Nenhum dos dois sabia o que fazer. Ambos sabiam que sua irmãzinha se encontrava morta. Jackie já estava em prantos no chão, enquanto encarava o aquário colorido pelo sangue de sua irmã.
—Isso é nossa culpa... Se estivéssemos cuidando direito dela... I-isso não teria acontecido! —Ela praticamente gritava em meio a soluços.
—Calma Jackie... — Kyle tenta acalmar a irmã.
—Calma? Calma é a última coisa que eu vou ter agora Kyle! Não sei se você percebeu, mas a nossa irmã está morta, MORTA. — A garota estava desesperada, e Kyle, fazia de tudo para manter a calma. — Como vamos explicar isso para os nossos pais?
—Acho... Acho melhor sairmos daqui...
—A nossa tarefa era literalmente buscar ela na escola e ir pra casa... Era literalmente tudo que tínhamos que fazer, e nós falhamos, e agora, agora ela ta morta, Kyle.
—Só vamos sair daqui.
—Por quê? Porque você não aguenta a culpa pairando pelo ar? —Jackie praticamente grita, sem ao menos se levantar.
—Porque a Pacifica tem cinco anos, olha a altura dessa droga de aquário! — Kyle diz com a maior calma possível, ele realmente não queria gritar com a sua irmã. —Ela obviamente não tirou as roupas e pulou ali. Alguém fez isso com ela. E pelas roupas jogadas aqui, acho que você sabe o que mais aconteceu aqui. — Jackie engole em seco, já imaginando o que poderia ter acontecido — Então eu acho melhor irmos embora, antes que seja lá o que pegou a Pacifica nos pegue.
Jackie concordou, então pegou na mão do irmão para se levantar, e os dois deixaram o local o mais rápido possível. Então, após já estarem na calçada oposta á que se encontrava a casa de shows, eles se entreolharam por alguns segundos, as lágrimas ainda não haviam parado de escorrer pelo rosto de Jackie, e Kyle tinha finalmente se permitido chorar, deixar todo a sua tristeza e decepção consigo mesmo sair por pequenas gotas de água pelo seu rosto. Jackie estava tendo certa dificuldade para respirar, então Kyle puxou a irmã para si, abraçando a garota o mais forte possível, mesmo que as lágrimas dela estivessem molhando todo o seu moletom.
—Como vamos explicar isso pros nossos pais? — A garota pergunta com a voz um tanto falha.
—Vamos dar um jeito, sempre damos...
—Nunca passamos por nada como isso, nós nunca lidamos com nada assim, Kyle... — Jackie fala se separando do irmão. — Brigas de escola não são nada comparadas a deixar a nossa irmã morrer!
—Não se culpe Jackie...
—Como não? Ela estaria viva se nós tivéssemos sido um pouco mais responsáveis...
—Alguém fez isso ela, e não fomos nós. — Kyle diz olhando fixamente nos olhos da irmã. — Se tivéssemos visto teria sido pior, talvez tivéssemos visto ela ser devorada por piranhas, talvez nós tivéssemos tido o mesmo destino.
Então Jackie concordou com a cabeça, engoliu em seco e os dois continuaram o seu caminho para casa. Eles estavam parados em frente à residência, ainda não sabendo o que dizer, quando Kyle abriu a porta, mesmo não querendo entrar. Jackie estava cogitando sair correndo dali, mas, Annalise Lindemann, a mãe, estava sentada na poltrona da sala que dava uma pequena visão para a porta.
—Hey, cadê a Pacifica? — Ela pergunta aos filhos, e se Jackie já estava nervosa antes, agora estava prestes a ter um ataque cardíaco.
—Precisamos conversar... — Kyle diz, praticamente obrigando Jackie a entrar na casa.
Então, sentados no sofá da sala, Kyle e Jackie explicaram tudo calmamente a sua mãe, que estava mais nervosa do que abalada após a conversa terminar.
—Tudo bem, não foi culpa de vocês...
—O que? Acabamos de contar que sua filha está morta e é assim que você reage? — Jackie se irrita.
—Ela ta em estado de choque. — Kyle sussurra, pegando na manga da irmã, impedindo-a de se levantar.
—Como você consegue manter a calma?
—Eu estou tão destruída quanto você, Jackie.
—Não... Você não liga pra Pacifica, não é? Ela pode não ser uma criança “normal” mas também é sua filha! E ela nem vai ter um enterro, porque o corpo dela foi comido por piranhas! E você está incrivelmente calma...
—Jackie, para de gritar... — Kyle faz de tudo para acalmar a irmã.
—Ela tem razão... — Annalise fala para Kyle. — Eu sou uma péssima mãe... — E então ela sobe as escadas, deixando os dois sozinhos na sala de estar.
Annalise entra no seu quarto, tranca a porta, e vai em passos lentos até sua cama, onde ela se joga e desaba em lágrimas, não apenas por ter acabado de perder sua filha, mas porque sabia o que havia acontecido, e que talvez a mesma coisa também destruísse o resto da sua família, e a pior parte, era que ela não poderia fazer nada a respeito.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.