1. Spirit Fanfics >
  2. (De)Feito Para Amar >
  3. O defeito que habita em ambos

História (De)Feito Para Amar - O defeito que habita em ambos


Escrita por: Caroul

Notas do Autor


Oi...
Pois é, eu sei que eu demorei...demorei pra caralho...tipo pra caralho mesmo! Explicarei, a escola ta me atolando lição e novos conteúdos até o brioco, eu tenho que ir no cursinho a tarde e ainda fazer serviço em casa, então eu mal tenho tempo pra qualquer tipo de lazer, só consigo descansar no fim de semana, TRÁGICO. É.
Enfim, eu não pretendia terminar já, porém, eu sei que não vou conseguir fazer mais nada com várias outras coisas na cabeça, e o principal que eu preciso..tempo.
Mil desculpas...mas é isso.

Capítulo 13 - O defeito que habita em ambos


Fazia alguns bons minutos que o robô havia sumido da vista de Kun, e não havia aparecido mais. Levemente preocupado, Kun resolveu o procurar.

— WinWin! – Chamou.

Nada.

— SiCheng!? – Chamou mais uma vez, desta vez andando para que sua voz ecoasse pela casa.

— No banheiro!  - Ouviu baixo, ao longe.

Caminhou calmamente até o banheiro, pegou na maçaneta, porém parou assim que se lembrou de algo.

— Está vestido, né? – Franziu a testa.

— Sim...eu estou. – Ouviu em resposta.

— O que está fazendo a tanto tempo no banheiro? – Perguntou assim que girou a maçaneta e empurrou a porta.

SiCheng estava de frente para o espelho – devidamente vestido – mexendo em seus cabelos.

— Nada demais...só tentando achar um novo penteado. – Respondeu mexendo em seus fios pretos. – Por que?

— Ah...nada, você sumiu por um tempo, fiquei preocupado. – Respondeu adentrando o cômodo.

— Hum... – Resmungou, apenas continuando a mexer em seu cabelo.

Kun caminhou até o vaso sanitário, abaixou a tampa e se sentou em posição de lótus ali mesmo. Encostou na parede e se pôs a observar SiCheng.

Ouviu um resmungo insatisfatório vindo do Dong.

— Ah, desisto! – Bufou, largando os braços ao lado do corpo e adotando uma expressão irritadiça no rosto.

— Vem aqui. – Kun chamou, apontando para o chão a sua frente.

SiCheng foi até lá e se ajoelhou no chão, na frente do outro, este que começou a mexer em seus cabelos, puxando sua franja para o lado ou para trás – mas ele sempre voltava ao “normal”.

— Seu cabelo é liso demais pra fazer outro penteado. – Disse risonho, apenas fazendo carinho nos fios do outro. – Se quiser fazer alguma coisa...só com gel.

— Tudo bem...não quero mais também. – Cruzou os braços.

Kun apenas riu.

Por um momento SiCheng desviou seu olhar para o rosto de Kun, sorriu e se inclinou para frente, fazendo Kun arregalar os olhos com a aproximação de rosto de SiCheng com certas áreas perigosas.

— Hyung, posso sentar aí?

Kun quase engasgou.

— Co...como!? – Desviou o olhar.

— Sentar aí com você...ué. – Explicou.

— Ah...acho que sim. – Estranhou o pedido, porém apenas o atendeu, ajeitou as pernas de forma que SiCheng pudesse sentar ao lado. – Mas por quê?

— Por que eu quero, ué. Eu não quero ficar no chão. – Respondeu se levantando, porém, ele não sentou do lado de Kun, como o mesmo achou que sentaria. Ele simplesmente sentou em suas pernas de frente para si e apoiou os braços em seus ombros, com um sorrisinho no rosto.

— Toma vergonha nessa sua cara linda. – Kun falou, ao mesmo tempo em que apertava as bochechas do robô.

WinWin apenas riu, afastou as mãos de Kun de seu rosto e se aproximou ainda mais, abraçando Kun e deitando a cabeça em seu ombro.

— Acho que eu vou ligar pro meu pai... – Kun ponderou em voz alta.

— Por que? – SiCheng levantou a cabeça e se afastou levemente, apenas para olhar para o rosto de Kun.

— Uh...preciso perguntar uma coisa pra ele, não se preocupe. – Sorriu pequeno.

WinWin iria falar alguma coisa, se não tivesse ouvido batidas ao longe...batidas na porta.

— Alguém ‘tá batendo na porta, hyung. – Avisou, se levantando.

— É, eu ouvi. – Se levantou logo depois.

Caminhou até a porta e saiu, apressando o passo até a porta da sala, enquanto ouvia as batidas ficarem cada vez mais frequentes e irritantes. Tinha uma ideia de quem poderia ser.

— Já vai! – Berrou irritado. Péssima ideia, sua garganta doeu como o inferno. – Merda... – Murmurou.

Destrancou a porta a abriu rapidamente, apenas para ter suas suspeitas confirmadas.

— Será que dá pra parar!? – Pediu/mandou irritadiço. – Qualquer dia desses eu vou lá bater na sua casa no seu momento de sossego, e não vai ser na sua porta...vai ser na sua cara, Chittaphon! – Falou ainda mais irritado, saindo da porta e caminhando até o sofá.

O fato é, Kun estava tão irritado com aquela coisa toda de batidas na porta, que nem notou que atrás de Ten estavam mais três pessoas, as usuais.

— Ai credo, que mau-humor, tá amarrado. – Ten resmungou entrando, sendo seguido pelos outros três.

— Você ‘tá melhor? – Perguntou Jaehyun, se sentando ao lado de Kun no sofá, o assustando levemente.

— Ah...acho que sim. – Deu de ombros, parando pra pensar onde SiCheng havia se metido esta vez.

Ten se jogou ao lado de Kun, o abraçando em seguida.

— Ah que bom, desculpa pelas batidas ontem...sabe? Mas você não abria, achamos que tinha morrido...

— Eu te odeio. – Kun empurrou o tailandês e se levantando do sofá, podendo finalmente ver Taeyong e Yuta parados timidamente atrás do sofá – o que lhe rendeu outro pequeno susto. – De onde vocês surgiram?

— A gente ‘tava aqui o tempo todo, sabe...na porta também. – Yuta falou, apontando pra porta.

— Sabe, eu ainda tô meio lerdo, então eu não vi. – O Qian de de ombros. – Olá, de qualquer forma...como vocês estão e... – Estreitou os olhos. – Que timidez toda é essa?

— Sei lá, no acampamento é uma coisa...já na sua casa... – Taeyong deixou no ar.

— Vocês sabem que só mudou de lugar, né? – Kun perguntou risonho. – Quer dizer, não é como se eu fosse uma outra pessoa aqui e... – Parou por um instante. – SiCheng!? – Chamou, finalmente se ando conta que não era normal aquele silêncio, principalmente com WinWin em casa.

— Cadê ele? – Jaehyun finalmente falou.

— Não sei... – Kun resmungou. – ele estava logo atrás de mim quando a gente saiu do banheiro.

— O que vocês estavam fazendo no banheiro? – Yuta perguntou sorridente.

— Ele ‘tava querendo fazer um novo penteado e eu fui ajudar ele, mas não conseguimos... – Deu de ombros.

Ouviu Ten rir, puxando a risada dos outros.

— Até porque, se quiséssemos fazer alguma coisa tinha a casa toda pra isso. Por que logo o banheiro? – Completou.

Taeyong quase que – literalmente – tombou ali mesmo. Jaehyun derrubou o celular. Yuta se apoiou em Taeyong e Ten sufocou um grito com uma almofada.

— Onde estão Dongyoung e Taeil? – Ten perguntou.

— Foram no show do Twice...nos dois, aliás. – Completou Taeyong. – Ontem e hoje.

— O que foi, hyung? – SiCheng surgiu do corredor, com um pacote de bolacha em mãos.

— Comendo de novo? – Kun colocou a mão na cintura.

— Eu sou um robô em fase de crescimento.

Kun rolou os olhos.

— Ata. – Jaehyun soltou.

— O que ele quis dizer com robô? – A voz de Yuta soou pela sala, fazendo todos os olhares caírem sobre si.

E lá iam eles mais uma vez.

(...)

— Poxa, eles ficaram só um pouquinho... – Kun resmungou, minutos depois que Taeyong e Yuta foram embora. Jaehyun foi por causa de Taeyong, e Ten foi arrastado por Jaehyun, caso contrário teria ficado ali só para irritar Kun com a história de “se quisessem fazer alguma coisa teriam a casa toda”. Nada fora do usual.

— É porque eles têm que chegar na cidade deles, amanhã é dia útil e acho que eles trabalham, ou algo assim. – SiCheng explicou.

Kun apenas concordou.

— Hyung? – Chamou.

— Hum? – Voltou seu olhar para o robô ao seu lado no sofá.

— Por que você ia ligar pro seu pai mesmo? – Indagou curioso.

O rosto de Kun parecia ter “acordado”, não havia se lembrado que planejara ligar para o seu pai.

— Ah, é mesmo. – Se levantou, alcançando o celular na estante da TV. Discou o número de seu pai sob o olhar curioso de SiCheng.

Três toques foram o suficiente.

— Kun?

Kun olhou para o outro no sofá e ponderou por um segundo, deu meia volta, foi em direção à sacada, saiu e fechou a porta.

— Pai?

— Sim?

— Posso...posso lhe perguntar algo? Sobre...sobre o SiCheng? – Pediu hesitante, batucando os dedos sobre a grade protetora da sacada.

— Claro? Aconteceu alguma coisa?

Suspirou incerto.

— Não...quer dizer, é, não. – Gaguejou e respirou fundo, tentando parar. – Pai...qual é a “utilidade”, “função”, que seja, dele? – Perguntou incerto, começando a ficar nervoso.

Três torturantes segundos se arrastaram, até que recebesse uma resposta.

— Co...como assim? É ser o seu colega de apartamento. – Gaguejou do outro lado da linha.

Kun fechou os olhos com força, aquilo não era um bom sinal.

— Não, não é. – Retrucou. – Não minta pra mim! Tanta coisa se encaixa na categoria “colega de apartamento”.

— Kun...

— Pai! – O interrompeu. – Qual...é? – Perguntou pausadamente, sentindo seu coração acelerar.

— Há algum tempo atrás, nós estávamos testando se eles podiam compreender literalmente qualquer coisa, não importava o que fosse. Eles passaram em vários testes, compreender de simples frases, problemas matemáticos, até interpretar uma letra de música complexa. – Houve uma pausa. – Queríamos avançar ainda mais nos testes, então...pensamos se eles poderiam compreender literalmente qualquer coisa, uma coisa ainda mais complexa, a mais complexa de todas...os sentimentos, o amor.

Kun engoliu em seco, temendo pelo que viria a seguir. Já sentia sua garganta doer e sua respiração vacilar.

— ...Para isso, precisávamos de uma cobaia de teste e...

Kun desligou a chamada abruptamente, assim quando suas mãos começaram a tremer e seu coração parecia ter subido a garganta. Já sabia o que viria a seguir e não queria ouvir. Por pouco não lançou o celular contra o chão, mas como queria ter o feito. Não, não queria acreditar que o amor que SiCheng dizia ter por si era mera mentira. Não queria acreditar que era tudo mera programação e simualação. Não queria acreditar de jeito algum que amava o robô com todas as suas forças e ele não estava fazendo nada mais nada menos o que estava programado para fazer.

Era mentira.

Virou-se e empurrou a porta dupla com força, as fazendo bater na parede – na parte de dentro do apartamento. Uma angústia se instalou em seu peito, assim que avistou o outro no sofá. Caminhou lentamente até o móvel, onde SiCheng jazia com um olhar preocupado. Em sua cabeça passavam mil pensamentos, em contrapartida, sua mente parecia vazia e perdida. Era como se pensasse em tudo e em nada ao mesmo tempo, era tudo a droga de um borrão, assim como sua visão. Ele queria – muito – entender o que estava se passando em sua mente. Mas como iria entender se nem ao menos respirava direito?

Seu olhar estava preso no chão, ao mesmo tempo em que vagava para vários pontos no piso.

Desespero. Desespero e confusão era tudo o que conseguia sentir.

— SiCheng... – Sua voz falhou, e nem era culpa da garganta inflamada. Tentou dar mais um passo, mas suas pernas vacilaram e seu corpo desabou, caiu de joelhos no piso gelado, suas mãos trêmulas deixaram o aparelho celular ir de encontro ao chão.

— O que foi hyung? – Se levantou preocupado, correndo até Kun e se ajoelhando a sua frente. – O que aconteceu? – Perguntou, enquanto tateava a testa, pescoço e rosto de Kun, procurando por sinais de que o “resfriado” havia se agravado.

Os olhos de Kun já haviam se enchido de lágrimas, apenas um mísero piscar de olhos e elas cairiam. Sua garganta se fechara num ímpeto, começando a prender um choro, e seu peito começava a pesar.

— SiCheng... – Chamou mais uma vez com a voz falha. – Você me ama? – Perguntou direto, segurando a mão do robô em sua bochecha, enquanto olhava para o chão.

— Obvio que sim hyung. – A resposta foi tão rápida que assustou o Qian, o deixando ainda mais confuso.

— ...Por que? – Perguntou hesitante, olhando no fundo dos olhos de SiCheng.

Um, dois, três...quatro...cinco segundos se arrastaram, nada foi respondido. Foi aí que Kun desabou de vez, as lágrimas caíram e pareciam descer descontroladamente. Deixou seus braços caírem ao lado de seu corpo e, por fim, se sentou no chão, de cabeça baixa. As lágrimas molhavam o piso de uma maneira melancólica. Tentou manter a boca fechada, para que nenhum ruído saísse, porém, seus lábios tremiam tanto numa tentação de se abrirem.

Silêncio.

O silêncio se manteria, se Kun não tivesse começado a soluçar tamanho era o descontrole sobre suas lágrimas e respiração.

— É mentira... – Murmurou entre soluços.

— Co...como? – SiCheng pareceu ter saído de algum tipo de devaneio, finalmente se dando conta que Kun chorava compulsivamente à sua frente. – Hyung... – Tentou tocá-lo, porém foi impedido pelas mãos do próprio.

— É mentira! – Exclamou alto o suficiente para que o robô ouvisse, mesmo que ele já tivesse ouvido claramente, se afastando rapidamente para trás.

— Do que...do que está falando? – Se aproximou novamente.

— É mentira... – Murmurou mais uma vez, a voz embragada de choro era um som agonizante para SiCheng. – Não passa de um amor artificial.

— Hyung, eu te amo! – Tentou tocá-lo novamente.

— É simulação, SiCheng! – Exclamou alto e claro, finalmente olhando o robô nos olhos, ou ao menos tentando. – Você foi programado para isso! – Nem sabia se estava mesmo olhando para SiCheng, já não enxergava mais nada, era tudo apenas um borrão irritante e impossível de impedir. – Faz tudo parte da droga de um experimento! E...eu sou a cobaia. – Abaixou a cabeça novamente. – É artificial... – Sussurrou uma última vez, enterrando o rosto nas mãos.

— Do...do que está falando? – Perguntou num tom baixo, ainda mais confuso.

— Não é um defeito...você foi programado para amar. – Explicou tentando conter os soluços. – Você é apenas uma fase de teste...eles querem enganar pessoas com um amor falso, mentirosos!

Simplesmente não queria acreditar que seu pai fazia parte daquela merda toda e daquele plano atroz, apenas por dinheiro.

SiCheng piscou demorado, por um momento sua memória começou a trabalhar. Sim, tudo fazia sentido para si, sua programação acusava que seu dever estava sendo cumprido, mas tinha plena certeza de que seu dever não era aquele que Kun havia dito. Ao mesmo tempo, algo dentro de si acusava que algo estava errado. Havia uma parte em seu dever já nem tanto desconhecido, que dizia fazer aquela pessoa feliz. Não, ele não queria dar uma falsa felicidade para Kun, ele definitivamente em hipótese alguma merecia aquilo. Ele merecia uma felicidade verdadeira e duradoura, ele não merecia um amor de mentira – o que era só o que SiCheng podia dar –, ele não merecia nada daquilo. Queria fazer Kun ser feliz de verdade, queria provar que o amava mais do que qualquer coisa na face da Terra, e que não era mera programação como o mesmo pensava. Ele havia entendido tudo errado!

— Não. – SiCheng negou em desespero, segurando ambas as mãos de Kun. – Não, não, não hyung! Você entendeu tudo errado! – Sacodiu os ombros do Qian.

— Não tem como, SiCheng! Meu pai me explicou no telefone e...

— Você escutou tudo o que ele tinha pra falar? – O olhou nos olhos.

Kun desviou o olhar e engoliu o choro. Por fim, negou com a cabeça.

— Hyung! – Agora era SiCheng que estava quase chorando. – Eu realmente fui feito pra ser seu colega de apartamento. Nada, além da aparência, é diferente de qualquer outro que já foi feito pelo seu pai. – Desviou o olhar. – Nós somos feitos para nos adaptar, nenhuma configuração ou programação diferente foi adicionada em mim. Hyung, é você quem constrói minha personalidade, é você quem decide se eu gosto de você ou não. – Voltou a olhar no fundo dos olhos de Kun, estes mais confusos que antes. – Você entendeu errado o que seu pai falou, minhas programações são padrões. Você é a “cobaia”, simplesmente porque seu pai achou, ou teve certeza, que você é uma pessoa que as outras se apaixonam facilmente. Você foi a “cobaia”, simplesmente porque consegue fazer até mesmo uma máquina com emoções falsas se apaixonar por você, hyung.

As lágrimas já se tornavam uma peça essencial para aquele cenário.

— O que... – Sua voz morreu, enquanto seu olhar caía arrependido de suas palavras e arrependido das lágrimas que havia feito SiCheng derramar.

— Eu poderia citar vários “porque’s” de eu te amar, porém acho que você precisa dormir, comer, estudar, não vai ter tempo pra ouvir tudo... – Deixou seu olhar cair. – Hyung, eu te amo... – Deixou suas mãos escorregarem pelo braço do outro. – Como eu posso provar isso pra você... – Pegou uma de suas mãos e a levou até o lado esquerdo de seu peito. – se eu ao menos tenho um coração?

E então Kun finalmente entendeu, seu pai não estava mentindo, SiCheng era um simples colega de apartamento...que havia se apaixonado por si, assim como ele havia se apaixonado pelo mesmo. O amor dele era puro e sincero, nada planejado ou “programado”, e aquilo lhe deu um enorme alivio.

— Se quiser...eu posso citar os motivos de...

— Não precisa. – Kun o cortou, se aproximando desajeitadamente e abraçando o robô com toda sua força. Sua consciência pesada lhe implorava para que ele fizesse um pedido, o qual ele não se importaria de fazer. – Me desculpe.

(...)

Não fora surpresa para Kun seu pai aparecer pessoalmente em sua porta de manhã, tentando lhe explicar desajeitada e rapidamente o que ele já havia entendido. Mas fora surpresa para si quando seu pai lhe convidou – mais como arrastou – para a “oficina” onde seus famosos robôs super úteis e inteligentes eram feitos e programados.

Kun sentiu medo do que poderia acontecer ali, estava com medo e desconfiado de seu pai se virar de repente e querer fazer algo a SiCheng, por isso, segurou a mão do robô em todo o percurso, inclusive ao passeio pela oficina.

Uma vez ou outra, WinWin apontava para alguns pontos animadamente, mostrando a Kun que já havia visto tal coisa e que se lembrava daquilo. Alguns ele sabia a função e outro simplesmente eram uma imagem na lembrança. O Qian mais velho apenas observava a cena e sorria, sabia que havia escolhido a pessoa certa para fazer o tal teste.

— Onde vamos afinal? – Kun perguntou depois de vários minutos calado.

— Para a fase final do teste. – Seu pai respondeu sorridente, fazendo Kun deduzir ser algo bom e relaxar um pouco.

Foram apenas alguns segundos até que eles parassem diante de uma porta feita de vidro, ou seja, transparente.

— Bom, é aqui que eu e você ficamos. – Anunciou o mais velho, apontando para si mesmo e para Kun.

— Por que? – Kun indagou desconfiado, ainda sem soltar a mão do robô.

— Já está tudo preparado, estes funcionários vão dar um questionário para SiCheng preencher, vão fazer algumas perguntas e vão apenas checar a memória dele. – Apontou para dois homens que se encontravam sentados lado-a-lado numa mesa do lado de dentro da sala. – Depois disso vocês podem ir embora.

Kun olhou diretamente nos olhos de seu pai e estreitou os olhos em desconfiança.

— ...e é por isso que a porta é transparente. – Deu um toquinho na porta, chamando a atenção dos senhores do outro lado da mesma. Eles sorriram assim que viram SiCheng.

Kun respirou fundo e, por fim, soltou a mão de SiCheng, este que estava quieto no aguardo de alguma decisão concreta. Kun sorriu fraco e bagunçou levemente os fios de WinWin, fazendo o mesmo sorrir.

O mais velho abriu a porta e se afastou, para que o robô pudesse entrar, assim ele o fez segundos depois.

Kun cruzou os braços no peito e encostou um ombro na parede, suspirou e passou a observar SiCheng através do vidro. Tentou ler o que estava escrito naquelas folhas que foram entregadas para o Dong, porém estava longe demais.

Ele começou a preencher os papéis animadamente, parecia estar gostando.

— Pai... – Chamou, vendo o mesmo virar o roto para si rapidamente.

— Sim?

— Sobre o que é...o questionário? – Desviou o olhar para a sala novamente.

— Sobre a experiência de “vida” dele, o que ele achou das coisas que viu, das pessoas com quem conversou, o que sentiu durante esse tempo...e do que ele mais gostou. – Sorriu fraco.

Uma pequena nostalgia lhe atingiu e Kun lembrou-se de tudo, tudo o que aconteceu desde o momento em que ele abriu aquela caixa deixada em seu apartamento, o susto, o estranhamento, as situações engraçadas e constrangedoras, a alegria, felicidade...tudo. Conteve um sorriso, apenas se limitou a soltar um “hum”.

Foram alguns bons minutos até SiCheng terminar o questionário e o entregar.

Kun sentiu seu pai lhe tocar o ombro, o fazendo virar o rosto. Seu pai lhe estendia um pequeno fone de ouvido sem fio.

— O que é isso? – Perguntou, franzindo a testa.

— É pra você ouvir as respostas dele.

Kun observou aquilo por alguns segundos, para em seguida pegá-lo e colocá-lo. Viu de relance, o mais velho colocar um também.

Os senhores começaram a analisar o questionário, as respostas de SiCheng, para que pudessem lhe fazer as perguntas.

— Então...SiCheng. – Um deles começou. – Quem é Jaehyun?

Kun sorriu, animado pela resposta.

— Jaehyun é um amigo do hyung, ele estava lá quando o hyung abriu a caixa. No começo ele era meio esquisito, falava comigo como se eu fosse responder, mas aí com o tempo eu aprendi que eu tinha que responder ele e não só o Kun hyung. – Coçou a cabeça meio sem graça. – Ele gosta bastante do Taeyong...ele esqueceu de pedir o número do Taeyong no acampamento e ligou desesperado pro hyung...eu tive que passar o número dele pro Jaehyun. – Terminou risonho.

O Qian mais novo soltou um risinho audível, finalmente entendendo o porquê SiCheng havia ignorado a presença Jaehyun de primeira.

— Taeyong?

— Taeyong é um outro amigo nosso, a gente conheceu ele num acampamento que fomos na semana-feriado, ele muito legal também...inclusive os amigos dele, Yuta, Doyoung e Taeil... – Ele soltou um risinho sapeca. – Yuta me ensinou a dizer coisas engraçadas que o hyung não gosta.

— Uh, certo. – O outro cara sorriu. – E quem é...Ten?

— Ten é o outro amigo do hyung, ele é muito engraçado e legal...apesar de ser inconveniente algumas vezes, acho que faz parte dele. Ele gosta bastante do Johnny...o monitor do acampamento que fomos...acredita que o Johnny já gostava dele sem ele nem saber!?  – Sorriu. – Foi ele quem pintou o meu cabelo. – Completou.

— Ok. – Um deles sorriu e cruzou as mãos por cima da mesa. – Agora...quem é “hyung”?

Kun se tornou mais atento do que antes, sua postura endireitou e ele respirou fundo, esperando pelo que quer que estivesse por vir.

Houve alguns segundos de silêncio, onde SiCheng olhava para algum ponto fixo e sorria, parecia lembrar de algo.

— Hyung é...o hyung...Kun hyung. – Virou-se levemente e apontou para o Qian mais novo, atrás da porta de vidro. – Kun hyung é pra quem eu fui feito, hyung foi quem abriu aquela caixa...eu me lembro de quando ele disse que não se sentia sozinho e que eu não tinha devolução. – Soltou um risinho.

Kun desviou o olhar e riu levemente também.

— Eu fiquei triste...mas depois que ele conversou com o Jaehyun, ele resolveu... – Não conteve um sorriso. – Ele queria queimar a caixa! – Contou animadamente. – Eu sinceramente não sei onde ela foi parar e nem o que o hyung fez com ela... – Suavizou a expressão e apoiou o cotovelo na mesa. – Eu lembro, que mesmo depois do sumiço da caixa, eu fiquei com medo...eu tive medo quando o pai do hyung apareceu lá no outro dia...o hyung disse que eu não tinha defeito algum. – Apoiou o rosto na mão. – Eu também tentei ensinar o hyung a cozinhar, mas...não deu certo. Ele disse que não iria me devolver porque eu cozinhava bem...e mesmo que fosse um pouco rude da parte dele...eu fiquei feliz. – Sorriu fraco. – Ah, eu lembro que ele me fez dormir no sofá...mesmo com um quarto vazio na casa e ele podendo comprar uma cama...eu dormi por tanto tempo naquele sofá, eu o odiava tanto. Mas valeu a pena esperar se quer saber, porque depois o hyung me deixou dormir na cama com ele.  – Sorriu. – Mas não antes da gente ir para aquele acampamento por insistência do Ten... – Ele parecia se divertir. – Ah...o acampamento, foi tão bom, a gente conheceu novos amigos e...foi lá que hyung revelou ser ciumento, cruzes! Ele morria de ciúmes do Taeyong. Na verdade, ele tinha ciúmes até do Ten, principalmente quando ele começava a mexer no meu cabelo.

Kun viu de relance seu pai lhe encarar risonho, o que o fez esconder o rosto envergonhado.

— Foi...também foi lá que Ten conheceu o Johnny, Jaehyun o Taeyong e...e onde teve uma competição no lago em que o hyung ficou com tanto ciúmes que a competitividade apareceu e... – Parou um instante pra rir. – Ele não queria tirar a camisa pra nadar, mas ele ficou com tão competitivo que tirou a camisa pra ganhar a prova.

Kun novamente escondeu o rosto.

— Também teve uma trilha...que fomos apenas até a metade porque o hyung torceu o pé e eu o levei de volta. – Houve uma pausa. – Teve também uma festa a fantasia de pares...eu e o hyung fomos de dragões, o Jaehyun foi de príncipe e Taeyong roubou uma fantasia de príncipe de outro par pra fazer par com o Jaehyun...não que ele não tivesse cogitado a ideia de pegar a de princesa, mas... – Deixou no ar. – Foi...foi nessa festa que eu percebi que gostava mesmo do hyung...na verdade que eu amava o hyung e que...e que eu queria ter um coração. – Olhou para baixo.

A expressão de Kun se suavizou e tornou para uma expressão preocupada, sua garganta começou a doer, ameaçando se fechar.

— Nós voltamos do acampamento...nós tivemos uma pequena briga porque o hyung me achava...ou ainda acha, meio...talvez muito, birrento. – Seu olhar se levantou. – Depois que nos resolvemos...ele disse que me achava perfeito, que não havia problema algum em eu ser daquele jeito, que ele preferia a mim daquele jeito. Também...também foi depois dessa briguinha que eu disse que amava o hyung...e ele não respondeu. – Suspirou. – Eu fiquei com medo de que não fosse recíproco e que o hyung estava desviando do assunto, mas depois eu percebi que não era isso. – Se ajeitou na cadeira. – Os pais do hyung foram lá em casa, e uns dias atrás eu tinha machucado a boca enquanto tentava pegar alguma coisa no armário alto...a mãe dele fez uma piadinha sobre o hyung estar me beijando...por isso o machucado. E acredite, teve muito mais graça pra gente porque realmente o hyung já tinha me beijado...mas não era aquela a causa do machucado. – Contou risonho. – Foi nesse dia também que eu fiquei com ciúmes de um tal Kim Jungwoo...

Kun ouviu seu pai rir baixinho ao seu lado.

— Também foi nesse dia que o hyung disse que me amava...ele também disse que estava enganado e que eu tinha sim um defeito, o defeito para amar. – Fez uma pausa pra sorrir. – Foi um dos dias mais felizes da minha existência. Nesse dia, depois do meu pequeno drama de ciúmes, nós também ficamos pensativos sobre a minha utilidade...o porquê de ter pontos de interrogação e não uma utilidade concreta.

Kun sorriu fraco do outro lado da porta.

— No outro dia o hyung acordou super doente...mas eu cuidei dele, no outro dia ele já estava melhor...mas também foi nesse dia que ele ligou pro pai dele pra perguntar sobre a minha utilidade...ele tentou explicar, mas o hyung entendeu tudo errado. Foi tudo tão rápido, ele entrou na sala...era horrível, ele tinha começado a chorar e estava dizendo que era tudo mentira...e coisas assim.  – Sua expressão mudou para uma tristonha. – Eu fiquei tão desesperado pra provar pra ele que não era mentira, que eu o amava de verdade...

Havia finalmente chegado na parte em que Kun estava curioso para saber detalhes.

— Ah...ele me perguntou o porquê de eu amar ele...eu tentei pensar e...eram tantos motivos, tantos, tantos... – Se lamentou. – Eu nunca desejei tanto ter um coração. Era tão ruim, horrível, desesperador, agoniante o que eu estava sentindo. Eu...eu amo tanto o hyung...eu amo tanto ele, a voz, o cabelo dele, o rosto, o sorriso, eu amo cada pedacinho da aparência. Mas acima de tudo, eu amo o jeito e a personalidade dele, eu amo como ele é por dentro...eu amo quando ele me elogia, eu amo quando ele sorri por minha causa, eu amo quando ele me toca...droga, eu amo até quando ele me dá uma bronca.

Kun tinha uma expressão surpresa na face, mas não era só a face, ele estava inteiramente surpreso.

— Eu amo tanto ele que...que...que é impossível explicar e dar apenas um motivo! – Se exaltou. – Mas...se tem uma coisa que eu odeio no hyung...é quando ele chora...eu odeio o som do choro dele, eu odeio as lágrimas de tristeza dele, eu...odeio.

E foi ali, no estágio final, no último teste, que Kun percebeu que o amor de SiCheng por si era o mais puro e lindo que já havia visto. Percebeu que SiCheng faria qualquer coisa por si, assim como Kun faria por ele. Percebeu que amava aquele robô mais que sua própria vida.

Ali ele percebeu que...ele também tinha um defeito, o mesmo que SiCheng, o defeito para amar.


Notas Finais


É...não vai ter lemon não, ainda bem que não prometi nada.
Além de eu não sentir que essa estória precise de lemon...isso requer um climasso pra sair legal, e se tem uma coisa que eu não estou...essa coisa é no clima. Além disso, eu precisava terminar isso o mais rápido que eu podia, mil desculpas :((
Bom, eu queria agradecer...MUITO...YIPO: PRA CARALHO!
MEU DEUS QUANTO FAVORITO VAI TOMAR NO MEU CU EU AMO VOCÊS ALGUÉM ME SOCORRE!!11@#@##%$#¨$%#
SÓ DE PENSAR QUE TODO DIA QUE EU ENTREO AQUI NO SPIRIT TEM UM OU MAIS NOVOS FAVORITOS EU FICO AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH EU NÃO CREIO QUE ESSA MERDA NÃO FLOPOU, AMÉM IRMÃOS!!!
Enfim, muito, muito, muito obrigada mesmo!! PUTA QUE PARIU!
Muito obrigada mesmo pelos cometários, eles que me motivaram a postar cada vez mais capítulos. EU AMO COMENTÁRIOS!!@#%$%$¨%
Vou repetir a pequena frase que eu deixei no final da minha outra fanfic: "Agora coisa séria, sem enrolação, eu queria agradecer imensamente por vocês que acompanharam a minha estória até aqui, seja você que acompanhou desde o primeiro capítulo, seja você que acompanhou do meio, seja você que acompanhou do final, seja você leitor(a) fantasma, e seja você pessoinha do futuro que está lendo a fanfic já terminada."
Enfim, vocês são minhas eternas coxinhas.
Até os cometários, que eu vou responder com muito amor porque eu to feliz pra cacete!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...