História Dear Daddy's - Unhoped

No final de janeiro, em uma velocidade mediana, Seokjin dirigia de volta para casa depois de um jantar na casa da mãe. A ruas estavam silenciosas. Era uma noite escura e fria. 

Deitado sobre um papelão fino, debaixo de uma marquise e enrolado em um cobertor surrado, estava uma criança chamada Jungkook. Seu rosto estava magro  — claramente desnutrido —, olheiras profundas  e tanto sua pele quanto suas roupas estavam sujas. 

De princípio, Seokjin não identificou que era uma criança , precisou reduzir a velocidade do carro e com um  olhar atento, ele percebera. O jovem não pensara duas vezes e logo  descera  às pressas do automóvel,  estacionando-o  de qualquer jeito no meio da rua e rumou em direção a criança. Quando aproximou-se, pode então ver que era um menino, por volta de cinco anos.

O leve sono da criança fora interrompido  com a aproximação repentina do mais velho, e ele sentiu a pele arrepiar e cogitou a ideia de correr para longe dali, por medo. Mas, antes que pudesse fazer qualquer movimento, Seokjin o pegara no colo, levando-o em passos largos para o carro. 

Seokjin sentara o menino no banco traseiro do veículo, e em seguida, sentou-se no banco do motorista, rumando para casa.

Durante todo o trajeto, Jungkook não dissera nenhuma palavra, permaneceu quieto, estático, com os olhos arregalados; mal respirava. Ele estava completamente assustado, o medo pulsava dentro dele, não estava entendendo o que acontecia, não sabia para onde estava sendo levado e, isso o amedrontava. Porém, não questionara nada.

A cabeça de Seokjin ia longe —, uma parte dele dirigia e a outra vigiava a criança no banco de trás, incrédulo com a situação,

 O mais velho não conseguia compreender como  alguém  pôde abandonar o pequeno menino à mercê da rua, aos perigos que a envolve. Sem nenhum tipo de cuidado, totalmente desprotegido, sem nada e nem ninguém. Ele não conseguia pensar em palavras cabíveis para expressar o turbilhão de sentimentos que crescia dentro dele. Talvez indignação pela pessoa que abandonara o menino. Talvez Compaixão, empatia pelo por ele. O jovem não  sabia ao certo o que sentia no momento, no entanto, uma certeza ele tinha, e era de que o ato de ter abandonado aquela criança fora errado, injusto, um grande erro pelo qual alguém algum dia haverá de pagar.

Ao chegar em sua residência, Seokjin estacionou o carro na garagem, e desceu do veículo, abriu a porta traseira e pegou Jungkook novamente no colo, e adentraram na casa. 

O jovem seguiu para o quarto. E ao chegar no cômodo, sentou Jungkook em sua cama, desenrolando-o do cobertor em seguida. O menino  vestia uma camiseta desbotada e uma calça de moletom com pequenos furos na perna. Ele encolheu-se  no colchão, olhando para o chão. 

Seokjin sentou-se ao lado do menino, e com a aproximação, a criança afastou-se, e olhou aterrorizado para o mais velho. 

Quando Jungkook olhou para Seokjin, tudo o que o mais velho viu foi um par de grandes olhos tristes encarando-o. Ele nunca havia conhecido uma criança tão triste em toda a sua vida, as que conhecia, sempre eram alegres e com um brilho encantador no sorriso. Só de imaginar o que havia acontecido com o menino para ele carregar aquela tristeza no olhar, seu coração apertou-se, e o alto-controle fora necessário para não  começar chorar. Mesmo sabendo que havia milhares de possibilidades de sua decisão dar errado, as Ignorou e decidira que iria cuidar daquela criança. Ele havia sentindo a necessidade de ajudar o menino, de cuidá-lo, protegê-lo. Era isso que seu coração gritava em cada batimento, e não iria ignorá-lo.

— Olá — disse Seokjin. — Eu sou Kim Seokjin e você?

O menino permaneceu calado, apenas encarando Seokjin assustado.

— Você está bem? — Seokjin voltou a perguntar. O jovem pensou em questionar o por quê do menino está dormindo na rua, o que havia acontecido com ele, porém hesitou, achando que as perguntas iriam intimidar ainda mais a criança; achou melhor esperar antes de perguntar qualquer coisa.

Em resposta à pergunta, o menino assentiu com um aceno de cabeça, indicando que sim, ele estava bem. 

Seokjin sorriu levemente.  — Qual é o seu nome?

— Jungkook. Jeon Jeongguk. — disse o menino. Pela primeira vez, Seokjin escutura a voz do mais novo. Uma voz doce, melodiosa e um tanto fofa.

— Jeon Jungkook — Seokjin repetiu. — Que lindo  nome. — ele sorriu.

— Obrigado — agradeceu Jungkook e abaixou a cabeça, voltando a olhar para o chão.

— Quantos anos você tem? — perguntou Seokjin. Jungkook levantara a cabeça e pensou a respeito e olhou para os dedos, que se agitavam no ar. Ele estava tentando calcular sua idade.

— Tenho seis anos — disse o menino, mostrando os dedos gordinhos com as unhas roídas.

— E eu tenho 19 anos. — disse Seokjin.

Jeongguk encarou-o, surpreso. — Tudo isso?

— Sim. 

— São muitos dedos — Jungkook sussurrou, olhando para suas  mãos. 

Seokjin deixou escapar uma risada pela reação do menino.

Jungkook encarou Seokjin por um momento e abriu e fechou a boca duas vezes, como se estivesse escolhendo as palavras. — Por que me trouxe 'pra essa casa? — disse ele afinal. — Eu não conheço você. E.... eu... tenho medo. 

— Não se preocupe, eu não irei fazer nada de ruim com você.  Eu te trouxe para morar aqui, comigo, porque eu quero cuidar de você. Não irei te machucar. Eu não sou uma pessoa má. — disse Seokjin, em um tom mais gentil que conseguira. 

Jungkook sorriu levemente. 

— Você não é mau? — perguntou Jungkook ainda um pouco hesitante. Seokjin assentiu rapidamente. — Posso perguntar um negócio? — acrescentou ele após um momento.

— Claro — disse Seokjin.

— Você sabe onde minha mamãe ‘tá? Ela me deixou lá, falou que ia voltar ‘pra me buscar mas… mas não voltou — disse Jungkook, e seus olhos se encheram de lágrimas, rapidamente. Relembrar do dia que fora abandonado, o entristecia muito. 

O coração de Seokjin apertou-se. O rosto de Jungkook tinha uma expressão de desamparo, a tristeza chegava a transbordar em seu olhar e o jovem também notara a grande confusão que estava na cabeça no menino. E, Seokjin sentia-se triste também e não entendia o porquê.

— Eu não conheço sua mamãe, Jungkook. Eu estava passando por aquela rua e vi você, então, decidi que iria te ajudar. — disse Seokjin. — Você  estava naquele lugar por quanto tempo? 

Jungkook mordeu os lábios e algumas lágrimas desceram por suas bochechas, e ele as secos com as mãos.

— Eu não sei — disse Jungkook, com a voz embargada. — Eu ‘tava com muito medo, com frio e fome. Não sei porque a mamãe fez isso comigo, eu não fui mau com ela, eu juro, eu não fui!

Jungkook desmanchou-se em lágrimas. Alguns soluços mais fortes faziam seu pequeno corpo tremer. Ele não conseguia compreender como tudo acontecera. Num dia ele estava perfeitamente feliz, em sua casa, com seus pais, brincando com seus carrinhos, fazendo planos com seus amigos; no outro, estava em uma rua fria e desagradável, com pessoas desconhecidas, infeliz, parecendo ser incapaz de rir novamente.

Seokjin evolveu Jungkook em seus braços, abraçando-o, tentando conforta-lo  De primeira o menino ficou tenso mas acabara relaxando e aconchegou-se no corpo do jovem, sentindo o calor que emanava do mesmo 

— Fica calmo — disse Seokjin. — Agora você tem a mim, eu não vou te abandonar, fique calmo. — ele acariciou os cabelos negros de Jungkook. — Tudo vai ficar bem, fique tranquilo, agora eu vou cuidar de você. 

— Sério? — disse Jungkook. Sua voz saira um pouco abafada, pois estava agarrado ao corpo de Seokjin.

— Sim, sério — disse Seokjin.  Jungkook afastou-se do jovem e o encarou com o rosto molhado pelas lágrimas. — Eu irei cuidar de você, protegê-lo. Mas é claro, se você quiser. — Seokjin sorriu.

Jungkook sorriu de volta, revelando todos os seus dentes. — Eu quero!

— Que bom! — disse Seokjin alegre. — Eu vou estar ao seu lado a partir de hoje, e sempre vou estar. — Ele abraçou Jungkook novamente e o menino retribuiu o abraço ainda sorrindo.

Jungkook não sentia mais medo, nem estava assustado, pois, Seokjin conseguiu transmitir a ele uma grande segurança. O menino sentia-se muito feliz de repente e percebera o quão triste estava. Seokjin também sentia-se feliz, alegre, contente, tudo que definisse felicidade. E o carinho por Jungkook só aumentava. 

A partir daquela noite, a vida do jovem não iria ser a mesma, não iria ser tão solitária. Iria sofrer uma grande mudança, mas uma mudança para melhor, pois, tinha encontrado aquele menino, Jungkook que precisava ser amado, cuidado, e com toda a certeza, Seokjin iria fazer isso, melhor que qualquer outra pessoa.