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História Deixe que nosso amor os mate! - A cova em chamas


Escrita por: FresadelaLuna

Capítulo 23 - A cova em chamas


Fanfic / Fanfiction Deixe que nosso amor os mate! - A cova em chamas

“Sim, eu tive minha parte de crime

E você não é diferente de todos eles

Porque eu sou apenas uma garota

Eu sei

Porque você não é nenhum super-herói

Eu estou pendurada na borda do mundo

Estou segurando em uma corda

E a minha vida está desmoronando

Para baixo”

 

 

Ele nunca, em nenhum momento do tratamento, pensou em me machucar quando eu era a Dra. Harleen Frances Quinzel. Ele era carinhoso, compreensível, às vezes até podia ver um vislumbre de humanidade em seu olhar. Não era como agora, que ele me enchia de tapas, chutes e socos, ele era diferente, ele era o tipo de homem que você sentiria pena, e o amaria por isso, porque você saberia que a vida foi injusta com ele, e você quer que ela seja justa, então você o pega e o faz seu, você quer que ele se torne algo bom, não uma coisa massiva e completamente doida. Como Harleen, ele era adorável, me fazia rir e me fazia entender como ele pensava, tentava me mostrar que o mundo é um verdadeiro caos e que não há nada de errado em querer continuar a deixá-lo deste jeito. Como Harleen ele me fazia entender que a vida é dura e que precisamos ser mais duros ainda, porque só assim conseguiríamos ser o melhor de nós.

“Eu sei o que você quer”, ele me dizia, e soava como um sussurro, porque ele sempre se aproximava ao máximo, tentando manter contato visual “Você quer uma causa, quer que todos esse trabalho valha a pena… Talvez eu possa aceitar sua proposta de recuperar minha sanidade, mesmo sabendo que isso é besteira... Normal… Normal poderia ser bom…”, ele abria um sorriso largo “Mas quem precisa ser normal quando tenho você? Você, Dra. Harleen, me enlouquece”.

Quando as coisas começaram a dar errado? Foi quando o ajudei a escapar do Arkham, não era? Quando eu pensei que o estava curando, sendo que na verdade eu só estava me apaixonando...!

 

A dor ainda, visível em luz, som e visão, parecia penetrar minha cabeça com choques e tensões que arrepiavam toda a minha espinha.

- Ah, o que é isso? Não acredito que ainda guarda resquícios de sua humanidade! Se sente triste por eles, olhe só! Quase se debulhando em lágrimas! Acredito que isso deva ser a volta da psiquiatra? Ahhh, você não sabe onde a Harleen termina e a Harley começa… Esse afeto! Mas que besteira! Porque não me deixa te ensinar como isso funciona? Podemos começar por arrancar o seu rosto. Afinal, sempre soube que o efeito químico que te emergiu, nunca fez com que você conseguisse enxergar o Nirvana como eu. Ele não fez o mesmo efeito, é isso o que te torna fraca! Você só usa a Harley para dar significado a todas as atrocidades que tem em mente, esse é o seu alter ego, mas não é quem você realmente é. Você é mesmo uma garotinha selvagem, não é mesmo, amor? Só vai doer como o inferno até você se sentir livre como eu!

As tábuas bambeavam abaixo dos meus pés e eu tentava me manter quieta, de punhos fechados e doloridos.

- Talvez eu precisasse ser domesticada, ficar mais… Bonita. - sorri, mancando em sua direção, as correntes ainda beliscando meus pulsos, lascas de carne caindo do meu corpo - Que tal um beijo para a iniciação?

Ele franziu o cenho, desconfiado, mas logo deu de ombros.

- Porque não? - perguntou ele, se aproximando.

Dei um passo a frente, para longe das tábuas e agarrei sua cabeça, grudando meus lábios aos seus. As dores em meu corpo se anestesiaram assim que ele me beijou. Provavelmente seu gosto de ferro e sangue era melhor que o meu de cadáver enroscado em café. Nossas línguas se entrelaçaram e nesse momento meus dentes travaram em seu músculo, forte o bastante para sentir com mais afinco o gosto do sangue. Poderia ter arrancado um pedaço se não fosse por ele ter me empurrado. O chute em meu estômago fez com que a dor anterior me drogasse de uma forma sobre humana, me deixando no chão, gemendo.

“Eu precisava fugir, mas não tinha como!”, gritei dentro da minha cabeça.

Suas mãos pegaram minhas correntes, me puxando para além dos sinalizadores e dos tanques químicos. Minha visão, ainda avermelhada, conseguiu enxergar o portão de aço, meus pés tentavam se enroscar no chão, mas não havia nada em que eu pudesse me prender. Meus joelhos, esfolados, deixaram o rastro de sangue pelos lugares em que passava. Ainda não conseguia me levantar quando fui jogada para dentro, batendo contra os corpos destroçados, cadavéricos, ressecados e esqueléticos que não havia notado que estavam lai antes. Todas vestiam minhas roupas, cada uma diferente das que eu usei um dia. O cheiro pútrido impregnava minha narina. Erguida, fui presa num gancho ao fundo de todas. A tocha de fogo no alto da parede lateral, entre a divisa de dois esqueletos, iluminava o bastante para que eu enxergasse as silhuetas podres.

- Mas… O quê…?

- O que foi, Harley? Achou que era realmente a única? Ha-ha. Você sempre me surpreende. Mas você não foi uma excessão, não foi a primeira, muito menos será a última. Existiu centenas antes de vocês e vai existir outras centenas depois de você. Então se sinta com sorte por morrer no meu santuário, amor, logo, logo vai cair no esquecimento e ninguém saberá da sua existência, assim como todas as outras.  Mas não fique triste, olha o quanto de companhia eu acumulei somente para a sua chegada! - riu, se distanciando de mim - Até mais, Harleen, tenho alguns trabalhos a fazer.

- Não me chame assim! - berrei.

Sr. C ignorou minhas palavras. Tive vontade de vomitar assim que a tocha foi apagada por ele nas entranhas de um cadáver e ele caminhou, rindo e sorrindo, em direção ao portão de aço, fechando-o num estrondo ensurdecedor.



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