eu dormisse em pé no elevador, quando eu ia dizer que não precisava de tanto eu já estava em minha cama de pijama e coberta vendo a silhueta dele sair pela porta, me perguntei como ele ainda era capaz daquilo depois de levar um fora, pensei em agradecer, mas não sei se o fiz, por que acabei dormindo de novo, desta vez para valer, sem interrupções, eu tinha ganho os próximos dois dias de descanso, perguntei a mim mesma se naqueles dois dias eu passariam dormindo e ri da situação.
Acordei totalmente bem no dia seguinte, já eram quatro da tarde, mas não me importei. Tomei um banho, coloquei meu conjunto mais confortável de moletom e me joguei no sofá da sala rodeada de comidas gordurosas, coloquei na minha série favorita e passei o resto dia assim. Aquele momento sim para mim é conforto e não saltos altos durante uma noite inteira e vestidos de gala o tempo todo, além de toda a maquiagem quase impedindo de movimentar os músculos do rosto.
Suspirei fundo e me remexi no sofá tentando concentrar-me na série em questão, mas era quase impossível, o tempo todo meus pensamentos se desviavam a Wilmer, peguei o celular desbloqueando a tela, nenhuma mensagem, bufei, o que eu poderia esperar? Eu mesma tratei de afastá-lo e continuaria fazendo isso. Apesar de pouco tempo, eu ainda não sabia a relação de Wilmer com o pai, em momento algum ele o cita, como se nem o tivesse.