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História (De)floramento - Primeiro anoitecer.


Escrita por: NecMizu

Notas do Autor


Espero que gostem, uwu
Eu tentei algo aqui ;w;

Capítulo 2 - Primeiro anoitecer.


As vezes eu tento manter uma atitude positiva quanto a vida, mas de certo modo, foi essa mesma atitude que causou senão todos, a grande maioria dos meus problemas. Eu sou um avido leitor de todo tipo de tralha que eu achar interessante, então eu tenho costumado abandonar a infantil atitude de achar que tudo é belo e maravilhoso por um niilismo aliado de um pessimismo existencialista. Como eu disse, sou um idiota. Esses termos soam belos, mas na prática todos querem apenas indicar a condição básica de existência, essa de sofrimento que jamais foi aceita não só por mim como por qualquer outra pessoa. De qualquer modo, aqui estou eu nesse corredor escuro e gélido sem saber muito bem para que direção ir, e nessas circunstancias as vezes o pior de mim sai para fazer comentários cáusticos e carregados de sarcasmo pontiagudo. Sinceramente, as vezes eu tento enganar-me de que toda essa atitude cínica que as vezes exponho é alguma forma de amadurecimento mental, quando na verdade não passa de revolta individualista, uma vez que o que eu chamei um dia de vida já não existe mais e tudo que restou a mim foi dolorosa existência. Nessas horas os outros certamente devem entender o quanto o quarto é um cômodo praticamente sagrado, pois nele você pode configurar da maneira que melhor desejar, em essência, é um pequeno mundo seu. Ele reflete seu eu, reflete o que você deseja do mundo, e com toda a força que eu tenho, o que eu daria para não voltar a minhas preciosas almofadas a ficar um minuto a mais nesse lugar perturbador. A palavra "Marry" é quase como uma forma de me insultar quando eu paro para analisar o contexto, mas eu já perdi tempo demais ficando encolhida aqui e fazendo reflexões metafísicas para mim próprio... Eu preciso saber onde estou e acima de tudo, como sair daqui. Nesse caso eu tenho três direções a tomar: a primeira eu prossigo para o corredor da direita, a segunda é continuar pelo corredor a esquerda e por fim, a sala de onde eu sai, onde um dos meus vários nomes esta cravado na parede com esse material estranho. Sinceramente, eu deveria ter tomado essa decisão muito tempo atrás, mas eu começo a falar baixo para mim mesmo. 

-Bem me quer, mal me quer... - e continuei, até que por fim fiz uma ultima virada e terminei por decidir o corredor esquerdo – Por favor... Que tenha um telefone aqui... 

Conforme eu descia, meus pés provocavam um som irritante de algo batendo contra metal, mas também levando em conta algo se esfregando na superfície rústica de metal enferrujado, bem como eu disse, a sensação nojenta que ia dedilhando seu caminho pelas minhas pernas branquelas. Anos atrás eu tinha uma coloração mais saudável, quer dizer, eu me lembro de ter tido, não posso me garantir de mais nada ultimamente. Caminhando, eu eventualmente acabei numa das maiores porcarias que se podia esperar: um beco sem saída. Não um beco de saída feito de paredes como normalmente é visto, mas um enorme vaco sem cores. O caminho que eu seguia terminava abruptamente e desfazia-se em pontas afiadas e oxidadas que pareciam um trampolim para um poço sem fim de escuridão mais profunda. Relutantemente eu me aproximei, não sei muito bem o porque... Curiosidade talvez. Ajoelhei-me com cuidado e fui engatinhando até a borda para colocar minha cabeça um pouco para fora. Nada... Absolutamente nada, apenas a mais profunda e perpétua escuridão que abala o coração de qualquer pessoa. Aquela posição por alguma razão me fez começar a sentir uma terrível ansiedade de arrumar-me de outro modo, preferencialmente algo que não me deixasse tão vulnerável. Foi com um suspiro que eu já ia afastando-me do fim da linha, mas algo me fez parar. Não algo físico ou algum dos meus sintomas, mas algo que era bem pior. 

-Mas que coisa sem vergonha! - foi a voz atrás de mim, não era bem humana, mas compreensível - 

Foi quando eu realmente voltei a tremer, engoli seco e virei minha cabeça para olhar a direção que se originara o som. Atrás de mim, quase colado a mim estava aquela coisa... Era de fato humanoide, mas o rosto, ou melhor, onde deveria haver um rosto, não passava de um simples mancha preta que misturava-se tão bem ao ambiente dos arredores que eu jamais perceberia se tratar de um buraco se não fosse a carne ao redor da falha. A tremedeira havia voltado, eu perdera o ar dos pulmões e meus olhos já enchiam de lágrimas... O que eu estava vendo afinal? 

-Você é mesmo uma gatinha sem modos pra andar de quatro por ai! - continuou a figura atrás de mim - 

Depois do choque de primeiro estágio ao ver uma pessoa com um buraco no lugar do rosto, eu pude começar a reparar nos detalhes com maior percepção: apesar de o rosto ser um mero buraco preto, definitivamente havia carne ao redor, o suficiente para manter uma cabeleira vasta de cor castanha. Um uniforme escolar com um laço vermelho no peito e quatro braços. Dois se mexiam sem muito sentido e ficavam alternando entre essa epilepsia profana e apontar para minha pessoa no chão. Os outros dois também faziam movimentos que só podiam ser involuntários, pois pareciam até dolorosos em algumas de suas acrobacias. Mas diferente do outro par, esses carregavam uma faca de lâmina bem longa, que parecia mais um cutelo de açougueiro do que cozinha diária. Não tinha pernas, havia na verdade duas enormes varas de algum metal corroído que saia das coxas e era fixado por enormes parafusos que haviam enterrando-se na carne pelas laterais dos cotocos. A voz era claramente feminina, e parte do corpo também, como as protuberâncias no tórax. Se a minha pele é pálida de doentia, a daquela coisa era de um branco que já estava esverdeando de uma maneira pútrida. Eu já não sabia muito bem o que fazer aquela altura... Avanço e caio na escuridão sem fim, fico e não sei exatamente o que ocorre, mas provavelmente é algo bastante incomodo e doloroso. Aquela coisa continuava se contorcendo daquela maneira aflitiva e dessa vez parecia soar risadas cortas por falas distorcidas. 

-Vadia! Vadia! Ficando de quatro como uma gata! - e cortava para rir – Mia sua gata safada! Eu vou captar tudo muito bem! 

Eu me sinto enjoado... Eu estou tonta... A tremedeira esta acabando comigo e sinto que estou a um paço de perder o controle de minha bexiga. Preciso agir, rápido... Com isso em mente, eu tomei fôlego e tentei-me erguer o mais rápido que pude, isso parece ter sido que precisava para a coisa avançar em minha direção, que caiu com tudo por cima de mim e jogou-me com um impacto violento no chão, que rangeu por um segundo. Aquela porcaria estava encima de mim agora, o buraco que chama de rosto a centímetros de meu nariz e eu instintivamente fui capaz de segurar as mãos que carregavam as armas brancas, coisa que não seria capaz de manter por muito tempo devido a meu corpo frágil e força duvidável. 

-Não! - comecei a gritar, sem entender mais o que os sons que a criatura emitia significavam – Sai de cima de mim! Sai! Sai! - e só piorou. O par de mãos que usava armas tentava me acertar debilmente, mas o outro par estava livre e começou a apalpar meu corpo com tamanha força que eu juro que ficariam marcas, as mãos de textura repulsiva e temperatura morna foram o suficiente para trazer em mim a tontura e a ânsia de vómito a tona e por um segundo que eu pensei que iria ser esfaqueado enquanto vomitava. -Não! Não! Não toque em mim! - entre outros gritos, mas essa coisa não eram meus pais e não desistia de seus ataques - 

Não sei de onde tirei a força para tal, muito menos o momento que ocorreu naquele impasse mortal a adrenalina acumulou o suficiente em meus membros para ser capaz de, em meu desespero e pânico, virar o corpo de um modo que a abominação caísse no vácuo sem fim. Ela era de fato pesada, e suas mãos em convulsões não lhe ajudaram a segurar-se em local algum, pelo contrário, parecem ter sido os principais causadores de sua queda, mas não sem antes agarrar-se aleatoriamente na borda de meu vestido branco, lendo uma boa tira desse em suas mãos malditas. Ajoelhada e abraçando o meu corpo, apenas pude ficar ofegante enquanto o calor do momento esfriava e eu abaixava a cabeça para olhar-me com cuidado. Para meu horror, meu corpo possuía uma série de desenhos que claramente eram mãos, provavelmente dos apalpares indevidos, todos roxos ou avermelhados dada a intensa violência da fera. Acho que foi ai que eu já não sabia muito bem até que ponto iria aguentar, mas foi pouco, pois dez segundos após o fim daquele ataque, eu apertei o estomago, contrai a garganta, espremi meus olhos e comecei a vomitar muito bem sobre meus agora expostos joelhos. 

-Urg... Blergh! - eu só vomitava sem parar, não largava meu corpo como se fosse a última boia do Titanic, mas meu convés ia esvaziando todo seu conteúdo estomacal, ou  falta desse – Deus... Arg.. Blergh! - e não parava - 

Eu devo ter ficado me revirando no mesmo local por uns 2 ou 3 minutos, mas eventualmente a maior parte do que tinha no sistema digestivo já havia ido embora. Com dificuldade e medo me ergui, sem soltar meus braços e sentindo cada toque em meu corpo ser outra razão para vomitar. Aquela coisa... Me tocou... Em locais muito ruins... Eu comecei a cambalear pelos corredores sem parar. Minhas roupas estavam arruinadas, meu corpo doía e eu não parara de vomitar completamente, sendo forçada a parar algumas vezes para poder colocar o que não tinha mais para fora. O corredor parecia não ter fim, pois não importa quanto eu corresse, quanto eu andasse, quanto eu estava desesperado atrás nem do outro corredor misterioso, mas da sala onde estava aquele nome cravado, pois estava atrás de qualquer lugar para me esconder ou com o mínimo de segurança depois daquilo Eventualmente me cansei, e cai de joelhos no metal que me ralou e causou dor aguda nos joelhos. Não me mataria, mas era incomodo. Foi olhando aos redores que notei como tudo mudara: atrás de mim apenas uma porta simples com uma pequena placa. Era um banheiro escolar e foi voltando minha cabeça para a posição onde estava originalmente, e para piorar, o mais buraco sem fundo era ali... Era quase como uma piada divina de muito mal gosto. Lá estava euzinha, presa com a porta de um banheiro público atrás de mim, convidando-me a entrar. Minha cabeça já estava doendo a um bom tempo, e dessa vez foi o choque principal. Eu simplesmente apaguei, e conforme sentia um vento correr por todo meu corpo enquanto não havia sensação de algo físico envolve-se meu corpo, pude ter certeza que havia caído naquele poço sem fim. Então esse era o fim? Não, não era, pois eu pulei de minhas cobertas sentado com uma boa quantidade e suor frio cobrindo meu corpo. O enjoo voltou e eu me ergui o mais rápido que pude, correndo até o banheiro de suíte e caindo de joelhos a frente do vaso, onde ergui a tampa e comecei a por tudo para fora. Novamente lá estava eu, vomitando sem parar devido aos toques desgraçados. Cansado, arrastei-me com medo de algo me atacar e fui capaz de conferir o horário em meu laptop: não haviam passado das 5:30. Eu não queria crer no que via: eu estava intacto, mas todo aquele pesadelo não havia durado nem meia-hora. Eu conferi meu corpo, estava inteiro, mas a sensação nojenta de toque manteve-se... Eu já não sabia mais dizer o que esperar, mas podia já ver a aurórea se aproximando. O que devia fazer? Dormir novamente? Eu acho que não... Por essa razão comecei a seguir uma agenda/crônica onde escrevia pequenos detalhes lá. Enquanto isso, restou-me o PC, os livros ou outras atividades duvidosas... Hoje foi uma má noite para iniciar um dia ruim...



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