História Deixar De Amar Você - Imagine Jeon Jungkook - Complicações

Jeon JungKook

Janeiro 2018 — 09:23 a.m 

Meu Apartamento

A primeira coisa que fiz ao acordar foi buscar seu corpo, porém, não senti nada ao meu lado e abri meus olhos de imediato, encontrando o espaço ao meu lado vazio e desarrumado. 

– _________? – chamei-a, porém, não obtive nem um ruído sequer. 

Levantei-me do colchão e procurei um bilhete pela cama, todavia, nada estava ali. Suas roupas não estavam no chão como estavam noite passada e, quando alcancei a sala, não encontrei nenhum papel sequer. Fui até a cozinha beirando a esperança de vê-la preparando o café ou só sentada em uma das cadeiras, entretanto, tudo estava intacto e nada de novo  no local — sim, eu ainda procurava por um bilhete —. 

Deduzi que ela não fosse desse tipo, muito melosa. Me forcei a acreditar que a encontraria na empresa, a cumprimentaria com um beijo e tudo iria continuar como antes, iríamos ter nossos encontros, ter mais noites como a passada e enfim, um relacionamentos sério que tanto almejo ter com a garota. 

~♥~

Quando cheguei na Big Hit, meu humor era um dos melhores, só faltava eu sair cantando por aí, porque saltitar eu já estava fazendo. Os olhares que recebi eram alegres e, mesmo aqueles rostos ostentando sorrisos, também mostravam uma curiosidade exuberante. Não os culpo, são raros os dias que chego totalmente alegre nessa empresa. 

Atravessei corredores até chegar no meu local de trabalho, o qual olhei em volta e logo avistei a cabeleira brilhante de ________ sentada não tão longe de mim. Fui até ela a pequenos e silenciosos passos, passando meus braços ao redor de seu tronco ao aproximar-me e selando de leve sua bochecha quente.

– Bom dia! – esperei que ela tocasse meus braços com carinho, porém, ela continuou imóvel e eu me afastei para vê-la virar-se de frente para mim. 

– Hm, oi. – não olhou-me diretamente, o que me causou um certo desconforto. 

– Tudo bem?

– Tudo. – respondeu-me curta e, ao olhar-me, eu vi em seus olhos o que eu mais temia. Indiferença. Abri a boca para confrontá-la, porém, ela prosseguiu: – Pode me deixar sozinha? Estou tentando trabalhar. 

Aquilo foi como um tapa no meu rosto, eu já podia sentir o queimar da pele mesmo que não fosse real. Queria entender o porquê de tanta indiferença, o porquê de tanta frieza sendo que ontem trocamos carinhos cheios de amor e desejo. 

– T-tudo bem. – respondi cabisbaixo e saí dali antes que pudesse chorar na frente dela. Talvez eu esteja exagerando, mas é que estou realmente com medo de ter sido apenas usado. 

Janeiro 2018 — 08:02 a.m 

Apartamento de Jeongguk

Quando acordei, o pânico cresceu dentro de mim e, aos vislumbrar o corpo do garoto ao meu lado ressonando calmamente, eu pulei da cama e quase fui ao chão, ato que fez o rapaz se remexer, mas não acordar. Corri pela casa até achar todas as minhas roupas e, ao trocá-las, saí daquele apartamento me sentindo enjoada por saber o erro que cometi.

Eu estava atrasada, precisava ir para casa, comer, tomar um banho e colocar outra roupa, uma que não estivesse impregnada com o cheiro de Jeon que enchia meus olhos de lágrimas. Sim, eu queria chorar, queria chorar por ter sido impotente, tola e por fazer algo que vai machucar ambas as partes, mas que precisa ser feito para impedir maiores ferimentos. Como pude deixar o cansaço me vencer? Como pude atender o desejo daquele garoto e dormir ao seu lado? Mesmo que ele acorde e não me veja, foi um tremendo erro. 

A regra era básica, uma regra que eu repetia todas as vezes em minha mente. Transar e ir embora assim que a transa acabar, evitar, a todo custo, deitar e adormecer ao lado daquele que me satisfez por uma noite. Contudo, Jeon foi o único que me fez quebrar a primeira barreira da regra. Não por deixar-me exausta pelo sexo frenético, mas sim por fazer-me desejar estar em seus braços. 

Eu, Infelizmente, tinha que cortar tudo antes que as coisas piorassem. Se é que podiam piorar. 

Janeiro 2018 — 10:12 a.m 

Big Hit Entertainment

Quando ouvi a voz doce de Jeon ecoar pelos corredores, eu quis chorar, o espaço entre meus olhos ardeu para fazê-lo, mas eu segurei tudo dentro de mim e finquei meus olhos na tela do computador a minha frente, por mais que não estivesse prestando atenção em nada. Eu ouvi seus passos que, pelos sons ritmados, ele deveria estar saltitando enquando cumprimentava a todos com a voz melodiosa e mais empolgada que o normal. Pensei em esquecer tudo e me jogar nele, Todavia, as lembranças ainda me assombravam e eu não tinha forças o suficiente para fingir que elas nunca existiram e tentar novamente. Eu não tinha.

Não precisei virar-me para saber que ele estava atrás de mim, pois seus braços rondaram meu tronco e beijou minha bochecha, a qual queimou com o contato. 

– Bom dia! – ele disse todo feliz e eu quase deixei uma lágrima cair, quase. 

Continuei imóvel, virada para frente como se fosse uma estátua de cera. Jungkook percebeu isso é soltou-se de mim aos poucos, notei pelo canto dos olhos que ele exibia uma feição confusa, mas que logo foi trocada por um sorriso super adorável que eu odiava ter que destruir. 

– Hm, oi. – falei virando-me e evitando olhá-lo. 

– Tudo bem? 

– Tudo. – respondi curta, o que rasgou minha alma e fez com que eu me odiasse ainda mais. Miro o garoto e ao encontrar seus olhos, mostro indiferença a ele e quase, quase o abraço quando vejo seu olhar triste. – Pode me deixar sozinha? Estou tentando trabalhar. 

Meu Sunbae — sim, ele ainda era meu Sunbae por ter o cargo superior. — ficou paralisado enquanto encarava-me incrédulo, confuso e espantado. Senti vontade de beijá-lo e transformar aquela feição entristecida em uma feição alegre, porém, eu era fraca demais para aquilo. Portanto, permaneci encarando-o com tanta frieza falsa que senti que dali iria direto para o inferno. 

– T-tudo bem. – sua voz saiu balbuciada e eu quis apertá-lo contra meu peito e gritar inúmeros pedidos de desculpas, no entanto, eu não podia. Não o amo, e nunca vou chegar a amar, não posso enganar a ele e a mim mesma. Eu não sou mais capaz de amar.

Cabisbaixo, Jeongguk se afastou e aquilo foi como uma espada atravessando-me sem um pingo de dó. 

Jeon JungKook

Janeiro 2018 — 07:18 p.m 

Big Hit Entertainment

O ar pesou quando ________ adentrou naquela grande caixa de metal denominada elevador. O cubículo era espaçoso, porém, ficou parecendo minúsculo quando ela se posicionou ao meu lado, um pouco afastado. Ela não olhava-me, muito menos me dirigiu uma sequer palavra quando entrou, fazendo com que eu ficasse ainda mais angustiado e meus dedos suados brincassem de forma frenética no tecido da calça. 

– Q-quer sair hoje? – perguntei nervoso. 

– Não. 

– Por que? – já estava temendo a resposta. 

– Não estou afim. – deu de ombros, fechando os olhos e se encostando no grande vidro como se estivesse cansada. 

Aquilo foi a gota d'agua. 

Em um movimento rápido, peguei os pulsos da garota e coloquei-a literalmente contra a parede, com meu corpo prendendo o seu é minhas mãos segurando firmes seus pulsos ao lado de sua cabeça. 

– Mas o que- 

– Me diz o que está acontecendo! – apertei de leve seus pulsos quando ela fez menção de querer fugir. 

– Jeon Jungkook, me solta! – gritou, se debatendo maia uma vez, todavia, eu não a soltaria por nada. 

– Não até você me falar o que está acontecendo! – exigi gritando. 

– O que você quer saber porra?!

– Por que está ne tratando desse jeito, como se eu fosse insignificante? Eu fiz alguma coisa errada? Falei algo? Te machuquei ontem?! – comecei a criar hipóteses que eram impossíveis de serem reais. 

___________ se aquietou. Seus olhos correram por todo o lugar como se ela procurasse uma saída, todavia, o lugar estava completamente fechado e não abriria tão cedo. Vendo que estava sem saída, a brasileira engoliu em seco e fechou os olhos, respirando fundo duas vezes e soltando o ar pesado em seguida, retornando a olhar-me com os luzeiros profundos e... Tristes? Não, espera, eu devo estar vendo coisas. O ar daqui está tão quente e pesado que já está me fazendo delirar e, ainda por cima, ter o corpo dela e seus lábios entreabertos tão perto dos meus não está ajudando. 

– A noite de ontem foi maravilhosa. – senti um enorme alívio se espalhar pelo meu ser. – Mas não significou nada. 

"Mas não significou nada"

Essa frase, essa simples frase, me quebrou de tantas maneiras que eu quase desmoneronei ali. Meu corpo automaticamente se afastou do dela, cambaleando para trás como se eu estivesse sem chão e, de fato, eu estava. Senti vontade de falar algo, mas nem sabia o que dizer é muito menos tinha forças para fazê-lo, o ar ficou preso na garganta assim como a voz. Olhei-a, era a única coisa que poderia demonstrar meu medo e decepção. 

– O que? Não me olhe com essa cara. – revirou os olhos. – Eu falei, desde cedo, que isso não seria um relacionamento sadio, avisei que você poderia se machucar e você ignorou.

– Mas eu achei... – não fui capaz de terminar a frase porque estava atordoado, queria dizer mil coisas, mas eu simplesmente não conseguia racionar direito. Então, levei as mãos até minha cabeça e apetei de leve os cabelos, como se fosse um maluco preso em um manicômio. 

– Achou errado. – um apito indicou que já estávamos no estacionamento e a porta se abriu. ________ avançou até ela, mas parou. – Eu disse, Jeongguk, eu disse que não era capaz de amar. 

Apesar da tristeza sufocante em meu peito, uma pequena parte, conseguiu se livrar da dor e trouxe a tona a raiva, que foi dominando tudo aos poucos. Pensamentos, coração, garganta... Logo eu já não estava mais tão triste quanto antes, e sim enraivecido. 

– Você não é capaz de amar, ou não quer amar? – disse alto o suficiente para que ela ouvisse. _________ paralisou no lugar onde estava, no entanto, não se virou. E foi com essa visão, de suas costas eretas e seus cabelos balançando pelo fraco vento da noite, que as portas do elevador se fecharam novamente e eu fiquei alí, sozinho. Novamente.