História Deadly Desire - Cuidado para não se machucar

Demi p.o.v

02 de janeiro de 2016_Dallas, Texas.

De pé frente ao túmulo dos meus pais, as lágrimas de Demi caiam sem clemência. Vinte e um anos depois da morte dos dois e a dor ainda era a mesma. O cemitério estava vazio como todos os anos em que ela ia ali, não havia familiares próximos, só as pessoas que conheciam e cuidavam dela e de Dallas, sua irmã mais velha, mas eles já seguiam suas vidas e a morte de seus pais já não era relevante para eles. Em partes ela não ficava triste por ninguém ir, pelo menos assim Demi poderia chorar e conversar com eles. Era o único lugar em que ela ficava sozinha e podia ceder, podia chorar sem ser olhada com pena. Hoje se tratava de uma despedida, a moça finalmente iria para Los Angeles disposta encontrar o homem que havia matado seu pai e sua mãe, a jovem estava disposta a matá-lo assim como ele os matou, como ele a matou. Ela poderia manter uma boa aparência por fora, mas por dentro ela estava morta.

_Eu prometo, ele vai pagar por isso._Disse se abaixando._Eu amo vocês.

Deixou uma rosa branca para cada um e se levantei. É claro que eles não responderiam, mas em seu interior ela sabia que eles a escutariam, então como todos os dias ela se lembrava da última tarde e do “eu te amo” de cada um e se contentava com isso, eles sempre a amaram. Colocou seus óculos escuros e foi para seu carro em direção à residência dos Jonas. Porém no caminho ela lembrou-se que tinha um amigo para visitar. Niall Horan sempre fora o seu amigo, desde que ela se entendia por gente, um havia acompanhado os carmas e felicidades do outro, e Niall era o único que sabia tudo sobre Demi e o que ela faria de sua vida dali para frente. Ao passar em frente a casa do rapaz ela estacionou e entrou sem bater, como era de costume, ele estaria no quarto, não era difícil de se imaginar, o jovem de cabelos loiros, olhos azuis escondidos por um óculos de grau , uma barba rala em seu rosto, um talento nato para música, ele era bonito, claro que era, mas quase nunca saia de casa, além de ser um viciado em computadores e essa coisa toda.

_Olá meu amor._ ele disse ao ver a moça entrar em seu quarto, ela se deitou na cama onde ele estava, rapidamente ele deixou o livro em suas mãos para dar atenção a amiga, a relação entre os dois, nunca passará de dois irmãos, e ela se sentia sortuda por isso._É aquele dia ruim, certo?

_Certo._ ela se aconchegou ao rapaz, desajeitadamente ele a abraçou.

_Tenho algo que não irá te animar muito, mas talvez tenha um resultado._ ele pegou o notebook sobre a mesa ao lado e o abriu, a tela já mostrava um rapaz jovem, mais velho que os dois, porém ainda assim jovem, traços latinos esboços em sua face, olhos escuros e uma pele morena._ Este é Wilmer Valderrama, ele não é encontrado facilmente na internet embora, seja um delegado importante em L.A. Tem 36 anos e essa foto não é lá muito nova, mas deve servir.

_Quem é essa com ele?_ apontou para uma das fotos em que o homem estava com os braços envoltos da cintura de uma bela moça.

_Sua esposa, ou era até alguns anos, a morte dela foi noticiada a alguns anos atrás._ comentou._ Tem certeza de que quer fazer isso?

_Tenho, eu preciso.

_Só não acuse as pessoas erradas, ele não parece ter tanto envolvimento com o pai._ continuou._ Cuidado para não se machucar, você sabe do que estou falando.

***

 Ao chegar em casa, Demi pôde ver Paul sentado no sofá da sala lendo um jornal, assim que a viu esboçou um sorriso fraco.

_Olá querida.

_Olá tio Paul._Respondeu baixo.

_Como foi hoje?_Escutou a voz feminina vindo da cozinha em seguida aparecendo na sala, era Denise. Ela carregava um olhar piedoso e preocupado, o que era normal em dias como hoje.

_Como todos os outros anos. Vazio e triste._Suspirou_ Vou para meu quarto, amanhã sairei cedo.

_Você quer mesmo ir? Acabou de se formar e já tem um bom emprego._Ela rebateu.

Balancou a cabeça em sinal de afirmação.

_É necessário. A oferta lá é melhor._ Disse firme.

_Não minta para nós, sabemos o real motivo de sua partida. Você irá atrás de Balbino, não é?_ Paul mais afirmou do que perguntou.

Demi suspirou só os dois além de Niall sabiam de toda história do inicio ao fim. Joe sabia do seu ódio pelos Valderramas, ma só isso. Dallas só sabia que ela iria a trabalho criar uma vida o que não era total mentira.

_Talvez._ Confessou._ Mas não é só isso, eu quero ser independente e sair dessa cidade.

_Querida, nós te entendemos. Mas promete que irá agir corretamente? Eu não quero imaginar que criei uma assassina, vingança não é justiça. _Denise disse.

As últimas palavras caíram em peso sobre a jovem.

_Tudo bem._ respondeu apenas, ela não estava disposta a iniciar uma discussão, não seria capaz.

Após isso subiu, a casa não era uma mansão em si, mas acolheu perfeitamente ela e sua irmã, o primeiro andar se ocupava com uma sala, um banheiro social, e a cozinha acoplada a sala de estar, o segundo andar são os quartos e suítes além do escritório. Tudo muito bem organizado e aconchegante e embora se sentisse na maioria das vezes deslocada ela sentia-se bem em determinados momentos, de qualquer forma, cresceu ali e foi bem criada, com o amor que ela sabia que eles se esforçaram para lhes dar. O corredor dividia os aposentos e antes que ela chegasse ao seu sentiu alguém puxar seu braço para dentro de um deles.

_Joe!_ disse com o tom elevado._ Sabe que eu odeio quando faz isso.

Ele levou um de seus dedos à boca fazendo sinal de silêncio. Após trancar a porta se aproximou dela, suas mãos envolveram sua cintura e sem hesitar ele aproximou seu rosto do seu, fechou os olhos ciente do que estava por vir, ele a beijou apressado, como todos os beijos trocados por eles. Não que ela se orgulhasse, mas Joe desde cedo fora seu “caso”, não lembrava-se bem o momento exato, mas  lembrara de ser no meio de sua adolescência, nunca passou de beijos e sexo as escondidas, aliás se vale dizer aqui, sua primeira vez foi com ele, após uma festa, embora seus pais desconfiassem e apoiassem e até que ele mesmo quisesse, nunca passou em sua mente levar adiante, tornar um relacionamento sério, não se via nisso, não se encaixava nisso, na verdade não se encaixava em nada relacionado aquela cidade. Nestas condições, Joe não fora o único a passar em sua vida e não seria ele a ficar nela, não desta forma.

O beijo começou a ficar mais intenso, ele a empurrou até a beira da cama e antes de deitá-la nela, Demi tirou seu casaco e em seguida a blusa, ficando apenas de sutiã.

*

_Você se supera._ ele disse deitado na cama fazendo-a revirar os olhos, terminou de se vestir e pegou meu casaco.

_Espero que tenha guardado, não acontecerá novamente._ pegou sua bolsa e o encarou.

Ele se sentou na cama se cobrindo, sua expressão mudou rapidamente.

_Você vai mesmo ir para Los Angeles._ afirmou para si desviando o olhar._ O engraçado é que você acha que isso vai mudar alguma coisa, que irá curar a sua irmã ou que a sua dor passará, adivinhe Demi: Não vai mudar nada.

_Ótimas palavras pós foda._ Ironizou e destrancou a porta._ Mas eu não me importo com elas, eu vou porque também preciso ser livre, vou porque esse não é meu lugar Joe, e sim, eu vou atrás de justiça, no entanto eu não sou tão ingênua, eu sei das consequências e eu sei que tudo pode dar errado, mas essa é a minha vida.

Antes que ele pudesse responder ela se retirei. Passando pelo corredor viu a porta de Nick fechada, ele era o mais novo da família, com pouco menos de um mês de diferença para ela, ele sim ela  considerava um irmão, seu melhor amigo desde que se entendia por gente, ele estava na faculdade de medicina, terminando o último período.

Ao entrar em seu quarto, ficou feliz por ver Dallas de pé e arrumada. Se sentiu melhor só de vê-la ali.

_Está animada hoje?_ comentou com um sorriso, ela esboçou um sorriso mínimo, Dallas sempre fora cheia de espírito, de um sorriso doce e contagiante, a mais nova amava quando ela chegava da faculdade e posteriormente do trabalho a cotando histórias sobre seu dia, de repente, como se tudo tivesse desmoronado depois de descobrir sua doença, desde então não via seu sorriso sincero e confiante mais.

_Tenho uma entrevista de emprego._ ela disse com certa felicidade em sua voz. Demi abriu a boca surpresa, ela a olhou intensificando seu sorriso._ Desculpa não ter te contado antes, eu queria ter certeza de que me chamariam, mas é uma oportunidade. Não é porque eu tenha que carregar essa doença comigo que signifique que eu não possa ter uma vida.

Sorriu com as suas palavras a correu para abraçá-la.

_Sentirei tanto a sua falta, depois você pode se transferir para L.A. E nós vamos ficar juntas lá, podemos morar no mesmo apartamento eu não me importo._ disse se afastando._ Tenho certeza que essa vaga será sua, você é completa, tem um ótimo currículo.

_Não quero criar expectativas, mas espero que sim. Depois que você for eu não quero ficar o dia todo olhando para as paredes._ brincou._ Gosto de trabalhar e preciso disso. Quanto a você se cuide, tenho certeza de que será a melhor policial de lá.

_Nem tanto._ fez uma careta._ Ainda tenho algumas horas até meu voo, o que acha de se aproveitar um pouco de sua irmã.

Não puderam ficar a tarde toda assistindo a séries e comendo, pois a entrevista dela era em pouco tempo, foi o suficiente para que fizessem planos, ela estava realmente feliz por saber que Dallas ficaria bem sem ela, mesmo sendo seis anos mais velha, se sentia na obrigação de cuidar dela. Despediram-se, ela não conseguiu conter as lágrimas e só então Demi teve total certeza do quanto sentiria falta da irmã. Mais tarde teve de me despedir do restante da família - Joe, Paul, Denise e Ally, sua única melhor amiga naquele lugar- Niall não pode ir e de qualquer forma já haviam se despedido, teve de prometer tantas vezes que ficaria bem que quase perdeu o vôo.

Dentro do avião se despediu mentalmente da cidade em que cresceu, na tela do notebook ela checava o rapaz que conheceria, que seria seu chefe e consequentemente seu primeiro alvo.