História Deadly Desire - Não estou bêbada

_Ainda não sei por que aceito isso._ reclamei ajeitando meu cabelo em frente ao espelho e aproveitando para dar uma última checada em mim mesma, na maquiagem, no vestido e no salto alto em meus pés.

Mais uma vez Marissa me convenceu em sair no sábado a noite para irmos ao Casey’s, segundo ela Niall deveria conhecer o lugar assim como eu quando cheguei, na verdade o que percebi era que ela estava um pouco interessada de mais pela presença dele.

_Nós dois sabemos que você adora._ ele rebateu assim que chegou na porta do meu quarto._ E você deveria sair mais, pois está linda.

Revirei os olhos, peguei minha bolsa sobre a cama e me virei para olhá-lo. Niall sempre fora um rapaz muito bonito, lógico que com a maturidade e a maior idade ele se tornou mais atraente e bonito, tenho de admitir, nós nunca ficamos e sou grata por isso, tê-lo como unicamente meu amigo já era o suficiente para mim. Naquela noite em especial ele também estava ainda mais bonito.

_Você também está._ dei uma piscadela e ele riu._ Mas para mim isso não é um motivo para sair.

Ele se desencostou da porta e se aproximou de mim.

_Você acabou de desenrolar um caso complicado, mais uma vez, muito bem._ hesitou por um instante._ E eu fico satisfeito por chegar aqui e ver que você está construindo uma vida diferente do que imaginei.

_Pensou que eu estaria em um sótão escuro e sozinha?_ debochei.

_Não, pensei que estaria tão tomada pelo ódio que não conseguiria fugir disso._ respondeu em um tom sério.

_Eu só não quero fazer uma besteira e colocar a vida de inocentes em risco, você sabe o que eu tenho contra Balbino e a dor que ele me causou e que me acompanha até hoje, mas eu não sou como ele, eu não quero fazê-lo sofrer colocando alguém importante para ele em risco._ balancei a cabeça._ Se é que alguém além dele mesmo é importante para ele. Eu quero vê-lo sofrer e quem estiver envolvido nisso com as minhas próprias mãos, quero que ele saiba quem está causando dor quando ele estiver sangrando. Pode parecer que eu esteja indo muito devagar, porém, só quero ter certeza de que estou fazendo a coisa certa.

Ele suspirou um pouco chateado, eu sabia que por ele eu não faria isso, que seguiria minha vida normalmente e apenas vivesse, mas eu não poderia abrir mão, e por mais que fosse contra, ele entendia.

_De qualquer forma._ estendeu o braço para que eu o pegasse, nós caminhamos para fora do quarto._ Estarei com você.

_Sei que sim._ entrelacei nossos dedos.

A música pop conhecida podia ser ouvida da rua e se tornava mais alta à medida que descíamos a escada. O Casey’s estava cheio, mesmo assim eu podia ver algumas pessoas da delegacia ali. Lauren, Kat, Wilmer, Candice, Michael e Paul como sempre na mesa de sinuca. Marissa e os outros estavam em uma mesa mais afastada. Niall pediu que eu fosse até a mesa com ele, embora eu quisesse pegar uma bebida primeiro. Assim que nos aproximamos Marissa nos recebeu bem animada, eu poderia supor que ela já havia tomado algumas, Camila estava diferente, tinha um ar mais solto e eu gostei daquilo nela, Ashton e Daniel que eu não via a um bom tempo também estavam bem à vontade, depois de um tempo. Claire, Leah e Riley amigas em comum entre eles e igualmente simpáticas. Dentro daquele pequeno grupo de pessoas a conversa fluía tão facilmente que afinal todos pareciam conhecidos de longa data.

_Agora que você já se enturmou, vou pegar uma bebida._ me referi a Niall soltando uma piscadela para ele e minha amiga._ Volto logo.

Notei a falta de Normani no bar e só então descobri que ela havia parado de trabalhar ali para se dedicar totalmente a dança, devido a um bom emprego que havia conseguido, mas ainda naquela noite ela estaria no Casey’s para se divertir. Pedi uma cerveja ao barman.

_Duas, por favor._ tomei um susto, mas imediatamente reconheci a voz ao meu lado. Wilmer tinha o sorriso animado que raramente mostrava por completo. Ele se apoiou sobre o balcão em um braço, ficando de frente para mim. Não dissemos nada até o barman colocar as duas garrafas sobre o balcão._ É inacreditável.

Franzi o cenho e peguei a garrafa.

_O que? _ levei a garrafa fria até minha boca, sentindo o gosto amargo da cerveja passear por minha boca e descer por minha garganta.

_Você se supera em qualquer momento._ prosseguiu fazendo o mesmo com a sua bebida e continuando a falar em seguida._ Quero dizer, você está linda está noite, mas não só nesta...

Revirei os olhos soltando uma risadinha.

_Sempre sendo gentil._ debochei, foi à vez de ele revirar os olhos.

_Estou apenas elogiando uma colega de trabalho._ meneou a cabeça, se aproximando um pouco mais, não fiz questão em recuar.

_Wilmer. _o repreendi baixinho observando sua aproximação.

Ele apenas deu um sorrisinho de lado e fez um gesto com a cabeça em direção a mesa de sinuca.

_Vamos assistir a uma partida. _ eu poderia muito bem negar, porém eu queria ir e me sentia como se estivesse devendo aquilo a alguém. Ele segurou em minha mão, o que surpreendeu, e nos levou até a mesa.

_Pensei que não voltaria mais._ Lauren implicou _ Até que enfim você resolveu se juntar conosco Demi.

Neguei com a cabeça.

_Só vim assistir._ a morena tombou a cabeça frustrada.

_Quem disse?_ Wilmer indagou me entregando um taco.

Cerrei os olhos em sua direção.

_Eu não sei jogar._ usei como desculpa.

_Nós te ensinamos, não é nada difícil._ Kat respondeu.

Candice e Paul também me encaravam com expectativa. Suspirei rendida e assenti.

_Tudo bem, eu topo, mas só uma vez._ peguei o taco. Assim que fiz isso, Michael colocou o dele sobre a mesa, com a desculpa de que iria pegar outra bebida para si._ Você não precisa sair.

Tentei interferir antes que ele fosse, mas pareceu não ouvir. Bufei frustrada, me perguntando até quando aquilo iria, no entanto, naquele momento eu preferi deixar pra lá, os problemas dele comigo não se resolveriam em uma festa e muito menos da forma que ele gostaria.

_Ok, o que eu faço?_ me voltei para os jogadores envoltos da mesa que me encaravam como se eu fosse a pessoa mais estúpida naquele jogo, e de fato eu era.

_Vamos jogar uma rodada e você observa até chegar sua vez e a gente vê no que dá._ Lauren ditou, ela tinha um ar divertido que quase não mostrava no trabalho.

Como ela disse, fiquei observando os movimentos deles, e a primeiro momento parecia até muito fácil: posicionar o taco, mirar, acertar e encaçapar. Até a minha vez chegar, fiquei totalmente sem jeito em posicionar o taco sobre a mesa, a bolinha de cor preta de repente pareceu imóvel, bufei abaixando os ombros.

_Em primeiro lugar._ Kat começou._ A bola que você deve acertar primeiro é a branca, você acerta ela para que ela acerte outra e caia ali dentro.

_Isso é impossível._ franzi o cenho._ Eu nem ao menos consigo colocar força pra isso.

_Não é força, é jeito._ Foi a vez de Wilmer se pronunciar, sem que eu tivesse tempo de protestar, ele foi para atrás de mim, colocou um braço de cada lado do meu corpo, colocando os meus na posição correta para aquilo, ele estava próximo o suficiente para que eu sentisse sua respiração em meu pescoço e o seu corpo se encostando sutilmente no meu. Prendi a respiração sem perceber. Com o taco atrás da bola branca, ele colocou sua mão por cima da minha onde eu segurava o objeto de madeira e com pouca força puxou para trás e empurrou fazendo com que eu acertasse a bola e consequentemente rolasse fazendo a que estava a sua frente, na cor vermelha, rolar suavemente até o buraco no canto da mesa._ Pronto, nada de complicado.

E se afastou ficando do outro lado da mesa para, desta vez, fazer ponto para si mesmo, com uma habilidade incontestável. Observei sua face concentrada se tornar em um sorriso quando conseguiu seu objetivo, ele olhou para mim e fui obrigada a desviar o olhar para evitar qualquer outra ação da minha parte. Ao final de contas eu acabei ficando no jogo, aos poucos fui pegando o jeito, embora perdesse em todas as partidas de que participei, Wilmer se propunha o tempo todo a me ajudar, mesmo que eu não precisasse, e por conta da bebida eu deixei, gostando daquilo, ou talvez a bebida não tivesse nada haver com aquilo. 

_Para quem não queria vir, você me parece bem animada. _Niall comentou com um sorriso no rosto e um copo com cerveja em mãos.

Marissa estava ao seu lado, os dois haviam acabado de voltar da pista de dança e chegavam a estar suados.

_Eu estou ótima._ respondi me apoiando na mesa.

_E bêbada._ minha amiga respondeu me fazendo rir.

_Onde estão os outros?_ Kat perguntou.

_Provavelmente chegando em casa._ Niall respondeu.

_Sério? Que horas são?_ Lauren perguntou olhando em seu celular, a morena arregalou os olhos e soltou uma risada._ Bem tarde, tenho que ir também.

_Mas já? Nós ainda nem terminamos._ reclamei.

_E nós também vamos, você está quase caindo ai._ Niall chamou minha atenção.

Fiz uma careta para ele.

_Vocês podem me dar uma carona? Estou sem carro hoje._ Marissa pediu.

_Tudo bem, eu levo vocês._ revirei os olhos.

_Nem pensar você dirige desse jeito._ Wilmer interveio.

_Você não bebeu tão menos que eu._ dei de ombros._ Estou ótima para dirigir.

Ao me afastar da mesa, acabei cambaleando contrariando totalmente minha fala, Wilmer que estava ao meu lado, me segurou impedindo que eu caísse.

_Estou vendo._ ironizou._ Niall, pode levar a Marissa que eu levo ela pra casa.

O rapaz pareceu um pouco receoso em concordar.

_Posso confiar em você?_ perguntou rindo, mas eu sabia que no fundo a pergunta era séria. Wilmer assentiu com a cabeça._ Tudo bem, vamos?

Foi à vez de Marissa assentir e eles saíram, Kat e Lauren se despediram logo em seguida. Paul e Candice já haviam ido mais cedo, só havia restado nós dois realmente.

_Quais são suas intenções Valderrama?_ perguntei em tom de brincadeira, com a voz ligeiramente arrastada, já dentro do carro.

_Deixar você viva em casa._ ele não parecia embriagado.

_Não havia necessidade de me levar, poderíamos deixar Marissa em casa e irmos para o meu apartamento.                       

_Acho que você está bêbada de mais para perceber que os dois não queriam se afastar tão cedo._ ele comentou com um sorrisinho e olhou para mim.

Franzi o cenho tentando pensar um pouco sobre o assunto. Levei uma mão à testa ao imaginar os dois se beijando.

_Ah não._ reclamei._ Eles são meus melhores amigos, isso seria estranho.

_Eles continuarão a serem seus amigos._ deu de ombros. Logo o carro parou em frente ao prédio do meu apartamento, tive uma pequena dificuldade em achar o lugar onde abria a porta do carro. Wimer riu e eu o olhei com os olhos semicerrados._ Ok, acho que você não consegue chegar no seu andar sozinha.

Ele saiu do carro e deu a volta abrindo a porta para mim, do lado de fora, eu sai sem cambalear, ele fechou a porta e ligou o alarme vindo ao meu lado.

_O porteiro vai pensar besteira sobre nós._ ri do meu comentário olhando para ele.

_Não vai, porque descerei agora mesmo._ deu de ombros._ Pelo menos não hoje.

Fiquei quieta com sua resposta. Nós entramos no elevador e apertei o botão, encostei-me a parede metálica e fechei os olhos.

_Não durma agora, falta pouco para o seu quarto.

_Não estou bêbada._ respondi.

Sem resposta, a porta se abriu e eu abri os olhos saindo de dentro dela, com ele logo atrás de mim, procurei as chaves em minha bolsa, o tempo todo sob os olhos de Wilmer, assim que as encontrei destranquei a porta, porém, ao invés de abrir me encostei de costas nela, encarei o latino com as mãos no bolso e um sorrisinho no canto dos lábios. Ficamos em silêncio por um tempo, apenas nos encarando sem cessar. Era estranho estar perto dele sem conversar sobre trabalho ou nos beijando.

_Você foi muito bem essa noite, para uma iniciante._ ele quebrou o silêncio. Tombei a cabeça com os olhos semicerrados._ Já que está entregue, vou ir, boa noite Demetria.

_Não vai se oferecer para entrar?_ questionei com uma sobrancelha arqueada. Ele abriu mais o sorriso em seus lábios.

_Já disse que não é minha intenção essa noite._ ele permaneceu parado. Ajeitei minha postura e devolvi o mesmo sorriso.

_Então deveria acreditar quando digo que realmente não estou bêbada esta noite._ ele franziu o cenho._ Sou uma detetive, Valderrama. Finjo estados de espírito o tempo todo, não sou tão fraca para bebida assim.

Ele negou com a cabeça, rindo de si mesmo.

_Então porque pareceu estar?_ foi sua vez de arquear uma sobrancelha.

Mordi meu lábio inferior reprimindo um riso.

_Talvez eu te conte em outro momento._ dei de ombros._ Boa noite Wilmer.

_Boa noite Demi._ “Demi” porque meu nome parecia tão bem vindo dele? Antes de sair ele pensou uma pouco, chegou a abrir a boca para falar algo e a fechou, para finalmente falar._ Só mais uma coisa.

Com um passo ele estava a centímetro de distância de mim, qualquer aproximação com ele era perigoso demais para mim, uma mão em meu rosto e a outra em minha cintura, lento o suficiente para saber se eu consentia com os gestos dele, permaneci imóvel, tentando contralar minha respiração, seus olhos revezavam entre minha boca e meus olhos, enquanto eu fazia o mesmo, ele umedeceu os lábios, parecia faminto por isso. Droga, xinguei mentalmente. Foi a minha vez de erguer uma mão e colocá-la em seu rosto, aproximando o meu e colando meus lábios nos dele, iniciando um beijo lento, automaticamente ele colou nossos corpos, a mão em seu rosto foi para sua nuca puxando os cabelos curtos. O beijo parecia esquentar meu corpo gradativamente. A mão livre que estava na maçaneta da porta a girou abrindo um pouco, a outra mão em sua nuca, foi para o seu peito, afastei meu corpo junto com a porta adentrando em meu apartamento sem que ele viesse comigo, terminei o beijo com um selinho demorado e entrei por completo segurando a porta deixando apenas uma fresta onde metade do meu corpo cabia. Ele resmungou em reprovação, eu apenas ri.

_Boa noite delegado._ Foi a última coisa que disse antes de fechar a porta e me apoiar nela, recuperando o fôlego e minha consciência.

Havia algo nele, algo em Wilmer que não me permitia resistir, não me permitia ficar longe.