História Death Note - Continuação - Saudades...

     "É verdade que papai, mesmo tendo feito o acôrdo dos olhos, ele não chegou a matar ninguém com o death note. Então é capaz dele estar em um bom lugar agora. Minha preocupação é com mamãe e Sayu, minha irmã. Tenho que visitá-las amanhã ainda pela manhã. Acho bom ligar pra elas, mas antes, vou fazer uma outra ligação".

     Espantosamente, antes de terminar o primeiro toque, o telefone do outro lado da linha logo é atendido:

     — Raito! Meu amor! Eu tava morrendo de saudades, desesperada, esperando você me resgatar daqueles brutamontes! Mas adivinha? Eles me deram uma suíte de luxo no melhor hotel de Tóquio! Ai!...diz que vai vir pra cá, querido! - disse Misa Amane, engolindo as palavras em menos de cinco segundos, coisa que atrizes hiperativas fazem com a maior facilidade, nem dando tempo de Raito interromper a falação.

     — Olá, Misa - disse Raito com um certo sorriso achando irônico conversar depois de tantos milênios com a única mulher que ele sempre quis ver morta mas que tinha que aturar, e agora, novamente se sentindo na mesma obrigação de ter que aturá-la pra sobreviver - você poderia ir amanhã  se encontrar comigo na casa da minha mãe pra almoçarmos juntos? Eu gostaria de passar o dia em família, o que você acha?

     — Ah, claro meu amor! Mas quer dizer que você não vem agora aqui? Eu tô vestida com uma grife especial pra um jantar à luz de velas, e depois...

     Com tanto problema na cabeça, Raito já estava começando a se arrepender de ter ligado pra "tagarela", que é o apelido secreto que ele dá pra Misa, mesmo sem nunca tê-lo pronunciado, graças à sua imensa paciência. Mas, como sempre, ele apenas a interrompe educadamente:

     — Não, Misa...eu vou madrugar hoje no trabalho novamente. Nos encontraremos amanhã.

     — Humm...tá bom, querido, beijos, beijos, beijos...

     — Beijos! - finaliza a ligação rapidamente, com medo daquela "tagarelice" um dia se tornar contagiosa.

     "Se a diaba-Misa vai agora tentar me perseguir, eu não tenho outra saída. Se eu matar a Misa na esperança da diaba-Misa deixar de existir, mas mesmo assim acontecer dela não desaparecer, eu só vou deixá-la mais louca e enfurecida do que ela já está." - cogitou Raito.

     "Mas, se eu começar a tratá-la bem ou até me casar com ela, quem sabe se a diaba-Misa não para de pegar no meu pé? Eu também tenho a opção de chantageá-la, ameaçando de matar seu verdadeiro eu em troca de favores para os meus planos."

     "O irônico é que parece destino...um karma. Parece que a Misa é um fantasma que me persegue na vida e na morte. Uma assombração da qual simplesmente nunca consigo me livrar...e agora pra piorar são duas ao mesmo tempo...a versão tagarela, e a versão algoz".

     — Alô, quem é? 

     — Oi, mamãe! Sou eu.

     — Raito!! Que bom falar com você! Como você está, meu filho?

     — Tudo bem, mamãe. Posso visitar vocês amanhã de manhã?

     E assim eles combinam. Raito entra no yellowbox, mas só agora repara nas marcas de seu próprio sangue e também de Teru Mikami no chão. Seu saborear de dejavú logo é interrompido por um dos técnicos:

     — Senhor, encontrei  duas escutas num piso falso bem aqui no meio e também uma logo na entrada do galpão até o momento.

     — Há pelo menos três câmeras de vídeo aqui dentro, senhor, já retirei uma delas. - diz o outro técnico, entregando um dos equipamentos.

     "Eu sabia...o Near jamais marcaria um econtro assim sem se prevenir caso alguma coisa desse errado,... ele sem dúvida enviaria os vídeos com áudio ao vivo, ou será que ele seria tão auto-confiante e ingênuo à ponto de transmitir apenas para seu notebook? Impossível! Com toda a certeza ele deve ter enviado tudo ao vivo para algum lugar por segurança, mas pra onde??"