Sophie
O olhar de todos demonstrava surpresa, preocupação e até mesmo um certo receio pela minha presença, exceto NamJoon, que estava abraçado a mim há minutos e, obviamente, eu não ousaria afastar-me de seu confortável abraço.
O silêncio predominante, o clima tenso e o medo de tocar naquele assunto misturavam-se, deixando-me ainda mais preocupada com o que poderia estar acontecendo, até que, finalmente, alguém disse algo.
- Farei um chá, creio que vocês têm muito o que conversar. – Yang Mi levantou-se e abaixou a cabeça, dando a volta no sofá para ir à cozinha.
- Sophie, o que faz aqui? – Jin perguntou, afastando-me de seu irmão. – Você não sabe o perigo que está correndo! O Jimin está...
- Eu sei! O Jimin está vivo. – Disse ao sorrir, cruzando meus braços. – Acho que você me deve desculpas por duvidar de mim.
- Eu sei... eu sei que erramos ao duvidar de você, mas você não deveria ter voltado, é isso o que ele quer.
- Jin, se eu ficasse lá, como poderia ajudar? Não adianta dizer-me o que devo ou não fazer, eu já me decidi.
- Você é muito teimosa, Sophie! – Jin esbravejou, balançando a cabeça por conta da irritação, mas logo parou e voltou a me encarar. – A Anna... ela também está aqui?
- Não, ela ficou na França.
- Mas ela está bem? Não consigo falar com ela!
- Sentem-se, tenho muito o que contar.
Jimin
- Conseguiu entregar todos os convites? – Perguntei ao sentar-me ao lado de Baekhyun.
- Sim, senhor! - Baekhyun sorriu, pendendo a cabeça para o lado. – Mas Taehyung e a Anna não estavam na casa.
- Tem certeza?
- Sim! Eu não senti a presença deles. Ah, de Sophie também não!
- Ela já está aqui, não se preocupe.
Baekhyun assentiu, mas permaneceu em silêncio, com seus olhos avermelhados presos ao meu rosto, e percebendo o que ele queria, apenas sorri e baguncei seu cabelo.
- Não se preocupe! Você se alimentará no dia do baile, como prometido.
- Perdoe-me a imprudência, senhor, mas para qual finalidade pensou no baile?
- Ah, Byun! – Sorri, revirando os olhos logo após. – Como pode um cão ser tão curioso quanto você?
- Desculpe-me, senhor.
- Saia! Tenho muito o que fazer.
- Como quiser! Com sua licença.
Baekhyun levantou-se e então se retirou da sala, e assim que ele saiu, outro rapaz entrou, e mesmo que o capuz longo de sua blusa cobrisse boa parte de seu rosto, imediatamente o reconheci, levantando-me para poder recebe-lo devidamente. Kris não disse nada, apenas sentou-se no lugar que eu estava antes e retirou o capuz, permanecendo em silêncio até que eu também me sentasse, de frente a ele, então disse:
- Eu lhe trouxe a sua irmã, Park.
- Eu sei, a minha querida Hye Sun contou-me a notícia. E como ela está?
- Irritada, preocupada e com medo.
- Medo? – Gargalhei. – Ela ainda não sabe o que é o medo, mas saberá em poucos dias.
Kris abaixou sua cabeça, apertando a caneta que estava à sua frente com força entre os dedos da mão direita, e pelo ranger de seus dentes percebi que ele estava um tanto receoso sobre o assunto que veio tratar, mas quando me preparei para perguntar-lhe o que tanto queria dizer, ele falou:
- Eu cumpri com a minha parte no trato, agora solte a minha mãe!
- Não tão rápido, querido amigo! – Sorri para ele, cruzando os braços ao recostar-me na poltrona. – Eu disse que lhe entregaria a sua mãe viva, mas para isso a Sophie precisaria estar diante de meus olhos, sob os meus “cuidados”.
- Você a terá no tal baile, eu te garanto! Agora solte a minha mãe, Jimin!
- Está se exaltando muito, Yifan. – Aumentei o tom de voz, batendo uma das mãos na mesa. – Espere até o final do trato e eu lhe devolvo a sua mamãe, garoto inútil!
As veias do pescoço alheio ficaram visíveis conforme a sua raiva aumentou, então ambas as mãos dele agarraram a gola de minha camisa, puxando-me para mais perto dele. Os olhos irritados de Kris entregavam tudo o que ele pensava em fazer comigo naquele momento, mas ao contrário dele, eu apenas ria da situação.
- Se fizer o que está pensando, a sua mãe morrerá.
- Como morrerá se eu matarei o verme que a tirou de mim?
- Acha que estou sozinho, Yifan? Além de matarem a sua mãe, também o matarão.
- Você não tem sentimentos, Park? Eu não sei sobre a sua vida, mas sei que seus pais morreram, não se lembra da dor? Quer mesmo que outra pessoa sinta o mesmo que você?
- Cale a boca e saia daqui, Yifan.
- Sairei, mas se algo acontecer com a minha mãe, eu mesmo o matarei.
Kris empurrou-me para trás e saiu da sala, deixando-me sozinho com toda a raiva que ele trouxe a mim em poucos segundos. Senão pela Sophie e minha vingança, eu o mataria e mataria a mãe dele neste mesmo instante, mas precisaria segurar-me, afinal, os matarei de qualquer forma.
Em alguns dias, Sophie, você se arrependerá por tudo o que causou.
Em alguns dias, Anna, você pagará por ter matado os meus pais.
(...)
Chanyeol
A noite estava agitada, com empregados correndo de lá para cá com a decoração do baile, tão aterrorizante quanto o tema tratado neste mês, mas tão impecável que despertaria o gosto de qualquer um. Park e seu irmão estavam sérios, acompanhando cada detalhe pessoalmente, para que assim nada saísse de errado, mas havia algo de estranho naquele ambiente, não sei ao certo o que era, mas o clima não me agradou em nada. Olhei ao redor algumas vezes à procura de Hye Sun, mas não a vi em lugar algum, então decidi procurar por outros cômodos do hotel; andei de um lado para o outro, procurei por todos os andares, até mesmo no jardim da frente, mas não a encontrei em lugar algum, até que decidi perguntar a um dos novos empregados, e o mesmo disse que a última vez que a viu, ela estava no jardim do fundo, então segui até lá, mas ela também não estava.
- Droga! Aonde foi se meter, Hye Sun?
Perguntei em voz baixa ao parar ao lado da piscina, para assim olhar pela última vez o ambiente, mas não a encontrei. Quando decidi voltar para dentro do hotel, um barulho vindo do fundo do jardim, atrás de todas as árvores, fez-me seguir até o lugar, em silêncio e sem pressa, para assim poder distinguir o que causava o barulho, mas quando pude me aproximar bem do local, o arrependimento tomou conta de mim, assim como o meu desespero, o qual veio acompanhado de insistentes e dolorosas lágrimas.
Hye Sun estava presa entre os espaçosos galhos de uma das árvores, completamente nua e ensanguentada; ela estava deitada de barriga para cima entre os galhos, com sua cabeça pendida para baixo, fazendo com que os longos fios de cabelo voassem devagar com o vento, mas o que poderia ser belo, era a mais horrível cena de terror, pois seus olhos arregalados e sem vida estavam fixos ao meu rosto, e o sangue pingando sem parar em cima das folhas secas era o que causava o barulho. Hye Sun estava morta.
- É isso que acontecerá se ela abrir a boca!
Uma mulher sussurrou atrás de mim, a voz era agressiva, mas possuía certa doçura. Eu imediatamente virei-me para trás, piscando algumas vezes para livrar-me das lágrimas, então a vi perfeitamente: a pele era pálida, o cabelo escuro e, aparentemente, possuía seus quarenta anos, ela era alta e seus olhos fundos, mas foi em seu corpo que reparei bem, pois suas vestes estavam cheias de sangue e eram visíveis os cortes feitos. Percebendo a minha atenção voltada às suas feridas, ela sorriu, agarrando-me pelo pescoço com suas mãos frias e, por mais que eu tentasse, não conseguia soltar-me dela. O meu ar já falhava e minha pele do rosto queimava quando uma voz conhecida soou, fazendo com que aquela mulher desaparecesse junto ao corpo de Hye Sun, como se tudo aquilo fosse apenas ilusão.
- Chanyeol! – Minseok falou ao parar em minha frente. – Está chorando?
- Precisamos sair daqui.
- O que? Ainda temos alguns dias aqui!
- Não, idiota! Precisamos procurar a Hye Sun.
- Do que está falando?
- Tem alguma coisa acontecendo neste lugar, e precisamos descobrir o que é.
- Você precisa se acalmar e me contar o que aconteceu. Você está parecendo louco!
- Existe um orfanato por aqui. – Iniciei, tentando manter a voz mais calma. – Você tem alguma noção de onde seja?
- Não, mas podemos perguntar aos donos e...
- Não, Minseok! – Gritei, agarrando-o pelos ombros e chacoalhando seu corpo. – Não contaremos nada a eles, entendido?
- Você está me assustando, Chanyeol.
- Todos estão presenciando coisas estranhas ultimamente, fora o comportamento do Baekhyun e do Junmyeon!
- Acha que os donos têm algo ligado a isso?
- Talvez, mas depois pensamos sobre isso, agora precisamos achar a Hye Sun! Tente descobrir sobre o orfanato.
- Eu conheço alguém que pode nos dizer onde é, tudo bem se formos até ela?
- Pegue os equipamentos, mas não permita que os donos descubram nada, certo?
- Certo! Encontre-me ao lado de fora.
Minseok, mesmo sem entender, apenas correu para dentro do hotel e eu agradeci em silêncio por tê-lo ao meu lado como amigo, pois sei que qualquer outro da equipe jamais concordaria comigo sem o mínimo da explicação.
Eu sabia exatamente que se Hye Sun não estava no hotel, estaria procurando pela irmã no orfanato e, além de a encontrar, também teria a chance de entrevistar o JungKook e descobrir de uma vez o que ele sabe sobre os dois irmãos.
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