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História Deixa rolar. - Seria tão ruim assim?


Escrita por: Pirataurbana

Capítulo 2 - Seria tão ruim assim?


Fanfic / Fanfiction Deixa rolar. - Seria tão ruim assim?

Ao contrário do esperado eu não estou irritado, na verdade não posso nem dizer que estou confuso, o que está girando na minha cabeça agora não deve ser uma emoção conhecida, o problema é que eu odeio não saber das coisas.

A conversa com o Green foi esclarecedora, assim como eu ele saber pensar de forma analítica, por isso é fácil entende-lo, infelizmente ele disse que não havia muito que pensar, Gold estava claramente apaixonado por mim, mas, cabeça dura do jeito que ele era, jamais iria admitir abertamente.

— Silver, se isso está lhe afetando tanto talvez seja hora de você colocar seus sentimentos em ordem — instruiu Green a certa altura da conversa. — Você está bem controlado em vez de o xingando, o que me leva a crer que isso não te irritou.

— Não irritou, mas também não agradou — respondi com um suspiro. — Não sei bem dizer o que aquela carta me fez sentir.

Green sorriu e riu. Lembro-me de ter corado um pouco com aquilo.

— Nossa, é como ter um irmãozinho mais novo — disse ele quando cessou o riso. — Bem, você precisa pensar, decidir o que quer fazer é por fim ir falar com ele.

— Falar com ele? E dizer o que?

— Aí é com você. Silver, você é esperto, vai perceber rapidinho onde estou querendo chegar.

Queria que esse "rapidinho" chegasse logo, quanto mais eu me aproximo da casa dele mais minha cabeça dói. Eu deveria ter ido para casa, mas se eu fosse isso ficaria na minha cabeça eternamente e ele iria me ligar querendo saber por que não apareci. E ainda havia o pequeno serviço que Green tinha me dado. É, não poderia fugir desse encontro.

— Cara, até que fim! — ouvi o grito dele quando ainda estava na esquina. — Achei que ia me deixar na mão!

Não respondi até me aproximar. De escandaloso nesse mundo basta o Gold e a Sapphire.

— Quer mesmo avisar para toda a cidade sobre meu atraso? — ergui uma sobrancelha. — Você sabe que eu viria, prometi afinal.

Na última vez que fui lá tínhamos combinado que eu o ajudaria no dia de levar os pokémons. Entenda, a cada dois meses Gold leva os pokémons que já estiverem crescidos e saudáveis para a Crystal, ela por sua vez se encarregava de achar bons treinadores para eles. Os pokémons que Gold criava já eram conhecidos em Kanto, Jotoh e até Hoenn, pessoas às vezes ofereciam até dinheiro a ele por eles, coisa que ele jamais aceitava é claro. Gold só aceitava dinheiro quando alguém treinador pedia para que ele cuidasse de um de seus pokémons por um tempo, e mesmo assim só o fazia se gostasse do treinador em questão.

— Ah, trouxe uma coisa para você — tirei minha mochila e a coloquei no chão. Abri o zíper com cuidado para mostrar o ovo que tinha trazido. — Deixaram ele no centro Pokémon de Veridiana, a enfermeira entregou pro Green e ele pediu para eu trazer a você.

Gold pegou o ovo com cuidado, seus olhos brilhando de empolgação ao ver o futuro novo filhote. Nunca tinha reparado como ele fica feliz nessas horas, seu sorriso fica tão brilhante que é até fácil esquecer-se do costumeiro riso orgulhoso. Ele acaricia a casca com cuidado, olha cada cantinho com um cuidado analítico. Por fim solta um pequeno riso e anuncia:

— É um ovo de cubone, em perfeito estado, eu diria que com os cuidados ideais nascerá em um mês. Cubones bebês são especialmente carentes, você sabe por quê?

— Por que eles nunca irão conhecer suas mães — respondi. — Não precisa ser um criador para saber disso.

— Em todo caso pode ir lá para a Day care, vou colocar esse aqui na incubadora e já te alcanço.

Eu concordei. Era estranho como estava tudo normal, não sei o que eu esperava, mas achei que iria ter um clima pesado no ar. Talvez seja bobagem minha pensar isso, afinal ele nem sabia que eu tinha visto a carta.

Ao chegar à DayCare tirei todos os meus pokémons das pokébolas, meus companheiros adoravam aquele lugar eu quase os podia ouvir vibrar quando estava me aproximando. Apesar do espaço ali não ser muito grande eu logo os perdi de vista, não me preocupei é claro, bastaria que eu chamasse e todos voltariam. Fiquei observando os pokémons que brincavam, a maioria bebês, mas tinham aqueles que Gold cuidava temporariamente a pedido de algum treinador, todos pareciam muito felizes e saudáveis. Sem dúvida ele tinha um talento incrível.

— Pode parar de chorar, o grande Gold voltou.

Ele gritou tão alto que eu pulei de surpresa. Anos de amizade, mas jamais vou me acostumar com os gritos dele.

— É eu percebi, na verdade acho que a Crystal deve ter ouvido lá da casa dela.

— Se ela ouviu deve estar sorridente por ter ouvido minha voz. Agora, vamos.

Dessa vez eram poucos pokémons, duas chikoritas, um aipom e um toguepi. O mais complicado era que não podíamos colocamos nas pokébolas, afinal quem faria isso seriam seus novos donos. Se você nunca andou de carro com um Aipom... Apenas não faça isso.

— E então... Você vai dormir lá em casa?

A pergunta me assustou, eu já devia a estar esperando, mas depois do que eu li... Ah cara, se eu respondesse não ele iria querer saber o porquê.

— Eu vou, se eu fosse para casa só chegaria amanhã — gemi de dor quando o Aipom acertou a pata na minha cabeça. — Aí! Sortudo o que pegar esse aqui!

— A Crys vai achar alguém que combine com a personalidade dele. Eu confio nela, tive a chance de ver alguns desses pokémons adotados depois e todos estavam muito bem.

— Deve ser difícil para você os deixar ir...

— Um pouco, mas eu não posso ficar com todos, eles merecem donos que lhes possam dar ao menos um pouco de aventura. Claro que se eu pudesse sair em uma nova jornada com todos eles eu sairia.

— Seus pokémons nunca te perdoariam.

— Principalmente o Togebo, sinto a dor só de pensar no que ele faria se eu o deixasse para trás.

Continuamos conversando pelo resto do caminho, o assunto vinha com facilidade, mesmo que fôssemos amigos há muito tempo as semanas separados enchiam nós dois de novidades. Entre risadas e provocações chegamos ao orfanato onde Crys nos esperava.

— Vocês estão atrasados! — ela reclamou assim que descemos do carro.

— Culpa do ruivinho aqui — Gold apontou para mim. — Trouxemos quatro pokémons.

— Ótimo, as crianças estão ansiosas para vê-los — ela bateu palmas empolgadas. — Duas delas já estão com a idade de sair para a jornada.

— Por que não foram até o professor Carvalho? — perguntei.

— Nem todos podem ser pokeholders, você sabe que esse título é ganho com convite, mesmo que o seu convite tenha sido depois de... Você sabe...

— Ok, sem lavar roupa suja — levantei os braços. — Não precisar jogar na minha cara essas coisas.

— Ora Silver, isso não importa — Gold deu com os ombros. — Você tinha seus motivos na época e, parando para pensar, se não tivesse feito isso talvez nós três nunca tivéssemos nos conhecido.

Suspirei me dando por vencido. Aqueles dias negros já eram passado, não havia porque me torturar lembrando deles. Naquela época eu não ligava para o certo ou o errado, nem ao menos tinha noção dos dois, só queria realizar meu objetivo e nada mais. Gold, Crys, Blue e Green foram essências para minha mudança no que sou hoje. Às vezes me pergunto se mereço tanta sorte, tenho medo de pensar no que teria acontecido comigo se não os tivesse conhecido... Se não tivesse conhecido ele...

—  Silver...Silver... Acorda!

— Ah! Tirou o dia para me deixar surdo Gold? O que foi?

— Você ficou aí delirando sozinho em quanto eu e a Crys levamos os pokémons para dentro. Acabamos por aqui, quer ir comer alguma coisa antes de voltar?

— Não podemos comer na sua casa?

— Tudo bem, eu andei praticando sabe, aprendi a fazer uma lasanha...

— Tudo menos isso! Depois de imaginar isso eu até pago o lanche.

Se você acha que estou exagerando é por que nunca provou a comida dele. Acho que veneno de arbok deve fazer menos mal, da última vez passei mal por dois dias.

— Silver, tem uma coisa que estou querendo te perguntar.

Levantei os olhos do meu sanduíche e o encarei. Não ia vim coisa boa, bem que eu estranhei ele estar calado desde o instante que entramos na lanchonete.

— O que seria? — perguntei respirando fundo.

— Esse meu novo boné deixa minha cabeça grande? É que o Ruby disse que deixa ai eu...

— Ah seu imbecil! Eu deveria jogar esse milk-shake em você!

Ele caiu na gargalhada. Eu já devia ter me acostumado com essas bobagens dele apenas para fazer graça, deu uma risada baixa e sorri de lado. Aquele palhaço sempre acabava me fazendo rir.

— Eu gosto...

— Hã? Do que? — perguntei confuso.

— De te ver sorrindo, as vezes tenho a impressão que você só faz isso quanto estamos sozinhos.

Virei o rosto tentando disfarçar o rubor. Aquele maldito, eu nunca percebido isso, será que era verdade? Eu só sorria de verdade quando estava com ele?

— Gold, agora eu quero te perguntar uma coisa — reuni toda a coragem que eu tinha. — Os outros andaram te fazendo perguntas sobre nós?

Ele se engasgou com o refrigerante, levou alguns segundos para conseguir falar.

— Per-per-perguntas? Tipo o que? Eu não sei de nada!

— Sabe, quando fui pegar aquele ovo o Green me perguntou algumas coisas — era mentira claro, mas eu não iria falar da carta. — Ele perguntou se eu e você... Bem...sabe...

— Isso... Eu... — ele respirou fundo. — Tá bem, na verdade também andam me perguntando essas coisas. Devia ter te falado mais...

— Está tudo bem.

— É que... Essas perguntas, não acredito que eles...

— Seria tão ruim assim se fosse verdade?

Ele de calou. Depois de uma década de amizade finalmente deixei o Gold sem palavras, mas não estava feliz por isso. O maior problema na nossa relação? Ambos somos sinceros ate demais, magoamos e irritamos o outro com uma frequência nada interessante.

— Gold, eu não...

— Não sei se seria ruim — ele disse me interrompendo. — Apenas não estou pronto para descobrir. Pague a conta está bem? De repente não estou me sentido bem.

 



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