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História DeH; A loucura do Príncipe Vertram - O Sangue do Dragão.


Escrita por: yuriPsouza

Notas do Autor


É uma one-shot, e o "DeH" no topo suporta "Draco et Homines" que seria o nome da minha trilogia, que vou postar aqui muito em breve!
Não, não precisa ler a trilogia para entender essa one-shot, ou a one-shot para entender a trilogia. São histórias separadas, só se passam no mesmo universo!
Dito isso, boa leitura, e até as notas finais!

Capítulo 1 - O Sangue do Dragão.


O sol poente no horizonte espalhava o tom alaranjado pelo céu de Vetra, a centenária capital do Reino da igualmente centenária Dinastia Vertram, quando Aleria Kognar entrou em trabalho de parto.

Naquele dia 7 da 3° parte-de-ciclo do Ciclo 661 da Terceira Era, nascia Kólio Kognar. Sua vida, e legado, seriam, tardiamente, tópico para as mais complexas discussões em Vetra e, no futuro, para Kognaryh.

5 ciclos depois, no mesmo quarto, nascia Mesfin Kognar.

Seus pais, Lady Aleria e Lorde Evrenax Kognar tiveram, no meio tempo, duas filhas. Lyra e Frhea, ambas nomeadas Kognar, e ambas deixadas de lado pela crescente onda puritana no Reino de Vetra.

O Rei do Domínio era Doeteriél Vertram, um monarca emblemático e caricato que deixou de legado nada além de confusão, era muito amigo da família Kognar, pois ambas as linhagens ascenderam juntas ao poder depois de deixarem as montanhas de Kognapad para a família inimiga; Os Kalleixeno. E se os Vertram possuíam para si o título de Reis era por nada menos que bondade dos Kognar.

O príncipe herdeiro, Lumaél Vertram, era igual figura de controvérsia. Os motivos, porém, eram outros.

A Ilha do Sul, também chamada Ilha Dragão, aonde se localiza o Reino da Dinastia Vertram, sempre foi terra de liberdade, aonde a antiga Religião do Dragão, embora culpada de certas atrocidades, sempre prezou pela liberdade de seu povo. Já na Ilha Central, também chamada Ilha Magmun, o povo sempre viveu de preces e cultos para entidades menos liberais. Como resultado conseguiram um Sacro-Império e uma religião controladora e abusiva na visão de todos os antepassados do Rei Doeteriél.

E agora, há 600 ciclos, a Ilha Magmun estava sob controle de uma única mulher que se recusava a morrer; A Deusa Arcaia.

Embora alguns acreditassem em sua divindade, sempre foi de consenso na corte de Vetra que Arcaia nada mais era que uma bruxa. Até Lumaél. Então as coisas começaram a mudar com seu filho.

Antes, porém, é necessário contar a história de Kólio, suas irmãs Lyra e Frhea e o irmão caçula Mesfin.

Kólio cresceu acompanhado de seu pai, Lorde Evrenax, um homem militar e inflexível em suas crenças pessoais. Kólio cresceu tão militar quanto, e ainda com quinze anos já era um soldado exemplar, e mostrava ódio e desprezo pela crença Puritana e seus costumes que proibiam todo tipo de liberdade, fosse para falar sore o que quisessem, fosse para dormir com quem quisessem, beber o que quisessem... o Puritanismo sempre foi uma religião cercada de limitações, pois o objetivo era aproximar o homem das divindades, e acreditava-se que esbanjo, opulência, depravação sexual e tudo que cercava o mundo dos prazeres mundanos afastava o homem da perfeição das divindades.

Para Kólio, porém, o Puritanismo era uma forma de controlar as pessoas, garantindo casamentos, evitando embriagues e por sua vez brigas, evitando brigas ao evitar poligamia, evitar agiotagem proibindo jogos de azar, e a lista só fazia aumentar. Kólio duvidava da existência de uma divindade, e quando via Arcaia e seus discursos duvidava mais ainda. Ela não pode ser deusa! Uma criatura assim jamais traria algo bom ao mundo.

Mas o resto do mundo discordava.

No exército, porém, o ódio por Arcaia era comum e também um motivador para as guerras. Kólio aprendeu depressa que muitos dos homens ali eram casados, mas em assédios e saques todos encontravam centenas de mulheres belas e indefesas, e a maioria dos soldados estupravam elas, pois eram prêmios de guerra. Kólio mesmo participou desses atos algumas vezes. Aquilo era, afinal de contas, guerra. Em outros cenários, em um grande cerco, os soldados se encontravam exaustos e precisavam aliviar a tensão, então usavam uns aos outros, mesmo que não falassem muito sobre isso, Kólio também vira, ouvira, e participara certa vezes. Eram necessidades do corpo para aliviar a mente, e prepara-los para o combate. Isso tudo seria impossível no Puritanismo sem serem condenado ao eterno sofrimento com os Deuses do Inferno. Então Kólio não podia, nunca, apoiar o Puritanismo.

Sua irmã, Lyra, se juntou ao exército também, pois os Kognar sempre foram bem-vistos e, além de tudo, Vetra e toda a Ilha Dragão sempre foi território aonde homens e mulheres despendiam de igual liberdade para profissão, deveres e direitos.

Já os outros dois, Mesfin e Frhea, foram o contrário. Frhea sempre foi a filha mimada, adorada, e bajulada da família por todos os tios, mostrando, desde muito jovem, aptidão política. Mesfin, sempre excepcional guerreiro, nunca gostou de guerrear. Então não demorou para que deixasse a carreira militar, mas com boa reputação, e migrasse para a política para junto de sua irmã, Frhea, que era então uma Magister.

Foi em 678 da Terceira Era, que o Príncipe Lumaél, então com 18 ciclos, decidiu embarcar em uma missão ousada. Na ocasião Kólio, o mais velho dos irmãos Kognar, tinha 17 ciclos, e ainda estava no exército fazendo sua escalada ao poder. Sua irmã, Lyra, tinha apenas 15 ciclos e havia acabado de iniciar seu treinamento militar. A outra irmã, Frhea, tinha 14 e estava ocupada aprendendo tudo que meninas na corte aprendem e o mais novo deles, Mesfin, tinha apenas 12 ciclos e estava servindo como escudeiro para o irmão do Rei.

Mesfin foi o que mais soube sobre a viagem do Príncipe.

Ele participava, como copeiro do irmão do rei, nas reuniões. Descobriu que Vetra e todo o domínio estava ameaçado, Arcaia queria pôr fim às depravações dos homens do Sul, e para isso preparava um exército. O Príncipe Lumaél, então em sua juventude e cheio de fervor, se ofereceu para intermediar a situação.

— Viajarei para a Cidade Imperial Magmun, no coração do Sacro-Império de Arcaia, e conversarei com a própria deusa. Se me der autorização, pai. E então não haverá uma única gota de sangue derramada.

Lumaél havia dito, Mesfin havia escutado. E assim foi feito, depois de discussões longas sobre a segurança do herdeiro, Lumaél partiu para a ilha central para encontrar-se com a Deusa.

E dois ciclos se passaram, exércitos se preparam para a guerra, até que Lumaél retornasse.

O herdeiro da dinastia Vertram, porém, não era mais o homem que partira. O que Arcaia fez com você? Mesfin se perguntava, toda vez que via Lumaél. O príncipe havia mudado, agora não odiava, se é que um dia odiou, o puritanismo. E para evitar a guerra ele ofereceu apenas uma solução; liberdade para conversão.

Instaurou pontos aonde aqueles que quisessem podiam se converter ao puritanismo, e o pior, seu pai, o Rei Doeteriél, permitiu.

Kólio, já com seus 19 ciclos e ascendendo depressa na carreira militar, via aquilo como uma ofensa aos costumes de Vetra e do povo que ali morava. Lumaél traiu todos eles, mas a grande traição ainda não havia acontecido.

Então no ciclo seguinte, 681, Evrenax, pai de Kólio, Lyra, Frhea e Mesfin, faleceu de um infarto quando recebeu ordens do príncipe de fazer a proteção de convertidos puritanos que queriam professar a palavra de Arcaia nas ruas, mas estavam sendo hostilizados pelos praticantes da religião do dragão.

Com o cargo aberto, Kólio assumiu o posto de seu pai, e com punho de ferro negou-se a seguir as ordens do príncipe, indo diretamente ao rei, com quem manteve laços por quatro ciclos até 685, quando foi condecorado Marechal do exército por Doeteriél em pessoa, indo contra as vontades de Lumaél, que via em Kólio um inimigo à proliferação do Puritanismo na Ilha Dragão. A tensão política e religiosa estava se tornando enormes.

Nessa mesma época, em 685, Mesfin tinha 19 ciclos, e ingressou ativamente na política, como um centrista, evitava posicionar-se a favor do irmão ou do príncipe, focando em mediar os conflitos crescentes entre Puritanos e os que seguiam os costumes do Dragão.

Não demorou para que a tensão aumentasse, chegando em níveis extremos em 687 da Terceira Era, quando Kólio preparou o exército para um golpe de estado, as opções eram poucas, ou o Rei exilava seu filho e herdeiro, ou o exército tomaria o poder de Vetra e deporia Doeteriél e executaria Lumaél em praça pública. Ante aquela ação, os políticos se viram em um empasse, precisavam apoiar um lado, mas não sabiam qual ganharia.

Mesfin foi o mediador da situação entre o Marechal Kólio e o Rei Doeteriél. Mesfin convenceu o irmão Kólio não invadir o castelo e o palácio, mas sim iniciar uma conversa diplomática. Kólio, mesmo assim, fez um cerco ao redor dos principais prédios públicos como forma de pressionar.

O cerco se estendeu por 3 ciclos, até 690, quando o Rei, pressionado por todos os lados, optou por, em um cerimonia secreta, passar o poder de Rei Regente para seu filho Lumaél.

Mesfin estava na cerimônia, contra sua vontade. Lumaél havia lhe dito;

— Meu pai ama seu povo, e sabe que seu irmão trará apenas morte para todos com suas revoltas e golpes ilegítimos de estado. Meu pai sabe que Arcaia marchará sobre todos nós em sua fúria e magia, e ele sabe que a única forma de impedir isso é aceitando a verdadeira deusa. E você ficará. Não deixará o castelo até minha coroação, ou será decapitado. — Ameaçara, o príncipe Lumaél. — E no final será testemunha que meu direito de reinar é legitimo, e que farei o melhor para o povo de meu pai, meu povo!

E assim foi feito. Mesfin serviu de testemunha aquele golpe do Rei Doeteriél, que passou o poder ao filho por amor e por covardia.

Então o cerco se desfez com um novo rei no poder, e um exército de fanáticos nas ruas. Os que ousaram, mesmo assim, questionar a autoridade do Rei Lumaél, foram massacrados em combate e os sobreviventes aprisionados.

O que inclui Lyra Kognar. Ela foi condecorada capitã de tropas por Kólio ainda na época do Cerco contra os prédios, depois disto, tomada pelo poder que havia conseguido, Lyra foi se tornando um perigo até mesmo para Kólio, pois deixou de obedecer ordens, indo por um viés extremista. Embora negado, é sabido que Lyra e seus homens estavam intimamente ligados ao assassinato de dezenas de inocentes que seguiam o Puritanismo.

Os planos de Lyra para a coroação de Lumaél incluíam a morte do príncipe. E ela foi feita prisioneira neste mesmo dia, mas muitos dos seus seguidores fugiram, e continuaram a espalhar a onda de terror por Vetra.

Lyra negou-se a cooperar com o agora Rei Regente Lumaél Vertram, que lhe pediu os nomes de todos os envolvidos com suas ações. Lyra suportou dois ciclos de interrogatórios até que fosse julgada e a sentença de morte fosse cumprida.

Ainda no dia da coroação, um movimento separatista surgia dentro dos mais influentes políticos. Era o fim de uma era particular para os Vertram, e o início de uma nova época para os Kognar.

Cinco ciclos depois da coroação de Lumaél, grande parte dos que apoiavam a religião do dragão estavam encarcerados para julgamento e Vetra passava por um processo de conversão em massa. Combates constantes nas ruas, sangue nas paredes, corpos no chão. Era uma visão comum já. Lumaél pretendia, e conseguiu, concluir esse processo de conversão antes de alterar as diretrizes do Domínio. No Puritanismo execuções eram assunto sério, jamais tomadas como simples, para uma pessoa ser executada era necessário um crime realmente grave.

Lumaél sabia que depois de Vetra adotar o Puritanismo como religião oficial não poderia mais executar aqueles que se impunham contra a nova fé, não sem ferir a própria fé. Então aproveitou-se do período de conversão para caçar e executar o máximo possível de infiéis que lutavam contra seu governo.

Vetra se tornava, dia após dia, um lugar tão Puritana quanto qualquer cidade na Ilha Magmun.

Ainda na política, Mesfin Kognar se via com uma obrigação ruim delegada a sua pessoa como forma de vingança particular de Lumaél.

Mesfin estava vivendo dias amargos, teve que ver a própria irmã ser executada e foi forçado a caçar o irmão, Kólio, que após a coroação teve pouco tempo para se ajustar a nova realidade aonde o exército se fragmentou e ele perdeu o título de Marechal. Na onda revolucionária falida Mesfin organizou o golpe que fragmentou as forças armadas colapsando as possibilidades de Kólio conseguir tomar o poder, o que pareceu uma traição de sangue, mas Mesfin sempre soube o que estava fazendo.

Kólio agora vivia escondido nas ruas de Vetra, caçado por Mesfin que na verdade sabia exatamente aonde ele estava.

— Lumaél é cego por ódio, um pecado gravíssimo. — Mesfin havia dito mais de uma vez. — Ele aceitou minha proposta de pagar para fragilizar o exército e fragmentar os capitães e os tenentes com subornos. O dinheiro que Vetra colocar nas mãos dos soldados será repassado para você, irmão, como resultado deste suborno você perderá a guerra civil. Deixará que essa revolução seja falida e aceitará derrota, se esconderá e viverá nas sombras, alimentado pelos subornos milionários que eu garantirei que Lumaél pague aos soldados. E com esse dinheiro uma nova era surgirá para os Kognar, não em Vetra.

Mesfin havia planejado tudo por muito tempo, e embora odiasse, nunca deixou seu ódio cegar seu julgamento, e por isso prevaleceu.

Depois da coroação, Kólio estava rico e escondido com o exército se fragmentando enquanto Frhea, a irmã mimada, fugiu de Vetra para além do Domínio e Mesfin usava suas últimas fichas para influenciar o novo rei.

Em 695 Vetra se transformou em uma cidade Puritana oficialmente e recompensas foram ofertadas para quem soubesse a localização de Frhea e Kólio.

Mesfin garantiu que o dinheiro que Lumaél pagou para fragmentar o exército e estava com Kólio chegasse, através de carruagens levando falsa mercadoria para nações aliadas, nas terras além do Domínio, então as carruagens deixavam a mercadoria e boa parte do dinheiro, voltando para Vetra com a quantia equivalente ao valor das cargas que levou para comercializar, afim de manter a farsa.

Nas terras além do Domínio, Frhea Kognar organizou a construção da estrutura de uma pequena vila no primeiro ciclo usando o dinheiro e os recursos desviados de Vetra.

De certa forma o Rei Lumaél pagou para que uma cidade fosse erguida sem saber. E assim os boatos surgiram e mais e mais pessoas fugiam do Domínio dos Vertram para a vila Kognar aonde podiam ser livres como antes eram em Vetra.

Mas este não foi o final. Não demorou muito para que o Rei Lumaél descobrisse deste refúgio fora do Domínio, mas Vetra estava concentrada em um grande evento. A cidade receberia a visita da própria deusa; Arcaia viria à Vetra. Então Lumaél deixou o vilarejo em segundo plano, mas tomou ações. A mais drástica foi a prisão de Mesfin. Este, porém, já contava com tal evento, e organizou seu exílio com bastante sapiência, escapando das mãos puritanas de Lumaél Vertram.

Mesfin entrou em contato uma última vez com Kólio, e então viajou para o refúgio Kognar organizado por sua irmã, Frhea.

Kólio, agora sozinho em Vetra, tinha nas mãos a liberdade para agir como bem lhe aprouvesse. Optou por ignorar os conselhos de seu irmão, e começou uma insurreição ainda na véspera da chegada de Arcaia em Vetra.

Foram dias de terror para o Rei Lumaél. A caçada sangrenta que o rei havia perpetrado contra os seguidores da religião do dragão agora se virava contra ele e puritanos eram atacados constantemente sendo deixados estripados nas ruas pelas manhãs, cofres públicos eram assaltados e os lucros saqueados desviados para o refúgio Kognar. Os Kognar não se renderiam, isso estava óbvio, mesmo assim, Lumaél nada fez, embora quisesse a cabeça de Kólio em uma estaca.

Kólio sabendo dos planos de Lumaél, encerrou o contato com seu irmão e irmã e parou de mandar-lhes os lucros provenientes dos saques aos cofres do estado.

Quando a deusa chegou em Vetra, em 697 da Terceira Era, também Mesfin fundou, oficialmente, a cidade de Irwin, nas margens da fronteira do Domínio e trabalhou a criação de um código de leis que proibisse a entrada do puritanismo no governo.

E foi então que na caminhada para os súditos aonde Arcaia condecoraria Lumaél como representante puritano de além-mar, que Kólio ressurgiu no cenário de Vetra, com explosões, fogo e ruína. Nas histórias é dito que um atentado à vida de Arcaia foi malsucedido, mas os que viram, nunca se esqueceram.

As torres explodiram em seus alicerces, tombando contra a avenida, os prédios explodiram, do chão a terra tremeu e catapultas da base militar atiraram barris de óleo fervente contra a deusa. Lumaél assistia tudo do fim da avenida, espantado demais para reagir no ato.

Viu os soldados que acreditava lhe obedecer traírem suas ordens, viu óleo cair do céu contra as ruinas de uma avenida, e viu uma chuva de flechas em chamas ascender uma fogueira que queimaria por dezenas de dias.

Kólio então saiu do forte militar, munido do exército de Vetra, descontente com as ações de Lumaél para com a grandiosa cidade. Arcaia estaria morta, e Lumaél seria o próximo. Mas Kólio errou.

Ao sair para o último ataque tinha Lumaél na sua frente e a cova em chamas de Arcaia nas costas. E então a fogueira que queimaria por dias se apagou com um urro gutural que espalhou não apenas vendaval, mas terror e medo, destilou fúria, e no segundo seguinte uma explosão, não de pólvora, antes fosse... uma explosão vazia, o próprio ar se rompeu em fúria e as rochas das construções demolidas foram jogadas para longe e no chão repleto de escombros estava Arcaia, em pé, intocada, protegida por um domo invisível, assim como aqueles que a seguiam e estavam próximos o bastante, mas dezenas de corpos estavam incinerados e esmagados ao redor.

Kólio então se viu encurralado, e os soldados que antes a chamavam de falsa-deusa se viram desacreditados. E a deserção tomou força.

Arcaia não podia ser assassinada, Kólio ainda tentou. Avançou ele mesmo contra a deusa, de espada em punho tentou desferir golpe fatal, mas Arcaia segurou a lâmina com a própria mão e tirou-a de Kólio, rendeu o homem com facilidade surreal e o colocou de joelhos.

— Kólio Kognar, você está preso e será julgado e condenado pelo crime de Deicídio.

Deicídio... aquela palavra soava surreal. Como se mata um deus?

Longe dali, Mesfin recebeu a notícia do que seu irmão havia feito e do número de inocentes assassinados no processo. Negou-se a ajudar, mesmo quando Lumaél ofereceu a possibilidade de um julgamento justo nas leis da Antiga Vetra antes do Puritanismo.

— É uma armadilha, não vê isso? — Ele havia dito para sua irmã, Frhea, que insistia em comparecer.

— Ele é sangue do nosso sangue. Não posso abandonar meu irmão.

Com isso, em uma ruptura política, Frhea deixou a cidade de Irwin e as chances de ser a líder daquele povo. Viajou para Vetra, para sua cidade natal. E lá encontrou-se com um Lumaél que desconhecia.

O rei Lumaél havia se tornado um homem rancoroso, pois após o atentado, Arcaia havia perdido o interesse em Vetra, perdido a fé nos Vertram. Então, tomado por ódio dos Kognar, Lumaél Vertram mandou que executassem, em segredo, a irmã de Kólio. E assim foi feito quando forçaram Frhea a ficar deitada no chão e cavalos passar por cima dela, até que morresse, fazendo parecer ser um acidente.

Lumaél sofria com as limitações do puritanismo para execuções, então precisou ser criativo com Frhea, mas não com Kólio. O crime de Kólio era imperdoável. A sentença era morte!

Mas nem mesmo a morte de Kólio Kognar pode apagar a chama que ele ascendeu. Nem mesmo Arcaia pode.

Em 712 da Terceira Era Kólio Kognar morreu na forca, em praça pública, sob a visão de milhares de pessoas em completo silêncio, pois todos que assistiam secretamente compactuavam com sua cruzada por liberdade. E Lumaél havia pensado ter conseguido eliminar seus problemas, mas Vetra estava perto da ruína.

De Irwin, Mesfin assistiu a guerra civil implodir na cidade enquanto as religiões digladiavam por poder e Lumaél perdia o controle de tudo caindo no abismo de assassinatos e pecados que o Puritanismo não perdoaria, e foi questão de tempo até Arcaia se pronunciar a respeito de tudo aquilo. Vetra teria um novo tipo de governo, presidencial, aonde novos líderes seriam escolhidos entre os mais puros para governar, pois Lumaél havia se tornado exatamente o que o Puritanismo combatia. Mesfin sabia a verdade, Lumaél não havia se tornado, ele sempre fora.

Com a guerra civil crescente, o presidencialismo fechado, e a economia quebrada, Vetra sucumbiu lentamente, tal qual a Dinastia Vertram, que perdeu a coroa, os súditos, a honra e o poder.

De longe Mesfin assistiu uma milenar civilização tombar enquanto o único Kognar restante reerguia o nome em uma nova cidade, uma cidade livre para homens livres.

E nos 500 ciclos que seguiram Vetra se despedaçou até nada sobrar além de destruição e anarquia. O domínio foi despedaço, todas as cidades ao redor de Vetra destruídas na guerra, e sua população reduzida há pequenos grupos nômades vagando de cidade em cidade, em conflitos por propriedades.

Aproveitando-se da fragilidade de Vetra, os Canibais da floresta Verium no Oeste atacaram e sitiaram as terras do Domínio por mais dezenas de ciclos, escravizando e sacrificando os últimos sobreviventes.

E depois disso tudo foi necessário que se passasse mais 1.200 ciclos até que Irwin fosse grandiosa e Vetra fosse apenas lembrança.

E apenas então surgiu outro nome;

Kaleyesus Kognar, nascido em 1979 da Terceira Era, Lorde de Irwin ainda aos 17 ciclos de idade, exímio militar, guerreiro e político, decidi que é hora de regressarem para casa.

Kaleyesus foi o 1° Rei Kognar na história, coroado em 2039 da Terceira Era, livrou as ruinas de Vetra dos Canibais, reergueu o Domínio, deu novo começo ao velho império, passou o poder de Irwin para a família Galyukar com qual se casou e teve uma filha. E encontrou o maior de todos os tesouros; Um ovo de dragão, o qual pretendia chocar.

E assim nasceu o Império Kognar, forjado das ruinas de uma civilização milenar, fermentado com ódio de uma religião autoritária, erguido sob os ossos de uma dinastia extinta, com os alicerces sob as carcaças de canibais, e sustentado pela fibra inigualável que corre no sangue dos Kognar.

Que corre naqueles que nascem com o Sangue do Dragão!


Notas Finais


Espero que tenham gostado, e gostado da mitologia acerca de Draco et Homines.
Para quem tiver interesse, a trilogia (que postarei em breve) é toda sobre o Retorno da Deusa Arcaia, na 5° era. A queda da casa Kognar, e vários outros eventos!
Então quem curtiu, fica de olho, que logo tem mais coisas, inclusive mais one-shot, sobre o universo de DeH! :)


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