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História DeH; A Lenda do Ladino Cinzento - Sempre foi e assim sempre será


Escrita por: yuriPsouza

Notas do Autor


Essa história é pesada! Já avisando logo aqui.
O 1° capítulo mesmo possuí cenas fortes, e o protagonista tem apenas 11 anos nesse capítulo, que serve como prólogo. Nos próximos capítulos ele terá 50 anos!
Boa leitura.

Capítulo 1 - Sempre foi e assim sempre será


A guerra dos 30 ciclos, como ficou conhecida nas páginas da história daquela ilha, acontecia do lado de fora daquelas paredes de pedra empilhada com um telhado feito em armação de madeira e folhas secas.

Mydeth, um órfão de 11 ciclos de idade, se escondia em baixo de seu cobertor de lã de ovelha ouvindo os sons da guerra, aflito demais para sair e ir atrás de Yndrah, sua melhor amiga.

Os adultos diziam que estava chegando ao fim. Que o Rei sulista, que vinha montado em um dragão, iria ganhar, e que todos eles seriam escravos. Mydeth não sabia se era verdade, mas temia tal desfecho.

O vilarejo aonde morava era o Vilarejo de Tohnar, próximo às bordas da floresta Tohnesa. O Vilarejo cobria uma área comprida como se fosse uma minhoca no sopé da montanha e na borda da floresta. A montanha em si era o Monte Magmun, aonde, no topo, ficava o Castelo da Deusa e em todo o corpo da montanha existia ruas, tuneis, casas, comércio. A montanha era a própria cidade. A Grandiosa Cidade Imperial Magmun.

Mydeth ia frequentemente na cidade, mas não nos últimos dias. Nos últimos dias o exército vindo da ilha do Sul havia chegado, havia cercado a cidade e os vilarejos, havia instaurado toques de recolher ao povo, e havia matado os que não obedeciam. Haviam matado inocentes. E aonde estava a Deusa? Mydeth se perguntava.

Ele era só um garotinho, uma criança que sempre acreditou ser verdade, sempre acreditou que Arcaia era a salvadora deles. Mydeth nasceu durante a guerra, não se lembrava de ter conhecido paz, mas sempre que falavam da guerra era como uma metáfora, como algo distante, como algo ruim, mas que nunca aconteceria ali, tão perto da capital. “A Deusa Nos Protegerá”, gritavam nas ruas sempre. Afinal, como poderia um rei fazer oposição a uma Deusa? Então vinham as histórias, cidades distantes derrotadas e sitiadas pelo Rei Sulista, reinos aliados subjugados ao poder dos dragões que Arcaia dizia ter extinguido.

Não demorou para que as crises chegassem próximas da capital, nada que Mydeth entendesse, claro, era apenas um garoto. Mas ele ouvia falar sobre não ter mais trigo, sobre a cerveja de Lorval não estar mais sendo vendida por ordem do Rei Vaxyus Kognar, o Rei Sulista, ou Rei Dragão, sobre as minas estarem parando de funcionar porque os trabalhadores eram convocados para o exército da deusa. Ele não entendia, mas sabia que algo acontecia, algo ruim.

E agora ali estava, escondido e apavorado com os tenebrosos sons da guerra enquanto do lado de fora o vilarejo inteiro assistia a batalha que definiria o futuro de todos. Enquanto isso no cume do Monte Magmun a Deusa Arcaia enfrentava seu oponente, o Rei Vaxyus, no que seria considerado o mais sangrento, magnifico e terrível combate de todos os tempos.

Mydeth nada viu. Apenas se escondeu, se escondeu e esperou ouvindo os sons das catapultas, das espadas, dos gritos, das armas de guerra, do fogo do dragão, e da magia conjurada por Arcaia.

Ele se escondia e rezava pela deusa, rezava para que acabasse logo, implorava que ela vencesse e que eles tivessem paz uma vez mais. Não entendia por que o Rei Sulista queria destruir tudo que Arcaia ergueu em milhares de ciclos.

E então, entre uma reza e outra, quando se perdia nas palavras e sentia a urina quente entre as pernas toda vez que alguma explosão acontecia próxima demais, Mydeth pensava que morreria. Mas estava errado. Sua morte não chegaria tão fácil, ou tão cedo.

Foi o som definitivo. Ele soube que a luta havia acabado quando ouviu aquele estrondo. Até mesmo jogou o cobertor que fedia a bolor e urina para o canto e pulou da cama. A Deusa ganhou. Pensou, animado, pois sabia que aquele som era som de magia, e de certa forma não estava errado.

O que seguiu, porém, em nada se assemelhou à vitória. O chão sob os pés de Mydeth tremeu, as paredes balançaram e as pedras deslizaram em um segundo e o telhado começou a se desfazer enquanto lá fora a montanha que sustentava a cidade e o castelo, se rachava do cume ao sopé para seu interior, milhares de toneladas de sólida rocha se partiram, no céu; onda imensurável de desconhecida energia varreu o próprio ar, e estrondosa magia se espalhou, anunciando a desejada vitória.

Mas de quem?

Mydeth que havia levantado não teve tempo para correr até a porta, antes que o orfanato desabasse sob sua cabeça. No mesmo instante uma energia estranha acertou-o, uma energia boa e reconfortante que pareceu lhe proteger, e em seguida uma onda de destruição.

O garoto sentiu seus pés serem tirados do chão quando o telhado explodiu, jogado para longe como se em um vendaval, as paredes e as pedras também, e Mydeth junto. Voou pelas pedras como se fosse apenas mais uma pedra e não uma pessoa. Sentiu a pancada contra o chão, rolou, empurrado por aquela imensurável energia de destruição que espalhava caos ao seu redor enquanto todo o cenário se mostrava apenas mais e mais caos e o vilarejo de Tohnar não era nada além de uma nuvem de poeira e resto com gritos permeando a poeira que tornava impossível ver muito a frente. Tentou se segurar no chão, fincar as unhas na terra, mas não pode, pois, as pedras que formavam as casas do vilarejo voavam, e ele foi acertado não por uma, mas por várias, e em todo o corpo. Se encolheu em posição fetal ao ser arrastado pelo chão, puxado ou empurrado, não saberia dizer, mas saiu sendo arrastado pelo chão, rolando. Só gritava, desesperado. Até que acabasse.

Sua pele brilhava, um fraco brilho que se dissipou assim que a destruição acabou, e Mydeth compreendeu que fora aquilo um tipo de proteção, conjurado por Arcaia para manter todos eles salvos, pois sabia que aquela pancada, aquela onda que lhe jogou para longe, aquilo teria matado até o mais forte dos homens, mesmo assim ele estava vivo e incólume.

Havia sido a Deusa, havia o salvado! Viva A Arcaia!

Era como se nada tivesse acontecido, exceto pelo medo, pelo pavor que lhe penetrava fundo nos ossos, Mydeth não possuía ferimento ou dor. Então rapidamente se levantou, pisando nos escombros, nos restos de uma Vilarejo, e pôs-se a correr atrás dela.

— Yndrah! — Berrou com sua juvenil voz de garoto enquanto procurava por entre a destruição a sua melhor amiga. — Yndrah! — Mas não podia ver sequer o que tinha na sua frente, quem dera pudesse ver aonde estava Yndrah. Pior; o vilarejo fora destruído, então sequer sabia aonde estava ou aonde ir.

Não era o único a gritar nome de alguém. Os sobreviventes do vilarejo, aparentemente todos incólumes à destruição, gritavam de perto e de longe. A visão ainda muito debilitada pela densa e seca onda de poeira que pousava lentamente. Não havia som além deste, da voz dos sobreviventes, de gritos por socorro, de gritos por alguém, alguém que não era Yndrah.

Rolei quantos metros? Aonde fui parar? Aonde fica o orfanato? Aonde estou agora? Para onde estou indo? Mydeth se perguntava a cada passo, escalando escombros, pulando destroços, correndo em trechos livres de obstáculos. Estava perdido, era assim que se sentia. Então optou por parar, se sentar em um canto de uma parede semidestruída e aguardar um pouco pela poeira a baixar.

Pouco depois de trinta minutos podia já ver bem melhor que antes. Havia pessoas sangrando pelas ruas, tentando tirar entulho de cima de outras pessoas, soterradas a berrar, havia gritos e havia dor, havia pavor e destruição, e ninguém parecia bem. E não importava aonde olhasse, não via Yndrah. E o pavor, os gritos, o barulho de gente em pânioc aumentava a cada instante.

— Eles estão vindo. — Um berro distante. — Os Dragões!

Mydeth sabia que aquilo não podia ser bom, mas a Deusa havia protegido todos eles, não? Eles estavam salvos.

Mydeth estava errado. Pelas ruas destruídas atulhadas de entulho, soldados em armaduras vermelhas e negras com estandartes do Rei Sulista surgiam, trazendo terror em suas lâminas frias de aço negro, aço roubado de Bomferro, uma cidade protegida da Deusa.

Correram, todos. Não sobrava uma única alma que não se pusesse a correr quando ouvia a palavra “dragão”. Antes fosse o animal monstruosos que cuspia fogo, mas Dragão significava, nos dias atuais, aqueles soldados em defesa do Rei sulista. O Exército do Dragão era a temível força conquistadora que havia ocupado a Ilha Magmun nos últimos 30 ciclos com a missão de destronar Arcaia como Imperadora e como Deusa.

Então correram, apavorados. Mydeth se escondeu como pode, aonde pode, e então foi expulso.

— Procure outro lugar. Aqui é meu. — Disse um velho sem dentes, jogando Mydeth para fora daquele esconderijo. Ele ainda tentou voltar, mas o velho lhe socou a cabeça e chutou Mydeth entre as pernas. — Se voltar eu lhe mato!

E com isso Mydeth teve de sair a procura de novo abrigo. Atravessou o que deveria ser a principal via do Vilarejo até uma casa destruída que estava em chamas. O dia estava mudando e já fazia frio, pensou em se esquentar próximo ao fogo. Cruzou algumas colunas semidestruídas até um canto isolado aonde pretendia se abrigar, viu então a sombra se mexer no chão e pensou em correr, mas era tarde. Ao correr se deparou com uma parede quebrada ao meio e entulhos, o caminho por onde vinha se mostrou inviável quando um homem imponente se colocou ali, bloqueando sua passagem. Mydeth então pensou em recuar, tropeçou e caiu de bunda no chão, rastejando para trás até encostar as costas em uma parede. Havia de um lado parede, do outro, fogo, atrás parede e na frente o som do metal da espada sendo desembainhada e apontada para seu pescoço.

— Aonde vai o pedaço de gente? — Perguntou o soldado em armadura opaca, negra e vermelha, com o desenho de um dragão de asas abertas na placa de peito e saiote de cota de malha pintado de preto. — Lhe fiz uma pergunta. É mudo, aberração?

Mydeth tremia, não sabia se podia falar. Sentiu que teria se urinado novamente se ainda tivesse urina na bexiga. O homem era carrancudo e tinha uma cicatriz que descendia da bochecha até o pescoço. A barba crescia pela pele menos aonde havia a cicatriz e os olhos eram esbugalhados, pouco convidativos. A própria pele era escura, negra e cheia de feridas como espinhas e pústulas. Não aparentava ser velho, mas já devia estar nos 30 ciclos para mais.

— Eu falo, falo. Eu falo. — Repetiu várias vezes o garoto, intimidado.

— Dará um bom bobo e me renderá algumas moedas. — O soldado disse embainhando a espada, então se reclinou agarrando Mydeth pela gola da camiseta puída que o garoto usava e puxando-o, colocando-o de pé. O soldado verificou o próprio cinto e então soltou alguns xingamentos raivosos ao ver que não tinha corda consigo. — Se correr para longe de mim — puxou a espada na bainha apenas alguns centímetros para que a lâmina ficasse visível. — Passo-o na espada e depois como sua bunda de morto!

Mydeth engoliu em seco a ameaça, incapaz de responder. Seu captor, o soldado, agarrou-o pelos cabelos e torceu a cabeça de Mydeth para cima, olhando-o nos olhos.

— Me entendeu, porra? — Berrou para o garoto que tinha olhos cheios de lágrimas. — Se bem que você... nem parece tão diferente de uma putinha, né? — O soldado se abaixou ficando da altura do garoto, e Mydeth pode sentir o hálito tenebroso de álcool e carne podre. Também notou que a cicatriz não estava realmente cicatrizada, havia pus na barba.

Mydeth fechou os dois olhos e gordas lágrimas escorreram por suas bochechas encardidas. E de olhos fechados ele sentiu a língua áspera e quente do soldado contra sua bochecha, lambendo sua face. Mydeth começou a choramingar, um choro de medo, e então a mão enluvada com a manopla de ferro acertou-lhe a bochecha, Mydeth caiu de lado no chão, com um berro de dor, e a pancada no rosto abriu um talho por onde sangue escorreu, quente e ardido, o corte doía.

— Se quiser chorar, faça sem barulho. — O homem disse, raivoso, e Mydeth continuou encarando o chão, percebeu aí o seu erro, pois estava de costas para o soldado, que se aproveitou daquilo. Mydeth tentou se virar, mas o homem pisou em suas costas, jogando-o contra o chão e ele só conseguiu olhar, de canto, o soldado que soltava o saiote e afrouxava as cordas da calça. — Ninguém me culpará. Um putinho bonitinho que nem você, e faz tanto tempo que não como alguém pelo rabo. — Dizia o soldado, como se aquilo justificasse, como se ele pudesse ser perdoado por tais motivos. — Ninguém sequer saberá!

O homem então colocou seu membro para fora, Mydeth arregalou os olhos ao ver o tamanho daquilo que o homem tirou das calças, duro e cercado de pelos, então ele choramingou “não”, implorou, mas levou um chute na cabeça e sentiu um dos dentes de soltar dentro de sua boca. Fechou os olhos, preferindo não olhar, preferiria também não sentir, mas como? O soldado ria enquanto puxava as calças de Mydeth até tira-la pelos pés, então o garoto estava seminu, apenas com a camiseta. O soldado puxou pela cintura, pondo-o de quarto no chão, mas Mydeth se virou para implorar por piedade.

— É bom você tapar esse peruzinho, se não talho uma buceta pra você! — O soldado vociferou para o garoto dando-lhe um murro entre as virilhas. Mydeth se encolheu no chão, o soldado puxou-o pelo pé, girando-o, de quatro de novo.

Mydeth chorava quando sentiu um tapa contra seu glúteo e a risada do soldado penetrava suas orelhas como se o homem estivesse tendo grande felicidade com aquilo.

— Arcaia. — Mydeth moveu os lábios, sem som algum. — Me salve! — Pediu uma última vez com lágrimas caindo.

E então ele sentiu. Não como imaginou... foi nas suas costas. Sentiu quente cair nas suas costas, líquido quente, abundante. E as mãos que apertavam seus quadris afrouxaram, assim como o som de um homem a se engasgar surgiu.

Mydeth se levantou e se virou depressa. Deparou-se com o soldado de calças arriadas até os joelhos, seu membro subitamente flácido e sua garganta com um corte. As mãos presas por um segundo homem. Este, atrás do soldado, era um habitante do Vilarejo. Mydeth não pensou duas vezes. Agarrou o soldado por um dos braços e virou-o, jogando para a lateral, o soldado titubeou, fraco com o corte no pescoço lhe drenando a vida, então caiu de joelhos no chão próximo de onde havia as chamas aonde Mydeth queria se esquentar. Maldito desgraçado. Pensou a criança, cheia de ódio, então, atrás do soldado, chutou suas costas. E o homem que teria lhe estuprado caiu de cara nas brasas, tendo o torso consumido por fogo, não houve berros, mas Mydeth apreciou mesmo assim. Apreciou a carne derretendo, a armadura esquentando, o corpo queimando e o fedor.

— Então, o que fará agora? — Perguntou o outro homem, o que lhe salvara a vida.

Mydeth apressou-se em colocar as calças e recuar contra a parede. Não é porque ele te salvou que ele não vai te machucar. Pensou, preocupado.

— Me deixe sair daqui! — Mydeth pediu em tom de ordem, mas seu tamanho, seus braços finos, sua voz tremula e a situação na qual foi resgatado não lhe davam autoridade para ordenar nada.

— E ir para onde?

— Fugir. — Mentiu. Procuraria Yndrah. Por Arcaia, o que esses dragões farão de você? Subitamente sentiu pavor só de imaginar.

O homem que lhe salvou então apontou o caminho, e Mydeth seguiu-o, pois, o homem continuava olhando para Mydeth com uma expressão assustadora e o garoto preferiu não arriscar. Eles cruzaram alguns quarteirões repletos de entulho até a colina do Vilarejo. Mydeth não quis subir, mas o homem lhe empurrou pelas costas, fazendo com que Mydeth fosse na frente.

Ao chegarem lá em cima havia um grupo de sobreviventes reunidos. Todos habitantes do Vilarejo. Eles abriram espaço para Mydeth e para o homem, para que os dois pudessem ver.

— Cadê a floresta? — Mydeth perguntou, pois podia ver apenas uma cratera no chão.

Então o homem que lhe salvou apontou para o outro lado.

— A floresta continua ali. — Mydeth viu a Floresta Tohnesa ali, no Leste, como sempre.

— Então... — Ele sentiu o peito se apertar ao imaginar o que era aquela cratera. — Não... não pode...

— Ela salvou todos nós no último segundo, protegeu todos que estavam ao redor, todos nós não fomos afetados pela destruição. — Um velho homem disse então, ao lado de Mydeth. — Arcaia se sacrificou para nos proteger uma última vez. E por isso perdeu a batalha contra o dragão. Estava nos protegendo, como sempre fez durante quatro mil ciclos. Mas agora ela se foi.

Mydeth havia crescido ouvindo as histórias de como Arcaia governava aquela ilha há 4 mil ciclos! Era imortal, uma deusa que viveria para sempre, servindo de ponte entre o mundo de carne dos homens e o mundo imaterial de onde ela havia vindo, o mundo das divindades. Ela não podia morrer. Mesmo assim ali estava a prova. No dia anterior havia naquele lugar uma montanha enorme com uma cidade e um castelo, o coração pulsante do maior e mais poderoso Império. E agora havia apenas uma cratera, uma gigante cratera para o interior da terra, para o coração da ilha, e não havia mais montanha, cidade ou castelo. Pior; não havia mais Deusa.

No céu sob suas cabeças ondas de luz avermelhada e esverdeada dançavam, como resquício de uma magia poderosa lançada sobre aquela terra.

— Quando eles a mataram, a montanha ruiu. O próprio mundo se negou a aceitar um mundo sem Arcaia. Vai fugir? — O homem que lhe salvou perguntou. — Para onde irá? Não existe para onde fugir. — Então o homem se dirigiu a todos, erguendo sua voz. — É o fim dos tempos, e lá fora, além desta destruída vila, os dragões esperam para nos matar. Tivemos uma deusa, mas eles a mataram, e agora é nossa vez de morrer. É o fim, e nós somos os largados aqui. Não há para onde fugir! — Então o homem abaixou a cabeça, e em um tom lúgubre completou. — Estamos encurralados aqui.

— Não vou fugir! — Mydeth disse enfim. Olhou para o homem, então para seu vilarejo abaixo da colina. Não havia sobrado nada. Tudo estava destruído e fogo consumia algumas casas. Era possível ver pessoas vagando pelas ruas e vielas abarrotadas de pedras. E era possível ver, além do vilarejo, no sopé da montanha, os acampamentos militares do cerco do exército do Rei Sulista, igualmente destruído. — Se Arcaia salvou-nos todos no último instante, então tenho alguém para procurar.

Com isso Mydeth se virou e deixou o grupo de sobreviventes. Não se importava se fosse preso de novo, se fosse abusado, ou se fosse morto. Precisava encontrar Yndrah, porque sabia, eles eram órfãos, e como tais, só tinham uns aos outros para contar. No fim do dia era apenas os dois.

Mydeth e Yndrah.

Foi assim antes da queda da montanha, foi assim no dia em que Arcaia morreu, foi assim nos dias por vir.

Foi assim, apenas os dois, sempre juntos, que os ciclos prosseguiram. Não importava contra o quê. Era Mydeth e Yndrah contra o mundo! Sempre foi assim.

Sempre será!


Notas Finais


Só gostaria de esclarecer 1 detalhe; a parte em que é narrado sobre o tamanho do órgão sexual do soldado... é pela visão de um menino de 11 anos, pra ele é algo enorme!
Apenas... o próximo capítulo sai em breve. Até lá.


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