História Death - About death and life

"Não apague o valor de viver com a morte"

A morte sempre foi uma constante em minha vida.

Sempre presente, desde que me entendo por gente… Meus pais, minha irmã, meus amigos, Corazón… Ela sempre estava ali, provando que eu era fraco… Inútil o suficiente para que eu pudesse fazer algo contra ela.

O tempo, no entanto, me fez entender que eu não era inútil… Me fez entender que a Morte era mais forte que todos nós… Me fez entender o que era a morte… O tempo foi generoso comigo, já que com o passar dos anos, a morte não era mais um problema para mim.

Presente. Constante. Silenciosa.

Ela por vezes velou minhas noites, sempre atenta às minhas fraquezas, sempre me parecendo uma solução viável quando nada mais fazia sentido.

Alguns anos foram o suficiente para torná-la uma amiga conhecida.

"As únicas palavras que eu posso dizer a você: 'Não se esqueça do calor que você sentiu aqui'."

Mas a vida… Ah, a Vida é uma inconstante cheia de linhas tortas.

Quando você se conforma com a morte, a vida torna-se algo monótono, sem cor. Algo que você passa apenas para cumprir qualquer merda que você entenda como objetivo; qualquer coisa que te motive a continuar vivendo é válida aliás.

E então a vida coloca pessoas na sua vida. Pessoas. Outras vidas. Outras vidas tão mais repletas de “vida” do que a sua. E então você começa a se questionar se a sua vida tinha que realmente se resumir a sobreviver para alcançar objetivos idiotas que só te fariam mal.

E a “amizade” que você tinha com a morte começa a se tornar absurda. Você se prende à vida com todas as suas forças. Começa a lutar diariamente para ter uma vida. Uma vida que você possa viver ao lado de pessoas que saibam como é bom estar vivo.

"A morte não te dá liberdade. Até mesmo os sentimentos se vão... Quantas vezes você pensou sobre a morte?"

“Na verdade eu planejava morrer em Dressrosa. Se fosse para acabar com DoFlamingo, eu faria qualquer coisa.”

Lembrando disso hoje em dia eu me sinto extremamente idiota. Extremamente egoísta e mesquinho, caso eu possa acrescentar. Corazón provavelmente me daria uma bronca por ter um pensamento tão idiota quanto esse.

"Se você não puder acreditar em nada... Derrame uma dor aqui..."

Mas ele me permitiu viver.

Ele me ensinou o que era viver. O que era sentir vontade de viver, de ter sonhos.

Me ensinou que eu poderia viver a minha vida tão livre quanto eu quisesse ser.

Luffy era cheio de vida, afinal. Era normal que ele contagiasse a todos com isso.

"O amanhã não desaparece... Não se mate."

Eu tive uma vida incrível ao seu lado. Seus sonhos se tornaram os meus. Meu coração se tornou dele, assim como minha vida e tudo o que eu era. Não conseguia imaginar a minha vida sem ele. Sem seus sorrisos, falas bobas, sem seu olhar… Sem seus toques.

Não.

E foi isso que me tranquilizou em nesse momento.

– Capitão, tem certeza disso? – Bepo me perguntou pela milésima vez, arrumando a sala a contragosto. – Podemos tentar um outro tipo de cirurgia…

– Não temos tempo. – Suspirei, me deitando ao lado do corpo quase sem vida de Luffy. – Ele tem que voltar pra batalha… Não sei por quanto tempo Zoro-ya e Narigudo-ya aguentam.

"Antes de por um fim nisso, pergunte-se, o valor de ficar vivo até que se contorça... O valor do absurdo de interromper seu amanhã, o valor do amanhã pelo qual alguém está implorando."

Bepo franziu o cenho, o rosto peludo adquirindo feições tristes enquanto colocava aparelhos em meus braços. Ele fazia isso de forma hesitante, porém rápida. Nós dois sabíamos o que ia acontecer, mas eu não tinha outra saída.

Encarar a morte agora era… Assustador.

Mas encarar um futuro sem Luffy… Isso era bem pior.

"Quantas vezes você pensou sobre a morte?"

– Tudo… Tudo pronto, Capitão. – Bepo falou baixinho, sentando-se ao meu lado.

– Você agora é o Capitão dos Piratas do Coração. Aja como tal. – Dei a ordem e sorri hesitante, vendo algumas lágrimas acumularem-se no canto dos olhos redondinhos. – Obrigado por tudo.

Fechei os olhos e ativei uma room. Podia sentir Luffy e Bepo dentro delas, embora a alma de Luffy estivesse tão fraca que podia sentir que estava ali apenas por conhecê-la tão bem. Eu não sabia ao certo o que fazer, mas após algum tempo tentando, senti alguma coisa fluir de mim para ele, lentamente. Era uma sensação desconfortável e eu tive que fazer certo esforça para continuar, mas aparentemente estava funcionando, já que eu sentia a presença da alma dele aumentar gradativamente.

Eu estava morrendo.

Por ele.

"A morte não te dá liberdade"