História Dear Professor Styles - O café

“Alice!” eu escuto a Camila gritar do outro lado do refeitório. “Onde foi que você se meteu?” ela pergunta sentando na minha frente. “Não importa. Eu tenho ótimas notícias pra você! O Liam me disse que o Zayn está planejando te convidar para o baile de boas vindas!” meu queixo caiu.

Zayn é um dos caras mais desejados da escola e o baile de boas vindas é o maior evento do primeiro semestre. Isso seria algo sem precedentes na minha vida, eu nunca fui convidada para o baile. Eu nunca fui convidada para nenhum encontro, na verdade.

“Ele não pode saber que eu te contei, finja surpresa quando ele te convidar, okay?” eu só balancei a minha cabeça ainda sem reação. “Vai ser perfeito! Quando vocês começarem a namorar nós podemos ir em encontros duplos, boliche, cinema…”

“Cams, calma! Ele nem me convidou ainda e você já tá pensando em namoro.” eu rio nervosa.

“Eu sei, eu sei, é só que eu estou torcendo para que vocês fiquem juntos há um tempão!” okay, isso é estranho. “Não se esqueça que esse ano o baile é a fantasia, por favor, não use nada vindo daquelas séries nerds que você assiste. Se você quiser, eu posso pegar uma fantasia pra você combinando com a minha. Eu posso ser uma gatinha e você uma coelhinha, isso seria maravilhoso!” eu rapidamente nego com a cabeça sabendo que aquela “fantasia” consistia em um collant, botas na altura do joelho e orelhinhas. Camila então arregala os olhos como se tivesse tido uma ideia digna de um prémio nobel. “Eu já sei! Você lembra daquele filme que eu tive que assistir com você e o Liam no cinema? Aquele do Batman?”

“Esquadrão suicida?” ela balança a cabeça. A Camila é a única pessoa no mundo capaz de acreditar que o Batman só aparece duas vezes em seu próprio filme.

“Isso! Você iria arrasar fantasiada daquela menina de cabelo colorido!” e não é que essa é uma boa ideia? A Arlequina sempre foi uma das minhas personagens favoritas. Eu iria adorar me fantasiar dela pro baile. Eu concordo e a Camila me abraça dando um gritinho antes de sair saltitando para o seu treino. Eu só balanço a cabeça rindo da empolgação dela.

No meu caminho até o laboratório, minha cabeça vagava entre sprays coloridos para cabelo e olhos cor de mel. Meu coração quase parou quando eu notei aqueles memos olhos em mim. Zayn estava parado em frente ao laboratório, provavelmente me esperando, um sorriso enorme surgiu no seu rosto quando eu me aproximei e eu não pude deixar de sorrir também.

“Oi, Alice.” ele me comprimenta com um abraço.

“Olá, Zayn.” eu respondo meio surpresa com o ato.

“Eu estava pensando se você, por acaso, já tem companhia para o baile de boas vindas.” eu já estava corando só de imaginar que um garoto como ele estava interessado em mim.

“Não, eu ainda não tenho.” eu respondo colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

“Você.. humm… O que você acha de ir comigo?” ele perguntou olhando pro chão. Eu não pude deixar de sorrir com a sua timidez.

“Eu adoraria ir com você, Zayn.” seus olhos encontam os meus novamente e ele me dá um sorriso mais largo do que o primeiro. Ele é realmente muito lindo e eu definitivamente gostaria de namorar um cara assim.

“Carter, não se atrase ou eu terei que colocar isso no meu relátorio.” aquela voz pesada e familiar me tira dos meus devaneios.

“Eu falo com você mais tarde, Ali.” Zayn se inclina e deixa um beijo na minha bochecha antes de ir embora.

Depois de uns segundos me recompondo eu sigo para o laboratório onde um professor irritado me espera segurando a porta.

“Eu preciso que você corrija estes testes pra mim.” Harry me entrega uma pilha sem nem me olhar nos olhos.

Eu levo os testes pra minha mesa, coloco meus fones e começo a corrigir. Era um trabalho fácil que eu já estava acostumada a fazer, chegava até a ser relaxante riscar os papéis com aquela caneta vermelha. Eu já estava no último quando ele parou na minha frente e tirou os meus fones.

“Vamos sair pra comer alguma coisa, Alice, depois eu posso te deixar em casa.”

“Mas ainda faltam duas horas pra eu sair, professor.”

“Não tem problema, eu sou tipo o seu chefe, não sou? Vamos logo, eu estou com fome.” ele me olha com impaciência enquanto eu pego minha mochila e o sigo para o estacionamento.

Harry ligou o rádio num volume que dispensa qualquer conversa. Ele estava claramente irritado e eu nervosa por estar novamente naquele carro depois do meu vexame de ontem.

Um grande sorriso surge no meu rosto quando o meu cantor favorito começa a tocar e eu até chego a esquecer a tensão daquele momento. Eu tento me conter ao máximo, mas quando o refrão chega eu não consigo deixar de cantar.

“Oh, I've been shaking I love it when you go crazy, you take all my inhibitions, baby, there's nothing holding me back” eu canto fazendo uma dancinha esquisita no banco do passageiro, meus olhos encontram um Harry sorridente.

“Você é adorável, Lis.” eu coro violentamente com o novo apelido que ele me deu e o seu sorriso só aumenta quando ele percebe.

O resto do caminho foi mais tranquilo, Harry não parecia mais irritado e isso me deixou aliviada. Estacionamos em frente a um café numa parte da cidade que eu não conhecia. Andamos lado a lado até a entrada e ele abre a porta me deixando entrar primeiro. Meu queixo cai instantaneamente quando eu olho para o lugar. Vários sofás se encontram espalhados pelo cômodo cada um deles com várias almofadas coloridas que os faziam parecer muito confortáveis, a única luz do café vinha das pequenas lâmpadas cor-de-rosa dispostas em forma de varal, as paredes eram todas pintadas com desenhos aleatórios que que pareciam ser trabalhos de vários artistas diferentes. Num dos cantos da sala uma garota absolutamente linda desviou seus olhos de um livro e nos abriu um sorriso caloroso de trás do balcão.

“Boa tarde, Gema.” Harry deixa um beijo na bochecha da menina. “Essa é Alice Carter, a garota do laboratório da qual eu te falei.” Ele se diz virando para mim. Será que eu ouvi direito, ele falou sobre mim para a garota?

“Oi, Alice, eu sou Gemma, também conhecida como irmã do Harry.” meu queixo caiu ao descobrir que eu estava conhecendo a irmã do professor.

“Muito prazer, Gemma.” eu sorri timidamente.

“Por que você não escolhe um lugar para sentarmos enquanto eu pego algo para comermos?” eu concordo com a cabeça e ando pelo salão a procura de um sofá vago.

Harry volta cinco minutos depois com duas xícaras, dois sanduíches e dois muffins em uma bandeja.

“Esse lugar é incrível, professor!” eu sorrio animada. Eu nunca tinha ido num café assim, eu e meus amigos normalmente vamos ao Mcdonald's por preguiça de procurar outro lugar.

“Você não precisa me chamar de professor fora da escola, gatinha.” Harry ri e senta do meu lado.

“Tudo bem, Harry.” eu sorrio adorando pronunciar o nome dele.

Eu nunca tinha me sentido tão confortável para conversar com alguém antes, nem mesmo com Louis. Harry era diferente, ele prestava atenção em cada palavra e não tentava me dar lição de moral por ser mais velho. Eu acabei contando pra ele grande parte da minha vida e ele me contou histórias sobre quando ele e o Louis eram crianças. Eu acabei rindo muito sobre uma envolvendo um bolo de aniversário e um garotinho desastrado. No meio da minha gargalhada ele fixou seus olhos nos meus com um sorriso bobo nos lábios. Eu tentei parecer segura e sustentar seu olhar, mas aqueles olhos verdes me intimidavam tanto a ponto de me fazer desviar os olhos para o chão dois segundos depois. Harry segurou o meu queixo suavemente e me fez olhar pra ele. Eu aposto que nesse momento as batidas do meu coração podiam ser ouvidas do outro lado da sala. Eu não acredito que ele estava prestes a me beijar. E se eu fizesse algo errado? Será que ele saberia que esse era o meu primeiro beijo? Todas essas preocupações desapareceram da minha cabeça quando os nossos lábios se tocaram. Não foi um beijo digno de cinema, não foi nem um beijo de língua, mas o jeito gentil e ainda assim firme com o qual ele me conduziu me fez ir as nuvens. Ele separa nossos lábios e eu encontro um Harry quase em pânico quando eu abro os olhos.

“Tá tudo bem, Harry.” eu digo tentando trazer de volta aquela expressão doce de um minuto atrás.

“Não tá tudo bem.” seu tom é alto e isso atrai olhares curiosos dos clientes do café. “Não tá tudo bem, Alice.” ele diz, mais baixo dessa vez. “Vamos, eu vou te levar pra casa.” ele me puxa pelo pulso em direção à saída. Eu me deixo levar ainda me perguntando como um momento tão perfeito pode ter um fim tão terrível.