História Debingos: um amor policial - O retorno da Senhora Bloch

                             Narrador
Após saber da volta da mãe, Débora sente - se desnorteada e mal consegue encerrar a ligação telefônica com a irmã. Necessita de seu amigo engarrafado para pensar em algo que pudesse atrasar o retorno de Rebeca. Depois de tanto pensar, decide dar uma volta e tentar encontrar uma solução mágica para seu mais novo problema. No caminho, acaba ligando para a única pessoa que aceitaria lhe ouvir: sua amiga Mariana:
•Débora: "Mariana, por favor, atende esse telefone..."
No terceiro toque, ela atende sonolenta:
•Mariana: Débora? O que aconteceu?
•Débora: Vem me encontrar aqui perto de uma praça...
•Mariana: Chego aí assim que der...
Enquanto isso, ela segue com o carro para a tal praça e, ao constatar que não há ninguém por perto, cai em prantos. Nessa hora, Mariana a vê:
•Mariana: Ei! O que aconteceu? Apenas uma vez na vida lhe vi nesse estado...
•Débora: A minha progenitora está voltando... Ela vai destruir a minha vida de novo...
•Mariana: A Rebeca tá voltando? Como sabe?
•Débora: Deni telefonou ontem à noite informando...
•Mariana: Como assim, destruir a sua vida de novo? Eu sei que vocês não são melhores amigas, mas...
•Débora: Quando criança, eu fui muito carente de afeto materno... A Rebeca vivia amargurada e sempre deixou claro que só teve a mim por insistência do meu pai...
•Mariana: Caramba Débora... Mas não é apenas por isso que você estava em prantos quando cheguei, certo?
•Débora: Essa outra parte da história eu não me sinto em condições de contar Mári, desculpe... Não é por falta de confiança em você, mas por medo que eu volte a ser quem eu era...
•Mariana: Débora... Na nossa época de faculdade você era tão diferente... Sorria mais, conversava com pessoas...
•Débora: As circunstâncias me obrigaram a mudar...
•Mariana: As circunstâncias mesmo? Tem certeza?
•Débora: Tenho... Bem, está tarde... É melhor eu ir... Obrigada por ter vindo escutar os meus desabafos...
•Mariana: Imagina... Você sabe que pode contar comigo para tudo...
As duas se abraçam e Débora segue seu caminho. Ao voltar para casa, percebe que tem recados na secretária eletrônica:
•Deni: "Estou buscando a mamãe no aeroporto... Ela fez questão de ficar ou na minha casa ou na sua... Por hoje, ela fica lá em casa, mas amanhã vamos ter de resolver essa história... Quando puder me retorna, ok? Beijo"
O mundo de Débora parece ter desabado com essa mensagem da irmã, pois ela não fazia ideia de como iria encarar a mãe depois de todos os acontecimentos do passado. Resolve tomar um banho na intenção de procurar uma resposta para tantos problemas debaixo d'água. Assim que se ajeita para dormir, decide retornar a ligação na manhã seguinte, melhor dizendo, em algumas horas. Demora a pegar no sono e, quando o faz, só consegue dormir durante 01:30, pois o despertador começara a soar insistentemente. Após fazer seu desjejum, atende o telefone:
•Débora: Oi Deni... Desculpe não ter retornado ontem... Cheguei bem tarde...
•Deni: Imaginei... Como você está?
•Débora: Apreensiva com essa volta repentina da Dona Rebeca...
•Deni: Ela ontem perguntou por você e disse querer lhe ver o mais breve possível... Falou daquele jeito que você deve se lembrar bem...
•Débora: Pelo visto continua achando ser a "autoridade máxima..."
•Deni: Sim... Tenho que me arrumar para ir a delegacia... Nos vemos mais tarde... Nós três...
•Débora: É mesmo necessário que ela venha junto? Não poderia ter ficado em um hotel ou algo do tipo...
•Deni: Débora... Ela fez questão de se instalar na casa de uma das filhas...
•Débora: De qualquer forma não vou conseguir decidir isso agora... Mais tarde resolvemos isso juntas...
Um tempo se passa, e Débora decide tirar o dia de folga, pois não estava com cabeça para trabalhar e, por seu escritório ser um dos mais renomados, não tinha tanta necessidade assim.
                           •••    
Domingos acorda com os gritos da esposa:
•Domingos: Pelo amor de Deus, o que está acontecendo?
•Luciana: Estou cansada disso tudo... Essa vida não é pra mim: um filho mimado e um marido ausente... Grande família essa...
•Domingos: Eu também estou farto de presenciar reclamação todos os dias ao chegar cansado do trabalho, mas nem por isso desconto em você... Aproveitando que estamos tendo esse momento raro de diálogo, gostaria de lhe informar, apenas lhe deixar ciente, de que estou contratando uma advogada para ficar com a guarda do Léo.
•Luciana: Deixe - me ver se entendi: você está querendo me dizer, com a maior cara de pau do mundo, que entrou com uma ação para tirar MEU filho de mim?
•Domingos: Seu filho? Não me faça rir... Você mal dá atenção a ele... O menino passa a maior parte do tempo no quarto sozinho, enquanto você faz não sei mais o quê dentro de casa... Cuida da casa, ok mas não pode tirar um pouquinho do seu tempo para dedicar atenção ao próprio filho?
•Luciana: E quem é essa advogada, posso saber? Deixe - me adivinhar: a mulher que você reclamava ser autoritária, tratar os funcionários como lixo e que agora virou sua melhor amiga ou sabe - se lá Deus o quê, acertei?
•Domingos: Eu não vou admitir que você me acuse de adultério... Eu não traí você nem com ela nem com ninguém... Agora, com licença, que eu preciso trabalhar... Se eu fosse você, faria o mesmo porque tem um processo nas costas...
•Luciana: Isso não vai ficar assim, Domingos... Pode esperar...
Ao sair de casa, ele informa Deni de seu atraso, mas como ele não é dessas coisas, ela releva:
•Deni: Sem problemas... Está tudo bem?
•Domingos: Na medida do possível... Você teria um tempo para conversar após o expediente?
•Deni: Claro... Sempre arrumo um tempo para os cunh... Amigos...
Domingos gargalha e responde:
•Domingos: Deni... Você não tem jeito mesmo...
Mariana não consegue parar de pensar na conversa que teve com a amiga e, ao saber por Mary que ela se ausentou, bate a sua porta:
•Débora: Mariana?
•Mariana: Minha amiga... Soube por Mary que não tinha aparecido no escritório...
•Débora: Essa volta da Dona Rebeca me tirou o sono ontem... Não estava em condições de trabalhar...
O telefone de Mariana toca:
•Mariana: Deni?
•Deni: Mári... Sua agenda está muito cheia?
•Mariana: Estou na casa de sua irmã agora... O que houve?
•Deni: Acredito que o Domingos esteja com problemas matrimoniais e vá precisar de seus serviços... Vou conversar com ele hoje para saber melhor...
•Mariana: Ótimo! Converse sim e me mantenha informada...
•Deni: Claro... Mande um beijo a Debi por mim...
A curiosidade de Débora é aguçada:
•Débora: O Domingos está precisando de seus serviços?
•Mariana: Alguém ficou curiosa ou é impressão minha?
•Débora: Óh meu Deus, não se pode nem fazer uma pergunta?
•Mariana: Respondendo a sua pergunta emburradinha, parece que ele vai precisar dos meus serviços sim... Sua irmã ficou de saber mais detalhes e me repassar depois...
                             •••
Domingos chega ao trabalho e dá de cara com Rebeca, que fora acompanhar o dia de trabalho de Deni:
•Rebeca: Você deve ser o detetive...
•Domingos: Sou eu mesmo, mas... Desculpe... Nos conhecemos?
Rebeca sorri com os olhos:
•Rebeca: Ainda não... Muito prazer, Rebeca... Rebeca Bloch...
Deni se aproxima dos dois:
•Deni: Pelo visto já se conheceram...
•Rebeca: Sim... Já me apresentei ao cavalheiro... Só não soube seu nome...
•Domingos: Montagner... Domingos Montagner...
•Deni: Bem mãe, vou precisar tirá - lo de você um instante, pois temos de trabalhar...
Rebeca observa as ações de Domingos conforme a tarde cai e vislumbra uma foto em seu celular:
•Rebeca: "Quem será essa mulher com essa criança?"
Deni nota o interesse da mãe e a questiona:
•Deni: Vasculhando as coisas dos outros?
•Rebeca: Óh não... Apenas curiosidade... Quem são?
•Domingos: Minha esposa e filho mais novo...
•Deni: Vou indo com o Domingos... Mais tarde vamos ver a Débora, está bem?
•Rebeca: Não vejo a hora de rever minha grande gênia...
Deni e Domingos decidem tomar um café para conversarem:
•Deni: Desculpe a intromissão de minha mãe... Ela costuma ser bem curiosa...
•Domingos: Óh não... Não se preocupe... Bem, não estou conseguindo me entender com Luciana e hoje foi a gota d'água... Ela mal se importa com o próprio filho e vem me dizer que não permitirá que eu o afaste dela...
•Deni: Domingos... Eu sou uma pessoa direta... Não sou muito adepta a rodeios como deve ter percebido, então...
•Domingos: Você quer saber se a minha decisão tem algo a ver com sua irmã... Eu lhe respondo desde já: não sei dizer ao certo... Eu e Débora nos aproximamos um pouco... Até o Léo se afeiçoou a ela de um jeito que nunca sequer imaginei ser possível...
•Deni: Consegue admitir que sente alguma coisa por ela? Um carinho sequer?
•Domingos: Sim... Tenho um carinho muito grande por ela... Talvez a aproximação dela com Léo tenha feito com que eu passasse a enxergar o ser humano que existe dentro dela, além da grande advogada...
Ao se dar conta da hora, Deni se despede:
•Deni: Desculpe, mas preciso ir... É sempre muito bom conversar com você.
•Domingos: Eu quem agradeço por me ouvir... Vou passar em casa e pegar minhas coisas... Não tem mais clima para morar no mesmo teto que ela...
•Deni: E o Léo?
•Domingos: Vou vê - lo todos os dias... Não posso tirá - lo de lá assim, de repente... Antes de sair de casa, vou ter uma conversa com ele... Com calma, como deve ser...
•Deni: Tudo vai dar certo...
Eles se despedem e Deni se encontra com a mãe na esquina da casa da irmã que, há essas horas, estava sozinha em casa, pois Mariana tinha coisas a resolver. Rebeca toca a campainha apreensiva. Ao abrir a porta, Débora congela ao ver a figura da mãe em sua frente:
•Rebeca: Minha menina!