História Deixe que nosso amor os mate! - Next Plan

“Não preciso de permissão
Tomei a decisão de testar meus limites
Porque é da minha conta, Deus é minha testemunha
Começar o que terminei
Não preciso hesitar
Tomando o controle desse tipo de situação
Estou travada e carregada
Completamente focada, minha mente está aberta
Algo em você me faz sentir como uma mulher perigosa”

- 67 pacientes mortos. - disse eu ao Harry Stein, um homem moreno de jaleco branco, assim que viramos um corredor do Arkham - Estricnina no purê de batata.

- Jesus! Nós perdemos todas as unidades adultas.

- Exceto por ele. - tentei não mostrar o meu nervosismo, embora eu estivesse novamente com o meu visual de Dra. Harleen Frances Quinzel, aqui eu era conhecida como a Dra. Emma - Ele deve ter fingido que estava morto por horas.

Andamos até o final do corredor, virando a esquerda, onde paramos frente a um elevador ruído. Harry apertou o botão e os números sobre as portas de metal começaram a descer em direção ao nosso andar.

- Qual é a identificação do paciente?

Olhei para a pasta de identificação repleta com nomes de diversos criminosos, no mínimo havia uma fixa com quatro deles.

- Sem digitas, as pontas dos dedos estão limpas e esculpidas.

- Mas tem certeza de que é ele?

- Dr. Stein, fui eu quem o vi primeiro nas nossas instalações, eu não me enganaria quanto a isso. - arrumei os meus óculos nos olhos - Entendo sua desconfiança.

- Você ainda é nova nesta área, Emma, não deveria estar em lugares como este nos seus primeiros dias de treinamento.

- Não é como se eu estivesse com medo, eu já participei de programas com outros pacientes.

- Mas nunca em um lugar como o Arkham… Quanto a ele… Ele disse mais alguma coisa?

- Ele não quis falar comigo.

- E com outra pessoa, ele falou?

Neguei com a cabeça, engolindo as perguntas sucessivas antes que eu explodisse na frente dele.

As portas se abriram e então entramos na cabine. Harry clicou no botão 5 e rapidamente fomos levados para cima num impulso.

- Mas ele se entregou? Por quê?

- Ele disse que quer falar com você.

Quando chegamos ao quinto andar, fomos tomados por um silêncio solitário, quebrado apenas pelos barulhos dos nossos passos. Havia menos seguranças na parte superior do Arkham exatamente por ser a parte mais reforçada das solitárias.

O corredor que percorremos era mais iluminado, e quando a porta de aço foi aberta, encontramos em meio a cela branca, um Coringa com sua camisa de força. Sua expressão, embora risonha, estava um tanto frígida demais. Fazia tudo parte da encenação.

- Olá doutor… - passou a língua pelos dentes metálicos - Obrigada por ter um tempo para mim em sua agenda lotada.

Harry parecia muito interessado no que o Sr. C tinha para falar, talvez, pela sua inteligência por estar no Esquadrão Xeque-Mate, ele até soubesse o que estava acontecendo aqui e só quisesse entrar no jogo, querendo saber até onde iríamos com isso.

- Não há nenhum registro de que tenha entrado no Arkham. - informou ele - Devo acreditar que você se infiltrou aqui.

- Por que eu faria isso? - perguntou o Sr. C, virando o rosto de forma interrogativa.

- Diga-me você. Normalmente as pessoas querem sair daqui.

O meu pudinzinho sorriu.

- Mamãe sempre disse que eu era diferente.

Harry cruzou os braços e eu arrumei a gola do meu jaleco, esperando que minha transpiração não borrasse a minha maquiagem que tapava as tatuagens.

- Você está aprontando uma.

- Talvez eu só quisesse um pouco de sossego.

- E porque me chamou?

- Por que eu não chamaria?

- Você não tem ficha alguma com identificação, como eu poderia saber?

- Ah Harry… Esse nome é por causa do Harry Potter, huh? Não seja tolo, só basta olhar para o meu rosto para saber quem sou. - sorriu, se acomodando no chão estofado.

- “Sossego” não existe no seu vocabulário, Coringa.

- Assim como “confiança” não existe no seu, Harry Stein.

- Emma, pode nos dar um minuto?

Afirmei.

- Oh, não, eu quero que ela fique.

- Por quê? - indagou Harry, parecendo confuso.

- Porque eu gosto de olhar para coisas bonitas, e você não é bonito o bastante para eu ficar olhando.

Rindo pelo canto da boca, Harry assentiu para que eu ficasse, sentando-se nos próprios calcanhares para que seus olhos e os do Sr. C ficassem no mesmo patamar.

- Gosta mesmo disso? Das brincadeiras? - indagou o Dr., sério.

- É o que eu faço de melhor.

- Porque você veio aqui realmente?

- Sou um soldado rejeitado pelos comandantes militares da sociedade e decidi me juntar a linha inimiga que eles dizem que eu estou… E é bem melhor que o lado de fora, ainda mais os vizinhos, são tão amigáveis…

- Nada mais?

- Nada mais.

- E porque me chamou?

- Eu chamei?

O suor na cabeça careca de Harry começou a mostrar-se mais presente, o que dizia que estava começando.

- Você matou 67 pessoas hoje.

- Matei?

- Por quê?

- Bem… Talvez eu só goste de chamar a atenção.

- E conseguiu. O que quer?

O Sr. C suspirou, respirou fundo e grunhiu para si mesmo parecendo aborrecido. “Será que ele estava frustrado?”

- Sabe, vim aqui com a intenção de voltar atrás na sua proposta… Mas eu não gosto de enrolações, isso me deixa um tanto irritado, entende? É como se o vilão tivesse que contar todo seu plano maligno para dar tempo de o mocinho escapar, o que é um porre. Mas olhe para você, está suando como um porco! Será que eu devo me preocupar? HA-HA-HA! Ah Dra. Emma, porque não cuida do Dr. Harry? Ele sempre foi tão atencioso com todos os seus pacientes, não é mesmo? - olhou mais a fundo dos olhos de um Harry aturdido - O que é isso? Falta de ar? - Harry puxava o calarinho da camisa social, tentando respirar - Ah, Harry, nunca te disseram que é falta de educação guinchar enquanto conversam com você? Ah… Já sei! Deve ser aquela injeção que tomou antes de vir para cá. Ah, Dra. Emma você é realmente muito má! - sorriu para mim no mesmo instante que Harry Stein caiu no chão, desacordado.

- Os jogos enfim vão começar. - sorri.