História Deep Inside - 101

Encarando o teto ele analisava as várias listas feitas em sua própria mente. Cada item era unicamente especial. E diferente de antes, ele não sentia mais necessidade de escrever o que sentia numa forma de eternizar seus sentimentos. Eles seriam eternos dentro de si, e isso bastava. Mas vez ou outra ainda escrevia seus poemas e histórias, numa esperança de que daquela forma fosse ser entendido. Mas lhe faltava - e muito - a coragem para mostrá-los.

Lhe doía um tanto não conseguir simplesmente expressar o que se passava em sua mente, não se mostrar por inteiro. Mas era um bloqueio. Por mais que tentasse não saía. E mesmo recorrendo ao papel e caneta, não lhes exibia, deixando seus sentimentos no escuro.

Embora complicado de entender, até mesmo para si, ele sempre quis ser desvendado. Queria alguém que soubesse, sem necessitar de palavras. Apenas, lesse em seus olhos. Mas sabia que era um desejo egoísta. Ele não conseguia externar o bolo de coisas que pesava em seus pensamentos. E por muitas vezes, chorava numa forma de aliviar a mente perturbada que possuía. 

Então, veio ele, e seus diversos problemas que lhe afetavam de um jeito que não dava pra por em palavras. Não tinha exatamente ajudado seu caos interno. Mas era bom. Indescritívelmente bom. Era pior que qualquer crise e melhor que o seu dia mais feliz. 

Ainda restava aquele medo de que fosse quebrar. Estar totalmente vulnerável a alguém é aceitar riscos que ele não sabia se podia correr. E isso era um conflito com o amor intenso que lhe acariciava por dentro. 

Deitado ao seu lado, com a face em seus longos cabelos escuros, tudo que importava era o cheiro doce que lhe entorpecia. Parando a dor e os medos.
Estava realmente tudo bem. Poderiam se conhecer naqueles enlaces de corpo, em conversas matinais sem sentido, e lentos beijos noturnos. 

Dentro daquele abraço desajeitado, na cama apertada e sem boa parte do cobertor, estava realmente tudo bem.