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História Death Hotel - Sweet memories


Escrita por: KimYutaka

Notas do Autor


Queridos leitores, amados leitores, é com muita honra e tristeza que anuncio o fim da fanfic! ;;
Quero que saibam que escrevi esse capítulo ENORME com muito carinho e dedicação, levei dias o escrevendo, porque sei que vocês merecem cada parte deste capítulo, porque vocês são os melhores e sem vocês eu nem aqui estaria.
Desde já, muito obrigada a todos!
Bem, aviso que o capítulo terá trilha sonora e peço-lhes para que escutem a música durante o capítulo, principalmente quando chegar ao final, uh? Essa música é significativa e nas notas finais saberão o porquê. Ah, a música é: Fairy Tale - Shaman. Deixarei o link nas notas finais se preferirem, uh? MAS NÃO OUSEM LER O FINAL ANTES DO COMEÇO DO FINAL (que?) KDOSKDASOPK
Bem, vamos lá! <3


OBS: Após a visão da Yang Mi encerrar, entra a visão da narradora e ela vai até a visão de Sophie, certo? Certo. Agora vamos à leitura mesmo. dhsaudashu <3

Capítulo 28 - Sweet memories


Fanfic / Fanfiction Death Hotel - Sweet memories

Chanyeol 

 

Julgando o silêncio, Minseok pressentia o mesmo que eu: a morte. Mas mesmo assim, nosso amigo estava em perigo, o último ainda com vida que restou no hotel, então o que poderíamos fazer? Se precisássemos morrer, morreríamos juntos. 

Assim que estávamos em frente ao hotel, Minseok e eu procuramos cautelosamente pela entrada que daria ao porão, que segundo o Yixing, encontraríamos ao lado de fora, e rapidamente a encontramos, mas um dos lados da porta estava aberto, o que estranhamos a princípio, até mesmo cogitamos a possibilidade de fugir dali, porém, as pequenas manchas de sangue propositalmente escondidas pelas folhas secas, revelava-nos que um corpo fora rastejado e, provavelmente, jogado dentro do porão. Olhamo-nos, pensativos, uma última vez, e logo Minseok retirou de seu bolso um isqueiro, acendendo o mesmo para iluminar dentro do porão, mas ainda não era o suficiente. Com minha ajuda, ele abriu o outro lado da porta e colocou os pés no primeiro degrau da escada, voltando a iluminar enquanto eu o seguia. O cheiro de carne podre misturava-se com o de mofo, tornando nosso caminho cada vez mais horrível e insuportável, Minseok escorregou em um dos degraus e procurou a parede para segurar-se, deixando um grito escapar quando tocou algo pegajoso, e ao iluminar aquela área, encontrou mais sangue e, ao olhar para onde havia escorregado, percebeu que aquele caminho anterior continuava pelos degraus. Olhamo-nos, com os olhos embaçados pelas lágrimas, pois já sabíamos o que havia ocorrido. 

Yixing estava morto, sabíamos disso, mas era difícil a aceitação, então decidimos continuar o caminho até o final da estreita escada. Vez ou outra, teias de aranhas atrapalhavam-me, mas não tanto quanto a escuridão e a podridão do ar. Quando, finalmente, chegamos ao porão, ouvimos as portas baterem com força e risos virem de cima, o riso de Jimin estava entre eles. O isqueiro apagou-se, então ouvimos passos, como se alguém caminhasse tranquilamente por todo aquele sangue espalhado pelo chão, então, pela desvantagem causada pela escuridão, alguém bateu no isqueiro de Minseok, fazendo-o cair longe de nós. Inconscientemente, seguramos as mãos um do outro e encostamo-nos na parede. 

Outra vez os passos. 

Outra vez os risos. 

– Quanto tempo, amigos. 

– Yixing!  

O alívio em ouvir sua voz era evidente em nossas vozes, então tentamos novamente olhar em volta, mesmo que fosse em vão. 

– Onde você está?  

– Bem aqui. 

Assim que ele disse sua frase, em tom contente, Minseok gritou e caiu no chão. 

– Chanyeol, eu estou sangrando! 

A dor e raiva misturaram-se em seu tom de voz quando ele levou a destra ao ombro ferido, tentando conter o sangue, mas antes que eu tentasse o socorrer, também fui atacado pelo que julguei ser uma faca, mas o corte não foi profundo, porque por sorte, tropecei em algo e me arrastei para longe, encostando em algo gélido e duro, não soube de início o que era, mas aproveitei aquele apoio para levantar-me e tatear as paredes, então a sorte voltou para perto de mim quando encontrei o interruptor, assim acendendo as luzes, mas me arrependi logo em seguida. Dentro daquele porão existiam objetos de tortura, corpos em decomposição, sangue seco, insetos e ratos. Pouco a pouco direcionei meu olhar para aquilo que eu havia usado como apoio, então vi do que se tratava e gritei, mas tampei os lábios com minhas mãos manchadas de sangue.  

O meu "apoio" eram os corpos de meus colegas de equipe, todos eles, inclusive Kyungsoo, o qual apenas reconheci pelo colar que ele sempre usou, já que apenas restava seu esqueleto ali. Eu estava tremendo e imerso àquele horror, até que a risada de Yixing me trouxe novamente à realidade. 

– Droga, você acabou com a diversão. 

– Você... o que está fazendo? 

– Ganhando dinheiro. Muito dinheiro. 

Yixing abriu um sorriso de orelha à orelha ao dizer aquilo, observando Minseok agonizar no chão, fazendo-me perceber que ele havia o atacado novamente, agora em sua coxa.  

– Você é o maldito traidor! 

– Demorou tanto assim para descobrir? - Ele sorriu. - Chega de conversa, uh? Vamos acabar logo com isso, porque tenho que estar fora daqui rapidamente. 

– Como não percebi isso antes? - Forcei um riso, olhando-o nos olhos. - Foi você quem nos contou sobre o hotel, você nos convenceu a vir até aqui, assim como você nos guiou pelo caminho. Tudo isso foi planejado por você, mas... por quê? 

– Porque eu estava cansado de vocês, estava cansado de sempre perder os melhores casos para vocês, Chanyeol! E, obviamente, a proposta da alta quantia que Jimin fez me chamou a atenção.  

– Por isso está fazendo tudo isso? Matou seus amigos por dinheiro e por inveja? 

– Sim, exatamente.  

Ele sorriu, então percebi que ele acertaria outra vez Minseok, mas agora no pescoço, porém, fui mais rápido; segurei seu braço e o puxei para trás com toda a força que pude usar, acabando por quebrar o braço dele. Yixing gritou, fazendo-me lembrar do quão frágil seu corpo e ossos eram. 

 

"– Yixing, por que toma tantos remédios? - Perguntei, então ele sorriu. 

– Eu tenho ossos sensíveis, tomo esses remédios desde que me conheço por gente." 

 

Olhando-me nos olhos, ainda com a expressão de dor, Yixing percebeu o que eu havia lembrado, então deu um passo para trás ao ver o meu sorriso vitorioso. 

– Está com medo, amigo? - Perguntei, mas ele manteve-se calado. - Eu sempre fui contra crimes, mas sempre fui a favor da justiça. Você está morto, Yixing. 

E mais nada dissemos, apenas encaramo-nos e sorrimos um para o outro antes que ele erguesse o outro braço, segurando sua faca e a apontando para mim, então ele correu em minha direção e, infelizmente, acertou meu braço, mas evitei demonstrar a dor, apenas agarrei seu pescoço e o joguei para longe de mim. Yixing sempre foi mais fraco do que eu. Ele tentou levantar-se, mas chutei seu rosto e ele bateu sua cabeça na escada, e aproveitando sua dor, arranquei a faca de suas mãos e a ergui, mas não fui capaz de continuar meu ato, já que ele colocou a mão em frente ao rosto manchado de sangue e lágrimas. 

– Por favor, não faça isso!  

Sorri para ele, olhando brevemente os corpos de nossos amigos, podendo imaginar exatamente o dia de suas mortes. 

– Foi isso que pediram a você antes de morrer? 

– Eu não matei todos eles! O único que matei foi o JongIn, eu juro! 

– E você acha isso pouco, imbecil?! Eu imagino o medo dele, imagino como ele deve ter sofrido antes de morrer.  

– Sofreu, sofreu tanto quanto eu sofri quando ele roubou o meu cargo!  

– Eu tenho pena de você, Yixing. - Respirei fundo e abaixei a cabeça. - Dê um "olá" ao demônio quando chegar ao inferno. 

Então cravei a faca em seu pescoço, cortando-o o mais fundo que pude. O sangue dele jorrava em meu rosto e roupas, e por mais que não parecesse a poucos segundos atrás, a dor que eu senti foi insuportável, ainda mais após vê-lo sangrar e agonizar até a morte. Soltei a faca no chão, ao lado de sua mão, e caí ajoelhado em sua frente, puxando-o para mim, assim o abraçando com força, ignorando completamente o sangue que tomou conta de todo o meu corpo. Permiti-me chorar quando passei os dedos em seus olhos, fechando-os antes de deitar seu corpo. Minseok também chorava, ainda segurando seu ombro. Retirei minha camisa e rasguei as mangas, enrolando uma delas em sua coxa ferida e a outra em seu ombro. 

– Como vamos sair daqui, Chanyeol? 

– Eu não sei, eu realmente não sei. 

– Precisamos avisar aos outros. 

– Claro! O celular. 

Sorri assim que consegui puxar o meu celular do bolso, mas quando o liguei, percebi que estávamos sem sinal. Acabei chorando ainda mais com a falta de esperança, sendo acompanhado por Minseok, então, quando diríamos mais alguma coisa, ouvimos vozes ao lado de fora. 

– Está silencioso lá dentro. - Disse Hoseok. 

– Será que aquele idiota já fez o trabalho? - Perguntou Jimin, com certa irritação. 

– Mesmo que não tenha feito ainda, vamos nos livrar desses dois antes que alguém nos veja. 

 Quando ouvimos a porta começar a ser destrancada, rapidamente joguei-me em cima de Minseok, sujando-o ainda mais com todo o sangue empoçado abaixo de nós. 

– Quieto, de olhos abertos e sem piscar. 

– Certo. 

Sussurramos antes de ouvirmos ambos entrarem no porão, então logo o peso de mais dois corpos nos incomodou, mas permanecemos sem reação alguma, por mais que quiséssemos gritar. Jimin aproximou-se de nós e agachou em frente ao Minseok. Meu coração disparou e o medo de sermos descobertos fez com que eu fechasse os olhos no mesmo instante. Jimin levou o dedo indicador ao nariz de Minseok e sorriu quando percebeu a ausência da respiração, então quando direcionou a mão ao seu pescoço, para checar a pulsação, Hoseok riu, fazendo-o encara-lo. 

– O idiota do Yixing não aguentou a pressão e se suicidou.  

– Como sabe que foi suicídio? - Perguntou Jimin ao levantar-se e seguir até o irmão.  

– A faca está ao lado da mão dele, com certeza ficou com peso na consciência. 

– Melhor assim, ao menos não gastarei dinheiro.  

O riso de Jimin preencheu o local e ele subiu a escada outra vez, logo saindo dali, então quando tive certeza de que estávamos sozinhos, abri os olhos outra vez, mas me arrependi, já que Hoseok estava agachado em minha frente. Eu iria gritar pelo susto, mas ele tampou minha boca e olhou para cima, percebendo que o irmão já não estava conosco. 

– Eu sabia que não estavam mortos. 

– Como? - Perguntei quando ele retirou as mãos de minha boca. 

– Esses olhos veem muito além, sabem de qualquer segredo e qualquer mentira. - Ele apontou para os próprios olhos, sorrindo em seguida. 

– E agora nos matará, imagino. 

– Não. - Levantou-se, colocando as mãos nos bolsos. - Pouparei suas vidas. 

– Por quê? 

Hoseok sorriu, ignorando minha pergunta, então jogou uma chave perto de mim e apontou para trás da "montanha" de corpos. 

– Ali há uma porta que dá para a frente do hotel, mas ela é escondida por algumas árvores, então terão que se espremer para saírem daqui. Fujam quando tudo acabar.  

– Por que está nos ajudando?  

Perguntei quando ele chegou ao topo da escada, então ele sorriu e repirou fundo. 

– Porque tudo isso é culpa minha e nunca é tarde para se arrepender. 

Então, por fim, Hoseok saiu, trancando-nos outra vez. Saí de cima de Minseok e o ajudei a levantar quando empurrei os corpos para longe, mas de início não me importei em reparar neles, até que Minseok os apontou. 

– Eles mataram o Baekhyun e o Suho!  

– Não podemos nos focar nisto, ou enlouqueceremos. Venha, vamos tirar aqueles corpos dali. 

Minseok concordou e caminhou com dificuldade junto a mim, para então tirarmos as pessoas dali. 

Deus, ajude-nos a sobreviver. 

 

Anna 

 

 O clima frio e o céu nublado tornavam aquela manhã ainda mais caracterizada, como se estivéssemos dentro de um perfeito filme de terror, mas apesar de todo o medo, insegurança e dor, algo em mim ainda me fazia bem, deixava-me alegre e sorridente. Jin entrou no quarto e parou ao meu lado na varanda, passando uma de suas mãos em minha cintura. 

– Apreciando o céu? 

– Apreciando nossas últimas horas juntos. 

Ele riu, agora virando-se de frente para mim e segurando minhas mãos ao encostar-se na grade atrás dele.  

– Não pense desta forma, somos poderosos e conseguiremos acabar com a maldição. 

– E se não acabarmos? Tenho medo. 

– Você com medo? Olha, isso é surpreendente! 

– Idiota. - Acabei sorrindo, balançando a cabeça. - Jin, eu não posso morrer. 

– E não morrerá, eu não permitirei. 

– Não é escolha sua, Jin. 

– Anna, finalmente estamos juntos, estamos felizes e eu estou curado de todo o ódio, trauma e remorso que sofri nesta encarnação. Acha mesmo que eu deixaria de lutar, que eu desistiria sem conseguir que ao menos você saia viva? 

– Jin... 

– Eu não deixarei que toquem em você, eu não deixarei que ninguém a tire de perto de mim, você merece viver e, se for preciso, darei a minha vida pela sua, então... 

– Jin! - Gritei, calando-o. - Eu estou grávida. 

E foi apenas o que consegui dizer, deixando-o sem reação por longos minutos. Em seus olhos percebi diversas coisas se passando enquanto fixos aos meus, e aos poucos o sorriso tomava forma em seus lábios, conforme suas mãos soltavam as minhas e tocavam minha barriga. 

– Está falando a verdade? Vamos ter um filho?  

– Jin, eu não queria dizer agora a você, mas eu precisei... seria injusto não dizer antes de morrermos, você merece essa felicidade antes de partir. 

– Anna, não diga bobagens! Nós não vamos morrer! 

– Independentemente do nosso filho ou nosso amor, eu quero lutar, quero que permita-me ajudar vocês!  

– Desculpe-me, mas não a deixarei colocar a vida de vocês dois em risco. 

– Você não tem que permitir nada, Jin. Eu vou ajudar e pronto. 

– Anna, você vai morrer, você não entende...  

– E daí? Jin, se morrermos, ao menos morreremos juntos. Eu não aguentaria viver sem você comigo. 

– Não seja egoísta, Anna.  

Jin afastou-se de mim, agarrando as grandes com suas mãos ao olhar para baixo. 

– Eu estou cansado de vê-la morrer, eu não posso permitir que ele a mate outra vez. 

– Jin, eu não vou morrer. 

– Irá, Anna! Você sempre morre. 

Sem responder-me, ele virou-se e tocou meu rosto com ambas as mãos, olhando-me nos olhos antes de selar meus lábios e acariciar minhas bochechas. 

– É sempre assim, Anna... sempre que renascemos, por mais que eu fuja, o destino me leva a você, mas você nunca se lembra... eu tento te avisar, tento me afastar e te fazer me odiar, mas tudo se repete... eu nunca contei a você sobre minhas lembranças, porque é um juramento que fizemos entre os Guardiões. Todas as vezes seriam como se fossem a primeira, sendo assim, jamais revelaríamos a ninguém nossas memórias. - Após segundos de silêncio, ele riu baixo. - Foi a primeira vez que os nossos Guardiões concordaram em algo.  

– Se vocês lembram, por que permitiram que chegasse até aqui?  

– Porque essa foi a primeira vez que a verdade foi revelada, porque pela primeira vez deixamos que nossa parte humana falasse mais alto do que os nossos demônios. Assim como desta vez fomos torturados e traumatizados, coisas que nunca fomos antes. Foi um erro para os nossos pais terem escolhido a Sophie para carregar a Damara. 

– Por quê? 

– Porque a curiosidade, teimosia e bondade daquela menina foram barreiras para eles. Graças a ela recuperamos o que perdemos há séculos: os nossos sentimentos. 

– Por isso não quer que eu vá? Porque pensa que desta vez será diferente? 

– Sim, Anna. 

– Perdoe-me, mas eu não posso ficar parada enquanto a minha família estará morrendo.  

Antes que ele respondesse, saí às pressas do quarto, batendo a porta em seguida, mas antes que eu pudesse começar a chorar e desabafar, Taehyung segurou meu pulso e puxou-me para a parte mais afastada do orfanato, onde ninguém nos veria ou ouviria. Ele olhou para os lados rapidamente e logo disse: 

– Eu consegui, mas você manterá segredo! 

– Conseguiu o que? 

– Consegui fazer a Damara falar. 

– O que? Como? Por que não contou antes, seu idiota?  

– Fale baixo, Anna! - Ele colocou o indicador na frente da boca e olhou outra vez para os lados. - Eu não podia contar antes de chegar o dia certo, mas eu direi o que faremos.  

– Diga-me! 

– Você precisará ficar aqui. 

– Até você dizendo para eu ficar? 

– Não fui eu, foi a Damara e é melhor não recusar, porque ela não ajudará de outra forma. 

– Está bem. - Revirei os olhos e cruzei os braços. - Qual é o plano?  

– Aqui. - Taehyung tirou um papel do bolso de sua calça e entregou a mim. - Eu não entendo de magia, mas a Damara disse que você saberia o que fazer com isso. Anote em seu grimório e faça o que precisa fazer.  

– Não precisa dizer. - Revirei outra vez os olhos e ri, guardando o papel. - E o que mais? 

– Quando for o momento certo, você receberá um sinal da Damara, então antes mesmo que receba o sinal, já arrume o ambiente para o ritual.  

– Então eu o começo quando receber o sinal, certo? 

– Exato! - Ele apontou para mim e sorriu. - Então você terá que repetir o que está aí até que a maldição esteja quebrada.  

– Certo, mas como funciona o ritual?  

– Bem, ela não quis dizer. 

– O que? - Gritei, fazendo-o colocar as mãos em minha boca.  

– Quieta, ninguém pode nos ouvir!  

– Como ela quer que eu descubra o que fazer sozinha? Ela é louca? 

– A única coisa que ela disse foi: "ela saberá o que fazer quando a hora chegar". - Taehyung imitou uma voz feminina e eu acabei rindo, então balancei a cabeça. 

– Está bem, mas e o que ela fará para quebrar a maldição? 

O sorriso de Taehyung se desfez e ele respirou fundo, olhando para o céu, em seguida olhando para mim outra vez, balançando a cabeça como se dissesse a mim que não poderia dizer, mas insisti com o olhar. Ele sorriu. 

– Eu prometi não dizer, Anna. Mas é o certo a se fazer. 

– Fez uma promessa com um demônio, Taehyung? 

– Ela não é um demônio, é apenas uma bruxa, assim como você. Ela é um espírito, e assim como nós precisa da libertação. 

– Taehyung, está protegendo uma mulher morta? 

– Estou, porque graças a ela nos salvaremos. E é graças a ela que você terá o seu filho e o seu marido ao seu lado. 

– Como você sabe do meu filho?  

– Ela contou. 

– O que? - Arregalei os olhos, forçando um riso. - Além de tudo ela é fofoqueira!  

Taehyung riu baixo, balançando a cabeça negativamente. 

– A única coisa que muda em você é o nome, porque o temperamento é igualzinho.  

– Eu nem sei o que estou fazendo aqui ainda. Até logo, Taehyung.  

Virei-me de costas enquanto ele ria de minha irritação, então o deixei sozinho na parte de trás do orfanato. 

– Até logo, "Pandora".  

 

Sophie 

 

O frio não permitia-me dormir mais, ainda mais ao lado de NamJoon que roubou todos os cobertores da cama e, também, a maior parte dela. Tentei acorda-lo, mas foi em vão, então apenas levantei-me e coloquei um casaco quente, saindo do quarto para ver se alguém ainda estava acordado, mas não, todos descansavam.  

– Sortudos, queria ver se dormissem ao lado do NamJoon! 

Falei alto no corredor em uma forma de desabafo, então abracei meu próprio corpo e desci a escada em direção à cozinha, para assim preparar um chá bem quente. Coloquei a água no fogo e separei algumas ervas em um recipiente, esperando até que a água fervesse, o que por sorte demorou poucos minutos. Sorri quando o aroma do chá preencheu a cozinha enquanto este permanecia em infusão. Um forte vento abriu a porta da cozinha que direcionava-se ao jardim dos fundos, mas algo ali estava errado, e com toda a minha maldita curiosidade, precisei ir até lá. As folhas estavam amassadas e alguns galhos quebrados, como se alguém houvesse pisado neles. Olhei ao redor, mas não vi ninguém ali, mas a presença atrás de mim me fez parar antes que eu continuasse a caminhar, então o perfume conhecido preencheu cada parte de mim e os passos lentos fizeram-me tremer antes que os braços fortes rodeassem minha cintura. Os grossos e macios lábios tocaram meu pescoço antes de aquela gargalhada disparar o meu coração. 

– Bom dia, irmãzinha.  

Não o respondi, apenas tentei soltar-me dele e correr, mas ele era mais forte, ainda mais após calar-me com sua destra e segurar ambos os meus braços para trás. Ele ainda ria e beijava meu pescoço, fazendo qualquer esforço meu ser inútil diante à sua força. Jimin empurrou-me no chão e colocou o dedo em seus lábios, então aproximou-se de mim e injetou um líquido em mim, o qual rapidamente fez minha visão esbranquiçar e todo o meu corpo amolecer. 

– Fica tão linda dormindo, imagine morta! 

 

 

(...) 

 

Os últimos raios de sol iluminavam uma pequena parte do quarto do hotel, permitindo-me ver apenas os pés do Jimin enquanto ele se aproximava de mim. Com suas mãos, ele levantou meu rosto, e foi apenas quando tentei reagir que percebi estar amarrada a uma cadeira, mas não demorou para que ele me soltasse. 

– Vai me libertar? - Ele riu. 

– Não seja boba, Sophie. - Ele apontou para a porta. - Está trancada. 

– Você sabe que não conseguirá sobreviver. 

– Isso é o que vocês pensam.  

– Está em desvantagem, Jimin. Vocês são dois, enquanto nós somos em oito.  

– Mas somos mais forte que todos vocês juntos. Estamos no meu território, com o demônio ao meu lado. Realmente acha que se livrarão de nós? - O riso dele preencheu o quarto, ecoando. - E não se esqueça que até você se juntará a nós quando a Damara te possuir. 

– Ela não está ligada a você, Jimin.  

– Mas estará. 

Jimin abriu um sorriso amedrontador enquanto reitirava sua camisa, jogando-a para longe antes de agarrar minha cintura e empurrar-me para a cama; estapeei seu rosto e corpo diversas vezes, mas de nada adiantou, porque o riso dele aumentava cada vez mais, assim como o meu maldito desespero, mas Hoseok bateu na porta logo quando Jimin rasgaria minhas roupas, irritando-o. 

– O que você quer? 

– Está na hora de seus remédios, irmão. 

Jimin olhou para mim brevemente e levantou da cama, indo à porta e rapidamente saindo do quarto. Quando ouvi a porta ser trancada, corri em direção à janela, cogitando a possibilidade de pular, mas a altura me mataria.  

– Se bem que se eu morrer, talvez tudo se resolva. 

Tais pensamentos permaneciam em minha mente conforme eu fechava os olhos e virava-me de costas para a janela, forçando meu corpo para trás aos poucos, como se assim criasse coragem para pular, mas o toque extremamente gélido em minha pele puxou-me para dentro do quarto rapidamente. Abri novamente os olhos e lá estava ela, parada diante de mim, com seu rosto irritado e seus belos olhos arregalados. 

– Está louca, humana?! Se você morrer, estão todos mortos também.  

– Não acredito em você. 

– Mas precisará acreditar, ou matará seus irmãos. 

– O que você quer aqui? 

– Deite com o Jimin, permita que eu faça a ligação com ele.  

– Está louca? - Gargalhei, rapidamente negando.  

– A força dele, se ligada à minha, permite com que eu o domine. 

– Onde quer chegar com isso? 

– Apenas faça isso. Não se arrependerá. 

– Diga-me o motivo e eu farei! 

– A salvação de todos vocês está nessa ligação.  

Damara sumiu assim que a porta do quarto foi aberta e Jimin entrou, com seu sorriso ainda mais doentio que anteriormente. Ele caminhou até mim e segurou meus braços, empurrando-me em cima da cama outra vez. 

Eu não tinha escolhas, de qualquer forma, precisaria entregar-me a ele, por bem ou por mal.  

Damara, não me desaponte.  

 

Yang Mi 

 

Faziam horas que eu não conseguia dormir, até mesmo ouvi Sophie dizer algo na porta de meu quarto, provavelmente reclamando por também não conseguir dormir, mas quando a procurei, ela já não estava mais fora do quarto. Estava quase anoitecendo e ninguém saiu do quarto, nem mesmo Yoongi, quem eu esperava para conversar.  

– Maldito orgulho, Min Yoongi! 

Sussurrei ao olhar para o andar de cima, não hesitando em seguir até o quarto dele. A irritação era tanta que ousei entrar no quarto sem bater, encontrando Yoongi deitado em sua cama, olhando para o teto.  

– Se cansou do JungKook? 

– Mude imediatamente o seu tom, Yoongi!  

Ele riu ao ouvir-me, sentando-se na cama e direcionando o olhar para mim. 

– Como quiser, "mãe".  

A cara enojada dele irritou-me ainda mais do que eu já estava, então fui à sua cama e puxei seu cabelo, fazendo-o gritar antes que eu o soltasse. 

– Qual é o seu problema, Yang Mi?! - Disse alto, arrumando o cabelo. - Levou outro fora do Jeon e veio descontar em mim? 

– Não, eu vim te bater! 

Ergui os braços e cerrei os punhos, mas antes que eu o atingisse, Yoongi empurrou-me na cama e subiu em cima de mim, prendendo meus pulsos com uma das suas mãos. 

– Pode explicar o que eu fiz? 

– Você é um idiota! Sempre que eu tento me aproximar de você, você faz alguma merda ou muda seu humor! Eu estou cansada da sua burrice. 

– Eu não entendo você, Yang Mi. - Ele riu. - Hora está carinhosa comigo e hora está me esmurrando. 

– Aprendi com você. 

– Por que você não me deixa em paz? Por que não vai atrás do seu JungKook? 

– Porque eu gosto de você, idiota! 

– Eu duvido. 

Visivelmente Yoongi não demonstrou reação, mas a leve curvatura de seus lábios fez-me perceber que estava contente em ouvir aquilo, então aproveitei para soltar meus braços e agarrar seu rosto, selando nossos lábios pouco antes de deixar que sua língua tocasse a minha, para assim iniciarmos um beijo nada calmo. Yoongi apertava minha cintura enquanto eu erguia-me em seu colo, invertendo as posições rapidamente. Os dedos dele agarraram meu cabelo e o puxaram para trás com força o suficiente para separar nossos lábios; arranhei seu peito – que apenas agora percebi estar sem a camiseta – e cravei as unhas em seu abdômen. Yoongi arfou com a dor, arrancando-me um riso. Com certa pressa, ele retirou a blusa de lá vermelha que eu usava, jogando-a o mais longe que conseguiu, mostrando-me um sorriso nada sutil quando viu meus seios livres do sutiã. Ele arranhou minha cintura e a apertou com toda a força que conseguiu, e mesmo que aquilo tenha doído, eu estranhamente gostei. Ele empurrou-me para longe dele e agarrou meu pescoço com leveza, grudando-me à parede antes que sua mão livre tirasse meu short e rasgasse a fina calcinha.  

"De onde esse homem tirou tanta força?" 

Foi a única coisa que pude pensar antes de ser penetrada pelos dedos dele, tão profunda e rapidamente que não medi os meus gemidos, tão excitantes para ele quanto os dele eram para mim quando deixei minha mão percorrer o volume abaixo de sua calça. Os lábios dele marcavam meu pescoço, como se assim pudesse mostrar a todos o quão dele eu era, e eu apenas me permiti fazer o mesmo, porque a partir daquele momento tornamo-nos um do outro e ninguém poderia mudar isso, nem mesmo o próprio demônio. 

Eu movia meu quadril descaradamente contra os dedos dele, pedindo entre gemidos baixos e falhos por cada vez mais, e mesmo que a força e velocidade já estivesse elevada, a dor causada servia-me apenas de prazer, como se dentro de mim houvesse algo muito maior alimentando-se daquele prazer, queimando-me a cada satisfação sentida.  

Ah, o prazeroso gosto do pecado. 

Quando – finalmente – livre-me das últimas peças de roupa dele, empurrei-o para a cama, com uma força tão grande que até o assustei, ainda mais quando sorri percebendo a maneira como ele havia me deixado. Yoongi mordeu o inferior quando minhas mãos percorreram seu corpo quente, que pareceu incendiar-se quando sentei em seu colo, inicialmente rebolando devagar para permitir que seu membro escorregasse pelo meu íntimo. Os gemidos roucos e sua expressão faziam-me delirar e intensificar mais os movimentos acima dele, até que com o meu breve momento de distração e um leve impulso, Yoongi me penetrou com força, arrancando-me um gemido tão alto que ecoou pelo cômodo, talvez pela dor, talvez pelo prazer, eu já não sabia, afinal, nada naquele momento importava, eu apenas o queria para mim. Com ajuda dele, movimentei meu quadril rapidamente acima do seu, espalmando o colchão quando curvei o corpo por cima do dele, deixando minha cabeça no vão de seu pescoço, apenas seguindo o ritmo que ele mantinha abaixo de mim, ritmo este que fazia a cama bater e ranger, como se a qualquer momento fosse quebrar pelo impacto de nossos corpos. O barulho dos corpos se chocando, os gemidos e xingamentos preenchiam todo o quarto – senão todo o orfanato – e nossos corações disparavam cada vez mais. Yoongi abraçou-me com força e eu apertei os olhos quando um formigamento preencheu cada parte de mim, sendo seguido por um momento de completa insanidade. Eu gemi ainda mais alto, chamando pelo nome dele enquanto algo quente me preencheu, e logo a sensação de alívio e felicidade tomou o lugar do prazer. Aos poucos paramos com os movimentos, mantendo-nos daquele jeito, abraçados e quietos por longos minutos, até eu rir. 

– Do que está rindo? 

– Da nossa "relação". Há uma hora estávamos brigando, agora estamos abraçados. 

– Há uma hora você disse gostar de mim, daqui a pouco você dirá me odiar.  

– Ainda duvida que gosto de você? 

Ele ficou em silêncio e eu ergui minimamente meu corpo, apenas para poder olhar em seus olhos; ele usou a mão para colocar o meu cabelo para trás, então respondeu: 

– Não, eu não duvido. 

– Disse duvidar apenas para transar comigo? - Brinquei, mas Yoongi não sorriu. 

– Não, Yang Mi. - Ele acariciou meu rosto, selando brevemente meus lábios. - Eu duvidei porque estava com ciúmes, e transei com você porque eu queria aproveitar o meu último momento de paz. 

– Sabe, Yoongi... - cuidadosamente deitei ao lado dele, olhando para o teto – eu senti algo dentro de mim agora pouco, como se estivesse queimando, não sei. 

– É a sua Guardiã, ela também estava aproveitando o momento.  

Yoongi riu, consequentemente levando um tapa no peito, mas também ri, voltando a abraça-lo.  

– Eu não a odeio... pelo contrário! Eu a imagino tão linda... - respirei fundo e logo sorri – para mim, ela tem um longo cabelo ruivo, olhos claros, algumas sardas espalhadas pelo rosto, um belíssimo corpo e um sorriso doce! 

– Ela é exatamente assim, Yang Mi.  

– É por isso que se apaixonou por ela?  

– Não. - Yoongi suspirou e levantou-se, entregando minhas roupas para mim antes de se vestir. - Eu me apaixonei pela incrível pessoa que ela foi, e eu a admiro, porque mesmo após tantas reencarnações, ela continua pura, mesmo tendo que carregar a morte. 

– Porque eu não lembro do mesmo que vocês? 

– Se sobrevivermos, contarei tudo! 

– Chato!  

Yoongi riu e segurou minha mão para eu levantar quando terminei de colocar as roupas, então quando saímos do quarto percebemos a movimentação na sala. Anna arrumava um enorme círculo feito com velas no centro da sala, com um estranho símbolo desenhado dentro do círculo; incensos estavam espalhados pelo cômodo e todas as janelas fechadas, em frente a ela estava um livro grande e velho, mas aberto em uma página que parecia mais nova do que as outras, algumas outras representações dos quatro elementos também estavam dentro do círculo. Todos os outros estavam apressados, até que NamJoon parou em nossa frente, com a expressão séria, seu nariz e olhos vermelhos e inchados e sua voz embargada. Ele respirou fundo, ainda relutante, olhou para baixo e em seguida para o irmão. 

– A Sophie sumiu. 

 

(...) 

 

A estranha calmaria na entrada do hotel fez com que cada um dos presentes ali se entreolhassem por poucos instantes, como se decidissem se entrariam naquele momento ou esperariam algum sinal de Park, mas NamJoon pareceu não estar nem um pouco interessado em esperar, enquanto dentro daquele lugar Sophie estava, sendo tratada sabe-se lá de que maneira.  

– Eu vou entrar, se quiserem ficar, que fiquem. - Disse o mais alto, dando os primeiros passos para dentro do hotel, mas SeokJin o segurou.  

– Espere! Nós entraremos todos juntos, não se precipite.  

– Estão parados há minutos! Vamos logo, ou estão com medo do Jimin? 

E ele não disse mais nada, apenas desvencilhou-se das mãos alheias e seguiu para a entrada do hotel, mas ao chegar na porta, percebeu que esta estava trancada. Ele socou a porta, chutou, empurrou, gritou. Mas de nada adiantou. Quando estavam prestes a destruir aquela porta, um som alto ecoou, algo como um alarme, tão alto que fez com que todos eles tampassem os próprios ouvidos. 

– Sejam bem-vindos, irmãos!  

A voz de Jimin pareceu alegre através daqueles alto falantes após o alarme cessar, e ao fundo uma música baixa tocava, música essa que fez Jin gritar, ainda tentando de modo falho tampar os ouvidos, então ele caiu ajoelhado, como se sentisse uma insuportável dor dentro de si. Os irmãos tentaram o socorrer, mas a agressividade dele os afastou, então a música cessou e Jimin gargalhou. 

– Acalme-se, irmão! - Após um longo suspiro, ele continuou: - Eu não pensei que precisaria usar uma música para te incomodar, mas olhe só, até que funcionou! Bem, ainda temos exatamente vinte minutos até às três, então que tal brincarmos um pouco?  

– O que pretende, Jimin? Vamos acabar de uma vez com isso! - Taehyung gritou, esmurrando a porta. 

– Ora, meu amado e querido irmão, você sempre gostou de nossos jogos!  

– Eu não estou brincando, Jimin! Abra a porta e lute como um homem. 

– Não, meus queridos. Eu quero vê-los sofrer, quero vê-los acabar com esse maldito amor de família. 

– Impossível! - Yoongi bufou, balançando a cabeça. 

– Ora, então apenas quero vê-los feridos. Que comece a luta. 

Jimin não disse mais nada e afastou-se de seu posto, colocando outra vez aquela música, que por mais bela e aparentemente calma fosse, despertava cada parte do demônio dentro de SeokJin. Aquela música foi usada por seus pais para que mostrassem sua devoção ao demônio enquanto concebiam-no, assim como também foi usada naquele maldito ritual e, apenas com o doce som do violino, até mesmo a parte mais obscura dele vinha à tona.  

Os olhos negros, a pele extremamente pálida e suas garras afiadas combinavam perfeitamente com o par de asas negras que pareciam quase transparentes atrás de si, tanto que apenas podia ser vista de relance, assim como a fisionomia daquele demônio que dividia o corpo junto a ele. O riso e suspiro aliviado foi ouvido quando ele levantou-se, ainda mais alto que o normal, então, ao abrir seus braços, o forte impacto de sua energia contra os corpos de seus irmãos os fez serem arremessados para longe. Taehyung, o Guardião dos Portais, que sempre teve uma dívida pendente com o Guardião do Inferno, não demorou a também mostrar-se ali, como se fosse um imã e, consequentemente, Yoongi também cedeu passagem para o seu Guardião aflorar, mas JungKook e Yang Mi foram fortes e conteram-se, não permitindo que seus demônios também surgissem naquele momento, ou aquele lugar viraria um verdadeiro Inferno – se é que ele já não era – e NamJoon, livre de seu demônio, continuou ali, parado, apenas observando Taehyung, SeokJin e Yoongi atacarem-se com golpes barulhentos e sangrentos.  

O Trinado do Diabo tocava, servindo de trilha sonora para todo aquele sangue que saíam dos corpos, causando ferimentos graves conforme o poder de cada Guardião atingia o outro, mas Taehyung curava-se instantaneamente, ganhando vantagem acima de seus irmãos. As mãos ágeis e finas dele agarraram o pescoço de seu alvo: SeokJin, e ele logo o apertou, fazendo com que o irmão mais velho risse de sua tentativa falha de mata-lo. 

– Já estamos, tecnicamente, mortos. Imbecil. 

– Mas é um prazer vê-lo sofrer, irmão. 

As vozes grossas, semelhantes à da própria Besta, soaram, arrepiando cada fio do corpo daqueles que ainda estavam presentes. Yoongi, alheio à briga deles, decidiu agir, pois sempre gostou de mortes. Ah, a morte sempre foi a dama mais bela para ele. Então, em um movimento quase que inusitado, ele arremessou os corpos dos irmãos contra os espinhos das roseiras, fazendo as costas deles sangrarem. Irritados, os três se olharam, mas mantinham em seus belos rostos um sutil sorriso antes de, novamente, atacarem-se. Porém, a música cessou e os três corpos livraram-se daqueles pesos energéticos e a porta se abriu devagar, dando passagem para dentro do hotel escuro.  

Após longos minutos, já recuperados, todos entraram juntos naquele lugar, vez ou outra desculpando-se pelas ofensas e, também, ferimentos. O hotel estava escuro, mas conseguiam enxergar o caminho graças à vaga iluminação que as velas causavam no hall do hotel. Ao centro do enorme círculo traçado com sangue, sabe-se lá de quem, Sophie estava, deitada, desacordada e com suas roupas levemente rasgadas. Vendo-a daquela forma tão frágil, NamJoon correu a ela e a ergueu em seus braços, abraçando-a com toda a força que lhe era permitida. Sophie despertou ao sentir o calor dos braços alheios e pôs-se a chorar no ombro do mais alto, enquanto este sussurrava palavras de conforto a ela.  

– Ah, que cena romântica, meu irmão!  

Jimin aplaudiu conforme descia as escadas, sorridente e com sua fisionomia alterada, com sutis toques ocidentais e seus olhos azuis. Maldito, estava com sua força ligada à de Sophie. 

– O que fez com ela, Jimin?! - NamJoon gritou, apertando-a mais contra si. 

– O que um homem e uma mulher fazem quando estão a sós, oras! 

– Maldito. 

Yoongi praticamente rosnou, arremessando o primeiro objeto que viu em Jimin, mas este desviou, rindo quando o vaso caríssimo quebrou na escada. Ele continuou descendo, então olhou para o outro lado do ambiente, onde Hoseok estava, trêmulo e segurando o choro até onde conseguia. 

– Uma boa noite a todos.  

Hoseok disse em voz alta, chamando a atenção daqueles que até então não o perceberam ali. Suas mãos abertas em frente ao grande livro fizeram com que os corações dali acelerassem, já que aquele era o livro de sua mãe. Jimin aproximou-se do irmão e apontou para Sophie, que entre um riso levantou-se e juntou-se a Jimin e Hoseok. Jimin, tão sujo, rodeou a cintura da jovem com seu braço, mas quando seus irmãos tentaram sair do círculo, um campo energético os prendeu dentro do mesmo, impedindo-os de saírem. 

– Sejam bem vindos à morte, caros irmãos. 

– Sophie, saia daí! - NamJoon insistiu. 

– Não é mais ela, irmão. - Jin cerrou os punhos. - Você nos traiu, Sophie! Está do lado dele. 

Sophie nada disse, apenas sorriu e olhou para Taehyung, o único quieto, tranquilo e sorridente, enquanto cruzava os braços.  

Os outros ainda tentavam fugir, mas era em vão, causando o riso de Jimin. 

– Continuem tentando, pois não conseguirão se livrar do círculo!  

– Você não tem força contra nós, Park. 

– Ah, Yoongi, sempre tão convencido! - Jimin respirou fundo e balançou a cabeça negativamente. - O que vocês têm contra mim? Um simples Íncubo, um Guardião do Inferno, que eu comando, um Guardião dos Portais, que a Damara comanda, um Guardião das Sombras, que adora a morte, uma Guardiã da Morte, que não faz nada além de levar suas almas e, é claro, um Guardião de Luz ausente, já que ele pecou. 

JungKook gargalhou. Gargalhou tão alto que fez Jimin curvar as sobrancelhas, mas ele preferiu ignorar aquele riso e apontou para o relógio. 

– São três horas. Comece, Hoseok. 

Após dado o sinal, Hoseok iniciou o ritual, e logo aquela sala esquentou por conta das energias nocivas de cada alma perdida ali, almas que presenciavam em seus devidos lugares todo o ritual, alguns torcendo por Jimin, já outros torcendo por sua morte, como em uma verdadeira guerra e pedido desesperado por vingança. Os olhos vermelhos de Hoseok atingiam diretamente as pobres almas de seus irmãos, causando-lhes certo incômodo conforme seus corpos eram preenchidos por completo por aquelas entidades, e logo outra luta se iniciou, ainda mais sangrenta que a anterior. Jimin queria se divertir um pouco antes de mata-los e, finalmente, libertar-se, o que era praticamente certo, se Taehyung não voltasse a si quando Damara esticou uma das mãos até ele. Os olhos deles encontraram-se por longos segundos. 

 

"– Para libertarmo-nos, um de vocês precisa quebrar o elo. - Damara tragou de seu cigarro, olhando a fumaça dispersar em seguida. - JungKook planeja fazer isso, mas não é o suficiente. 

– Por quê? - Perguntou Taehyung, olhando-a. 

– Porque a maldição foi feita por mim, em um momento desesperado e de pura tristeza. O sabor da traição causou o meu ódio, porque uma promessa foi quebrada, Taehyung.  

– Damara, naquela época... 

– O que? - Ela riu – Naquela época você era um imbecil medroso? Eu sei, mas isso resultou no que estão vivendo hoje, você teve sua parcela de culpa, meu querido.  

– Eu acho que já sei o que quer dizer. 

– O arrependimento pode salva-los, se você cumprir a promessa, a maldição será quebrada.  

– Damara, prometa-me que está dizendo a verdade. 

Taehyung segurou suas frias mãos, então ela sorriu e as soltou, tocando o rosto alheio com ternura antes de levar os lábios aos dele, selando-os demoradamente.  

– E quando eu menti para você? 

– Eu farei, cumprirei a promessa da eternidade." 

 

As lembranças pareceram invadir a mente de ambos com apenas aquele olhar, e logo as lembranças de todas as vidas que passaram lutando também veio à tona. Damara sorriu junto ao rapaz e logo seus irmãos, todos, estavam com seus demônios aflorados, mas, pela primeira vez, agindo pelo certo. 

Damara esticou os braços e desfez o campo energético, ao mesmo tempo em que a chuva iniciou ao lado de fora, sendo o sinal para que Anna iniciasse o ritual naquele orfanato, e todas as energias estavam junto a ela, fortalecendo-a. Alcander, incrédulo pela traição, olhou Damara, mas ela gargalhou, sufocando-o apenas com o olhar. Afinal, todo o seu poder estava nas mãos dela. Com as mãos entrelaçadas, cada um dos irmãos emanaram suas energias contra Alcander e Hoseok, que caíram em dor no chão, enquanto JungKook, aquele que Jimin julgou estar sem seu Guardião, permitiu-se aparecer em sua verdadeira e bela forma angelical. A forte luminosidade que embalava seu corpo fez os olhos de Alcander e Hoseok doerem, como se estivesse cegando-os, então suas enormes e brancas asas o fizeram afastar-se do chão. A voz de Anna parecia ecoar até mesmo dentro do hotel, tão alta e forte que os corpos tremiam naquela luta espiritual. JungKook ergueu o corpo de Jimin, livrando-o daquele maldito demônio que tornou-se visível a cada um dali, como se servisse para aflorar ainda mais o ódio de seus "filhos". Enquanto Jung permanecia naquela luta com Alcander, o qual usava o restante de sua força para atingir o Guardião, Taehyung correu à Damara, abraçando-a brevemente antes de segurar suas mãos, então juntos foram ao centro do círculo, e os outros três Guardiões ajoelharam-se em volta deles, com suas mãos dadas, enquanto NamJoon já conseguia livrar-se do Íncubo com apenas sua própria força.  

– A eternidade é nossa, Damara. E com ela, eu entrego-me a você, como deveria ter sido desde o início. Eu cumpro a promessa de caminhar ao seu lado e libertar-te do fogo do inferno. 

– E eu, Taehyung, levo-o junto a mim para o paraíso. Assim, eu quebro a maldição e liberto-os do laço de Lúcifer. 

E então, após trocarem aquelas breves palavras, Taehyung olhou para os irmãos calmamente, como em uma despedida, ou um "até logo". NamJoon tentou impedi-lo, mas então Taehyung fechou os olhos e permitiu-se retirar o athame da cintura e ergue-lo aos céus antes de, finalmente, crava-lo em seu próprio estômago, jorrando todo aquele sangue contra o corpo que Damara possuía, e naquele exato momento, uma luz extremamente forte saiu do corpo de Sophie, enquanto ela sorria e, novamente, aquele lugar incendiou-se. 

A tão almejada liberdade. 

O tão almejado amor eterno. 

A tão esperada salvação. 

JungKook, que já derrotava Alcander, mostrou um sorriso aos amigos após ver ao longe a silhueta de EunJi, que o esperava ansiosa. Então, após um baixo "adeus", ele entregou-se ao fogo que o preenchia de fora para dentro. Os rapazes estavam livres de seus demônios e de seus traumas. Mas ainda restavam Jimin e Hoseok, Jimin ainda irritado tentava fugir e recuperar o pouco de força que tinha, mas Hoseok não permitiu. Ele pegou o athame do irmão e o segurou entre as mãos. 

– O que está fazendo, idiota? 

– Já chega, Jimin... Eu não posso permitir que continue com isso. 

Hoseok chorava em frente ao irmão, apertando o objeto de prata entre seus dedos. 

– Hoseok, pare!  

– Perdoe-me, meu amado irmão. 

Hoseok respirou fundo e, antes que Jimin corresse, cravou o athame em seu peito, rodando-o ali até ter certeza de que ele morreria com aquilo, então, mesmo com Jimin ainda vivo e segurando sua camisa, ele retirou o objeto afiado do peito alheio, fechando os olhos quando sentiu o sangue quente molhar todo o seu rosto. 

Os belos olhos do Jimin estavam arregalados e sem brilho, o sorriso que Hoseok tanto amava apagou-se e seu sangue manchava suas trêmulas mãos. Foi então, vendo o corpo tão frágil caindo em seus braços, que ele percebeu o que havia acabado de fazer. Ele matou o próprio irmão, o tão amado irmão. Jimin estava imóvel, mole e sangrando, tudo graças a ele, graças àquele que o salvou uma vez. O corpo tremia por não acreditar no que havia feito, seu nariz ardia e as lágrimas caíam em silêncio conforme as mãos de Jimin deslizavam pelo corpo do Hoseok até, finalmente, cair no chão. Hoseok largou a faca, ainda com os olhos presos à parede em frente a eles, então a consciência de seu ato veio e ele caiu ajoelhado em cima do irmão, não hesitando em segura-lo entre seus braços e o abraçar com toda a sua dor e amor.   

– Jimin, irmãozinho... o que eu fiz?  

Perguntou ele em meio aos soluços, apertando-o cada  vez mais contra si, como se aquilo fosse traze-lo de volta à vida, mas era em vão, ele sabia que era em vão.   

Eu falhei, Jimin, falhei em protege-lo. Hoseok pensava.  

"– Hoseok, prometa que sempre protegeremos um ao outro?"  

Ah, irmãozinho, eu quebrei a nossa promessa...  

"– Hoseok, diga que eu sou o seu irmão favorito e que nunca me deixará!"   

Ah, irmãozinho, eu jamais o deixaria...  

"– Hoseok, se um dia eu quebrar o seu coração ou te decepcionar, poderia me perdoar?"  

Ah, irmãozinho, eu sempre o perdoei...   

"– Hoseok, sabe aquele tal amor de irmão que todos vivem falando? Acho que ainda consigo senti-lo."  

Ah, irmãozinho, se você soubesse o quanto te amo...  

"– Hoseok, prometa-me que jamais nos separaremos!"  

Ah, irmãozinho, eu jamais o deixaria...  

"– Hoseok, está vendo aquelas estrelas? - Jimin apontou para o céu, sorridente. - Sempre lembro de você quando as olho. Eu também sou assim para você?" 

Ah, irmãozinho, você é a mais bela estrela... 

"– Hoseok, nunca se esqueça de mim, porque eu jamais esquecerei de você." 

Ah, irmãozinho, como eu poderia esquecer-me de ti? 

"– Hoseok..." 

Jimin. 

Ele ergueu seu rosto após muita dificuldade e apontou com a cabeça para a faca ao seu lado, enquanto implorava para NamJoon que realizasse logo aquele maldito ato, mas ele negou diversas vezes seguidas, mesmo com toda a silenciosa insistência de Hoseok.  

– Irmão, por favor... mate-me!   

– Eu não consigo, Hoseok! Eu não posso...  

– Por minha culpa tantas pessoas morreram, por minha culpa o Jeon está morto... a Sophie está machucada por minha culpa, NamJoon! - Prendeu a respiração por breves instantes, direcionando o olhar ao corpo do Taehyung, então gritou: - Por minha culpa os nossos irmãos estão mortos, NamJoon! Mate-me antes que mais alguém morra!  

– Hoseok... - Ele sussurrou, apertando os olhos embaçados pelas lágrimas.   

– Por favor, irmão... acabe com a dor.  

Ainda com os olhos fechados, NamJoon pegou a faca, para depois poder encarar o irmão conforme erguia o objeto um pouco acima de sua cabeça, mas antes que ele fizesse qualquer coisa, Hoseok deixou um demorado e carinhoso beijo na testa do  irmão sem vida, como se dissesse um "até logo" para ele, assim abraçando-o com ainda mais força e fechando os olhos.   

– Perdoe-me, irmão...  

Disse NamJoon, cravando a faca o mais fundo que pode nas costas alheias, mas aquela dor não era nada comparada à sentida quando Hoseok tirou a vida de Jimin, aquela dor da facada era como um alívio, era como a paz. Em meio às chamas, aos gritos e sirenes, Hoseok permitiu que sua alma caminhasse junto a do irmão para bem distante dali. Então, abraçado ao tão amado irmão, a morte presenteou-o com sua graça e, finalmente, a paz reinou em seu corpo cansado. NamJoon caiu acima dos corpos sem vida dos irmãos, soluçando de tanto chorar, enquanto os abraçava e pedia perdão a eles, como se com aquilo pudesse livrar-se do peso de tê-lo matado. 

Sophie estava jogada acima do corpo de Taehyung, abraçando-o com força o suficiente para ainda mais sangue sair dele, mas ela não se importava com o sangue, apenas queria-o vivo, queria vê-lo sorrir novamente. 

"– Sophie, o que tanto olha? - Taehyung perguntou. 

– O seu sorriso. Ele é bonito. 

– Ele é seu, Sophie. O meu sorriso é seu." 

– Tae... acorde, por favor...  

Sophie implorava entre soluços, mas de nada adiantava, porque ali estava apenas o corpo de Taehyung, sua alma já estava bem distante dali, assim como a de JungKook, que a francesa só percebeu estar morto quando Yoongi a puxou, e então outra vez seu coração estraçalhou. A cena de vê-lo deformado pelo fogo jamais sairia de sua mente. 

Àquela altura, tudo o que Sophie conseguia se perguntar era: a vida realmente vale a pena? 

  

(...)  

  

Ao lado de fora do hotel os repórteres de diferentes emissoras gravavam tudo o que acontecia, inclusive a retirada dos corpos encontrados pelos vários cômodos do hotel já livre do incêndio. Pouco a pouco os corpos saíam junto às ambulâncias, mas Sophie não poderia deixar que os corpos de seus irmãos e de seu querido amigo fossem antes que ela desse um último adeus. Ela soltou-se dos braços de Yoongie correu às macas, fazendo os bombeiros pararem de leva-las, então, retirou o lençol manchado de sangue do rosto de Taehyung, olhando-o uma última vez antes de selar sua testa, e assim fez com todos os outros, até chegar em Jimin, por fim. A seriedade no olhar dela ao olhar o rosto tranquilo do irmão, já pálido, mudou para um olhar sôfrego, abraçando-o enquanto beijava sua testa. 

– Espero que encontre a sua paz, Jimin... eu o perdoo, irmão.  

E então foram levados para as devidas ambulâncias, deixando apenas os jornalistas que tentavam a todo custo falar com cada um deles, mas os policiais não permitiram entrevistas. E, ao longe, Sophie viu os dois novos amigos, vivos, saírem de dentro do hotel. Chanyeol e Minseok correram até eles e os abraçaram com toda a força que podiam, mesmo que Minseok estivesse ainda fraco. 

Um dos policiais se aproximou, carregando em suas mãos uma arma, então calaram-se com tal presença. 

– Terão de nos acompanhar à delegacia, mas antes quero que respondam algumas perguntas. 

 

(...) 

 

– O último corpo já foi retirado do local, sendo assim, chegamos ao total de oitenta e sete mortos, sendo alguns deles membros importantes de nossa equipe. - A voz de Luhan saiu tremula enquanto seu olhar permanecia preso à câmera. - Eu sou Xiao Luhan, diretamente de Seul para a The New York Times. Boa noite.  

Quando a câmera foi desligada, Luhan pôs-se a chorar nos braços dos últimos dois colegas de equipe, que não estavam tão diferentes.  

– Eu deveria ter vindo antes... se eu soubesse, se eu tivesse acreditado, talvez nada disso teria acontecido. 

– Você não teve culpa, Luhan. - Minseok sorriu, acariciando o rosto do amigo. - Vamos, agora está tudo acabado, uh?  

Luhan apenas concordou, seguindo junto aos amigos até os policiais, pois ele ainda guardava as gravações de Chanyeol consigo, podendo assim usa-las como provas à favor deles, mas aquilo não seria necessário, já que dentro de uma das viaturas, um gravador foi conectado, gravador este que foi encontrado no bolso de Hoseok quando o retiraram do incêndio. O mesmo gravador que Chanyeol nem ao menos lembrava que perdera. 

– O que é isso, Kyung? - Um dos policiais perguntou. 

– Encontramos no bolso da última vítima, senhor. Ouvimos a mensagem e, bem, aqui o autor do crime confessa sua culpa. 

– Como? Ele está morto! 

– Tudo indica que Jung Hoseok planejou tudo sozinho, incluindo o suicídio e assassinato dos irmãos. O cara era louco. 

O policial riu, dando play ao áudio, e pela voz embargada, Hoseok chorava. Naquela gravação ele dizia claramente que havia planejado tudo, inclusive o suicídio, como o policial havia dito, mas o que os alheios à história não sabiam, era que Hoseok usou de seu poder de manipulação para convencer as autoridades da inocência de sua família, até mesmo de Jimin, que aos olhos daqueles policiais era apenas mais um inocente. Yoongi sorriu e balançou a cabeça negativamente, pois não poderia chorar, não na frente dos outros, mas era fato que aquele ato de seu irmão o tocou, que aquele ato o salvou. Hoseok planejou livra-los de Jimin, e cada um de seus irmãos sabiam o quão dura deve ter sido tal escolha. 

Hoseok, você, definitivamente, é a esperança. 

 

 

 

França, 25 de julho de 2020. 

 

Sophie 

 

Estava quente naquela manhã, o sol jogava seus raios contra nossos rostos alegres e a água do rio refletia a imensidão do céu acima de nós. Ao meu lado, NamJoon brincava com o nosso sobrinho, o belo garoto de Anna e Jin, agora com quatro anos, enquanto Anna explicava-me quantas vezes eu sentiria alegria com os chutes das crianças. Eu apenas revirava os olhos e tentava esconder o medo pela dor que eu sentiria quando desse a luz aos gêmeos, mas eu sabia que cada segundo de dor na mesa de parto valeria a pena. Yoongi e Yang Mi continuavam discutindo – como sempre – sobre coisas banais, mas então ela lembrou-se de algo importante do passado. 

– Min Yoongi! - ela levantou-se, apontando para ele. - Você nunca disse que também gosta de mim. 

– O que? - Yoongi riu. 

– Naquele dia no orfanato, eu disse que gostava de você, mas até hoje você não disse sentir o mesmo por mim. 

– Yang Mi, nós estamos casados, não é óbvio que eu gosto de você? 

– Idiota! Não acredito em você. 

Emburrada, ela cruzou os braços e sentou-se ao lado de Yoongi, o qual riu do bico formado nos lábios da esposa, então ele passou um dos braços pela cintura dela e olhou para a água. 

– Lembra-se do quinto motivo? - Ela concordou. - Ele é o amor, e você é o meu quinto motivo, Yang Mi. Eu amo você. 

E aquelas palavras bastaram para fazê-la chorar de felicidade, rapidamente abraçando-o, e Yoongi riu, distribuindo beijos por todo o rosto dela.  

Eles eram assim: hora se odiavam, hora se amavam.  

Eu olhei para frente, acabando por apagar o sorriso em meu rosto, e percebendo isso, NamJoon disse: 

– Eu também gostaria que eles estivessem aqui. 

– Jimin e Hoseok estariam tentando jogar um ao outro no rio. - Yoongi iniciou. 

– Taehyung, com certeza, estaria brincando com o meu filho. - Jin apontou para o menino, rindo em seguida. 

– O JungKook estaria abraçado à EunJi, fazendo juras de amor. - Disse, mordendo meu inferior para conter o sorriso. 

– Eles fazem falta. - Anna abaixou a cabeça, sorrindo involuntariamente. 

– É, fazem muita falta. - Concordei, respirando fundo em seguida. 

A vida é justa, pois ela nos dá o direito de presenciarmos belos momentos, felizes amizades e calorosos relacionamentos, mas, ao mesmo tempo, a vida é injusta, pois ela nos tira o direito de estarmos sempre felizes, nos tira os amigos que consideramos os melhores, termina com os relacionamentos e chega ao fim cedo. Então, restam-nos apenas as doces e dolorosas lembranças daquilo que nunca mais voltará.  

Eu sempre lembrarei com carinho do sorriso do Taehyung. 

Eu sempre lembrarei com amor da alegria de Hoseok. 

Eu sempre lembrarei com admiração da vontade de viver do Jimin. 

Eu sempre lembrarei com saudade da amizade verdadeira do JungKook. 

Eu sempre lembrarei com gratidão do quanto EunJi me apoiava. 

E, principalmente, sempre lembrarei do quão bom é ter uma família. 

Do quão bom é ser amada. 

 

 

 

 

 

 

 

Fim 


Notas Finais


Música: https://www.youtube.com/watch?v=BI4cIoXxe7s

Gente, chegamos ao fim, mas não quero pensar em tristezas, uh? Porque valeu a pena cada hora que passei escrevendo essas duas temporadas para vocês. Eu quero agradecer a cada comentário, a cada visualização, a cada favorito e a cada motivação que vocês me deram. Como eu disse, sem vocês eu nem estaria aqui. Vocês são os melhores e fizeram-me acreditar cada vez mais no meu potencial e no meu sonho de tornar-me uma escritora.
Bem, quem me acompanha desde a primeira parte sabe que eu disse que escreveria um livro sobre essa fanfic, mas infelizmente precisarei adiar o projeto (não, eu não desisti, apenas estou adiando), porque comecei um livro de romance que eu também postarei aqui mais para frente como fanfic, então aguardem, porque após ele, escreverei, talvez, as três partes da fanfic.
ISSO MESMO, AS TRÊS PARTES! U.U
Bem, agora que tal voltarmos lá para o ano de 1400 e acompanharmos de perto a história dos Cinco Guardiões, uh? Exatamente, eles terão uma fanfic, coisa que provavelmente vocês já sabem, porque dei indícios ao decorrer desta temporada. O link estará a seguir, amores e amoras!
Novamente, obrigada por tudo e por cada segundo maravilhoso ao lado de vocês.
E quanto a música, é trilha sonora da fanfic dos Guardiões, então provavelmente terão partes da música ao decorrer dos capítulos. Essa fanfic PROMETE, então, por favor, acompanhem e deem muito amor a ela, uh?
Eu amo vocês e beijinhos da tia Kiira. <3


The Five Guardians: https://spiritfanfics.com/historia/the-five-guardians-8883160


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