História Deeper than the sea - Para já tu nem deverias sair de casa.

She was scared
Unprepared.
Lost in the dark.
Falling Apart,
I can survive,
With you by my side.
We're gonna be alright.
This is what happens when two worlds collide.

-Eu queria avisar-te que eu vou sair com a Abby e a Cass e eu não sei a que horas vamos voltar.- eu expliquei enquanto fechava o fecho do meu enorme casaco de inverno.

-Vocês vão aonde?- ele perguntou e eu conseguia a imaginar a sua cara perfeitamente: os seus lábios numa linha e os seus olhos sem brilho à espera de uma resposta.

-Os meus pais ligaram para a Abby e eles querem falar conosco antes de irem embora amanhã.- eu suspirei.

-E o que vocês querem?- eu arregalei os olhos com a sua pergunta e eu não sabia como responder.

-Suponho que nós não temos realmente escolha. Os meus pais são muito persistentes e eu não estou com disposição para discutir com eles por isso. É melhor nós irmos para saber o que eles querem e acabar logo com isso.-

-Queres que nós vos acompanhemos?-

-Não é preciso. Ainda por cima eles deixaram bem que só queriam falar conosco e mais ninguém ou seja nem o Jacob vai estar presente o que significa que a vossa presença não vai ser muito bem vinda.- eu neguei apesar de querer o contrário. Talvez com a presença deles, eu me seria mais fácil confrontar os meus pais que mudaram. Eu ainda não sei o que os fez mudar, mas eu o vou descobrir hoje.

-Foi só uma sugestão. Para ser franco a reunião também ainda não acabou e eu teria de inventar alguma desculpa para que eles nos deixassem sair.- A sua voz saiu num sussurro.

-Nós vamos ficar bem, Channie. São só os meus pais e eu duvido que eles possam nos magoar já que eles sabem de tudo.- eu o tranquilizei.

-Eu gostaria de dizer que isso me deixa mais tranquilo, mas não é o caso. Eu sei que vocês são fortes e que agora confiam em nós o suficiente para nos contar os vossos problemas, mas eu não consigo esquecer que vocês foram um grupo de três durante muito tempo e que talvez algumas coisas vocês prefiram manter entre vocês. Eu sei que vai levar tempo até vocês se abrirem completamente e eu temo que algo possa acontecer à vocês durante esse tempo.- eu sorri enternecida pela preocupação dele.

-Nós também estamos cientes disso e para nós foi um enorme passo contar tudo o que nos acontecer. Pode demorar, mas um dia nós teremos tanta confiança em vocês que não hesitaremos em contar o que nos passa pela cabeça.- eu o acalmei e a outra linha permaneceu em silêncio.

-Quem me dera estar aí para te dar um abraço.- ele disse entre um suspiro. -E conferir que tu estás bem abrigada já que pensas que estás no Hawaii.- eu ri com o seu comentário exagerado. -Eu não estou a rir. Tu já estás doente, não é preciso que piores. Para já tu nem deverias sair de casa.-

-Queres me manter aqui fechada ou quê?-

-De preferência sim, mas tu és como uma tigresa ou seja indomável.-

-Para tua informação eu estou com um dos teus polos, um casaco de inverno enorme e um cachecol ainda mais grosso.- eu expliquei brevemente o que vestia.

-Não te esqueças de meter um gorro.- ele acrescentou.

-Cala-te.- eu disse rindo e alguém bateu na porta do meu quarto. -Eu tenho que ir, Channie. As outras estão à minha espera.- eu avisei com um nó na garganta.

Falar com ele me mantinha distraída e eu sei que assim que passar pela porta do nosso apartamento, eu terei de enfrentar a realidade e a minha cabeça vai trabalhar a mil por hora para tentar descobrir o que os meus pais querem apesar de eu já ter a minha suspeita.

-Okay, boa sorte com os teus pais.- eu ia respondeu, mas ele continuou a falar. -Se precisares de mim, basta ligar. Eu te amo, Ava.-

-Eu também te amo, Channie. Até logo.- eu desliguei o telemóvel que ele me emprestou já que eu tinha destruído o meu e toquei as minhas bochechas que com certeza estavam bem vermelhas.

Tenho que me habituar a dizer ‘eu te amo’!

Eu sorri uma última vez antes de meter a minha máscara de indiferença e abandonei o meu quarto. Ao chegar na sala eu encontrei a Abby e a Cass prontas e nós trocamos olhares antes de sair do apartamento sem dizer uma palavra por que não era necessário: estávamos todas a pensar no mesmo.

You had your dreams, I had mine.
You had your fears, I was fine.
You showed me what I couldn't find,
When two different worlds collide.
La dee da dee da

***

Eu soltei um suspiro de alívio assim que as portas do elevador se abriram e as três saímos rapidamente. Sem pressa nós caminhamos pelo longo corredor e paramos à frente da porta do quarto dos meus pais.

-Temos mesmo de conversar com eles?- a Abby perguntou com esperança que a resposta fosse negativa. Nem eu nem a Cass tivemos tempo de responder por que a porta se abriu revelando os meus pais e nós entramos sem sermos convidadas.

-Boa tarde, Avalon, Abigail e Cassandra.- Por algum motivo os meus pais preferiam nos chamar pelo nome completo.

-Olá mãe.- eu a cumprimentei com um beijo na bochecha assim como as outras e nos sentamos à mesa sem ficando frente a frente com os meus pais.

-Querem comer ou beber alguma coisa?- o meu pai perguntou com um sorriso nos lábios.

-Não. O que querem conversar conosco?- a Cass foi direta ao assunto e o sorriso do meu pai desapareceu.

-Como tem estado nestes últimos dias?- a minha mãe perguntou.

-Bem. Os rapazes nos tem distraído para que não pensássemos em coisas tristes.- a Abby respondeu e a minha mãe sorriu levemente.

-Ainda bem, mas eu temo que a ajuda deles não seja suficiente no vosso caso.-

-Quem é que deveria decidir isso? Nós ou vocês?- eu perguntei friamente.

-A questão é que eles não são aptos, Avalon.- a minha mãe queria continuar a falar, mas a Cass a interrompeu.

-Vai logo ao ponto.- ela disse com o mesmo tom de voz que eu. -É outra vez a conversa do psicólogo. Pelo que eu me lembre, eles nunca foram uma solução para o nosso problema.-

-Como não? Se depois dos dois meses que ficaram separadas, vocês melhoraram.- o meu pai disse e eu comecei a rir com amargura.

-Nós só melhoramos porque nos unimos outra vez e não porque ficamos separadas durante dois meses.- eu o corrigi com mágoa.

-Como é que vocês podem dizer que melhoramos se foram dois meses de dor e de tristeza?- a Abby perguntou incrédula.

-Abigail, tanto tu como a Cassandra passaram por uma má experiência e devem desabafar com alguém que seja capaz de vos ajudar.- o meu pai tentou argumentar, mas nós só ouvíamos estupidezes sair da boca dele.

-Desde quando é preciso ser diplomado para ajudar uma pessoa? Pelo que eu me lembre, vocês ainda eram estudantes quando me ajudaram.- eu discuti e a minha mãe me olhou avisando para não ir por esse caminho.

-A senhora não nos pode obrigar a ver um psicólogo. É uma escolha nossa!- A Cass deixou claro que se opunha a ir a uma consulta.

-À ti não, mas a Abby ainda é obrigada a seguir as nossas ordens.- eu olhei o meu pai e pedi para que ele não fosse por esse caminho. -Tu podes ser responsável por ela, Avalon, mas nós ainda temos a guarda dela e se quisermos nós a podemos levar conosco.-

-VOCÊS POR ACASO ENLOUQUECERAM?- eu gritei e levantei-me bruscamente fazendo com que a minha cadeira caísse no chão.

-Vocês não podem fazer isso comigo. Eu tenho que ficar com elas e continuar a estudar. Ainda por cima eu tenho o Baekhyun aqui.- a Abby protestou, mas a minha mãe mantinha aquele olhar decidido indicando que não mudaria de ideias.

-Nós somos os vossos pais e nós decidimos que é melhor para vocês.- o meu pai tentou amenizar a situação, mas só a piorou.

Eu mantinha o meu olhar sobre a minha mãe que me olhava com a mesma intensidade e eu senti a raiva aumentar a cada segundo que a nossa troca de olhares se intensificava.

-Vocês não são os meus pais. Eles morreram.- A Abby tapou a boca ao dar-se conta do que acabará de dizer. Ela sabia que não iria ver mais os pais, mas ela preferia pensar que eles ainda estavam vivos na memória dela e raras vezes ela dizia que eles estavam mortos porque a verdade ainda lhe doía imenso.

-Olhem o que vocês fizeram.- A Cass os olhou de maneira acusadora e acolheu a Abby nos seus braços. -Vocês ainda não compreenderam que nos obrigando a ir a um psicólogo vocês só pioram as coisas. Que a Angelina acabou com as chances de nós alguma vez voltarmos a confiar em algum psicólogo.-

Eu afastei-me da mesa para tentar acalmar-me por que o meu corpo estava a tremer imenso e eu precisava estar calma para conversar civilizadamente com os pais que estavam a agir como uns idiotas.

She was scared of it all, watching from far away.
She was given a role, never knew just when to play.
And she tried to survive
Living her life on her own
Always afraid of the throne
But you've given me strength to find home.

-Eles podem não ter um diploma em psicologia, mas eles ao menos tentam compreender como a nossa amizade funciona. Eles talvez não a entendem, mas eles tentam viver com ela. Eles nos ouvem sem aquela ideia fixa de que tem de encontrar um problema e sim com a ideia de nos consolar e tentar amenizar as nossas dores.- a Abby explicou o esforço dos rapazes em nós ajudar.

-Talvez ela agiu da maneira errada, mas ela só vos queria ajudar.- essa foi a gota d'água para mim e eu simplesmente explodi.

-TALVEZ? ELA FOI UMA CABRA, UMA VACA.- eu não conseguia suportar que os meus pais estivessem do lado dela.

-ELA NOS ABRIU OS OLHOS!- A minha mãe replicou alterada e mais uma vez as nossas personalidades fortes estavam em alta. -FOI POR CAUSA DELA QUE NÓS FINALMENTE ACEITAMOS QUE VOCÊS NÃO ESTAVAM BEM.-

-NÓS ESTÁVAMOS MUITO BEM ATÉ CONHECER AQUELA MULHER QUE ARRUINOU O RESTO DA NOSSA ADOLESCÊNCIA COM AS TEORIAS ABSURDAS DELA!- eu respondi e aproximei-me dela. -E VOCÊS, BURROS, ACREDITARAM NELA.-

-Cuidado com a língua, Avalon. Nós ainda somos os teus pais.-

-NÃO, NÃO SÃO!- Surpresa eu toquei a minha bochecha que latejava por causa da chapada que a minha mãe me deu.

-NUNCA MAIS DIGAS ISSO! NÓS TE ACOLHEMOS! TE DEMOS AMOR! TU NÃO TENS DIREITO DE DIZER ISSO.- eu sei que a magoei com as minhas palavras, mas eu também estava magoada e ela não o queria entender.

-TU DIZES QUE ME AMAS, MAS NÃO QUERES ENTENDER QUE EU NÃO PRECISO DE AJUDA.- eu gritei de volta. -SE VOCÊS NOS QUISESSEM AJUDAR, VOCÊS NOS PERGUNTARIAM QUAL ERA O NOSSO PROBLEMA E JUNTOS TENTARIAMOS ENCONTRAR UMA SOLUÇÃO. VOCÊS NÃO SABEM O PORQUÊ DE PREFERIRMOS FICAR SOZINHAS. VOCÊS PREFEREM ACREDITAR NUMA VADIA QUE PENSA QUE CONHECE TODO O MUNDO.- Por esta altura eu estava completamente furiosa e me segurava para não partir nada. -O que foi que mudou entre nós? Nós nos dávamos tão bem, mas agora nós nos estamos a afastar.- eu disse calmamente apesar de estar a ferver por dentro.

You had your dreams, I had mine.
You had your fears, I was fine.
You showed me what I couldn't find,
When two different worlds collide.

-QUAL É O SER HUMANO NORMAL QUE NÃO CHORA QUANDO ALGO LHE DÓI? QUE PREFERE AS AMIGAS DO QUE A FAMÍLIA? NINGUÉM NO SEU JUÍZO PERFEITO.- ela respondeu à própria pergunta e a raiva começou a desaparecer. -SE TU CONTINUARES ASSIM, TU VAIS ACABAR COMO A LÚCIA E EU NÃO QUERO OUTRA FILHA INSTÁVEL. DESDE DE PEQUENA TU FOSTE UMA CRIANÇA INSTÁVEL, MAS CONSEGUISTE MELHOR COM O PASSAR DOS ANOS E AGORA EU NÃO SEI COMO LIDAR CONTIGO. NUM SEGUNDO PODES ESTAR A SORRIR E NO OUTRA A DESTRUIR TUDO QUE TE PASSA PELA FRENTE. COMO É QUE TU QUERES QUE EU VEJA ESSA TUA MUDANÇA DE HUMOR? EU NÃO CONSIGO PARAR DE PENSAR NOS PROBLEMAS MENTAIS QUE TU TENS E EU QUERO ARRANJAR UMA SOLUÇÃO PARA ELES. EU QUERO QUE TU SEJAS NORMAL.- Quando ela acabou de falar, ela respirou fundo e olhou-me nos olhos à espera de uma resposta, mas eu me limitava a olhar com um nó na garganta.

-O que mudou em nós é que agora nós não ignoramos o que está debaixo dos nossos narizes.- o meu pai respondeu à minha pergunta e eu senti os meus olhos se encherem de lágrimas.

-Avalon, eu…- ela tentou falar, mas eu saí correndo do quarto.

Eu desci as escadas ao invés de pegar o elevador e quanto mais rápido eu desci, mais lágrimas saiam dos meus olhos.

Ela não entende! Ela não entende que eu só quero a minha mãe e que elas são o meu porto seguro!

Eu ouvia os gritos da Cass e da Abby atrás de mim, mas eu só queria ficar sozinha e chorar para sempre. Eu parei de correr quando eu cheguei num parque deserto por estar tanto frio e eu gritei antes de desabar do chão.

As suas palavras rondavam a minha cabeça e o buraco no meu coração aumentava descontroladamente tanto que eu estava a ficar com falta de ar. A minha visão estava completamente turva e o meu choro parecia aumentar a cada pensamento negativo que aparecia na minha mente.

Eu queria que a dor que parecia uma estaca no meu coração desaparecesse porque eu não sei por mais quanto tempo eu a poderei aguentar!

-AVA!- eu ouvi o meu nome e pus-me de pé pronta a correr outra vez, mas eu fui logo envolvida num abraço.

Ouvir o choro da Abby e da Cass só fez com que o meu coração pesasse mais e foi assim como as três acabamos chorando como crianças num parque deserto.

She was scared
Unprepared.
Lost in the dark.
Falling Apart,
I can survive,
With you by my side.
We're gonna be alright.
This is what happens when two worlds collide.

***

A Cass tocou à campainha do apartamento em frente ao nosso e nós ouvimos como os rapazes discutiam para saber quem deveria abrir. Se eu não estivesse com a visão turva e os meus olhos a arder eu já teria invadido o apartamento deles sem tanta cerimônia, mas eu não estava bem. Eu estava longe de estar bem tanto fisicamente como emocionalmente, eu me sentia destruída e despedaçada.

As pessoas que um dia me deram imenso carinho foram as que me magoaram da pior forma possível!

Eu perdi a paciência e simplesmente entrei no apartamento deles abraçando o primeiro corpo que me aparecesse pela frente. Ao sentir o calor humano do corpo de alguém de confiança, eu comecei a chorar descontroladamente outra vez porque o meu coração sabia que desta vez seria consolado.

-Ava. Por que estás a chorar?- A voz do Lay demonstrava quão confuso e preocupado ele estava. Eu simplesmente o apertei ainda mais e o som do meu choro se misturou com os das outras que deveriam estar na mesma posição que eu: abraçada a alguém.

-Abby. Por favor, para de chorar.- o Chen pedia em pânico porque não sabia o que fazer sendo que a presença deles já era o suficiente.

-Lay, liga para o Suho e diz para eles se despacharem.- o Xiumin mandou e eu pude ver pelo canto do olho que ele conduzia a Cass até o sofa.

Com uma mão Lay pegou o seu telemóvel e com a outra ele me abraçou tentando me reconfortar e eu teria sorrir pelo seu ato fofo, mas a dor no meu peito não me deixava.

-Diz, Lay.- eu conseguia ouvir a voz do Suho.

-Vocês voltam quando? As meninas estão aqui e eu tenho a certeza que elas preferem os namorados para as consolar.- eu conseguia ouvir o desespero na sua voz.

-Lay, nós não te conseguimos ouvir. Está muito barulho aí!- Desta vez quem respondeu foi o Kai e eu senti uma pontada no coração. -Vocês estão aonde?-

You had your dreams, I had mine.
You had your fears, I was fine.
You show me what I couldn't find,
When two different worlds collide.
La dee da dee da

Por causa de nós o seu doce sorriso iria desaparecer e o soluço que eu estava a reprimir conseguiu escapar para ser seguido por outros. O Kai tinha razão: três choros ruidosos era muito barulho.

-Parece que alguém está a chorar. Estão a ver qual filme?- O Chanyeol perguntou e o meu choro se intensificou ainda mais. As minhas pernas estavam à perder as forças de tanto chorar e o Lay foi obrigado a suportar o meu peso só com um braço.

Eu quero o meu orelhudo ao meu lado!

-Esse é o problema, Chanyeol. O que vocês  estão a ouvir não é a televisão, mas sim a Abby, a Ava e a Cass que estão a chorar. Nós não sabemos o que fazer para as acalmar.- eu afundei o meu rosto no seu peito.

Nós estamos a ser um fardo para eles!

-A Cass/Abby/Ava está aonde?- eu ouvi o Channie, o Baek e o Sehun perguntar ao mesmo tempo. A minha cabeça latejava e eu só queria desaparecer para parar de causa tanta preocupação nas pessoas que eu amo.

Porque é que eu não fiquei ao lado dela?

-A Cass está com o Xiumin no sofá, a Abby está com o Chen e eu estou com a Ava. O que devemos fazer?- o Lay pós no alta voz para que os outros pudessem as instruções.

-Diz ao Chen para cantar ‘Baby don't cry’ para a Abby. Ela vai acabar por adormecer.- o Baekhyun aconselhou.

-Já o Xiumin tem que ir buscar o peluche da Cass que está no meu quarto. Ele a fará acalmar um pouco até eu chegar.-

-Passa à Ava, Lay.- o Chanyeol pediu e o meu peito começou a doer por causa dos fortes encontrões do meu coração.

Antes de encostar o telemóvel na minha orelha, o Lay sentou-se comigo no chão e sentou-me no seu colo.

-Ava.- O meu nome sai num sussurro e a minha resposta foi um soluço. -Tenta acalmar-te um pouco. Tu não estás sozinha. O Lay está ao lado e ele não vai sair do teu lado até eu chegar e poder consolar-te com os meus beijos.- eu olhei para o Lay e ele sorriu levemente.

Eu comecei a respirar fundo para acalmar-me o máximo possível e os meus soluços começaram a diminuir.

-Isso mesmo. Respira fundo. Agora fecha os olhos e encosta a tua cabeça no peito do Lay.- eu o obedeci e o Lay envolveu o meu corpo num abraço.

-Pensa que eu estou à abraçar-te e a sussurrar palavras doces no teu ouvido.- eu realmente o imaginei e os meus soluços cessaram tanto que as lágrimas escorriam silenciosamente pelas minhas bochechas.

-Pensa que a qualquer momento tu estarás nos meus braços e que poderás sentir o meu coração bater contra o meu peito.- eu bocejei involuntariamente e aconcheguei-me mais no peito do Lay que acariciava o meu cabelo.

-Esquece o que te faz sofrer e concentra-te na minha voz.- Por esta altura só algumas lágrimas escapavam dos meus olhos e a minha respiração estava completamente regularizada. A doce voz do Chanyeol afastava qualquer tipo de sentimento negativo e o cansaço de tanto chorar estava a tomar conta do meu corpo.

-Tu vais parar de lutar contra o sono e o cansaço e vai adormecer lentamente.- ele parecia estar a hipnotizar-me e o meu corpo obedecia sem hesitar à sua voz.

Durante alguns minutos eu só consegui ouvir nada mais do que silêncio e eu perguntei-me o que as outras devem estar.

-Ela adormeceu?-

-Acho que sim. Obrigado, Chanyeol. Eu não sabia o que fazer e ver ela chorar com tanta dor partia o meu coração.- o Lay confessou e eu senti-me mal por ele.

-Não há nenhum problema. Nós acabamos de chegar e em alguns segundos estaremos em casa.- o meu corpo estava demasiado entorpecido para reagir à nova informação.

-Está bem.- ele acabou com a ligação e eu senti o seu suspiro bater contra a minha face. -Eles estão à subir.- ele informou aos outros que reagiram da mesma maneira que ele. -Elas estão à dormir?-

-Não. A Cass está aqui com o seu peluche nos meus braços. O lado positivo é que ela parou de chorar.- o Xiumin informou e conseguia imaginar a Cass com o seu peluche que eu gostaria de saber como foi parar no quarto Sehun.

-A Abby ainda está a chorar.- o Chen admitiu e pude ouvir um soluço vindo da Abby.

-Ainda bem.- o Lay disse assim que eu ouvi o barulho da porta abrir-se.

Eu ouvi passos apressados vir na nossa direção e senti braços conhecidos a tirar-me do colo do Lay e apertar-me com força.

-Eu já cheguei! Não tens nada que temer.- eu apertei a mão do Chanyeol antes de cair no sono de vez.

You had your dreams, I had mine.
You had your fears, I was fine.
You showed me what I couldn't find,
When two different worlds collide.
When two different worlds collide