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História Décalcomanie - As The Snow Falls


Escrita por: Jaesa

Notas do Autor


FELIZ VÉSPERA DE NATAL!!! I LUV U GUYS SZSZSZSZ

Capítulo 8 - As The Snow Falls


Eren's POV

          Apoiei minha cabeça na janela do carro. O vidro estava embaçado e, como forma de entretenimento, fiquei escrevendo coisas e fazendo desenhos com as pontas de meus dedos. Me permiti sorrir um pouco. 

          — Chegamos. — escutei a voz calma de Mikasa e subi o olhar lateralmente até minha casa. Todo ano era assim: eu ia para casa dia vinte e quatro de Dezembro e ficava uma semana depois do Ano Novo fora do manicômio, eram tipo férias. Sinceramente, era minha época favorita do ano. Sem falar que eu simplesmente amo o Natal e a neve. 

          Abri a porta do carro e saí do veículo, passando minhas mãos pelos meus braços freneticamente, na intenção de me aquecer. Minha irmã logo apareceu do meu lado segurando minhas malas. 

          — Mika, deixa que eu levo. — insisti, tentando puxar as malas de suas mãos, ela apenas me ignorou, passando pelo jardim até a frente da casa. 

          — Foi uma viagem longa, você precisa descansar, não se incomode com isso. 

          Suspirei, levemente contrariado. Mikasa sempre teve esse instinto protetor, talvez por ser a irmã mais velha, ou talvez porque ela tenha um irmão lunático. Quando entramos em casa, eu senti aquela atmosfera familiar me envolvendo. Não pude evitar sorrir. 

          Minha mãe logo correu para me abraçar, afeto que eu retribui igualmente. Meu pai estava fora e provavelmente só iria voltar na hora da ceia. Não me surpreendi, vida de médico é assim. Nós três almoçamos normalmente, elas obviamente ficaram me fazendo perguntas e mais perguntas, eu apenas respondia e tentava ignorar a presença dos animais que se formavam na minha frente. Assim que acabei a refeição, subi correndo para o meu quarto, Mikasa havia colocado minhas malas lá. Eu abri o compartimento com meus remédios e tomei uma pílula sem água mesmo. Tudo bem que eu quase tive um infarto e morri engasgado, mas desceu. 

          — Eren, você está bem? Eu escutei uns barulhos... — minha irmã ia subindo as escadas até o meu quarto. Eu limpei algumas lágrimas que se criaram por conta do esforço e sorri. 

          — Estou ótimo, não se preocupe. 

          Notei que a morena ficou meio desconfiada, mas desceu de volta para o primeiro andar mesmo assim. Suspirei de alívio e desci as escadas até a sala. Fiquei algumas horas assistindo algum especial de Natal do Garfield, Bob Esponja, e de outros desenhos infantis que eu simplesmente adoro. No meio de um deles, Mikasa tocou meu ombro, me entregando um copo com iogurte e uma colher. Eu sorri em agradecimento, mas a verdade é que eu não estava com a mínima fome. Odeio esse negócio de comer de três em três horas, mas como eu sabia que ela e minha mãe não iam largar do meu pé enquanto eu não comesse, decidi saborear o alimento com pedacinhos de morango. Quando o filme "O Conto de Natal dos Muppets" acabou, eu subi para o meu quarto para tirar um cochilo, pelo menos distrair minha mente das idiotices que eu normalmente pensava e via. 

          Quando eu acordei já eram umas sete da noite, eu me preparei para tomar banho. Meu quarto era o único com uma banheira. Antes da esquizofrenia, eu costumava ficar muito tempo no banho, pensando. Sabendo disso, minha mãe instalou uma banheira para ver se eu parava de gastar a água do chuveiro. Coloquei para tocar alguma música de Vivaldi enquanto me lavava. Meus pensamentos voaram para Levi enquanto descansava a cabeça sobre a borda da banheira. Eu sempre senti algo de diferente nele, e depois daquele beijo... Eu nem sei mais. Meu coração acelera como um louco toda vez que ele me olha daquele jeito intenso que só ele consegue, mas eu ainda tenho medo. Medo de nunca ser o suficiente para ele, medo de ele me abandonar. Medo de tudo. 

          Suspirei profundamente, terminando de passar o shampoo e o condicionador, só para finalmente me levantar dali para me enxugar e colocar uma toalha ao redor de minha cintura. Na minha cama havia uma muda de roupa, uma calça jeans e um moletom bem natalino, vermelho e verde com alguns desenhos de renas. Minha mãe provavelmente fez ele, já que ela adora fazer tricô, principalmente nessa época. Eu havia deixado um rádio  (sim, ainda existem rádios, eu possuo um, inclusive) ligado em uma estação aleatória. Eu rapidamente identifiquei a música que tocava enquanto eu colocava minha roupa. I Want It That Way, dos Backstreet Boys. Não é novidade para ninguém que eu prefiro música clássica, mas eu tenho que tirar todos os meus chapéus para esse grupo. Além de que a letra se encaixa com meu relacionamento com Levi. 

          You are, my fire
          (Você é meu fogo)

          Ele definitivamente é. Levi é como meu combustível, ele me queima de uma maneira completamente nova. 

          The one, desire
          (Meu único desejo)

          Eu sinto que, com ele, nada mais importa. Seja minha esquizofrenia, seja os problema do dia a dia... Se ele me aceitar, podemos passar por tudo isso. Terminei de passar o moletom pelo meu pescoço enquanto murmurava o resto da música. 

          But we are two worlds apart
          (Mas nós somos de dois mundos separados)

          Claro que somos. Ele tem uma mente saudável, eu sou completamente louco. Existe uma linha tênue entre a loucura e a sanidade, ela visivelmente separa meu mundo do mundo dele. 

          Can't reach to your heart
          (Não consigo alcançar seu coração)

          Não é nenhuma surpresa, nunca que alguém como ele iria querer um lunático como eu. Me joguei em minha cama, respirando pesadamente. Por que eu tinha que me sentir assim? 

          Am I your fire?
          (Eu sou seu fogo?)

          Será que eu faço ele se sentir desse jeito? Eu acelero o coração dele? Ele quer ficar comigo o quanto que eu quero ficar com ele? 

          Your one desire? 
          (Seu único desejo?)

          Ele me quer? Ele entraria nesse poço de loucura comigo? Ou melhor, ele me tiraria daqui? 

          Now I can see that we've fallen apart
          (Agora eu vejo que estamos nos distanciando)

          From the way that it used to be, Yeah
          (Do que costumávamos ser, yeah)

          É fácil perceber. Eu mudei desde que conheci Levi, eu espero que eu tenha mudado ele, também. 

          No matter the distance
          (Não importa a distância)

          I want you to know
          (Eu quero que você saiba)

          That deep down inside of me
          (Que bem no fundo de mim)

          Sim, eu quero que ele saiba que causa isso em mim. Que talvez, mesmo que ele me odeie depois, eu vou ser honesto com ele. 

          Desci as escadas pulando de dois em dois degraus, me deparando com o cheiro familiar da comida da minha mãe. Mikasa estava ajudando ela, cortando alguns legumes, porém quando eu tentei entrar na cozinha para perguntar se elas queriam ajuda, minha irmã me barrou. Disse que eu era um desastre na cozinha e que se eu pisasse lá provavelmente iria devastar todos os preparativos sem nem mesmo tocar em nada. Que afronta. Fiz minha melhor cara de indignado mas acatei seu conselho e fui para a sala. A campainha tocou e minha mãe mandou atender. Eu fui todo sorridente pensando que era meu pai... mas não. 

          — Z-Zeke? — encarei a figura alta do meu irmão mais velho. Não pensem que eu não gosto dele, eu o amo, assim como Mikasa. É só que... eu me sinto intimidado. Veja pelo meu lado: Zeke é um médico, assim como meu pai, tem um emprego super estável em um estado vizinho, é prestativo e carinhoso. E eu? Eu sou um inútil louco que só dá trabalho. Mesmo meus pais nunca admitindo isso. 

          — É bom te ver, Eren. — ele disse com sua voz calma de sempre. Eu dei espaço para ele entrar na casa, porém ele parou no meio do caminho. Eu já imaginava. 

          — É bom te ver também. — sorri sinceramente. Eu não iria demonstrar estar sentindo esse furacão de emoções. Seria humilhante demais até para mim. 
          Se passando um bom tempo, meu pai já havia chegado. Fez uma sequência de perguntas para mim, bem típico dele. Mas eu entendia que era só preocupação, pelo menos eu espero que seja. A comida que minha mãe e minha irmã fizeram estava ótima, como o esperado. Nós nos permitimos agir como uma família feliz por um tempo. Quer dizer, eles se permitiram. Eu fiquei mergulhado em meus próprios devaneios. Talvez fosse minha doença, ou falta de atenção minha mesmo, mas tudo o que eles falavam entrava por uma orelha e saía pela outra. Eu sempre fui meio isolado do mundo, e isso só se aflorou mais ainda quando fui internado. Não que eu me incomode, nunca gostei de falar sobre Medicina, política, ou até mesmo sobre meus parentes distantes. Era exatamente sobre isso que eles estavam falando agora. Parentes distantes, um assunto delicado. Eles acham que eu sou louco! Eles pensam que eu não escuto quando eles falam isso... mas eu escuto! Eu escuto tudo! 

          Involuntariamente, uma risada um tanto alta escapou de meus lábios. Minha mãe me olhou preocupada já que eu estava tão quieto no meu canto. Droga. 

          — Eren, querido, tudo bem? 

          — Claro mãe, eu só lembrei de uma piada que o Armin me contou, só isso. — tentei desconversar, sorrindo. Ela pareceu ter aceitado minha resposta um tanto vaga, mas eu sabia que enganar meu pai e meus irmãos não seria tão fácil assim. Eu apenas torci para que eu não surtasse nessa semana. 

          Minha mãe, meu pai, Mikasa e Zeke ficaram conversando até dar meia-noite. Eles até tentavam me incluir nos assuntos, mas eu nunca tinha vontade de continuar conversando, então apenas fiquei na minha. Nós fomos para a sala para começar a trocar os presentes. Eu, como sempre, não trouxe nada, isso me deixava chateado. Minha família sempre dizia que eu não precisava me incomodar com isso, mas era impossível. 

          Eu, como o esperado, fiquei com um sorriso pequeno no rosto, agradecendo pelo suéter que minha mãe me deu (que ela mesma fez), a cesta que meus irmãos me deram (Mikasa ficou encarregada de comprar flores e laços para enfeitar e Zeke trouxe alguns chocolates importados). Meu pai me deu um cordão super fofo com um pingente de chave. Eu fiquei tão encantado que fiquei brincando e mexendo com ele o resto da "noite", me fez esquecer um pouco da minha solidão parcial. No final daquilo, eu já estava bocejando, completamente bêbado de sono. O resto da minha família ainda iria ficar conversando um pouco então eu apenas subi as escadas até meu quarto. Mikasa ficou relutante em me deixar subir sozinho, mas eu consegui convencê-la de que não iria me matar. Escovei meus dentes, coloquei um pijama, e me escondi nas cobertas. Um pensamento rondava minha cabeça: Como será que o Levi passa o Natal dele?


Notas Finais


Gente, a fic está com quase 100 favoritos! Esse é o melhor presente de Natal que eu poderia querer, sério, amo vocês s2


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