1. Spirit Fanfics >
  2. Deixe que nosso amor os mate! >
  3. Não perturbe, Lucy

História Deixe que nosso amor os mate! - Não perturbe, Lucy


Escrita por: FresadelaLuna

Capítulo 25 - Não perturbe, Lucy


Fanfic / Fanfiction Deixe que nosso amor os mate! - Não perturbe, Lucy

“Eu sou a sujeira que você criou

Eu sou sua pecadora

Eu sou sua prostituta

Mas deixe-me te dizer uma coisa, amor

Você me ama por tudo que você me odeia”

 

 

Já pensou como seria sua vida sem que alguma pessoa especial não tivesse passado por ela? Eu já tentei. É um vazio oco, sombrio, mas ardiloso e menos misericordioso do que se pode imaginar. É como uma parte do corpo que falta e você sabe que é necessário ter. Não como o ar que respiramos, mas como se o oxigênio existisse, e de alguma forma,a atmosfera o impedisse de chegar até você. Isso acaba se tornando um mártir ou um peso que tem que carregar, porque, mesmo sabendo o que falta, você não faz ideia de como preencher, de como acabar com tudo, de como fazer com que o vazio se feche para sempre. Ao menos é desse modo que me sinto quando me imagino longe do Senhor C, mesmo depois de tudo, porque eu sei que temos uma ligação de Criador e Criatura. Eu era a Criatura aqui, a Criatura que ele insiste em torturar todos os dias com silêncio e desprezo, pouco comida, pouca água, apenas uma fresta de luz que sai pela abertura debaixo da porta de aço, porque é isso o que eu mereço, é isso o que ele me faz sentir que mereço. Eu tenho que me sentir assim, ele tem que me fazer entender que não pertenço a mais ninguém, somente a ele. Então eu deixo que as marcas continuem e que o sangue escorra, que a fome me consuma e que o silêncio descarregue todo o seu peso sobre mim. Porque eu mereço.

“Não,Harley, você não merece”.

- O quê? - perguntei alto e a voz soou pelo cômodo escuro como um eco.

“Você sabe que não merece”.

Pisquei, balancei a cabeça, tentando jogar as vozes para longe de mim.

“Ele é um animal”.

- O meu animal!

“Um lunático, sádico, que provavelmente acabou com todo o seu órgão genital”.

- Ele só estava brincando!

“Ele acabou com você”.

- Ele acabou com você, Doutorazinha. Comigo não, eu estou viva, e você, enterrada!

“Você tem que mudar isso, não sei o que pode fazer, ou como sair, mas de qualquer modo, você tem que tentar, se não vai morrer aqui e ficar enterrada como eu”.

 

Eu tive pesadelos por dias e ânsia de vômitos toda manhã. Eu me sentia suja, imunda. Sentia o interior das minhas coxas doloridas, mas conseguia movimentar minhas pernas, elas ainda estavam bambas. As marcas dos seus dentes continuavam marcadas em minha pele depois de dias e meus pulsos pareciam não mais existir. O sangue escorreu até meus cotovelos e parou ali, seco, craquelando conforme eu tentava me mexer. Então notei que as contrações chegavam e me faziam gritar tão alto, que tão logo, mal podia me ouvir. Minha lombar queima e minha respiração acelera em intervalos. Sei que estou suando e que minhas mãos arranhavam o aço abaixo de mim, mas não consigo abrir meus olhos. Há um peso sobre o meu abdômen e uma dor lancinante que grita para que eu saia, para que eu desapareça e evapore, mas que eu deixe algo para trás.

“Porque não consigo abrir os meus olhos!!!???”

- Vamos, doçura, abra os olhos. - a voz do Sr. C soava funda, como diversos ecos vindo um atrás do outro, repetitivos - Você precisa enxergar esse acontecimento.

- Mas… E-eu não consigo! - sussurrei - Está tudo muito escuro.

- Deixe-me dar um jeito nisso, amor.

Seus dedos gélidos tocaram minhas pálpebras e arrancaram dali alguma coisa pegajosa que não soube o que era, mas deu a mim uma visão vasta de tudo ao meu redor, embora minhas córneas estivessem irritadas. Uma luz branca caía sobre mim, como na sessão de eletrochoques que ele fez em mim anos atrás. Notei que mais uma vez eu estava na maca em que o Senhor C me colocou quando psiquiatra, mas desta vez não havia mordaças, ou qualquer objeto de choque, era apenas eu, seus homens e ele. Ele se vestia de médico, com seu sobretudo escondido por um jaleco branco e uma máscara da mesma cor. Suas mãos calçavam luvas de látex até o alto dos pulsos, esticando o elástico no pano. Johnny Johnny apontava uma arma para a minha cabeça. Tudo turvava e voltava ao normal, mas podia enxergar os instrumentos médicos ao meu lado. Bisturis e Serras Elétricas.

- O que temos para hoje, Dr? - meu Pudinzinho encenou para si mesmo - Ah, nada demais enfermeira! - riu - Apenas o nascimento do anticristo HA-HA!

Olhei para baixo e vi como uma onda protuberante me impedia de ter a visão além da barriga, minhas pernas foram dobradas e esticadas o bastante para que enxergassem o interior das minhas coxas.

“E-eu estava grávida???”

- Não se importe, bolinho, vamos ter o nosso filho! - bateu a ponta do bisturi contra o tecido que cobria a minha barriga - Coringa Jr!? Ahhhhh eu vou amar tê-lo. Já consigo imaginar como seria ser chamado para a escola porque ele jogou ácido no amiguinho! HA-HA! Seriam vários boletins de ocorrência, mas daríamos conta, não é querida? Então… Só empurre! - riu ele, puxando debaixo da maca uma serra elétrica, que ligou no mesmo instante - Ou eu vou ter que fazer todo o trabalho?

Um grito gutural se irrompeu da minha garganta e as contrações continuaram, eram intensas e quentes, como se estivessem estourando todo o meu interior para sair e usassem fogo como ajuda. Por um instante, pude jurar que minha barriga de grávida havia se mexido, como uma mão minúscula se erguendo para cima ou um rosto risonho tentando sair de mim, querendo rasgar minha pele como escape. Minhas mãos empurravam a protuberância para baixo enquanto eu senti a ardência e queimação perfurar o meu âmago, dando passagem para alguma coisa que eu não conseguia identificar, mas sabia que era grande o bastante para fazer com que eu me contorcesse de dor e minhas pernas tremessem.

- Eu já estou vendo a cabecinha, isso é uma frase muito estranha que eu nunca pensei que diria, mas continue querida, vamos ver o nosso filhinho!

A dor continuou latejando minhas entranhas, queimando meu ventre até que o Senhor C puxou o restando do bebê para fora, rindo histericamente para a criança que chorava em seus braços, suja de sangue e placenta. Quase podia ouvir, em meio ao choro, uma risada contorcida vindo da réplica minúscula do meu Pudinzinho, ou toda a minha energia apenas estivesse transformando meus sentidos em nada.

- Meu bebê! Ah, Senhor C, o nosso bebê! - sorrindo, estiquei meus braços para pegar o bebê assim que um de seus homens, de capuz negro, cortou o umbigo umbilical, jogando-o no chão.

Das sombras, mais uma vez, surgiu Bud e Lou, que abocanharam o cordão junto com a bolsa da placenta, mastigando enquanto babavam, rosnando um para o outro, disputando aquele pedaço gosmento.

"O Sr. C parece tão feliz! Será que eu estava realizando um sonho íntimo dele?"

Então o vi erguer o bebê frente ao seus olhos, o sorriso desaparecendo e a expressão tornando-se séria, fria, repugnante.

- Harley você não faz nada direito, sua imprestável! - gritou ele para mim - Que tipo de espécia humana é você que não sabe nem fazer um bebê direito!? Este veio defeituoso, vê? - agarrou meu bebê pelo pescoço, deixando pendido o corpo minúsculo, enquanto ele chacoalhava, e ela gritava, pedindo ajuda - Uma menina? Você me dá nojo! Eu queria um menino sua porca anoréxica. Sabe o que é um menino? Com certeza não! Me diga, o que eu faço com você? Eu esperava mais de uma coisa descartável. Ah… - parou para pensar, olhando para sua filha com desdém - Melhor! O que eu faço com ela? - olhou para o bebê, tirando a máscara e sorrindo para o choro lancinante que saía da menina - Eu adoraria afogar, enforcarMelhor! - ele se aproximou da maca,  mas não em direção a mim - Vou dar para Bud e Lou comerem, é uma boa ideia, não é benzinho?

- Não, não, não! - tentei me erguer, mas Johnny Johnny agarrou meus pulsos, me prendendo na maca - É a nossa filha, Sr. C! Nossa! Ela já tem nome!

- Como pode dar um nome para uma aberração dessas? - perguntou, tirando o bebê de perto de Bud e Lou que pulavam em sua direção, tentando abocanhá-la.

- É Lucy, amor! Por favor, o nome dela é Lucy! - gritei, sentindo as lágrimas esquentando o meu rosto, minhas pernas ainda estavam marcadas com sangue, enquanto se debatiam, tentando se soltar - Por favor, Pudinzinho só me… Só me deixe segurá-la! Ele não vai lhe fazer mal! Podemos dar hormônios para ela se você quiser! Podemos fazer o que você quiser! Ela pode se chamar Coringa Jr. só me… Só me deixe segurá-la!

- Não! - gritou - Claro que não! Imagine! Eu posso estar infectado com essa coisa...! Imagine, outra coisa, sim! Vamos cortar os membros dessa infeliz e fazer chaveiros, o que acha? - seu humor rapidamente escureceu numa expressão perversa - Ela não presta pra nada, assim como a mãe! Onde estava com a cabeça quando deixei que você gestasse esse verme? - jogou o bebê sobre uma prateleira, fazendo-a gritar cada vez mais, chorando sem parar, emitindo soluços que bebês recém nascidos não dariam - Atrapalhando meus planos como sempre não é, docinho? - arrastando-a pelo pé, ele colocou a bebê, que esperneava, em cima de uma mesa lisa, e bem ao lado, pegou um martelo - Bem, parece que não vai mais! - ergueu o martelo, estourando a minúscula cabeça, enquanto ria histericamente.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...