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História Decadentes - Da cama para o chão


Escrita por: makkachin

Capítulo 12 - Da cama para o chão


Era incrível imaginar que Yurio poderia se acostumar com aquilo. A manhã ainda nem tinha nascido, e ele queria mais é fechar os olhos e dormir até o dia clarear, mas o corpo de Otabek o abraçando por baixo dos cobertores fez impossível para ele ficar sem aproveitar aquele momento.

Algumas partes de seu corpo estavam doloridas, porém nada que fosse ruim. Aquela dor era só prova de que eles tinham feito loucuras na noite passada, mas loucuras das quais Yurio não se arrependia nenhum pouco. Depois da conversa que ele teve com Otabek, pedindo sobre a relação dele com a máfia, os pensamentos de Yurio se tornaram mais claros em sua cabeça.

Contudo, não era só aquilo que ainda estava ali. Algumas coisas sobre ele mesmo deveriam ser ditas agora, porque o que havia entre eles não era mais apenas uma experiência. Yurio até falou para si mesmo que iria esperar por essa noite deles juntos para saber se valia a pena contar a Otabek sobre seu passado ou não, e agora que aquela noite tinha chegado, não havia mais nada que o impedisse.

Sim, uma noite de sexo não poderia justificar a união de um casal, ele sabia disso, mas para ele e Otabek aquilo tinha sido apenas a culminância de uma atração que já vinha de um tempo, e mesmo que não fosse tempo o bastante para declarar amor infinito um pelo outro, era o tempo suficiente para saber se isso teria um futuro ou não.

E para Yurio tinha mais do que apenas um futuro. Ele conseguia se imaginar acordando mais manhãs desse jeito, com alguém abraçado a ele, respirando fundo em seu cangote. Cada vez que Otabek exalava o ar a pele de Yurio se arrepiava, e mesmo assim não tinha nada melhor do que aquilo.

Imagens do que aconteceu na noite anterior vieram à mente dele, e Yurio sentiu o seu corpo reagindo a aquilo. Ele fechou os olhos, lembrou de Otabek dentro dele, fundo, tocando em tudo que estava a seu alcance. A sensação de gozar com o homem dentro dele, sentir o corpo de outra pessoa tremendo enquanto Yurio estava ali junto, aquilo era incrível. Se pudesse ele faria tudo isso de novo um milhão de vezes.

Mas e quem disse que ele não poderia?

“Já acordou?” A voz de Otabek soou baixa em seu ouvido, ao mesmo tempo em que o homem colocou suas mãos com mais força no corpo de Yurio. Ele acariciou o peito e foi descendo, até encontrar algo que também estava acordando lá embaixo. Otabek o apertou. “Acho que já levantou, sim.”

Yurio riu, mas foi um riso meio sem ar, porque ele colocou sua mão junto a de Otabek, e fez os dois apertarem ele lá embaixo.

“Oh.” Não havia melhor maneira de acordar.

Ainda que existisse o desejo de prosseguir com aquilo, Yurio não pediu por nada, mas Otabek continuou o tocando. Ao mesmo tempo em que ele agarrava o membro de Yurio, o seu próprio falo endurecido roçava na bunda dele, entre as nádegas, procurando um lugar para se abrigar.

Eles pareciam um pouco distantes desse jeito, mas Yurio virou seu rosto para o lado, tentando procurar pela boca de Otabek, que sabia o caminho mais curto para a dele. O toque dos lábios eram como água no meio do deserto, e ainda que tivesse o gosto de uma noite dormida, nenhum deles parecia se importar.

Empurrando seu traseiro para trás, Yurio queria tentar sentir mais de Otabek. Ele não queria parar a ação para pegar um preservativo, então teria que ser apenas assim, mas não parecia que Otabek estava reclamando de nada. Pelo contrário, a mão dele no membro de Yurio desenvolvia diferentes formas de tocá-lo, às vezes apertando com mais força, em outras apenas fazendo um pequeno anel com seus dedos.

Otabek soltou Yurio por um momento para lamber a sua mão, e quando voltou ela estava molhada e quente, fazendo Yurio tremer ao sentir aquele toque diferente.

Entre as nádegas de Yurio ele começava a suar, o que fazia com que Otabek conseguisse correr com mais liberdade ali. Os dois encontraram um ritmo fácil de ser seguido, e seus corpos procuravam pela melhor sintonia, a forma mais fácil de conseguir chegar até o prazer.

“Você gosta disso, não é?” Pediu Otabek. Por um segundo, Yurio não sabia exatamente do que ele estava falando, mas também, com tantas sensações tomando conta dele ao mesmo tempo, era complicado pensar.

Otabek deixou ele no silêncio por um momento, sem complementar a sua ideia, mas assim que ele apertou seus dedos ao redor de Yurio, sua boca se moveu de novo.

“Você gosta quanto eu te controlo, não?” E agora a pergunta fez mais sentido.

Como dizer que sim ou que não? Otabek não estava exatamente errado ao inferir aquilo, especialmente porque era parte da verdade. Desde sempre Yurio tinha se acostumado a ter controle total de si durante o trabalho para não se deixar perder completamente durante uma noite na cama com alguém, só que ele não era uma pessoa que queria controlar tudo a todo o momento. Ele tinha suas horas de ser mais ativo, de mandar nas coisas, mas em outros momentos ele queria o contrário.

Na noite passada, quando Otabek colocou suas mãos no pescoço de Yurio, quando esteve controlando ele de uma forma tão simples, o corpo de Yurio respondeu, quase implorou por mais daquilo. Era óbvio que Otabek tinha percebido.

Só que ao mesmo tempo, se ele revelasse aquilo, havia a possibilidade de Otabek querer controlar ele sempre, e Yurio não queria isso. Ele precisava ter sua vida como uma aventura,  e cada dia ou noite teria que ser diferente. De que adiantava estar sempre na mesmice?

Otabek apertou o membro de Yurio outra vez quando não recebeu resposta.

“Eu pedi pra você se você gosta de ser controlado, e não para eu te colocar em uma cadeia, Yurio.” E depois daquilo ele começou a mover sua mão mais rápido, e o seu pênis também, raspando na entrada de Yurio e fazendo eletricidade correr pelo seu corpo.

Para completar tudo aquilo, Otabek enrolou seu braço no pescoço de Yurio, trazendo ele para bem perto de seu corpo. E sim, naquela hora, era exatamente isso que Yurio precisava.

O seu corpo respondeu sem Yurio precisar mandar, e o gozo jorrou de dentro dele como se fosse uma cachoeira. Otabek não demorou muito para fazer o mesmo, gozando entre as nádegas de Yurio, fazendo aquele líquido quente escorrer para os lençóis. Com qualquer outra pessoa, ou em outras situações do passado, Yurio iria achar aquilo nojento. Mas assim tão perto de Otabek, e com ele em especial, não tinha outro lugar melhor no mundo.

Demorou alguns minutos até eles recuperarem a respiração, mas nenhum se moveu do lugar. Pelo contrário, Otabek rebolava contra Yurio de tempo em tempo, como se quisesse colar um no outro, e ainda que Yurio tivesse gozado a poucos minutos, seu membro já respondia por ele.

Otabek colocou sua mão nele outra vez.

“Eu sei que você gosta que eu te controle, mas não a todos os momentos.”

Ainda que estimulado, Yurio conseguiu falar.

“E tem um motivo pra isso,” comentou ele.

Talvez sentindo que esse momento estava se transformando, Otabek parou de se mover. Ele ajudou Yurio a se virar para ele, colocando os dois a se olharem na cama. Mas Otabek não queria distância, porque ele puxou Yurio para si, colocando uma das mãos embaixo da cabeça dele e a outra nas costas, descendo, descendo até a bunda dele.

E ele não parou por aí, porque Otabek pegou o sêmen que ainda não tinha secado, lambuzou seus dedos, e trouxe para a sua boca. Ele lambeu o seu próprio sabor da bunda de Yurio, deixou os dedos bem molhados com sua saliva, e depois colocou eles dois lá dentro de volta.

“Otabek…” Yurio fechou seus olhos e empurrou sua testa contra o braço de Otabek, mas não pediu para se mover.

Ao mesmo tempo em que ele já tinha gozado, já tinha terminado aquela parte, Otabek parecia não querer deixar isso para trás. A transição entre o sexo e uma conversa era gradual. Aqueles dedos dentro de Yurio entraram um pouco fundo, mas não se moveram mais. Era como se Otabek quisesse ter alguma coisa sua lá dentro.

“Você pode conversar assim?” Pediu Otabek. Yurio pensou por um momento, e assentiu com sua cabeça. “Então me diga o que você quer contar.”

Parecia até um jogo para Otabek. Ele não queria que os dois encontrassem uma forma de se separar naquele momento. E neste toque tão íntimo, parecia um pecado falar do passado de Yurio. Mas ao mesmo tempo, era como se Otabek sentisse que ele iria falar algo importante, algo que poderia mudar as coisas, mas não queria que Yurio pensasse por um momento que aquilo iria os separar.

E ele esperava por aquilo mesmo.

Yurio se arrumou um pouco na cama, e gemeu quando aqueles dedos escorregaram mais para dentro. Ele deixou seu corpo se acostumar e depois respirou fundo. Otabek já olhava para ele.

“Eu…” Yurio esperou um momento. As palavras queriam sair da boca dele, mas parecia estranho dizer isso assim.

“Você?”

“Eu morei por anos em Moscou antes de voltar pra cá,” começou Yurio. “Eu tive que sair daqui quando achei que não teria chance de trabalhar e ganhar dinheiro em Limanova, e como eu te falei que minha família nunca quis ter relações com a máfia, eu tinha que procurar outro lugar para viver.”

Estranho falar do avô dele com os dedos de Otabek dentro de Yurio.

“Pra ganhar dinheiro em uma cidade grande você pode fazer uma imensidão de coisas, eu sei. Mas apenas alguns trabalhos vão te dar dinheiro rápido, mais ou menos fácil, e em grandes quantias, dependendo da sua disposição.”

Yurio procurou nos olhos e na face de Otabek por alguma pista, algo que dissesse que ele não estava gostando daquela conversa, ou que ele tinha medo do que sairia da boca de Yurio, mas não havia nada. Pelo contrário, o homem estava interessado em ouvir a Yurio, saber o que ele tinha a falar.

Otabek mexeu seus dedos só um pouquinho, como se quisesse acordar Yurio para a conversa. Ele teve que suspirar antes de continuar.

“Eu trabalhei em muitas coisas, mas o que me deu dinheiro foi...  sexo. Eu fui um garoto de programa em Moscou.” E ali estava a verdade. Yurio sentiu seu rosto ficando vermelho, e ele olhou para o peito de Otabek, mas não parou de falar. “Eu tinha que juntar dinheiro para ajudar meu avô, para fazer a nossa vida sair do buraco. Não me envergonho do que eu fiz, porque é um trabalho como qualquer outro, mas eu sei que nem todo mundo entende isso. Todas as pessoas que eu encontrei por lá eram clientes, inclusive um deles apareceu por aqui. Só que tudo isso está no meu passado, porque eu saí de Moscou para ter uma vida nova aqui.”

Yurio parou por um momento, mas seus olhos não se levantaram.

“Eu não poderia deixar de falar isso, porque é uma parte de mim, e todo mundo que vai ter um espaço na minha vida precisa saber. Ainda que… bom, eu nunca falei isso para meu avô, mas não é o tipo de coisa que você revela em jantares de família.”

E então ele parou de falar. Seu coração batia mais rápido no peito, e a respiração saía com mais pressa. Yurio não sabia se era por causa da conversa ou porque Otabek ainda tinha o seu dedo dentro dele. E o pior, Yurio estava ficando excitado. Foi só ele se mover um pouco para saber que não era o único, porque Otabek também estava.

Será que aquilo iria ser apenas uma fantasia para ele?

“Yurio?” A voz de Otabek soou calma. “Olha para mim?”

Ele obedeceu.

“Eu já sabia disso. Esse seu cliente, o Marius, tentou me provocar ao falar sobre você. Então eu já imaginava que algum dia você iria me contar isso, por isso não se preocupe. Eu não vou julgar você pelo seu passado, ou pelas escolhas que você teve que fazer. Eu escolhi você aqui no presente,” e ele completou aquilo ao empurrar seus dedos mais um pouco.

Yurio gemeu, colocando seu rosto no pescoço de Otabek. O prazer começava a surgir em seu corpo, mas ainda assim a emoção de ouvir Otabek falando que o aceitava, que entendia, era tão grande que algumas lágrimas saíram de seus olhos.

“E eu continuo querendo você, Yurio. Não sei se vou conseguir deixar de querer.”

Aquelas palavras fizeram ele olhar para Otabek.

“Mesmo sabendo o que eu fiz?”

“Isso não é o bastante para eu não querer você.” Otabek avançou com seus lábios por cima de Yurio, e moveu seus dedos, entrando e saindo, indo e voltando, fazendo Yurio tremer.

Porém, dessa vez ele não queria apenas ser controlado, porque logo achou o membro de Otabek com suas mãos, colocando uma no saco e a outra no falo. Era um emaranhado de lugares para tocar e braços e mãos, mas os dois encontraram uma forma de empurrar o outro até o máximo do prazer, e quando eles gozaram de novo, terminando a bagunça na cama, não tinha mais como ficar ali.

Após recuperar o ar, Otabek se levantou e guiou Yurio até o banheiro. Não tinha muito espaço para duas pessoas no chuveiro, mas não era o bastante para eles se obrigarem a ir um por vez. E depois dessa noite toda, não tinha muitas barreiras a serem quebradas por eles.

Otabek ajudou a lavar Yurio, que fez o mesmo por ele. A sincronia que se desenvolvia entre eles era incrível, e cada vez mais ficava difícil de não se acostumar a isso. Será que era assim que seriam os dias de Yurio no futuro? Especialmente porque ele tinha que cuidar da hora para ir trabalhar, pois a vendinha ainda iria abrir.

Mas por enquanto ele queria passar mais uns minutos no banho, esquecendo do mundo só para ter Otabek ao seu lado.

~*~

Yakov estava nervoso. Talvez era uma coisa estúpida a se fazer, mas a conversa que ele teve com o jovem Plisetsky na noite passado fez algumas coisas em sua cabeça se moverem. Se Lilia tinha voltado para Limanova com o objetivo de resolver o resto das coisas em seu passado, porque Yakov não poderia fazer o mesmo?

Tantos anos tinham se passado, tantas coisas mudaram, talvez já fosse passada a hora de encontrar um velho amigo e resolver o que havia entre eles.

Mas não era tão fácil encontrar aquela coragem quando o carro parou na porta do prédio de Nikolai. Yakov sempre soube onde o homem estava, mas também tinha medo de encontrar ele. Se por acaso Nikolai quisesse ir embora também? Depois de todas as escolhas difíceis que Yakov fez, perder Nikolai seria bobagem.

Ele nunca teve Nikolai, em primeiro lugar. Perder ele completamente seria a pior coisa a acontecer.

“O senhor vai querer descer, ou só passar por aqui como sempre?” Pediu o motorista. Quem sabe dessa vez ele faria as coisas diferentes.

“Espere por mim. Eu não vou demorar.” Pelo menos era aquilo que ele acreditava. Talvez não chegaria nem até a porta, porque Nikolai nunca quis falar com ele depois que a distância cresceu. E o homem nem deu um motivo, ele simplesmente cortou todas as relações entre eles.

Se Yakov fosse mais controlador como seu pai tinha sido, certamente iria entrar na casa de Nikolai com armas a punho e demandar um explicação sobre tudo. Mas ele não era assim, especialmente se tratando de Nikolai.

O próprio pai de Yakov disse que ele era uma das fraquezas do filho, e não estava errado.

Descer do carro o obrigou a respirar mais fundo para criar a coragem que faltava. E depois ele tinha que entrar no prédio silencioso e subir as escadas. Aquilo deu um tempo para Yakov pensar no que iria dizer, no que iria pedir. O que ele poderia falar assim que abrisse a porta? Dizer um olá, pedir como o homem estava?

Quem sabe pedir como havia sido a missa? Porque Nikolai sempre foi religioso.

Será que Nikolai iria colocar Yakov para correr? Fazia tanto tempo que os dois não saíam juntos, será que Nikolai ainda tinha o mesmo cheiro? Porque Yakov se lembra de tantas vezes que eles beberam e se abraçaram ao andar pela rua, e Nikolai o fez para não cair, mas Yakov sempre quis mais.

Quando jovem Nikolai era lindo, forte, viril, mas sempre sorridente e feliz. Sempre contando anedotas e piadas e fazendo a todo mundo em seu círculo rir sem parar. E como não se deixar levar por um homem assim que sempre estava de bom humor? Era difícil imaginar uma vida em que Yakov não iria…

Não iria se apaixonar por Nikolai. Mas aquilo era o tipo de sentimento para jovens, não tinha mais lugar na vida de um velho como ele.

E velho ele era sim, porque no final das escadas ele teve que parar um momento para respirar e não parecer que estava fora de forma.  Ele tomou um minuto de ar, colocou a cabeça no lugar e depois caminhou até a porta do apartamento.

Yakov ainda hesitou em bater, mas depois levantou seu punho e o fez três vezes. Ao fundo era possível ouvir o rádio tocando umas baladas antigas, mas era bem baixinho. Yakov ficou prestando atenção para ouvir os passos de Nikolai, mas eles não soaram pelo ar. Quem sabe o homem nem estava em casa, mas o rádio não estaria ligado por nada.

Ele bateu mais uma vez, com mais força. Nenhum som respondeu ao chamado dele. Talvez fosse invasão da parte dele, mas Yakov testou a porta, e ela abriu facilmente . O receio de colocar os pés ali dentro não foi maior que a curiosidade dele, mas era uma boa coisa que ele estava curioso.

No meio da sala, Nikolai estava caído ao chão, seu corpo inerte dando boas-vindas a Yakov.



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