História Dear, Aurora. - A babá.

Ponto de vista, Allana Seyfried.

Deitada na cama de barriga para cima, meus pensamentos estavam muito confusos. Styles havia me contratado tão repentinamente que me peguei perguntando se ele não havia feito isso por pena. Não tenho nenhuma experiência se quer com crianças e fui contratada para cuidar de uma. Estava pensando em telefonar para ele e dizer que eu havia encontrado outro emprego. Mas, já eram 05:30AM.

Sai da cama, me arrastando para o banheiro. Molhei meu rosto, escovei os dentes e tomei um banho morno. Enrolei meu corpo na toalha e sai do banheiro, regressando para o meu quarto.

Samanta –minha mãe-, estava jogada em cima de minha cama. O que me causou um pequeno susto já que a essa hora, ela costuma estar dormindo. Abri a gaveta de minha cômoda, tirando dali uma calça jeans preta e uma camisa branca lisa. Escutei ela fazer um grunhido em desaprovação. Revirei os olhos, continuando a pegar minhas vestes.

- Você vai trabalhar como babá e não como executiva. – Me virei para ela, cruzando os braços.

- E o que você sugere? – Perguntei, me arrependendo logo em seguida.

A morena se levantou, caminhando saltitante para minha cômoda vasculhando a mesma. Depois de alguns segundos, ela tira de lá um vestido branco com florezinhas amarelas e me entrega o mesmo. Faço cara de reprovação.

- Você fica linda de vestido. – Sorri largo. – Ah, sapatilhas pretas.

Puxa os sapatos de debaixo de minha cama. Balanço a cabeça sorrindo e trato de me vestir. Odeio admitir, porém, ela tem um ótimo gosto.

Me sentei na cadeira em frente da minha escrivaninha e comecei a fazer uma trança lateral com a parte da frente de meu cabelo. Passei um hidratante labial e levantei, pegando a minha bolsa na maçaneta da porta.

Minha mãe estava encostada no balcão da cozinha, bebendo uma xícara de café. Parei em sua frente dando uma voltinha e sorri sem dentes.

- Olha só – veio até mim, segurando a minha mão e me fazendo rodar mais uma vez. – está linda.

- Hum, obrigada. – Ri fraco.

- Não vai tomar café?

- Ah, não. Eu paro numa padaria ou tomo café no trabalho.

Falei, indo em direção a porta da frente.

- Boa sorte! – Gritou dá cozinha.

- Valeu. – gritei de volta, abrindo a porta e saindo.

Olhei as horas no meu relógio de pulso, suspirando por não estar atrasada. Chamei um táxi para garantir que eu não chegaria atrasada logo no primeiro dia.

Saltei do táxi, constatando que ainda tinha cinco minutos para tomar um café. Agradeci ao taxista e o paguei, seguindo meu destino. Os grandes portões da mansão Styles estavam abertos para minha surpresa. Passei por eles, escutando ruídos de vozes dentro da casa. Ignorei as mesmas, continuando a minha caminhada. Quando meu dedo indicador iria chocar com a campainha da porta principal, a mesma foi aberta bruscamente.

Um homem de meia idade –muito alto por sinal-, cabelos pretos e muito bem vestido me olhou de cima a baixo com um olhar reprovador. Suspirei internamente com a sua reação e o encarei da mesma forma que ele me encarava.

- Olivia deve estar se revirando no túmulo! – É rude, esbarrando violentamente em meu ombro me fazendo perder o equilíbrio.

- VAI PRO INFERNO! – Harry gritou de dentro da mansão, caminhando rápido para a porta. – Nunca mais volte aqui seu velho idiota! – gritou mais uma vez.

- Deveria respeitar os mais velhos, Styles. – Sorriu cínico, lhe mandando o dedo do meio.

Harry bufou em raiva, direcionando seus olhos verdes para os meus azuis. Abaixei a cabeça rapidamente, encarando meus pés.

- Bom dia, Allana! – Murmura divertido. – Joana, a babá chegou.

Entrei, escutando ele bater há porta atrás de mim.

- Desculpe ter que fazer você presenciar isso tudo logo cedo, Allana. – Se desculpou.

Me virei para responde-lo. E foi só ai que eu percebi que Harry estava com o seu peitoral desnudo. Tentei desviar meu olhar de seu físico, coisa a qual foi muito difícil de fazer.

- Olá, Allana. – Joana disse atrás de mim, me fazendo finalmente parar de olha-lo.

- Oi. – Sorri, recebendo o seu abraço. – Por favor menino, vá se vestir. Está frio. – Ri fraco, abaixando a cabeça.

- Prepare-se para ter o mesmo tratamento, Allana. – Gritou, subindo as escadas correndo.

(...)

Harry já estava no trabalho e Joana me ensinava a fazer a mamadeira de Aurora. A pequenina estava deitada em seu carrinho, segurando uma girafinha de pelúcia em suas mãozinhas.

- Viu. Fácil, fácil! – Fechou a mamadeira, me entregando a mesma.

- Falar é fácil, a senhora já está acostumada. – Sorri sem dentes colocando a mamadeira em cima do porta copos do carrinho e peguei Aurora no colo. – Oi princesinha.

Peguei a mamadeira e coloquei o bico em sua boca, virando um pouco a mesma para ela conseguir de fato sugar o leite. Joana nos olhava sorridente me passando confiança.

Depois de dar mama para Aurora, a levei para o seu quarto. Coloquei ela dentro do berço e caminhei para o seu banheiro, ligando o chuveiro e esperando a banheira encher por completo. Peguei Aury no colo e a coloquei deitada no trocador, tirando a sua roupinha.

Após dar banho nela, a coloquei para brincar no tapete de seu quarto. Meu celular tocou, me fazendo distanciar-me de Aurora para atendê-lo.

- Achei que você estava no trabalho, mãe! – Revirei os olhos.

- E estou. Só liguei para saber como estão as coisas por ai. – Bocejou.

- Hum... bens. Aurora é um amor e Joana está me ajudando com ela. – Apoiei meus braços no mezanino da escadaria.

- A empregada? – Riu fraco. – Certo. E o bonitão do Styles? Ele confiou mesmo em você para cuidar da filha dele? Que cara de azar.

- Risos. – Bufei. – Aconteceu algo estranho quando cheguei aqui de manhã. – Mudei de assunto.

- Você colocar os pés nessa casa já é algo estranho, Aly. – Gargalhou.

- Poderia me levar a sério por pelo menos um segundo? – Bradei. – Enfim, Harry estava tendo uma discussão com um homem com o dobro de sua idade. Não consegui entender o motivo mas, acho que envolvia Aurora.

- Só um segundo. – Escutei seus dedos esmagarem o teclado do computador. – Como era esse homem?

- Ah... muito alto, olhos verdes, cabelos pretos e muito bem cuidados. Tem cara de magnata e é muito sério. – Me virei de costas para o mezanino, caminhando de volta para o quarto de Aury.

- Prepare-se querida, gostosão Styles brigava com o seu sogro, Richard Madsen. – Diz vitoriosa.

Ignorei a sua próxima fala sobre o homem em questão e percebi que Aury não estava sentada no chão de seu quarto. Engoli em seco entrando em seu banheiro e a procurando debaixo de seu berço. Não me espantava que a pequenina sumisse naquela enorme mansão, mas a partir do momento em que ela some sob os meus cuidados, eu comecei a ficar desesperada.

E no foi no auge de meu desespero que me lembrei de não ter colocado o cercado no começo da escada. Apertei forte o celular em minha mão, rezando para que a pequena não estivesse estraçalhada nos degraus da escada.

Sai do quarto calmamente, escutando Samanta me chamar do outro lado de linha. Meu coração estava parado, assim como as minhas pernas quando meus olhos captaram a cena de Aury preparada para colocar as mãozinhas no primeiro degrau da escada.

- Aury – Sussurrei, chamando a sua atenção. – Vem aqui, princesa. Olha o brinquedo que a Aly tem.

Me ajoelhei no chão, erguendo o meu celular para a criança.

Tudo bem, eu poderia me levantar e pegar ela no colo tirando o seu risco de morte. Porém, como fazer isso sendo que eu estava no final do corredor e ela no começo do mesmo?

- Aurora, eu preciso desse emprego garotinha! – Ergui a voz já irritada.

- Allana? Você está aí? O que aconteceu? – Gritava do outro lado da linha.

Levantei rapidamente do chão, deixando o meu celular cair ao ver que Aury havia colocado as suas pequenas mãozinhas na escada, na esperança de descer. Por sorte, consegui pegá-la a tempo de suas mãos terem “pisado” em falso no degrau e consequentemente a fazendo rolar escada a baixo.

Soltei um grito agudo e estalado que eu nem sabia que estava prendendo. Abracei forte a criança em meus braços que começou a rir. A encarei feio, apontando o meu dedo indicador para a mesma.

- Ainda não está na hora de ver a sua mãe, mocinha! – Bradei.

Voltei a andar normalmente para o final do corredor, catando o meu celular do chão e encontrando uma mãe super furiosa com a filha.

- ALLANA, O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – A voz soando medo.

- Nada mãe. Estou bem. – Olhei mais uma vez para Aury em meus braços que brincava com o meu colar de pérolas barato. – Estamos bem. – Acrescentei, desligando o telefone.

(...)

- Como foi o primeiro dia? – Pergunta tirando Aury de meus braços.

Já eram 21:00PM. Harry acabará de chegar do trabalho e pelo o que eu vi em seus olhos e em seu corpo, ele estava cansado. Muito, cansado.

- Muito bem. – Quase a deixei morrer hoje. Mas, foi tudo bem.

- Bem. – Concordou com a cabeça.

Aurora deitou a sua cabecinha no ombro do pai, me deixando completamente encantada e deixando um enorme sorriso bobo aparecer em meus lábios. Senti os olhos de Harry pesarem em mim, fazendo com que as minhas bochechas corarem ligeiramente.

Ergui meu olhar de encontro com o dele, aonde ficamos longos minutos nos encarando sem dizer uma palavra se quer. E, nossa! Samanta tinha razão, ele é muito lindo. Seus olhos verdes brilhavam feito duas esmeraldas perfeitas.

- Boa noite, Haroldo.

Joana disse, quebrando o nosso contato visual. Abaixei a cabeça rapidamente, sentindo os olhos de Jô em mim.

- Boa noite, Jô. – Diz sério.

- Até amanhã, Joana. – Sorri, acenando.

A mais velha piscou para mim, abrindo a porta da frente e saindo. Deixando apenas eu, Harry e Aury na sala. Balancei o meu pé para frente e para trás, cruzando os braços.

- Tem como voltar para casa? – Pergunta por fim.

- Hum... tenho.

Respondo, finalmente o olhando.

Harry colocou Aurora para dormir, descendo as escadas correndo. Levantei do sofá, esperando que ele viesse até mim. Depois de tanto insistir, acabei deixando que ele me trouxesse em casa. Destravei o cinto e abri a porta, pronta para saltar de seu carro extremamente caro.

- Allana – Segurou o meu braço, fazendo o meu coração sair pela boca. – obrigado. Obrigado por ter cuidado tão bem de Aury. Confesso, tive medo de alguma coisa acontecer com ela sob os seus cuidados.

Como cair da escada? Meu inconsciente grita.

- Obrigada por ter me dado o emprego, senhor... Harry. – Me auto corrigi, descendo de seu carro.

Acenei para ele que me deu um sorriso em resposta.